sexta-feira, 11 de outubro de 2019


Baseado em fatos reais, “VENTOS PARA A LIBERDADE” (“Ballon”), 2018, Alemanha, 2h06m, roteiro e direção de Michael Blully Herbig, conta uma incrível história de coragem. O ano é 1979. Dois casais de amigos, juntamente com seus filhos pequenos, decidem tentar fugir da Alemanha Oriental para a Ocidental utilizando um balão. Detalhe: ninguém é balonista. Peter Strelzyk (Friedrich Mücke) é mecânico e Günter Wetzel (David Kross) pedreiro. Mesmo assim, planejaram a construção do balão e também elaboraram um audacioso plano de fuga. Tudo isso no maior segredo possível, já que naquela época todo mundo vigiava todo mundo para depois entregar para a famigerada STASI, a polícia secreta da Alemanha Oriental (República Democrática Alemã – nunca entendi a utilização da palavra “Democrática” para denominar um regime tão fechado, sem liberdade nenhuma). O filme apresenta tantas sequências de suspense e tensão (corda esticada mesmo) que prende a atenção do começo ao fim. É capaz de nos fazer roer a unha, eriçar os pelos da nuca, entortar o braço da poltrona e comer um enorme saco de pipocas e nem perceber que acabou. Um filmaço irresistível, daqueles que nos faz torcer o tempo inteiro para as famílias não serem presas e conseguirem fugir. Imaginar que essa aventura incrível realmente aconteceu é mais um trunfo desse ótimo filme alemão, que ainda conta com um excelente elenco. Além de David Kross e Friedrich Mücke, participam Thomas Kretschmann, Karoline Schuch, Alicia Von Rittberg, Emily Kusche e Ronald Kululies.  IMPERDÍVEL!


“DESTRUIDOR” (“VARGUR” – a tradução do islandês para o português é minha, pois o filme não chegou por aqui e duvido que chegue), 2018, coprodução Islândia/Dinamarca, 1h35m, roteiro e direção de Börkur Sigthorsson). Trata-se de um suspense policial centrado em dois irmãos que pretendem contrabandear cocaína de Copenhagen (Dinamarca) para Reikjavik, capital do seu país natal, a Islândia. Para isso, requisitam para servir de “mula” uma jovem polonesa. Erik (Gísliörn Garoarsson), um dos irmãos, é alto executivo de uma empresa contra a qual aplicou um golpe e precisa de dinheiro para cobrir a dívida. Atli (Baltasar Breki Samper), o outro irmão, é um sujeito fracassado e, pior, acaba de sair da prisão. O combinado é que a jovem Sofia (Anna Próchniak) engula várias cápsulas com cocaína para “desová-las” em Reikjavik. Entre os percalços do plano, um torna-se um problema e tanto: Sofia começa a passar mal no avião e, quando chega, piora ainda mais. Ao mesmo tempo, os policiais do aeroporto de Reykjavik desconfiam da menina e de seu acompanhante, Atli, e avisam a polícia. Cabe à agente Lena (Marijana Jankovic) montar a estratégia para tentar capturar os irmãos traficantes e salvar Sofia. Não dá para contar mais, senão estrago o desfecho. Quanto ao cinema islandês, lembro de já ter assistido a alguns, três deles muito bons: “A Sombra da Árvore”, 2017, “Desajustados” e “Pardais”, ambos de 2015. A utilização da Islândia como cenários para diversos filmes e séries de outros países (vide “Game of Thrones”) talvez seja maior do que sua própria produção cinematográfica. Realmente, suas paisagens e belezas naturais são espetaculares. Voltando a “Vargur”, trata-se de um filme pleno de ação e suspense, com ótimo elenco, garantindo um bom programa na telinha.  

terça-feira, 8 de outubro de 2019


“OBSESSÃO” (“Greta”), 2019, EUA, 1h38m, roteiro e direção de Neil Jordan. Trata-se de um suspense cuja história envolve a relação entre uma jovem garçonete de um restaurante de luxo, Frances McCullen (Chloë Grace Moretz), e a viúva Greta Hideg (Isabelle Huppert). Recém-chegada a Manhattan depois da morte da mãe, Frances mora num apartamento com a amiga Erica Penn (Maika Monroe). Certo dia, no banco de um vagão do metrô, Frances encontra uma bolsa abandonada. Ao abri-la, descobre uma identidade com o nome e o endereço da dona. Lá foi ela tocar a campainha na casa de Greta, uma viúva solitária e carente, que agradece o favor e a convida para tomar um chá. O que parecia uma amizade de mãe para filha vira uma obsessão por parte da viúva, que persegue a moça o tempo inteiro. Até que um dia Frances pede a ela para não mais procurá-la. A viúva responde: “Eu sou como chiclete. Eu grudo mesmo”. E por aí a história se desenrola, até envolver não só a amiga de Frances, como também um investigador particular. Tudo bem que o suspense é mantido até o desfecho, agradando os fãs do gênero. Porém, não fosse a presença da diva francesa Isabelle Huppert, o filme seria apenas mediano. Aos 66 anos, ainda em grande forma, Hupper arrasa com uma performance assustadora. Não é à toa que ela é chamada de “A Dama do Cinema Francês”. Ela salva o filme. Destaco também as boas atuações das jovens Chloê Grace Moretz e Maika Monroe. Para concluir meu comentário, lembro que o veterano diretor irlandês Neil é responsável por dois grandes filmes: “Entrevista com o Vampiro” e “Traídos pelo Desejo”. Resumo da ópera: “Obsessão” proporciona uma oportunidade e tanto para assistir a mais uma atuação espetacular da atriz francesa.  

segunda-feira, 7 de outubro de 2019


“PREDADORES ASSASSINOS” (“CRAWL”), 2019, EUA, 1h27m, roteiro e direção de Alexandre Aja. Durante uma violenta tempestade provocada por um furacão na Flórida, a população de diversas cidades é obrigada a sair de casa e ir direto para os abrigos.  Heley Keller (Kaya Scodelario) liga para seu pai Dave (Barry Pepper) para saber se está tudo bem. Heley não obtém resposta e fica apavorada. Ela desobedece a ordem geral e passa por diversas barreiras coordenadas pela defesa civil e ruma para a casa do pai, numa cidade vizinha. Enquanto a tempestade aumenta cada vez mais, ela chega até a casa e descobre que o pai está ferido no porão. Pronto, aí começa o pesadelo. As águas invadem a casa e trazem junto alguns jacarés gigantes. Será que pai e filha se salvarão? Independente da resposta, os dois e também os espectadores viverão momentos angustiantes, de perder o fôlego. Muita ação e aflição até o final. Destaque para os jacarés, em número maior do que o próprio elenco. Aliás, as filmagens utilizaram jacarés de verdade e alguns de mentirinha. Tudo tão bem feito que a gente nem percebe quem é o verdadeiro ou o de brinquedo. Mérito de Alexandre Aja, cineasta francês especialista em filmes de ação, suspense e terror, como “Piranha 3D”, “Alta Tensão”, “Viagem Maldita” e “Amaldiçoado”. O maior trunfo do filme, porém, é o desempenho da jovem atriz Kaya Scodelario, de 27 anos, que já tem no currículo alguns filmes importantes como os da saga “Maze Runner” e “Piratas do Caribe”: A Vingança de Salazar”, entre outros. Kaya é filha de mãe brasileira e pai inglês. Assisti a uma entrevista dela para um site brasileiro de cinema e fiquei encantado com sua simpatia, além de responder todas as perguntas em português. Voltando ao filme, “Predadores Assassinos” é um ótimo programa para curtir numa sessão com pipoca. Mas cuidado, os jacarés podem fazer “Crawl” também em você.   


domingo, 6 de outubro de 2019


Sempre gostei de assistir a filmes de países de língua árabe. Além de alguns excelentes,  a maioria ensina muito sobre sua cultura e suas tradições, o que os torna ainda mais interessantes. Ao assisti-los, a gente aprende muito e acaba chegando à conclusão de que nós, ocidentais, jamais compreenderemos seu modo de vida, enraizado há muitos séculos. Escrevi esse introito para apresentar o drama argelino “O ARREPENDIDO” (“EL TAAIB” – na França, recebeu o título de “Le Repenti”), 2012, roteiro e direção de Merzak Allouache, 1h27m. A história é centrada no jovem jihadista Rashid (Nahi Asli), que abandona a montanha onde se refugiava com seu grupo de extremistas islâmicos, responsável por aterrorizar a população civil dos vilarejos da região. Rashid volta à sua aldeia natal e logo é denunciado à polícia – pela lei do Perdão e da Concórdia Nacional vigente na Argélia, todo jihadista que se entregar e devolver sua arma será anistiado. Rashid tenta se esconder da polícia e, nesse meio tempo, comete um assassinato e faz chantagem contra um casal cuja filha adolescente tinha sido assassinada pelos jihadistas. Por uma quantia em dinheiro, Rashid promete levá-los a um local da montanha onde os restos mortais da menina haviam sido enterrados. A câmera do diretor Merzak Allouache capta os cenários desérticos da região em tomadas longas e lentas, o que prejudica o andamento da ação que envolve o trio de viajantes, tornando o filme, perto do desfecho, um tanto monótono. “O Arrependido” teve sua primeira exibição durante a Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes/2012, além de participar, no mesmo ano, da Mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. No 17º Festival Internacional de Cinema de Kerala, na Índia, conquistou o Prêmio “Fipresci” de Melhor Filme Asiático. Um filme muito interessante que merece ser visto principalmente pelas razões que enumerei no início deste comentário.