terça-feira, 29 de dezembro de 2015

“SEDE DE VINGANÇA” (“Return to Sender”), EUA, 2015, roteiro e direção de Fouad Mikati – este é seu segundo filme; o primeiro foi “Operação Fim de Jogo”. A história é centrada em Miranda Wells (Rosamund Pike), enfermeira de alto padrão de um hospital de uma pequena cidade norte-americana. Seu grande sonho é trabalhar no centro cirúrgico. O destino, porém, reserva-lhe uma surpresa cruel. Ela é espancada e estuprada por um jovem que se faz passar por alguém com o qual Miranda tinha um encontro “às escuras”. Por causa dessa violência, além do trauma psicológico, ela acaba sofrendo uma terrível sequela: um tremor crônico na mão direita, o que a impede de ser admitida no centro cirúrgico. Sonho desfeito. O autor do estupro, William Finn (Shiloh Fernandez), é preso e condenado a 10 anos de cadeia. Como se tivesse adquirido a Síndrome de Estocolmo (a vítima acaba gostando do vilão), Miranda resolve escrever cartas e visitar o seu estuprador na prisão, dando a entender que pretende perdoá-lo. O comportamento dela até pressupõe o desejo de uma amizade. Será que ela está sendo sincera? Só vendo o filme para você descobrir. Nem os bons desempenhos da atriz inglesa Rosamund Pike (indicada ao Oscar 2015 por “Garota Exemplar”) e do ator Shiloh Fernandez – este, em especial - conseguem segurar esse suspense, cujo maior defeito é o roteiro tão previsível. Se você não esperar muito, dá para assistir numa boa.  

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O drama independente “BLEEDING HEART” (ainda não estreou por aqui e, portanto, ainda não tem tradução, mas a literal é “Coração Sangrando”), foi exibido pela primeira vez no Festival de Tribeca/2015 (EUA). Roteiro e direção da escocesa Diane Bell, contando a história de duas irmãs – May (Jessica Biel) e Shiva (a feiosa Zosia Mamet) -, filhas de pai biológico, e que nunca se conheceram. Um dia qualquer, May resolve procurar a irmã (não fica bem claro como a achou). May é professora de Ioga. Shiva é prostituta, disfarçada de massagista. As duas acabam se conhecendo melhor e May, a mais velha, vai tentar tirar Shiva da vida que leva. Só que encontra a resistência feroz e violenta do cafetão e namorado da moça, Cody (o ator inglês Joe Anderson). A forte ligação entre as irmãs será a única defesa contra Cody. Há um bom clima de suspense no filme, principalmente nas cenas em que Cody vai atrás de Shiva. Mas não é suficiente para garantir uma recomendação entusiasmada, a não ser pela presença sempre marcante da bela e competente Jessica Biel. Na verdade, trata-se de um filme descartável: você vê hoje e no dia seguinte já esqueceu.    
O drama “VIVER SEM ENDEREÇO” (“Shelter”), 2014, EUA, marca a estreia na direção do ator inglês Paul Bettany, que escalou para o papel principal a bela atriz Jennifer Connelly, sua esposa na vida real. Ela interpreta Hannah, uma mulher que vive como moradora de rua em Nova Iorque. Pior, viciada em heroína. Em suas andanças, Hannah conhece Tahir (Anthony Mackie), um refugiado nigeriano que possui um passado tenebroso. Um vai ajudar o outro a sobreviver nas ruas da cidade, no que vai resultar numa grande amizade e, aos poucos, numa grande paixão. Merece destaque a corajosa atuação de Jennifer, que deve ter perdido muitos quilos para representar a viciada. Ela aparece esquelética, pele e osso, além de enfrentar cenas um tanto fortes e chocantes, tais como uma com nu frontal onde injeta heroína na virilha. Poucas atrizes do nível de Jennifer teriam a coragem de se expor tanto. Bettany também escreveu o roteiro, que disse ter sido inspirado num casal de moradores de rua que vivia próximo ao seu edifício. Ele dedica o filme justamente a esse casal – veja os créditos finais. Quem assistir vai perceber que Bettany também é bastante criativo com a câmera na mão e na elaboração estética das cenas. Enfim, uma boa e promissora estreia num filme bastante dramático e, ao mesmo tempo, comovente.      

sábado, 26 de dezembro de 2015

“O BEIJO DO VAMPIRO” (“KISS OF THE DAMNED”), 2013, EUA, não segue a fórmula original dos filmes de vampiro. Escrito e dirigido por Xan Cassavetes (filha do diretor John Cassavetes e da atriz Gena Rowlands), o filme não tem castelo na montanha, carruagens com cavalos pretos, morcegos, crucifixo e muito menos estacas. Mas tem glamour, sexo, as mordidas tradicionais e muita mulher bonita – as francesas Joséphine de La Baume e Anna Mouglalis, Roxane Mesquida, Riley Keough, Alexia Landeau e Caitlin Keats. A história gira em torno da vampira Djuna (La Baume), que vive enclausurada numa casa isolada. Só sai para alugar filmes antigos, que assiste com lágrimas nos olhos. Resumindo, uma vampira bastante sensível. Ao conhecer Paolo (Milo Ventimiglia), sua solidão vampiresca se transformará numa paixão doentia. Eis que surge no pedaço a exuberante Mimi (Mesquida), irmã de Djuna. O comportamento de Mimi é completamente diferente. Extrovertida, gosta de sair pela noite, frequentar baladas, transar e morder à vontade. A chegada de Mimi também vai abalar a relação de Djuna com Paolo. Os fãs de filmes de vampiros vão gostar.    

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Depois de “O Sexto Sentido”, de 1999, o então jovem diretor indiano M. Night Shyamalan foi aclamado como um futuro gênio do cinema. Em seguida, porém, escreveu e dirigiu filmes medianos e de qualidade duvidosa, como “Corpo Fechado”, “A Vila”, “Sinais” e “A Dama na Água”, entre outros. No seu mais recente filme, “A VISITA” (“The Visit”), EUA, 2015, Shyamalan experimenta um terror mais explícito. Becca (Olivia DeJonge) e seu irmão Tyler (Ed Oxebould), jovens adolescentes, são enviados pela mãe (Kathryn Hahn) para passar uma semana na fazenda dos avós (Deanna Dunagan e Peter McRobbie), com os quais não tem contato há 15 anos, depois de uma briga familiar que a obrigou a sair de casa. Logo que chegam, Becca e Tyler percebem que algo de muito estranho está acontecendo e resolvem, claro, investigar. E só no último dia, depois de uma semana de muita tensão, acabam descobrindo um grande segredo e terão que correr para se salvar. O diretor indiano utiliza o recurso da câmera amadora, como em “A Bruxa de Blair”, e dá a entender que quem a manuseia é Becca e o irmão. Como terror, até que o filme funciona, pois proporciona suspense e alguns bons sustos. Nada a mais, porém, que justifique uma recomendação entusiasmada. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

 

 “SEGUNDA CHANCE” (“EN CHANCE TIL”), 2014, Dinamarca, é um drama bastante pesado, com altas doses de suspense, muita tensão e reviravoltas. Mais um bom filme dinamarquês a ser visto. Andreas (Nikolaj Coster-Waldau, da série Game of Thrones) é policial, casado com Anna (Maria Bonnevie) e pai de um bebê. Ao atender a uma chamada de briga doméstica, Andreas e seu parceiro Simon (Ulrich Thomsen) encontram Tristan (Nikolaj Lie Kaas) e Sanne (May Andersen) completamente drogados e fazendo o maior escândalo. Tristan é um ex-presidiário que acabou de sair da cadeia. Os policiais encontram o bebê do casal em péssimas condições. A cena é chocante. Por causa de uma tragédia pessoal envolvendo sua esposa e seu filho Alexander, Andreas acabará se ligando ao casal de drogados, numa trama que deixará o espectador ansioso para descobrir o que acontecerá no final. O elenco, constituído por alguns dos melhores atores dinamarqueses do momento, é o grande trunfo do filme, ainda mais valorizado pela direção de Susanne Bier, consagrada com o Oscar 2011 de Melhor Filme Estrangeiro pelo excelente “Em um Mundo Melhor”.                 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A comédia dramática francesa “EM UM PÁTIO DE PARIS” (“DANS LA COUR”), 2014, começa de forma leve, até engraçada, mas, aos poucos, vai adquirindo tons dramáticos, culminando num desfecho trágico. A história: por causa de uma crise depressiva, o músico quarentão Antoine (Gustave Kervern) abandona sua banda de rock e vai trabalhar como zelador de um antigo edifício em Paris. Com seu jeito bonachão, cativa os moradores, fazendo amizade com alguns deles, como Mathilde (Catherine Deneuve), esposa do síndico e também depressiva, e Stéphane (Pio Marmai), um ex-jogador de futebol agora viciado em drogas. Antoine terá uma ligação mais forte com Mathilde. Um é mais depressivo que o outro e, juntos, tentarão superar seus traumas. Mais do que uma comédia dramática, trata-se de uma comédia melancólica, como melhor definiu o crítico Rubens Ewald Filho. O filme é muito bom e a presença da diva Catherine Deneuve é um motivo a mais para uma visita. O roteiro e a direção levam a assinatura do diretor tunisiano Pierre Salvadori, que já concebeu filmes bem mais leves, como as comédias românticas “Uma Doce Mentira” e “Amar não tem Preço”.  

domingo, 20 de dezembro de 2015

“VIRANDO A PÁGINA” (“The Rewrite”), 2015, EUA, é uma comédia romântica que traz no papel principal um dos especialistas no gênero, o galã inglês Hugh Grant. Ele interpreta Keith Michaels, um roteirista que já foi sucesso em Hollywood, tendo até conquistado um Oscar, mas que há muitos anos não emplaca um sucesso. Com muitas dívidas, aceita, muito a contragosto, a sugestão de sua agente para dar aulas de Roteiro na Universidade de Binghamton (Estado de Nova Iorque). Chegando lá, arrumou briga com a coordenadora Mary Weldon (Allison Janney) por causa de Jane Austen, se envolveu com uma aluna, Karen (Bella Heathcote), e se enrabichou por outra aluna mais velha, Holly Carpenter (Marisa Tomei). Destaque para o ator J.K. Simmons, que interpreta o diretor da universidade. Hugh Grant continua com o charme e a competência de sempre, além do ar jovial que sempre encantou suas fãs, embora as rugas denunciem seus 54 anos. A direção é de Marc Lawrence, que já dirigiu Grant em seus três outros filmes, “Letra e Música”, “Cadê os Morgan?” e “Amor à Segunda Vista”. O filme é bastante leve e engraçado. Indicado para uma sessão da tarde com pipoca. Quem quiser conhecer melhor o talento de Grant para a comédia, assista “Mickey Olhos Azuis”, de 1999.                

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Ao estrear (fora de competição) no Festival de Cannes 2015, o drama erótico francês “LOVE”, escrito e dirigido pelo argentino Gaspar Noé, provocou enorme polêmica. Não apenas pelas inúmeras cenas de sexo explícito e pelo cartaz obsceno (foto), mas por ter sido feito para ser visto em 3D. O filme é muito fraco e foi, com justiça, execrado pelo público e pelos críticos. Por que uma produção tão medíocre consegue espaço num festival importante como Cannes?  A história: Murphy (o ator norte-americano Karl Glusman, de “Tropas Estelares”) recebe um telefonema da mãe de sua ex-namorada Electra (Aomi Muyock). Ela diz que a filha está desaparecida e que está muito preocupada. O telefonema desencadeou em Murphy um processo de depressão profunda, causada pelas lembranças dos momentos dele com Electra. Momentos recheados de sexo, experiências com novos parceiros e diálogos com a profundidade de um pires. Aliás, as camisinhas utilizadas pelo ator têm mais conteúdo do que o filme inteiro. Do trio central de protagonistas, o único ator profissional é Glusman. A suíça Muyock é modelo, assim como a dinamarquesa Klara Kristin, a outra ponta do triângulo amoroso. O argentino Gaspar Noé já havia criado polêmica em 2002, quando apresentou, também em Cannes, o drama “Irreversível”, com a diva Monica Bellucci. Enfim, um filme descartável, como as camisinhas de Murphy.

sábado, 12 de dezembro de 2015

“OS 33” (“The 33”), uma co-produção EUA/Chile, 2014, reconstitui o drama vivido por 33 mineiros que ficaram soterrados abaixo de 700 metros abaixo do nível do mar durante mais de dois meses, em 2010, numa mina de ouro e cobre situada no deserto chileno do Atacama. O mundo inteiro acompanhou, minuto a minuto, as tentativas de resgate, a agonia das famílias e o emocionante desfecho daquela que se anunciava como uma tragédia consumada. Um fato tão espetacular não poderia ter sido deixado de lado por Hollywood. A diretora mexicana Patricia Riggen foi contratada para tocar o projeto e se inspirou, para escrever o roteiro, no livro do jornalista norte-americano Hector Tobar. Riggen contou com um elenco de astros como Antonio Banderas, Juliette Binoche, Mario Casas, Gabriel Byrne, James Brolin, Lou Diamond Phillips e, vá lá, Rodrigo Santoro. Embora mais pareça um modelo num editorial de moda no deserto, o ator brasileiro até que está bem como o ministro chileno da Energia Laurence Golborne, responsável pela coordenação do trabalho de resgate. O papel de Juliette Binoche, como irmã de um dos mineiros soterrados, era para ser de Jennifer Lopez, que desistiu na última hora. Aliás, o tapa que Binoche deu na cara de Santoro não foi truque, doeu mesmo, segundo o ator. O filme é muito bem feito, inclusive as cenas iniciais de muita tensão que mostram como o acidente aconteceu. As cenas do final do resgate também são muito comoventes. Não recomendado para espectadores com claustrofobia.   

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Em seus últimos filmes, Al Pacino não conseguiu papeis à altura do seu enorme e reconhecido talento. Em “NÃO OLHE PARA TRÁS” (“DANNY COLINS”), 2015, EUA, porém, ele finalmente se redime, dando um show de interpretação na pele de Danny Colins, um veterano astro da música folk. Em 1971, quando surgiu como grande revelação no cenário musical dos EUA, Colins deu uma entrevista em que diz temer a influência da indústria fonográfica sobre o seu talento de compositor. Depois dessa entrevista, ninguém menos do que John Lennon escreveu uma carta para ele incentivando-o a continuar compondo e a não se deixar levar pelo poder das gravadoras. Só que a carta só chegará a Collins muitos anos depois, o que o fará repensar sobre o rumo que tomou - e poderia ter tomado - sua carreira e sua vida particular. No final da carta, Lennon pede que Collins ligue para ele para conversar. Collins não teve essa oportunidade. O roteiro e a direção são do estreante Dan Fogelman, que baseou sua história num personagem que realmente existiu, o cantor e compositor inglês Steve Tilston, ao qual foi destinada a carta de Lennon, fato que realmente aconteceu. Espere os créditos finais para conhecê-lo. O filme é ótimo, valorizado por um elenco em que se destacam Annette Bening, Jennifer Garner, Christopher Plummer e Bobby Carnavale, e ainda pela ótima trilha sonora, com muito John Lennon. 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

“O CORO” (“Boychoir”), 2014, EUA, é um drama escrito por Ben Ripley e dirigido pelo canadense François Girard (“O Violino Vermelho”). O roteiro foi inspirado em fatos reais ocorridos ao longo dos últimos anos na American Boychoir School, de Nova Jersey, que possui um dos corais de meninos mais respeitados do mundo. A história toda é centrada no jovem Stet (Garrett Wareing), de 11 anos, que possui um talento vocal nato. Ele é um garoto problemático, briguento na escola, filho de mãe solteira. Quando fica órfão, é enviado para uma escola de música para meninos cantores. O regente é o professor Carvelle (Dustin Hoffman), que, de início, rejeita Stet pelo seu comportamento arredio, indisciplinado. Mas, aos poucos, Carvelle percebe que o garoto tem muitas qualidades. A relação conflituosa entre mestre e discípulo é um dos atrativos do filme. A trilha sonora vai de Handel, Vivaldi e Mozart, ou seja, da melhor qualidade. Além de Hoffman e Wareing, estão no elenco Kathy Bates, Josh Lucas e Debra Winger. Aliás, quem é fã de Debra vai curtir sua excelente fase madura, aos 60 anos, conservando a competência e a beleza que a consagraram em filmes como “A Força do Destino”, “Laços de Ternura” e “O Céu que nos Protege”, entre outros. “O Coro” é um ótimo programa para quem curte cinema e música de qualidade. 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O ator Jason Bateman, de tantas comédias, surpreende num papel dramático em “O PRESENTE” (“The Gift”), 2015, EUA/Austrália, um suspense psicológico dos melhores. Ele interpreta Simon, um executivo em ascensão, casado com Robyn (Rebecca Hall). O casal vive um momento feliz com a nova casa e a expectativa, quem sabe, de um bebê. Tudo vai bem até a chegada de Gordo (Joel Edgerton), um antigo colega de escola de Simon. Com a fama de esquisito desde o colégio, Gordo vai se aproximando do casal e, principalmente de Robyn – aquele tipo de assédio meio assustador. Aos poucos, Robyn começa a desconfiar de que algo de muito grave deve ter acontecido no passado para que Gordo não desista do  casal. Ela vai investigar e tentar descobrir o que realmente aconteceu. Não dá para falar muito mais para não estragar as surpresas, uma delas relacionada ao título do filme e revelada no final. Boa estreia do ator australiano Joel Edgerton no roteiro e na direção de um longa. Edgerton, Jason Bateman e Rebecca Hall estão muito bem em seus papeis. Rebecca prova mais uma vez que, além de muito bonita, é ótima atriz. O filme é levado de forma contida, a tensão crescendo aos poucos, sem grandes sustos ou histerismos. Um bom programa para quem gosta de curtir um suspense. 
“BEIJEI UMA GAROTA” (“Toute première Fois”), 2014, roteiro e direção de Noémie Saglio e Maxime Govare, é mais uma boa comédia francesa - atualmente, seja qual for o gênero, são os franceses que estão fazendo o melhor cinema. Jérémie Deprez (Pio Marmai) é um empresário bem sucedido, homossexual convicto e mantém um relacionamento amoroso há uma década com Antoine (Lannick Gautry). Ambos são felizes, moram juntos e estão de casamento marcado. Só que um dia – aliás, uma noite -, depois de uma bebedeira, Jérémie dá uma “escorregada” e acaba na cama com Adna (Adrianna Gradziel), uma bela sueca, divertida e radicalmente liberal. A partir desse “acidente”, porém, Jérémie passa a questionar sua homossexualidade, a relação com Antoine entra em crise e o casamento, já marcado, corre o risco de não acontecer. O filme tem uma levada de comédia romântica, com direito a happy end e cerimônia de casamento no final, mas é muito divertido. Destaque para a sueca Adrianna Gradziel, que faz sua estreia no cinema, assim como estrearam na direção Saglio e Govare.  filme foi exibido aqui no Brasil durante o Festival Varilux de Cinema Francês. Entretenimento garantido.  

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

“THEEB”, 2014, Jordânia, marca a estreia do diretor inglês de família jordaniana Naji Abu Nowar na direção de longas. Ele também é responsável pelo roteiro, que conta a aventura vivida pelo jovem Theeb, filho mais moço de uma família de  beduínos que vive na Província de Hejaz (região a oeste da Arábia Saudita). Seu pai, um xeique já falecido, era o chefe da tribo.  Toda a ação acontece durante o ano de 1916, em plena 1ª Guerra Mundial. Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat) e o irmão mais velho Hussein (Hussein Salameh) são recrutados para guiar o oficial inglês Edward (Jack Fox) numa expedição cujo objetivo é encontrar um poço romano. Durante a viagem, feita no meio de um deserto inóspito (o cenário inteiro do filme), eles enfrentarão muitos perigos, o maior deles um ataque de violentos e sanguinários rebeldes. Mas a fome e a sede também são inimigos mortais. Um detalhe exemplifica bem o sentimento dos beduínos com relação aos ocidentais e suas modernidades. Ao invés de elogiarem a ferrovia construída pelos ingleses, os habitantes locais ignoram os benefícios que a obra trará e a consideram uma intrusão demoníaca. Chamam os trens, por exemplo, de “burros de ferro”. O filme é muito bom, mas passa longe de conter um apelo comercial, o que certamente dificultará sua exibição no circuito normal de cinemas.  

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Ao contrário do que o título sugere, “SAMBA”, 2014, França, não tem nada a ver com o nosso tradicional ritmo. Samba Cissé (o simpático Omar Sy, de “Intocáveis”) é um imigrante do Senegal que vive há 10 anos em Paris. Trabalha em restaurantes como limpador de pratos e seu sonho é um dia ser “chef” de cozinha. Como imigrante ilegal, porém, ele acaba detido e ameaçado de ser deportado. É quando conhece Alice (Charlotte Gainsbourg), a nova integrante de uma Ong que ajuda os imigrantes, com a qual faz amizade. Alice está afastada de seu trabalho de executiva de uma grande empresa por causa de um episódio de estresse, e o trabalho na Ong faz parte do seu tratamento. Samba (pronuncia-se Sambá) também conhece Wilson (o ótimo Tahar Rahim), outro imigrante com problemas, que se diz brasileiro. Embora trate de uma questão delicada e bastante atual como é a situação dos imigrantes na França, o filme tem uma levada de comédia, o que ameniza o contexto dramático. Duas das cenas mais divertidas têm como trilha sonora Gilberto Gil e Jorge Benjor. O filme foi escrito e dirigido por Eric Toledano e Olivier Nakache, dupla responsável pelo imperdível “Intocáveis”. O bom elenco conta ainda com Izïa Higelin, Issaka Sawadogo, Liya Kebedeen. Mais um filme francês de qualidade. Não perca!

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Depois de “O Exorcista”, dirigido por William Friedkin em 1973, nenhum outro filme sobre exorcismo conseguiu assustar tanto a plateia. O pessoal continua tentando, mas o resultado final sempre fica muito distante do original. É o caso, por exemplo, deste “EXORCISTAS DO VATICANO” (“The Vatican Tapes”), 2014, EUA, mais um que nada acrescenta de novidade ao gênero. A jovem Angela Holmes (Olivia Taylor Dudley) fere o dedo ao cortar o seu bolo de aniversário. O ferimento infecciona depois que um corvo dá uma bicada no seu dedo e, partir daí, o comportamento da moça muda completamente. Para pior, é claro, incluindo assassinatos e outras situações que só uma possessão maligna pode provocar. Ao desconfiar que é exatamente o que está acontecendo com a moça, o Padre Lozano (Michael Peña) entra em contato com o Vaticano e relata o caso. O Cardeal Bruun (Peter Andersson), especialista em exorcismo, viaja para os EUA com o objetivo de investigar a possuída. Ele chega à terrível conclusão de que o Anticristo assumiu o corpo da moça e que será preciso eliminá-lo para salvar a humanidade. O final do filme é sinistro, deixando a seguinte mensagem: o Anticristo pode estar entre nós. Sai pra lá, capeta!!! 

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

“ENCONTRO MARCADO” (“5 to 7”), 2015, roteiro e direção de Victor Levin (“Ironias do Amor” e “Quase me Apaixono”). Trata-se de uma charmosa e simpática comédia romântica ambientada em Nova Iorque e valorizada por um elenco de primeira: Anton Yelchin, a bela atriz francesa Bérénice Marlohe, o também francês Lambert Wilson, Olivia Thirlby e as participações especiais de Glenn Close e Frank Langella. Os cenários da Big Apple também fornecem charme e glamour ao filme, como as cenas no Museu Guggenheim, no Restaurante Carlyle, no Hotel St. Regis e no Central Park. Tudo filmado com muita classe e bom gosto. O jovem candidado a escritor Brian (Yelchin), de 24 anos, conhece Arielle (Bérénice), de 33 anos, casada com um diplomata francês, Valery (Wilson). Brian e Arielle tornam-se amantes, com a concordância do marido dela. O casal francês é totalmente liberal, tanto que ele também tem uma amante, a editora Jane (Olivia). Há, porém, um acordo que deve ser respeitado: os encontros devem acontecer sempre entre 5 e 7 horas da tarde (daí o título), horário ideal para o adultério, segundo os franceses. Só que Brian se apaixona perdidamente, a ponto de apresentar a amante para seus pais (Close e Langella) num jantar que se transforma num dos momentos mais engraçados do filme. Ao pressionar Arielle, propondo que ela se separe do marido e dos dois filhos, Brian coloca a amante na difícil situação de decidir entre a segurança de um casamento de anos e um futuro totalmente incerto com um jovem nove anos mais moço. Quem quiser saber qual foi a decisão de Arielle, só vendo o filme, que, aliás, é ótimo.   

sábado, 28 de novembro de 2015

“UM AMOR A CADA ESQUINA” (“She’s Funny that Way”), 2015, direção de Peter Bogdanovich, lembra as boas comédias clássicas de Hollywood. Melhor: a começar da trilha sonora que acompanha os créditos iniciais (jazz dos anos 30/40), as situações, o ritmo, os diálogos, personagens neuróticos, tudo lembra também as melhores comédias de Woody Allen. A história: Isabella Patterson (Imogen Poots) é uma garota de programa contratada para passar a noite com Arnold Albertson (Owen Wilson), um famoso diretor de teatro da Broadway. Ela conta que seu grande sonho é ser atriz. Ele fica com pena da moça e oferece U$ 30 mil para ela largar a profissão e tentar realizar o seu sonho. Pouco tempo depois, quando Arnold está montando o elenco para uma peça, quem aparece para um teste? Isabella. Só que uma das atrizes da peça é justamente a esposa de Arnold, Delta Simmons (Kathryn Hahn). A partir daí, a confusão está formada, envolvendo ainda um veterano ator apaixonado por Delta, um juiz cliente da garota de programa, também apaixonado por ela, uma terapeuta à beira de um ataque de nervos e um produtor teatral que também se apaixonada por Isabella. No ótimo elenco, ainda estão Jennifer Aniston, Illeana Douglas, Rhys Ifans e Will Fort. Quentin Tarantino aparece numa ponta no final do filme. Depois de muitos anos sem dirigir um longa, Bogdanovich (“A Última Sessão de Cinema, “Lua de Papel”) acerta em cheio, garantindo um entretenimento divertido e inteligente. Enfim, uma comédia que o cinema norte-americano estava devendo faz tempo. IMPERDÍVEL!

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

“A GATINHA ESQUISITA” (“Das Merkwürdige Kätzchen”), 2013, é um filme alemão que marca a estreia no roteiro e direção do jovem suíço Ramon Zürcher. Não há história. O filme mostra o cotidiano de uma família de Berlim cujos integrantes são bastante esquisitos, aqui incluídos uma gata e um velho vira-lata preto. Toda a ação é desenvolvida no interior de um apartamento, onde o casal, os filhos, a avó, vizinho, prima e tia entram e saem toda hora, num vai e vem incessante. A menina grita quando qualquer aparelho eletrônico é ligado; o pai trafega medindo a pressão arterial; a filha mais velha joga cascas de laranja no chão e não entende porque elas caem com a parte branca para cima. E por aí vai, tudo muito surreal. A maioria dos diálogos não tem o mínimo nexo. Alguns deles são de uma espantosa profundidade filosófica. Quer um exemplo? A esposa comenta com o marido: “Gatos são as minhas cebolas”. Eis que o marido responde: “As cebolas são meus gatos”, e os dois acabam gargalhando. Ainda bem que o filme dura apenas 72 minutos. Exibido em festivais do mundo inteiro, o filme dividiu a opinião dos críticos, uns elogiaram, outros acharam deplorável. Em todo caso, existe gosto pra tudo, e esta produção alemã deve agradar quem curte filmes esquisitos. Aliás, nessa família, os humanos são muito mais esquisitos do que a pobre gatinha.  

 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Você já assistiu a algum faroeste dinamarquês? Agora surgiu a chance, com “A SALVAÇÃO” (“The Salvation”), 2014, direção de Kristian Levring. A história é ambientada em 1870 nos EUA. Os irmãos Jon (Mads Mikkelsen) e Peter (Mikael Persbrandt), ex-soldados do exército dinamarquês, chegaram à América sete anos antes para fazer fortuna. Não fizeram. Tornaram-se pequenos fazendeiros, donos de uma propriedade perto da cidade de Black Creek. Depois de sete anos, a mulher e o filho de Jon chegam aos EUA. Na diligência em que viajam para a fazenda, dois malfeitores assassinam a mulher e o filho de Jon. O dinamarquês não perdoa: mata os dois. Só que um deles é o irmão querido do chefão da região, Delarue (Jeffrey Dean Morgan), que parte para a vingança. O elenco é uma verdadeira miscelânea de nacionalidades. Mikkelsen é dinamarquês, Persbrandt é sueco, Eva Green e Éric Cantona franceses, Jonathan Pryce inglês. O único norte-americano é o vilão da história, Dean Morgan. A bela Eva Green, aliás, entra muda e sai calada, mesmo porque teve a língua cortada pelos índios. Para culminar, o final é forçado e constrangedor. Ah, as filmagens aconteceram em locações na África do Sul. Quem quiser arriscar, fique à vontade. Saudades daquele velho oeste, John Wayne, Clint Eastwood, Giuliano Gemma...

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

“CAKE – UMA RAZÃO PARA VIVER” (“Cake”), EUA, 2014, direção de Daniel Barnz. A advogada Claire Simmons (Jennifer Aniston), traumatizada por uma tragédia, cujas sequelas também afetaram seu corpo, faz parte de um grupo terapêutico de pessoas que sofrem de problemas psicológicos e dores crônicas. O suicídio ronda a mente dessas mulheres, e uma delas concretizou o ato, Nina (Anna Kendrick). Claire, que também pensa em fazer o mesmo, resolve investigar a fundo as razões que levaram Nina a cometer o suicídio. Para isso, se aproxima do viúvo, Roy (Sam Worthington). Mas quem realmente segura as pontas é a empregada mexicana de Claire, Silvana (a ótima Adriana Barraza). O relacionamento entre patroa e empregada resulta nos melhores diálogos e nos momentos de humor do filme, que no geral é um dramalhão daqueles. Aniston atuou sem nenhuma maquiagem e aparece feia e um tanto envelhecida. A idade (45 anos) também já não ajuda muito. Mas seu desempenho é ótimo, tanto que foi indicada ao Globo de Ouro de 2015 na categoria de Melhor Atriz de Filmes Dramáticos – ganhou Julianne Moore por “Still Alice”, que depois também ganharia o Oscar. Se a consagração de Aniston não veio com algum prêmio, pelo menos ficou evidente que ela é uma excelente atriz.                                                                                          
Pura diversão. Assim é “O AGENTE DA U.N.C.L.E. (The Man from U.N.C.L.E.), 2015, EUA, direção do inglês Guy Ritchie. Trata-se de uma paródia bem feita, com muito humor, ação e cenários deslumbrantes, da célebre série de TV dos anos 60. Tudo bem que agora a dupla principal é interpretada por dois bonitões sarados, os atores Henri Cavill (Napoleon Solo) e Armie Hammer (Illya Kuriakin), enquanto que os intérpretes originais – Robert Vaughan e David McCallum – eram mais franzinos e cerebrais. Nesta versão para o cinema, Solo (CIA) e Kuriakin (KGB) recebem a missão de trabalhar em conjunto para se infiltrar numa organização criminosa que ameaça o mundo com uma bomba nuclear. Destaque para a atriz sueca Alicia Vikander. Acostumada a papeis dramáticos (“O Amante da Rainha” e “Anna Karenina”), Alicia arrasa nas cenas de humor, provando que é uma atriz bastante versátil. Do alto de seus 1m90, a atriz francesa Elizabeth Debicki  também está ótima como a vilã Victoria Vinciguerra. A ação corre solta, bem ao estilo do diretor Guy Ritchie, que já provou enorme competência no gênero em ótimos filmes como “Snatch – Porcos e Diamantes” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”. Esqueça as mazelas do mundo e embarque nessa divertida aventura cinematográfica.  

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

“HORAS DE DESESPERO” (“No Escape”), 2015, EUA, roteiro e direção de John Erick Dowdle, faz jus ao título. A história é toda ambientada num país fictício do leste asiático, lá pelos lados da Tailândia. O engenheiro Jack Dwyer (Owen Wilson), sua esposa Annie (Lake Bell) e as duas filhas menores chegam ao país e se hospedam num hotel luxuoso. Jack acabara de ser contratado para trabalhar na subsidiária de uma tal empresa Cardiff. Poucas horas depois de chegarem à cidade, ocorre um violento golpe de Estado e a revolta se instala por todo o país. A matança é geral e o alvo passa a ser o hotel onde estão hospedados inúmeros estrangeiros, entre eles a família Dwyer. Daí para frente, o que se vê são realmente horas de desespero, de pura aflição. Jack tentará sobreviver protegendo a família contra os rebeldes, recebendo a ajuda de Hammond (Pierce Brosnan), um homem misterioso com jeito de pilantra. Mesmo com a presença de astros como Brosnan e Owen Wilson, a produção tem jeito de filme B, com ação e suspense de filme A. Aliás, o suspense é uma das especialidades do diretor Dowdle, como provam seus filmes anteriores - “Demônio”, “Assim na Terra como no Inferno” e “Quarentena”. É daqueles filmes para assistir entortando os braços da poltrona. Tensão do começo ao fim. Ou seja, ótimo entretenimento.   

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Cansada dos compromissos familiares, dedicando-se anos e anos a servir o marido e os filhos, sem receber ao menos um elogio, é natural que uma mulher de meia idade tenha a vontade de desaparecer da face da Terra. “Minha vontade é sumir!” é a exclamação preferida dessas batalhadoras donas de casa. A comédia dramática “LULU, NUA E CRUA” (“Lulu Femme Nue”), 2013, conta a história de uma dessas mulheres. Só que, ao contrário da maioria, esta resolve mesmo sumir. Lucie, chamada por todo mundo de Lulu, é casada, tem três filhos (uma adolescente e dois meninos gêmeos) e um dia resolve arrumar um emprego. Vai até uma cidade vizinha fazer a entrevista, que dá errado. Não mais do que de repente, ela resolve sumir por uns dias e fica na tal cidade, onde faz amizade e algo mais com Charles (Bouli Lanners), um ex-presidiário. Ela ainda fica amiga de uma idosa, Marthe (Claude Gensac), e de uma atendente de bar, Virginie (Nina Meurisse). Enfim, Lulu usa seu período de liberdade para conhecer pessoas, desfrutar de outras companhias, viver sem compromissos familiares. O filme é muito bom, principalmente pelo excelente trabalho dessa estupenda atriz francesa que é Karin Viard. As mulheres vão adorar a história e, com certeza, imaginar se teriam coragem de fazer o que Lulu fez. A nota triste fica por conta da diretora e roteirista Sólveig Anspach, nascida na Islândia e radicada na França, que faleceu em outubro último aos 54 anos.

domingo, 15 de novembro de 2015

Não fosse a presença de Meryl Streep e a excelente trilha sonora – rock da melhor qualidade – e “RICKI AND THE FLASH: DE VOLTA PRA CASA” (“Ricki and the Flash”), 2015, seria mais um drama familiar mediano. Mas Meryl inunda a tela com sua habitual competência e versatilidade, transformando o filme num bom programa. Ela interpreta Ricki Rendazzo, que há muitos anos abandonou o marido e os três filhos para seguir a carreira de roqueira. Teve algum sucesso, lançou até um disco, mas depois passou a tocar em barzinhos de segunda classe com a banda “The Flash”. Até que um dia seu ex-marido Pete Brummel (Kevin Kline) telefona pedindo ajuda por causa da filha Julie (Mamie Gummer, filha de Meryl na vida real), que entrou em depressão por ter sido abandonada pelo marido. Ao visitar a filha, Ricki também reencontrará seus dois outros filhos, e não será fácil para ela explicar por que ficou tantos anos sem vê-los. Num desabafo perante uma pequena plateia, Ricki diz que se fosse homem seria perdoado. Mas é uma roqueira mulher, e mãe, aí ninguém perdoa. “Mike Jagger teve sete filhos com mulheres diferentes e nunca está presente. Ele é homem, aí todo mundo perdoa", diz ela. O roteiro leva a assinatura de Diablo Cody (pseudônimo de Brook Busey), de “Juno” e “Garota Infernal”, entre outros. O diretor é Jonathan Demme (“O Silêncio dos Inocentes” e “Filadelfia”). A trilha sonora traz hits de Tom Petty e Bruce Springsteen, entre outros. Repare nas apresentações da banda “The Flash”. O baixista, Rick Rosas, morreu logo após as filmagens. O filme é dedicado a ele. 

sábado, 14 de novembro de 2015

“A FAMÍLIA BÉLIER” (“La Famille Bélier”), 2014, direção de Eric Lartigau, é mais uma ótima comédia francesa. Toda a história gira em torno da família Bélier, dona de uma propriedade rural no interior da França. Os pais, assim como o filho adolescente, são surdos e dependem muito da filha Paula (Louane Emera), o único integrante da família que não herdou a deficiência. É ela quem administra a fazenda de gado e a fabricação de queijos, os negócios dos Bérlier. É ela quem negocia com fornecedores e clientes. É ela também que acompanha a mãe numa consulta com o ginecologista para traduzir as perguntas e respostas. Aliás, esta é uma das cenas mais hilariantes do filme. Não faltam piadas politicamente incorretas, como chamar o bezerro preto recém-nascido de Obama. Paula tem um sonho: ser uma grande cantora. Ao mesmo tempo em que auxilia a família, Paula participa do coral do colégio. O regente do coral, professor Thomasson (o ótimo Eric Elmosnino, de “Gainsbourg”), percebe que está diante de uma joia a ser lapidada e convence Paula a participar de uma importante audição em Paris. Será ela capaz de abandonar a família para realizar seu sonho? Louane faz sua estreia no cinema, depois de ficar conhecida por sua participação no reality show The Voice. Além de Louane e Eric, estão no elenco Karin Viard, a mãe (hilariante) e François Damiens, o pai. O filme é ótimo, garante boas risadas e alguns momentos bastante comoventes. Programão!  

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Baseado nas memórias de infância da diretora Maya Forbes, que viveu o mesmo problema com o pai, maníaco-depressivo (hoje chamado de transtorno bipolar), “SENTIMENTOS QUE CURAM” (“Infinitely Polar Bear”), 2014, é um drama repleto de momentos comoventes, sensíveis e bem-humorados. O filme é ambientado no final dos anos 70, época da infância de Maya. A história: nos anos 60, o jovem Cameron (Mark Ruffalo) é diagnosticado como maníaco-depressivo e, a partir de então, passa por diversas internações em clínicas psiquiátricas. Mesmo enfrentando esse problema, alternando momentos de depressão com outros de euforia, ele conhece Maggie (Zoe Saldana), com a qual se casa e tem duas filhas, Faith (Ashley Aufderheide) e Amelia (Imogene Wolodarsky). Ao mesmo tempo em que enfrenta uma grave situação financeira, a família é abalada por um novo colapso nervoso do pai. Mesmo assim, Maggie resolve fazer um curso em Nova Iorque para abrir portas para um bom emprego e deixa as filhas aos cuidados de Cameron. Será ele capaz de assumir essa responsabilidade? Maggie banca esse desafio. A partir daí, o relacionamento entre o pai problemático e as filhas passa a ser o foco principal da história. Mark Ruffalo está ótimo, sem exageros na atuação, assim como Zoe Saldana. Interessante rever o ator Keir Dullea, que ficou famoso como o astronauta de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, como o pai de Cameron. O filme marca a – boa – estreia na direção de Maya Forbes, roteirista de filmes como “Diário de um Banana 3: Dias de Cão” e “O Roqueiro”, entre outros.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

“O RITMO SOB OS MEUS PÉS” (“THE BEAT BENEATH MY FEET”), 2014, Inglaterra, direção de John Williams, é um filme musical, não no sentido literal do gênero, mas porque tem muita música – rock, principalmente. O jovem Tom (Nicholas Galitzine) é tímido, vive isolado e é vítima constante de bullyng pelos colegas de classe, que o chamam de “Sr. Travado”. A vida de Tom é o rock. Seu grande sonho é ser um astro da guitarra. Sem a mãe saber, ele compõe, toca num velho violão e ouve muito rock no fone de ouvido. Tom se imagina tocando para grandes multidões, o que dá margem para o diretor criar clipes musicais durante o filme. Aliás, de muito bom gosto, como aquele em que ele está indo de carro, dirigido pela dona Morte, para uma “encruzilhada” no Mississipi, onde o lendário guitarrista de blues Robert Johnson teria vendido sua alma ao diabo para se transformar num grande músico. Quando Max Stone (Luke Perry), um famoso ex-guitarrista vai morar no apartamento vizinho, Tom vê a grande chance de aperfeiçoar seu desempenho na guitarra. A amizade entre os dois vai ajudar Tom a mudar seu comportamento. O filme marca a estreia de John Williams na direção e do ator Nicholas Galitzine no cinema. Ótimas estreias, aliás. Os veteranos Luke Perry e Lisa Dillon, como a mãe de Tom, também dão conta do recado. Enfim, tudo funciona bem nesse filme, garantindo um ótimo entretenimento. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Produzido em 2012 e somente lançado nos cinemas no começo de 2015, a comédia “O DUELO” é uma grata surpresa do cinema nacional. No centro da história, baseada no romance “Os Velhos Marinheiros”, escrito em 1961 por Jorge Amado, está o capitão de longo curso Vasco Moscoso de Aragão (o ator português Joaquim de Almeida), que chega à vila de Periperi, em algum lugar do litoral brasileiro, e de repente torna-se o ídolo da população, com suas histórias de viagens ao redor do mundo, incluindo lugares exóticos, amores e naufrágios. Chico Pacheco (José Wilker, num de seus últimos papeis no cinema) fica enciumado com o sucesso do comandante e faz questão de afirmar, a quem quiser ouvir, que o comandante não passa de um charlatão. E vai tentar provar essa afirmação. O roteiro e a direção são de Marcos Jorge, responsável pelo ótimo “Estômago”, de 2007. Jorge emprega recursos e efeitos bastante criativos na hora de compor uma nova cena, fazendo com que os personagens ingressem e saiam de um novo cenário conforme transcorre o enredo. O filme é muito bom, com destaque para a excelente fotografia e o ótimo elenco, que conta ainda com Claudia Raia, Tainá Müller (belíssima), Patrícia Pillar, Márcio Garcia e Milton Gonçalves. Finalmente, um nacional de qualidade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Lúgubre, macabro, depressivo, sórdido, tedioso. Somados, esses adjetivos definem com propriedade o drama francês “UMA HISTÓRIA DE AMOR” ("Une Histoire D’Amour”), 2013, estreia na direção da atriz Hélène Fillières, que também escreveu o roteiro. O título, portanto, é bastante enganoso. Falando claramente, mentiroso. A história é inspirada no livro “Sévère”, de Régis Jauffret, lançado em 2010. Um rico banqueiro (o ator belga Benoît Poelvoorde) sofre de transtornos psicológicos. Um carente psicótico. É pervertido e adora o sadomasoquismo. Esse tipo de prazer ele consegue nos encontros com uma prostituta (Laetitia Casta), que por sua vez tem uma ligação com um homem mais velho (Richard Bohringer), mas não são casados. Uma confusão que não é esclarecida, assim como o fato dos personagens não terem nome. O enredo transcorre numa série de situações inexplicáveis, compondo cenas num ritmo de dar sono. Enfim, tedioso demais, pretensioso demais. Não dá para recomendar um filme que, depois de terminar, faz você pensar por que alguém teve a coragem de produzi-lo, além de gastar um bom dinheiro com a contratação de dois astros como Benoît Poelvoorde e Laetitia Casta. Dos últimos filmes franceses que assisti, este é, sem dúvida, um dos piores.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

“O JULGAMENTO DE VIVIANE AMSALEM” (“Le Procès de Viviane Ansalem”), 2014, co-produção Israel/França, foi escrito e dirigido pelos irmãos Ronit e Shlomi Elkabetz. Ronit também é a atriz principal do filme. Ela interpreta Viviane Amsalem, uma mulher que há três anos luta para se divorciar de Elisha (Simon Abkerian) - ele não comparece às primeiras audiências e nem por isso é punido. O motivo da separação? Ela não o ama mais. Simples e objetivo. Lá em Israel, porém, não é tão fácil assim. O filme acompanha as audiências no decorrer de anos, durante os quais os juízes – na verdade, rabinos – pendem claramente para o lado do marido. Informação: em Israel, só os rabinos podem legitimar ou dissolver um casamento. O cenário é o mesmo o filme inteiro: uma sala com os rabinos, um escrevente, os litigantes e seus respectivos advogados. Isso não significa que o filme é entediante. A força dos diálogos, os ótimos atores e um pouco de humor – principalmente durante o depoimento de algumas testemunhas - aliviam a tensão do ambiente, transformando o filme num bom entretenimento. Aliás, este foi o candidato de Israel ao Globo de Ouro e ao Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro. Do mesmo gênero e temática, recomendo também o iraniano “A Separação”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2012, este sim uma pequena obra-prima.  

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

“O NOME DO FILHO” (“IL NOME DEL FIGLIO”), 2015, estreia na direção de Francesca Archibugi, uma das principais atrações da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Trata-se de uma comédia italiana, na verdade uma refilmagem do filme francês “Qual o nome do bebê?”, de 2012. A história é inspirada numa peça de teatro escrita por Mathieu Delaporte e Alexandre de La Pattelière, justificando, portanto, o estilo teatral utilizado nas adaptações cinematográficas. Sandro (Luigi Lo Cascio) e Betta (Valeria Golino) recebem para jantar o cunhado Paolo (Alessandro Gassman, filho do grande Vittorio) - irmão de Betta -, sua esposa Simona (Micaela Ramazzotti), e o amigo Claudio (Rocco Papaelo). Ainda nos aperitivos, Paolo anuncia que escolheu o nome do seu futuro filho. O nome, associado a um antigo líder fascista, desagrada a todos os demais, principalmente Sandro, um fanático de esquerda. Aí começa toda a confusão. Muita roupa suja será lavada durante o jantar, mas o que importa mesmo é que os diálogos são ótimos, inteligentes, culminando com algumas revelações que irão colocar mais lenha na fogueira do ambiente. O sotaque italiano e a maneira exaltada de falar contribuem para deixar essa comédia ainda mais saborosa. As duas versões – a francesa e a italiana – são ótimas. Escolha qualquer uma e você estará garantindo muitas risadas.    
De “O Poderoso Chefão” a “Os Bons Companheiros”, este último o melhor de todos, sempre fui fã de filmes sobre a Máfia. Se a história for baseada em fatos reais, melhor ainda. É o caso de “ALIANÇA DO CRIME” (“Black Mass”), EUA, 2015, roteiro e direção de Scott Cooper ("Tudo por Justiça"), que conta a trajetória de James “Whitey” Bulger, um dos criminosos mais famosos de Boston, chefe da máfia irlandesa. Além disso, irmão de um poderoso senador, o que deixa a história ainda mais saborosa. Bulger é interpretado por um irreconhecível Johnny Depp, calvo e com lentes de contato que o fizeram ficar com os olhos claros. Nos anos 80, para se livrar de uma “família” da máfia italiana, concorrente de seus negócios ilícitos, Bulger resolveu ser informante do FBI. O filme apresenta fatos da vida pessoal do criminoso, sua relação com o agente do FBI John Connelly (Joel Edgerton) e, em detalhes, mostra como ele tratava os seus delatores e inimigos. A interpretação de Johnny Depp é sensacional, o que provavelmente o colocará como um dos favoritos ao Oscar 2016 (previsão minha, pois nem sei se será indicado). O filme é muito bom não apenas pela história em si, mas também pelo excelente roteiro e, principalmente, pelo ótimo elenco, que conta ainda com Dakota Johnson, Peter Sarsgaard, Benedict Cumberbatch, James Russo, Juno Templo, Corey Stoll e Kevin Bacon. Não deixe de ver os créditos finais, que contêm informações sobre o destino dos personagens envolvidos na história real. Resumindo, um filmaço! 

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Fazer papel de sujeito bonzinho não combina muito com Robert De Niro. Ainda mais num filme bonitinho, como é “UM SENHOR ESTAGIÁRIO” (“The Intern”), 2015. Prefiro o grande ator interpretando homens maus, como os mafiosos de tantos filmes, inclusive na comédia “A Máfia no Divã”. Nessa comedinha sem muita graça, De Niro é Ben Whittaker, um aposentado de 70 anos entediado com a rotina dos dias sem fazer nada, a não ser ir a velórios de amigos, programa cada vez mais frequente. Ao se deparar um cartaz de uma empresa anunciando a contratação de estagiários sêniors (mais de 65 anos), ele resolve se inscrever. Passa nos testes e começa a trabalhar. A empresa é um site de vendas de roupas fundado e administrado por Jules Ostin (Anne Hathaway). Ben é o único a trabalhar de terno e gravata. Com seu jeito de papaizão e bonachão, ele conquista a simpatia de todos e até de Jules, sem contar a massagista da empresa, Fiona (Rene Russo, ainda bonita e em grande forma). Não é aquele filme que faz gargalhar, mas tem seus momentos engraçados. O filme foi escrito e dirigido por Nancy Meyers, especialista em comédias, algumas muito boas, como  “Simplesmente Complicado”, “Alguém tem que ceder” e “O Amor não tira Férias”. Não espera muita coisa a mais do que apenas um bom programa para uma sessão da tarde com pipoca e guaraná.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Primeiro filme de ficção lançado pela Netflix, “BEASTS OF NO NATION”, 2015, EUA, direção de Cary Fukunaga (da série “True Detective”) ganhou enorme repercussão não apenas pela ótima história – baseada no livro do escritor nigeriano Uzodinma Iweala - e pela excelente produção, mas também porque foi boicotado pelas distribuidoras e produtoras nos EUA – a Netflix exibe filmes pela Internet, prática comparada à pirataria.  A ideia era lançar o filme também nos cinemas e ganhar uma vaga na disputa do Oscar 2016. Deixando de lado a polêmica, o filme é muito bom, realista, de grande impacto. Pode incomodar os espectadores mais sensíveis, pois contém muita violência, cenários de extrema pobreza e crianças servindo como soldados, matando e sendo mortos. A história é ambientada num país da África em meio a uma violenta guerra civil, envolvendo o exército e grupos rebeldes. Todo mundo lutando contra todo mundo, uma matança geral. O garoto Agu (Abraham Attah) consegue fugir da sua vila dizimada e é recrutado como soldado pelo grupo rebelde chefiado pelo “Comandante” (o ótimo ator inglês Idris Alba), um líder carismático e sanguinário, especialista em fazer lavagem cerebral em meninos, transformando-os em verdadeiros assassinos. Resumindo: um filmaço!     

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

“NIGHTINGALE – Peter e sua Mãe”, 2014, é um filme produzido e exibido pela HBO – ainda não chegou aos cinemas. A direção é de Elliott Lester (“Blitz”). Os produtores são os mesmos de “Selma” e “12 Anos de Escravidão”, entre eles o astro Brad Pitt. Desconsidere a grande maioria dos sites e blogs de cinema que comentaram o filme sem tê-lo assistido, divulgando uma história que não tem nada a ver. Faço esse esclarecimento com toda segurança, pois assisti ao filme. Trata-se de um monólogo ao estilo teatral, o que deve desagradar a muitos espectadores. Só há um personagem, Peter (David Oyelowo), falando o tempo inteiro sobre a mãe repressora que finalmente o deixou em paz, sobre a liberdade de fazer o que quiser dentro de casa e sobre um antigo colega de exército que espera rever (parece que houve um caso entre os dois). Nem todo filme de um personagem só é chato. Já vimos alguns muito bons, tais como “Náufrago”, com Tom Hanks, “Até o Fim”, com Robert Redford, e podemos considerar ainda “Gravidade”, durante o qual Sandra Bullock passa a maior parte do tempo sozinha, perdida no espaço. O inglês David Oyelowo, de “Selma, Uma Luta pela Igualdade”, é um excelente ator e segura o monólogo com muita competência. O clima de tensão que acompanha o personagem faz com que a gente queira chegar ao final para ver o que vai acontecer.                                                             

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

“SELF/LESS” (ainda sem tradução por aqui), 2015, é um suspense norte-americano dirigido pelo indiano Tarsem Singh (de “Espelho, Espelho Meu” e “Imortais”). O tema remete a filmes de ficção científica, embora seja ambientado no tempo atual. O bilionário Damian (Ben Kingsley) tem câncer e poucos meses de vida. Sem nada a perder, ingressa num programa arrojado de troca de corpos, comandado pelo excêntrico Albright (Matthew Goode). O experimento dá certo e Damian assume a carcaça de Mark (Ryan Reynolds, de “Lanterna Verde”), um soldado do exército morto em combate no Afganistão. Devido aos remédios que é obrigado a tomar, Damian começa a ter alucinações e, numa delas, consegue visualizar Madeline (Natalie Martinez), a viúva de Mark, e a filha. O passo seguinte é tentar encontrá-las. O susto da mulher é grande, mas com muito tato ele consegue convencê-la de que é Mark. Mas não por muito tempo. Para piorar toda essa confusão, Damian descobre que os efeitos dos remédios não são permanentes e que Albright não passa de um farsante. A partir daí, Damian vai tentar desmascará-lo. O clima de suspense até que prende a atenção, mas a história é inverossímel demais, mesmo sendo uma ficção. De qualquer forma, é um filme movimentado e com ritmo alucinante até o seu final.  
“CRIMES OCULTOS” (“Child 44”), EUA, 2015, é um misto de drama, suspense e policial. Na década de 30, o ditador Joseph Stalin resolveu reprimir os ucranianos, que lutavam por sua independência. Stalin provocou a morte de 14 milhões de ucranianos (mais do que os judeus que Hitler assassinou no Holocausto), a grande maioria de fome. A matança deixou milhões de crianças órfãs. Aí vem a ficção. O filme conta a história de uma dessas crianças, Leo Demidov (interpretado em adulto por Tom Hardy). O enredo pula para 1953. Leo é um oficial do Exército russo, casado com Raisa (Noomi Rapace). Uma série de assassinatos de crianças começa a chamar a atenção das autoridades. Só que naquela época, a ordem de Stalin é que esses crimes sejam atribuídos a acidentes, como atropelamento de trem, quedas etc. “Não há assassinatos no paraíso”, conforme ditava a cartilha do governo russo. “Esse tipo de crime é coisa do Ocidente, do regime capitalista”. Os oficiais rezavam por essa cartilha. Até que o afilhado de Leo, filho de outro oficial, é assassinado. Aí ele resolve investigar por conta própria, contrariando seus superiores. O filme tem ainda no elenco Gary Oldman, Vincente Kassel e Joel Kinnaman. A direção é do sueco Daniel Espinosa. O filme é falado em inglês, mas os atores interpretam com sotaque russo, o que soa meio falso e ridículo. Embora seja o ator do momento (“Mad Max”), Tom Hardy é fraco, inexpressivo, atua no piloto automático. Muito pouco para fazer o personagem principal de um filme. Filme, aliás, que acrescenta pouco à cinematografia.                                                      

sábado, 24 de outubro de 2015

“3 CORAÇÕES” (“3 Coeurs”), 2014, roteiro e direção de Benoît Jacquot (de “Adeus, Minha Rainha”), é um drama francês que conta a história de um triângulo amoroso. O auditor fiscal Marc (Benoît Poelvoorde) está viajando a trabalho numa cidade da região de Provence. Ele perde o trem noturno que o traria de volta a Paris. Para “fazer hora”, ele entra num bar. Aqui, acaba conhecendo Sylvie (Charlotte Gainsbourg) e engata um papo que dura toda a madrugada. Paixão à primeira vista. Eles combinam de se encontrar dali a alguns dias em Paris. Só que o reencontro não dá certo e eles acabam não se vendo mais durante alguns anos. Nesse meio tempo, Marc retorna à cidade e conhece Sophie (Chiara Mastroianni, cada vez mais a cara do pai), com quem acaba se casando. Coincidência das coincidências: Sophie é irmã de Sylvie. Ambas são filhas de Madame Berger (Catherine Deneuve) - aliás, na vida real, Chiara é filha de Deneuve. Com o retorno de Sylvie, que estava morando nos EUA, a situação se complica de vez, pois Marc insiste em reviver a antiga paixão. A história é um tanto inverossímil, levando-se em conta que Marc, um quarentão beirando os cinquenta, é um sujeito feio, totalmente desprovido de charme, nada que atraia uma mulher. Ainda mais, duas. A trilha sonora conduz o espectador a um clima de suspense angustiante. O filme teve sua exibição de estreia no Festival de Veneza 2014, onde concorreu ao Leão de Ouro. É só mais um bom filme francês, o que, por si só, é uma ótima razão para ser visto.       

terça-feira, 20 de outubro de 2015

“CAREFUL WHAT YOU WISH FOR” (ainda sem tradução por aqui, mas algo como “Cuidado com o que você deseja”), EUA, 2014, direção de Elizabeth Allen Rosembaum. Trata-se de um bom suspense, que prende a atenção até o desfecho. A vida do jovem Doug (Nick Jonas, da série “Kingdom”) vai do paraíso ao inferno depois que o casal Lena (a atriz australiana Isabel Lucas) e Elliot Harper (Dermot Mulroney) aluga a casa vizinha de Doug, à beira de um lago. Elliot contrata Doug para fazer reparos num barco que acabara de comprar. A estonteante Lena vai fazer de tudo para provocar o garoto. Doug, é claro, não resiste ao charme da loira e acaba na cama com ela. Uma, duas, três e algumas outras vezes..., até ficar completamente apaixonado. Só que Lena tem outros planos, inclusive receber um seguro de 10 milhões de dólares. Doug acaba envolvido na história e entra na lista de suspeitos do xerife “Big” Jack (Paul Sorvino, enorme de gordo) e da investigadora da companhia de seguros Emma Alvarez (Kandyse McClure). Como todo bom suspense, o final reserva ao espectador uma reviravolta surpreendente, tornando o filme ainda mais interessante. Sem contar Isabel Lucas, uma tentação realmente irresistível. Confira!             

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A bela atriz norte-americana Katherine Heigl, protagonista de tantas boas comédias (”Vestida para Casar”, “Ligeiramente Grávidos”), desta vez encara um drama. Trata-se de “O CASAMENTO DE JENNY” (“Jenny’s Wedding”), 2014, direção de Mary Agnes Donoghue. Ela é Jenny, uma trintona que nunca acertou um namoro e agora, beirando os quarenta, é pressionada pela família a arrumar alguém para casar. Ela finalmente se decide, mas o “marido” não será bem a pessoa que a família esperava. Ao revelar sua paixão por Kitty (Alexis Bledel), com a qual divide o mesmo teto há cinco anos, seus pais, Eddie (Tom Wilkinson) e Rose (Linda Emond), extremamente conservadores, entram em polvorosa, assim como a irmã Anne (Grace Gummer). O filme inteiro coloca em destaque esse conflito familiar, a aceitação da escolha de Jenny e, finalmente, o seu casamento. No elenco, merece destaque a atuação do ator inglês Tom Wilkinson e da norte-americana Linda Emond. Também demonstra muita competência Grace Gummer, filha de Meryl Streep. Ao explorar um tema tão em evidência, como a aceitação ou não da opção sexual dos filhos, o filme nos motiva a refletir mais profundamente sobre a questão. Só por isso, vale a pena.     

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Produzido em 2014 e exibido no ano seguinte pela BBC, “O MENSAGEIRO” (“The Go-Between”, título original do filme e do romance escrito por L.P.Hartley) teve uma primeira versão para o cinema em 1971, com direção de Joseph Losey e com Julie Christie e Alan Bates nos papeis principais. Este “O Mensageiro”, portanto, é uma refilmagem. Mas uma refilmagem de grande categoria, com ótimos atores e uma recriação primorosa de época, além de uma fotografia deslumbrante. Como qualidade cinematográfica, portanto, não fica atrás do original. A história é ambientada em 1900 no interior da Inglaterra. A bela jovem Marian Maudsley (Joanna Vanderham) é cortejada pelo Lord Trimingham (Stephen Campbell Moore). É desejo de Mrs. Maudsley (Lesley Manville), a autoritária mãe de Marian, que os dois se casem. Só que Marian tem um amante, o fazendeiro Ted Burgess (Ben Batt). Leo, de 12 anos, sobrinho de Mrs. Maudsley, serve como garoto de recados entre os dois amantes, daí o título “O Mensageiro”. O caldo entorna quando a mãe descobre o caso da filha, numa cena em que a ótima atriz Lesley Manville dá um show de interpretação. Muitos anos depois, Leo (agora Jim Broadbent) reencontra Marian (agora Vanessa Redgrave) para decretar o desfecho da história. Aliás, um reencontro sem muita emoção, talvez o único defeito dessa caprichada produção inglesa.                                       

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O drama inglês “O DANÇARINO DO DESERTO” (“DESERT DANCER”), 2013, conta uma incrível história de coragem e amor à arte. No caso, a dança. Baseado em fatos reais recentes ocorridos no Irã, o filme marca a estreia em longas do diretor inglês Richard Raymond. A história: desde criança, o garoto iraniano Afshin Ghaffarian (Reece Ritchie) adorava dançar. No colégio, era comum ele imitar a coreografia de Patrick Swayze em “Dirty Dancing”. Acontece que dançar em público, no país de Ahmadinejad, era e ainda é proibido. Afshin esqueceu a dança até ingressar na faculdade em Teerã, capital do País. Aqui, formou um grupo clandestino de dança, associando-se a Elaheh (a atriz indiana Freida Pinto), uma jovem iraniana filha de uma ex-dançarina. Inspirados em vídeos de Pina Bausch e Michael Jackson, que assistiam escondidos pela Internet, os dois criavam coreografias especiais. Só que não podiam mostrá-las em público. A solução foi organizar uma apresentação em pleno deserto. Tudo parecia ir bem até os fundamentalistas islâmicos entrarem em ação, em nome da moral e dos bons costumes. O fim da história todo mundo já sabe: Afshin foge para Paris, onde monta uma escola de dança bastante conceituada. Todo o enredo tem como pano de fundo a situação política do Irã sob Ahmadinejad, um regime de opressão no qual qualquer manifestação artística é pecado mortal.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

“O HOMEM QUE ELAS AMAVAM DEMAIS” (“L’HOMME QU’ON AIMAIT TROP”), 2014, direção de André Téchiné. A história é baseada em fatos reais. Em 1976, a empresária Renée Le Roux (Catherine Deneuve), proprietária do Palais de La Méditerranée, um luxuoso cassino na cidade de Nice, na Riviera Francesa, vive às voltas com uma grave crise financeira em seu negócio. Seu principal assessor é Maurice Agnelet (Guillaume Canet), um advogado ardiloso, ambicioso e manipulador. Na época, suspeitava-se que, por trás das manobras para arruinar o cassino de Renée, estava o empresário do cassino concorrente, Fratoni (Jean Corso), considerado um poderoso mafioso local. Em meio a toda essa situação, Renée recebe a visita de sua filha Agnes (Adèle Haenel), recém-separada e que chega disposta a arrancar dinheiro da mãe. Ela acabará se envolvendo com Maurice, contra todos os argumentos da mãe. O repentino desaparecimento de Agnes faz a história virar um rumoroso caso policial, com Maurice sendo acusado de assassiná-la e esconder o corpo. O mistério perdurou durante anos. Maurice foi réu em vários julgamentos, o último deles em 2014, trinta e sete anos depois do sumiço de Agnes. Não é dos melhores filmes do veterano diretor francês, mas vale pela história e, principalmente, pelo ótimo elenco e pelo cenário maravilhoso da Riviera Francesa. Guilhaume Canet, o ator francês do momento, já havia feito recentemente outro vilão num filme também baseado em fatos reais (“Na Próxima, Acerto no Coração”), no qual interpreta um policial psicopata.     
Se tiver, deixe de lado seu preconceito contra o cinema asiático e assista “FLORES DO AMANHÔ (Xiang Ri Kui”), 2005, um belo, sensível e comovente drama chinês escrito e dirigido por Zhang Yang (do cultuado e premiadíssimo “Banhos”, de 1999). Duas horas e nove minutos de puro prazer cinematográfico, tendo como pano de fundo o cenário político da China durante 30 anos. A história passa pela Revolução Cultural Proletária, a morte do grande líder Mao Tsé Tung, o Bando dos Quatro, até a época de Deng Xiao Ping. O filme começa em 1967, com o nascimento de Xiangyang (interpretado por três atores, da infância, juventude até a fase adulta). Seu pai, Gengnian (Haiyng Sun), preso pouco antes pelo regime de Mao, só irá conhecer o filho dez anos depois. Mimado pela mãe, Xiuqing (Joan Chen), o garoto só quer saber de brincar, enquanto o pai, recém-chegado, insiste para que ele se torne pintor, sua profissão até ser preso. A maior parte da história é dedicada à conflituosa relação entre pai e filho, o que rende cenas de grande força dramática. O filme retrata a evolução da sociedade chinesa diante dos novos tempos, incluindo uma mudança comportamental com relação à tradição secular de respeito aos pais e aos mais velhos em geral. Os atores são ótimos, principalmente Joan Chen e Haiyung Sun. Um filme delicado, uma pequena obra-prima do cinema chinês. Simplesmente imperdível!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

As belas paisagens do Alasca servem de cenário para o drama “WILDLIKE” (ainda sem tradução por aqui), EUA, 2014, roteiro e direção de Frank Hall Green. Quem pensa que o estado americano é só gelo vai se surpreender com a quantidade de verde, muita floresta e vegetação. A história: a jovem Mackenzie (Ella Purnell), de 14 anos, fica órfã de pai e sua mãe, com a desculpa de fazer um tratamento de saúde, a envia para morar um tempo com o tio (Brian Geraghty), irmão do falecido, lá nos confins do Alasca. Sem respeitar o parentesco nem a idade da sobrinha, o tio acaba partindo para o ataque sexual. Cansada e de certa forma enojada, Mackenzie foge e se embrenha sozinha pelo interior do Alasca. Ela quer voltar com urgência para Seattle, onde mora com a mãe. Só que no meio do caminho ela conhece Rene Bart (Bruce Grenwood), um homem de meia idade que está em busca de sossego e de um tempo para se recuperar da recente viuvez. Mackenzie e Bart começam então uma viagem pelo interior do Alasca, num road movie que vai agradar o espectador que curte a Natureza e belas paisagens. A jovem atriz inglesa Ella Purnell é uma espécie de Angelina Jolie teen, ou seja, uma “Lolita” de primeira, embora na vida real tenha 19 anos. Pode ser que eu me engane, mas acho que está nascendo uma nova estrela. 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A comédia francesa “O QUE AS MULHERES QUEREM” (“SOUS LES JUPES DES FILLES”), 2014, tem um time de atrizes de tirar o chapéu – ou as calças, já que sexo é o tema predominante. Só para citar algumas: Laetitia Casta, Alice Taglione, Isabelle Adjani, Marina Hands, Alice Blaïdi, Audrey Fleurot e Audrey Dana, esta última estreando também como diretora. Em termos de beleza, destoa do grupo a atriz Vanessa Paradis, que, com seus dentes da frente separados, parece irmã do Alfred E. Neuman, personagem símbolo da revista Mad. Isabelle Adjani, que já foi considerada uma diva do cinema francês, está gorducha, mas não perdeu o charme. De qualquer forma, são todas ótimas atrizes e estão bem à vontade fazendo comédia. A história reúne 11 personagens mulheres, cada qual com seus problemas sentimentais. Uma delas é casada e tem quatro filhos, o que não a impede de ter um caso fora do casamento. Pior, com uma mulher. Outra descobre que o marido a trai e resolve se vingar dos dois. Tem aquela que não consegue atingir o orgasmo e ainda outra que tem sérios tiques nervosos, que só desaparecem quando o assunto é sexo. E assim transcorre o filme, com muitas situações engraçadas, diálogos espertos e algumas cenas bastante hilariantes. Na França, a comédia foi um sucesso de público, levando 1,4 milhão de espectadores aos cinemas. Sem dúvida, um programa bastante agradável.         

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O que os soldados norte-americanos fizeram com os prisioneiros de Abu Ghraib, no Iraque, é conto infantil comparado ao que é mostrado no drama inglês “OPERAÇÃO IRAQUE LIVRE” (“The Mark of Cain”), 2007, dirigido por Marc Munden. No primeiro caso, os fatos foram reais e revelados para o mundo inteiro. No caso dos ingleses do filme, não há referência de que os fatos tenham sido baseados na realidade. Mas mesmo assim chocam bastante. Em patrulha numa cidade do Iraque, um pelotão do exército inglês é alvo de uma emboscada, que resulta na morte do capitão Godber. Os ingleses prendem vários suspeitos e os levam presos. Como forma de se vingar do que aconteceu ao seu comandante, os soldados ingleses promovem inúmeras sessões de torturas brutais e constrangedoras. Tudo filmado e fotografado por celulares. Pano rápido e os soldados voltam para a Inglaterra. Um deles, porém, mostra as fotos para a namorada. Erro fatal. O material acaba nos jornais e abre caminho para o maior escândalo. Apenas dois soldados, Mark (Gerard Kedarnes) e Shane Gulliver (Matthew McNulty), são acusados de crimes de guerra, sofrendo uma grande pressão para não entregar os companheiros. Um filme sério, levado o tempo todo num crescente clima de tensão e de muito impacto. Vale a pena!
O elenco feminino é ótimo (Elizabeth Banks, Diane Lane, Dakota Fanning e Danielle MacDonald, esta última uma jovem e surpreendente atriz australiana). O filme, nem tanto. “EVERY SECRET THING” (ainda sem tradução por aqui), 2014, EUA, é um drama policial bem pesado, inspirado no livro “Cada Segredo”, de Laura Lippman. A história: a detetive Nancy Porter (Banks) está às voltas com um mistério: o desaparecimento de uma menina – morta ou sequestrada? No decorrer das investigações, as principais suspeitas recaem sobre Ronnie (Dakota) e Alice (Danielle), recém-saídas de um centro de detenção juvenil, onde cumpriram pena de 7 anos pelo assassinato de uma criança. A policial Porter passa a exercer marcação cerrada sobre a dupla, além de pressionar Helen Manning (Diane), mãe de Alice. É claro que a revelação surgirá somente no final do filme. Trata-se da estreia em longas da diretora Amy Berg, mais conhecida pela realização de documentários. O clima de suspense até que consegue prender a atenção, mas o filme, como um todo, está longe de uma indicação entusiasmada.