“SEDE DE VINGANÇA” (“Return to Sender”), EUA, 2015, roteiro e direção de Fouad
Mikati – este é seu segundo filme; o primeiro foi “Operação Fim de Jogo”. A
história é centrada em Miranda Wells (Rosamund Pike), enfermeira de alto padrão
de um hospital de uma pequena cidade norte-americana. Seu grande sonho é
trabalhar no centro cirúrgico. O destino, porém, reserva-lhe uma surpresa
cruel. Ela é espancada e estuprada por um jovem que se faz passar por alguém
com o qual Miranda tinha um encontro “às escuras”. Por causa dessa violência, além
do trauma psicológico, ela acaba sofrendo uma terrível sequela: um tremor
crônico na mão direita, o que a impede de ser admitida no centro cirúrgico. Sonho
desfeito. O autor do estupro, William Finn (Shiloh Fernandez), é preso e
condenado a 10 anos de cadeia. Como se tivesse adquirido a Síndrome de
Estocolmo (a vítima acaba gostando do vilão), Miranda resolve escrever cartas e
visitar o seu estuprador na prisão, dando a entender que pretende perdoá-lo. O
comportamento dela até pressupõe o desejo de uma amizade. Será que ela está
sendo sincera? Só vendo o filme para você descobrir. Nem os bons desempenhos da
atriz inglesa Rosamund Pike (indicada ao Oscar 2015 por “Garota Exemplar”) e do
ator Shiloh Fernandez – este, em especial - conseguem segurar esse suspense, cujo maior defeito é o roteiro tão previsível. Se você não esperar muito, dá para assistir numa boa.
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
O
drama independente “BLEEDING HEART”
(ainda não estreou por aqui e, portanto, ainda não tem tradução, mas a literal
é “Coração Sangrando”), foi exibido pela primeira vez no Festival de Tribeca/2015
(EUA). Roteiro e direção da escocesa Diane Bell, contando a história de duas
irmãs – May (Jessica Biel) e Shiva (a feiosa Zosia Mamet) -, filhas de pai
biológico, e que nunca se conheceram. Um dia qualquer, May resolve procurar a
irmã (não fica bem claro como a achou). May é professora de Ioga. Shiva é
prostituta, disfarçada de massagista. As duas acabam se conhecendo melhor e
May, a mais velha, vai tentar tirar Shiva da vida que leva. Só que encontra a
resistência feroz e violenta do cafetão e namorado da moça, Cody (o ator inglês
Joe Anderson). A forte ligação entre as irmãs será a única defesa contra Cody.
Há um bom clima de suspense no filme, principalmente nas cenas em que Cody vai
atrás de Shiva. Mas não é suficiente para garantir uma recomendação entusiasmada, a não ser pela presença sempre marcante da bela e competente Jessica Biel. Na verdade, trata-se de um filme descartável: você vê hoje e no dia seguinte já esqueceu.
O
drama “VIVER SEM ENDEREÇO” (“Shelter”), 2014, EUA, marca a estreia na direção do ator inglês Paul Bettany, que
escalou para o papel principal a bela atriz Jennifer Connelly, sua esposa na
vida real. Ela interpreta Hannah, uma mulher que vive como moradora de rua em
Nova Iorque. Pior, viciada em heroína. Em suas andanças, Hannah conhece Tahir
(Anthony Mackie), um refugiado nigeriano que possui um passado tenebroso. Um
vai ajudar o outro a sobreviver nas ruas da cidade, no que vai resultar numa
grande amizade e, aos poucos, numa grande paixão. Merece destaque a corajosa
atuação de Jennifer, que deve ter perdido muitos quilos para representar a
viciada. Ela aparece esquelética, pele e osso, além de enfrentar cenas um tanto fortes e chocantes, tais como uma com nu frontal onde injeta heroína na virilha. Poucas atrizes do nível de Jennifer
teriam a coragem de se expor tanto. Bettany também escreveu o roteiro, que
disse ter sido inspirado num casal de moradores de rua que vivia
próximo ao seu edifício. Ele dedica o filme justamente a esse casal – veja os
créditos finais. Quem assistir vai perceber que Bettany também é bastante
criativo com a câmera na mão e na elaboração estética das cenas. Enfim, uma boa e promissora estreia num filme bastante
dramático e, ao mesmo tempo, comovente.
sábado, 26 de dezembro de 2015
“O BEIJO DO VAMPIRO” (“KISS OF THE DAMNED”), 2013, EUA, não segue a fórmula original
dos filmes de vampiro. Escrito e dirigido por Xan Cassavetes (filha do diretor
John Cassavetes e da atriz Gena Rowlands), o filme não tem castelo na montanha,
carruagens com cavalos pretos, morcegos, crucifixo e muito menos estacas. Mas
tem glamour, sexo, as mordidas tradicionais e muita mulher bonita – as
francesas Joséphine de La Baume e Anna Mouglalis, Roxane Mesquida, Riley
Keough, Alexia Landeau e Caitlin Keats. A história gira em torno da vampira
Djuna (La Baume), que vive enclausurada numa casa isolada. Só sai para alugar
filmes antigos, que assiste com lágrimas nos olhos. Resumindo, uma vampira
bastante sensível. Ao conhecer Paolo (Milo Ventimiglia), sua solidão vampiresca
se transformará numa paixão doentia. Eis que surge no pedaço a exuberante Mimi
(Mesquida), irmã de Djuna. O comportamento de Mimi é completamente diferente.
Extrovertida, gosta de sair pela noite, frequentar baladas, transar e morder à
vontade. A chegada de Mimi também vai abalar a relação de Djuna com Paolo. Os
fãs de filmes de vampiros vão gostar.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Depois
de “O Sexto Sentido”, de 1999, o então jovem diretor indiano M. Night Shyamalan
foi aclamado como um futuro gênio do cinema. Em seguida, porém, escreveu e dirigiu filmes
medianos e de qualidade duvidosa, como “Corpo Fechado”, “A Vila”, “Sinais” e “A
Dama na Água”, entre outros. No seu mais recente filme, “A VISITA” (“The Visit”), EUA, 2015, Shyamalan experimenta um terror
mais explícito. Becca (Olivia DeJonge) e seu irmão Tyler (Ed Oxebould), jovens
adolescentes, são enviados pela mãe (Kathryn Hahn) para passar uma semana na
fazenda dos avós (Deanna Dunagan e Peter McRobbie), com os quais não tem
contato há 15 anos, depois de uma briga familiar que a obrigou a sair de casa. Logo que chegam, Becca e Tyler percebem que algo de muito
estranho está acontecendo e resolvem, claro, investigar. E só no último dia, depois de uma semana de muita
tensão, acabam descobrindo um grande segredo e terão que correr para se salvar.
O diretor indiano utiliza o recurso da câmera amadora, como em “A Bruxa de
Blair”, e dá a entender que quem a manuseia é Becca e o irmão. Como terror, até
que o filme funciona, pois proporciona suspense e alguns bons sustos. Nada a
mais, porém, que justifique uma recomendação entusiasmada.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
“SEGUNDA
CHANCE” (“EN CHANCE TIL”), 2014, Dinamarca, é um drama bastante pesado,
com altas doses de suspense, muita tensão e reviravoltas. Mais um bom filme
dinamarquês a ser visto. Andreas (Nikolaj Coster-Waldau, da série Game of Thrones) é policial, casado com
Anna (Maria Bonnevie) e pai de um bebê. Ao atender a uma chamada de briga
doméstica, Andreas e seu parceiro Simon (Ulrich Thomsen) encontram Tristan
(Nikolaj Lie Kaas) e Sanne (May Andersen) completamente drogados e fazendo o
maior escândalo. Tristan é um ex-presidiário que acabou de sair da cadeia. Os
policiais encontram o bebê do casal em péssimas condições. A cena é chocante. Por
causa de uma tragédia pessoal envolvendo sua esposa e seu filho Alexander,
Andreas acabará se ligando ao casal de drogados, numa trama que deixará o
espectador ansioso para descobrir o que acontecerá no final. O elenco,
constituído por alguns dos melhores atores dinamarqueses do momento, é o grande
trunfo do filme, ainda mais valorizado pela direção de Susanne Bier, consagrada com o Oscar 2011 de
Melhor Filme Estrangeiro pelo excelente “Em um Mundo Melhor”.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
A
comédia dramática francesa “EM UM PÁTIO DE PARIS” (“DANS LA COUR”), 2014, começa de forma leve, até engraçada,
mas, aos poucos, vai adquirindo tons dramáticos, culminando num desfecho
trágico. A história: por causa de uma crise depressiva, o músico quarentão
Antoine (Gustave Kervern) abandona sua banda de rock e vai trabalhar como
zelador de um antigo edifício em Paris. Com seu jeito bonachão, cativa os
moradores, fazendo amizade com alguns deles, como Mathilde (Catherine Deneuve),
esposa do síndico e também depressiva, e Stéphane (Pio Marmai), um ex-jogador
de futebol agora viciado em drogas. Antoine terá uma ligação mais forte com Mathilde.
Um é mais depressivo que o outro e, juntos, tentarão superar seus traumas. Mais
do que uma comédia dramática, trata-se de uma comédia melancólica, como melhor
definiu o crítico Rubens Ewald Filho. O filme é muito bom e a presença da diva
Catherine Deneuve é um motivo a mais para uma visita. O roteiro e a direção
levam a assinatura do diretor tunisiano Pierre Salvadori, que já concebeu
filmes bem mais leves, como as comédias românticas “Uma Doce Mentira” e “Amar
não tem Preço”.
domingo, 20 de dezembro de 2015
“VIRANDO A PÁGINA” (“The Rewrite”), 2015, EUA, é uma comédia romântica que traz
no papel principal um dos especialistas no gênero, o galã inglês Hugh Grant.
Ele interpreta Keith Michaels, um roteirista que já foi sucesso em Hollywood,
tendo até conquistado um Oscar, mas que há muitos anos não emplaca um sucesso.
Com muitas dívidas, aceita, muito a contragosto, a sugestão de sua agente para
dar aulas de Roteiro na Universidade de Binghamton (Estado de Nova Iorque). Chegando
lá, arrumou briga com a coordenadora Mary Weldon (Allison Janney) por causa de
Jane Austen, se envolveu com uma aluna, Karen (Bella Heathcote), e se
enrabichou por outra aluna mais velha, Holly Carpenter (Marisa Tomei). Destaque
para o ator J.K. Simmons, que interpreta o diretor da universidade. Hugh Grant
continua com o charme e a competência de sempre, além do ar jovial que sempre
encantou suas fãs, embora as rugas denunciem seus 54 anos. A direção é de Marc
Lawrence, que já dirigiu Grant em seus três outros filmes, “Letra e Música”, “Cadê
os Morgan?” e “Amor à Segunda Vista”. O filme é bastante leve e engraçado. Indicado para
uma sessão da tarde com pipoca. Quem quiser conhecer melhor o talento de Grant
para a comédia, assista “Mickey Olhos Azuis”, de 1999.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Ao
estrear (fora de competição) no Festival de Cannes 2015, o drama erótico francês
“LOVE”, escrito e dirigido pelo argentino Gaspar
Noé, provocou enorme polêmica. Não apenas pelas inúmeras cenas de sexo
explícito e pelo cartaz obsceno (foto), mas por ter sido feito para ser visto
em 3D. O filme é muito fraco e foi, com justiça, execrado pelo público e pelos
críticos. Por que uma produção tão medíocre consegue espaço num festival importante
como Cannes? A história: Murphy (o ator
norte-americano Karl Glusman, de “Tropas Estelares”) recebe um telefonema da
mãe de sua ex-namorada Electra (Aomi Muyock). Ela diz que a filha está
desaparecida e que está muito preocupada. O telefonema desencadeou em Murphy um
processo de depressão profunda, causada pelas lembranças dos momentos dele com
Electra. Momentos recheados de sexo, experiências com novos parceiros e diálogos
com a profundidade de um pires. Aliás, as camisinhas utilizadas pelo ator têm mais conteúdo do que o filme inteiro. Do trio central de protagonistas, o único ator
profissional é Glusman. A suíça Muyock é modelo, assim como a dinamarquesa
Klara Kristin, a outra ponta do triângulo amoroso. O argentino Gaspar Noé já
havia criado polêmica em 2002, quando apresentou, também em Cannes, o drama “Irreversível”,
com a diva Monica Bellucci. Enfim, um filme descartável, como as camisinhas de Murphy.
sábado, 12 de dezembro de 2015
“OS 33” (“The 33”), uma co-produção EUA/Chile, 2014,
reconstitui o drama vivido por 33 mineiros que ficaram soterrados abaixo de 700
metros abaixo do nível do mar durante mais de dois meses, em 2010, numa mina de ouro e
cobre situada no deserto chileno do Atacama. O mundo inteiro acompanhou, minuto
a minuto, as tentativas de resgate, a agonia das famílias e o emocionante desfecho daquela que se anunciava
como uma tragédia consumada. Um fato tão espetacular não poderia ter sido
deixado de lado por Hollywood. A diretora mexicana Patricia Riggen foi
contratada para tocar o projeto e se inspirou, para escrever o roteiro, no
livro do jornalista norte-americano Hector Tobar. Riggen contou com
um elenco de astros como Antonio Banderas, Juliette Binoche, Mario Casas, Gabriel
Byrne, James Brolin, Lou Diamond Phillips e, vá lá, Rodrigo Santoro. Embora
mais pareça um modelo num editorial de moda no deserto, o ator brasileiro até
que está bem como o ministro chileno da Energia Laurence Golborne, responsável
pela coordenação do trabalho de resgate. O papel de Juliette Binoche, como irmã
de um dos mineiros soterrados, era para ser de Jennifer Lopez, que desistiu na
última hora. Aliás, o tapa que Binoche deu na cara de Santoro não foi truque, doeu
mesmo, segundo o ator. O filme é muito bem feito, inclusive as cenas iniciais de
muita tensão que mostram como o acidente aconteceu. As cenas do final do
resgate também são muito comoventes. Não recomendado para espectadores com
claustrofobia.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Em seus
últimos filmes, Al Pacino não conseguiu papeis à altura do seu enorme e
reconhecido talento. Em “NÃO OLHE PARA TRÁS” (“DANNY COLINS”), 2015, EUA, porém, ele finalmente se redime, dando um show de interpretação na pele de Danny Colins, um veterano astro da música folk. Em 1971, quando surgiu
como grande revelação no cenário musical dos EUA, Colins deu uma entrevista em
que diz temer a influência da indústria fonográfica sobre o seu talento de
compositor. Depois dessa entrevista, ninguém menos do que John Lennon escreveu
uma carta para ele incentivando-o a continuar compondo e a não se deixar levar
pelo poder das gravadoras. Só que a carta só chegará a Collins muitos anos
depois, o que o fará repensar sobre o rumo que tomou - e poderia ter tomado - sua carreira e sua vida
particular. No final da carta, Lennon pede que Collins ligue para ele para conversar. Collins não teve essa oportunidade. O roteiro e a direção são do estreante Dan Fogelman, que baseou sua
história num personagem que realmente existiu, o cantor e compositor inglês Steve
Tilston, ao qual foi destinada a carta de Lennon, fato que realmente aconteceu.
Espere os créditos finais para conhecê-lo. O filme é ótimo, valorizado por um
elenco em que se destacam Annette Bening, Jennifer Garner, Christopher Plummer
e Bobby Carnavale, e ainda pela ótima trilha sonora, com muito John Lennon.
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
“O CORO” (“Boychoir”), 2014, EUA, é um drama escrito por Ben Ripley e dirigido pelo canadense
François Girard (“O Violino Vermelho”). O roteiro foi inspirado em fatos reais ocorridos ao longo dos últimos anos na American Boychoir School, de
Nova Jersey, que possui um dos corais de meninos mais respeitados do mundo. A história
toda é centrada no jovem Stet (Garrett Wareing), de 11 anos, que possui um talento
vocal nato. Ele é um garoto problemático, briguento na escola, filho de mãe solteira. Quando fica órfão,
é enviado para uma escola de música para meninos cantores. O regente é o
professor Carvelle (Dustin Hoffman), que, de início, rejeita Stet pelo seu
comportamento arredio, indisciplinado. Mas, aos poucos, Carvelle percebe que o
garoto tem muitas qualidades. A relação conflituosa entre mestre e discípulo é um dos atrativos do filme. A trilha sonora vai de Handel, Vivaldi e Mozart,
ou seja, da melhor qualidade. Além de Hoffman e Wareing, estão no elenco Kathy
Bates, Josh Lucas e Debra Winger. Aliás, quem é fã de Debra vai curtir sua
excelente fase madura, aos 60 anos, conservando a competência e a beleza que a
consagraram em filmes como “A Força do Destino”, “Laços de Ternura” e “O Céu
que nos Protege”, entre outros. “O Coro” é um ótimo programa para quem curte
cinema e música de qualidade.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
O
ator Jason Bateman, de tantas comédias, surpreende num papel dramático em “O
PRESENTE” (“The Gift”), 2015,
EUA/Austrália, um suspense psicológico dos melhores. Ele interpreta Simon, um
executivo em ascensão, casado com Robyn (Rebecca Hall). O casal vive um momento
feliz com a nova casa e a expectativa, quem sabe, de um bebê. Tudo vai bem até
a chegada de Gordo (Joel Edgerton), um antigo colega de escola de Simon. Com a
fama de esquisito desde o colégio, Gordo vai se aproximando do casal e,
principalmente de Robyn – aquele tipo de assédio meio assustador. Aos poucos,
Robyn começa a desconfiar de que algo de muito grave deve ter acontecido no
passado para que Gordo não desista do casal. Ela vai investigar e tentar descobrir o
que realmente aconteceu. Não dá para falar muito mais para não estragar as
surpresas, uma delas relacionada ao título do filme e revelada no final. Boa
estreia do ator australiano Joel Edgerton no roteiro e na direção de um longa. Edgerton,
Jason Bateman e Rebecca Hall estão muito bem em seus papeis. Rebecca prova mais
uma vez que, além de muito bonita, é ótima atriz. O filme é levado de forma
contida, a tensão crescendo aos poucos, sem grandes sustos ou histerismos. Um bom programa para quem gosta de
curtir um suspense.
“BEIJEI UMA GAROTA” (“Toute première Fois”), 2014, roteiro
e direção de Noémie Saglio e Maxime Govare, é mais uma boa comédia francesa - atualmente, seja qual for o gênero, são os franceses que estão fazendo o melhor cinema. Jérémie Deprez (Pio Marmai) é um
empresário bem sucedido, homossexual convicto e mantém um relacionamento amoroso
há uma década com Antoine (Lannick Gautry). Ambos são felizes, moram juntos e
estão de casamento marcado. Só que um dia – aliás, uma noite -, depois de uma
bebedeira, Jérémie dá uma “escorregada” e acaba na cama com Adna (Adrianna
Gradziel), uma bela sueca, divertida e radicalmente liberal. A partir desse “acidente”,
porém, Jérémie passa a questionar sua homossexualidade, a relação com
Antoine entra em crise e o casamento, já marcado, corre o risco de não acontecer.
O filme tem uma levada de comédia romântica, com direito a happy end e cerimônia de casamento no final, mas é muito divertido.
Destaque para a sueca Adrianna Gradziel, que faz sua estreia no cinema, assim como estrearam na direção Saglio e Govare. filme
foi exibido aqui no Brasil durante o Festival Varilux de Cinema Francês.
Entretenimento garantido.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
“THEEB”, 2014, Jordânia, marca a estreia
do diretor inglês de família jordaniana Naji Abu Nowar na direção de longas.
Ele também é responsável pelo roteiro, que conta a aventura vivida pelo jovem
Theeb, filho mais moço de uma família de beduínos que vive na Província de Hejaz
(região a oeste da Arábia Saudita). Seu pai, um xeique já falecido, era o chefe
da tribo. Toda a ação acontece durante o
ano de 1916, em plena 1ª Guerra Mundial. Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat) e o irmão
mais velho Hussein (Hussein Salameh) são recrutados para guiar o oficial inglês
Edward (Jack Fox) numa expedição cujo objetivo é encontrar um poço romano.
Durante a viagem, feita no meio de um deserto inóspito (o cenário inteiro do
filme), eles enfrentarão muitos perigos, o maior deles um ataque de violentos e
sanguinários rebeldes. Mas a fome e a sede também são inimigos mortais. Um
detalhe exemplifica bem o sentimento dos beduínos com relação aos ocidentais e
suas modernidades. Ao invés de elogiarem a ferrovia construída pelos ingleses,
os habitantes locais ignoram os benefícios que a obra trará e a consideram uma
intrusão demoníaca. Chamam os trens, por exemplo, de “burros de ferro”. O filme
é muito bom, mas passa longe de conter um apelo comercial, o que certamente dificultará
sua exibição no circuito normal de cinemas.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Ao
contrário do que o título sugere, “SAMBA”, 2014, França, não tem nada a ver com o
nosso tradicional ritmo. Samba Cissé (o simpático Omar Sy, de “Intocáveis”) é
um imigrante do Senegal que vive há 10 anos em Paris. Trabalha em restaurantes
como limpador de pratos e seu sonho é um dia ser “chef” de cozinha. Como
imigrante ilegal, porém, ele acaba detido e ameaçado de ser deportado. É quando
conhece Alice (Charlotte Gainsbourg), a nova integrante de uma Ong que ajuda os
imigrantes, com a qual faz amizade. Alice está afastada de seu trabalho de
executiva de uma grande empresa por causa de um episódio de estresse, e o
trabalho na Ong faz parte do seu tratamento. Samba (pronuncia-se Sambá) também
conhece Wilson (o ótimo Tahar Rahim), outro imigrante com problemas, que se diz
brasileiro. Embora trate de uma questão delicada e bastante atual como é a
situação dos imigrantes na França, o filme tem uma levada de comédia, o que
ameniza o contexto dramático. Duas das cenas mais divertidas têm como trilha
sonora Gilberto Gil e Jorge Benjor. O filme foi escrito e dirigido por Eric
Toledano e Olivier Nakache, dupla responsável pelo imperdível “Intocáveis”. O
bom elenco conta ainda com Izïa Higelin, Issaka Sawadogo, Liya Kebedeen. Mais
um filme francês de qualidade. Não perca!
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Depois
de “O Exorcista”, dirigido por William Friedkin em 1973, nenhum outro filme sobre
exorcismo conseguiu assustar tanto a plateia. O pessoal continua tentando, mas
o resultado final sempre fica muito distante do original. É o caso, por
exemplo, deste “EXORCISTAS DO VATICANO” (“The Vatican Tapes”), 2014, EUA, mais um que nada acrescenta de novidade
ao gênero. A jovem Angela Holmes (Olivia Taylor Dudley) fere o dedo ao cortar o
seu bolo de aniversário. O ferimento infecciona depois que um corvo dá uma
bicada no seu dedo e, partir daí, o comportamento da moça muda completamente.
Para pior, é claro, incluindo assassinatos e outras situações que só uma
possessão maligna pode provocar. Ao desconfiar que é exatamente o que está
acontecendo com a moça, o Padre Lozano (Michael Peña) entra em contato com o
Vaticano e relata o caso. O Cardeal Bruun (Peter Andersson), especialista em
exorcismo, viaja para os EUA com o objetivo de investigar a possuída. Ele chega
à terrível conclusão de que o Anticristo assumiu o corpo da moça e que será
preciso eliminá-lo para salvar a humanidade. O final do filme é sinistro,
deixando a seguinte mensagem: o Anticristo pode estar entre nós. Sai pra lá,
capeta!!!
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
“ENCONTRO MARCADO” (“5 to 7”), 2015, roteiro e direção de Victor Levin (“Ironias do Amor” e “Quase me
Apaixono”). Trata-se de uma charmosa e simpática comédia romântica ambientada
em Nova Iorque e valorizada por um elenco de primeira: Anton Yelchin, a bela atriz
francesa Bérénice Marlohe, o também francês Lambert Wilson, Olivia Thirlby e as
participações especiais de Glenn Close e Frank Langella. Os cenários da Big Apple também fornecem charme e
glamour ao filme, como as cenas no Museu
Guggenheim, no Restaurante Carlyle, no Hotel St. Regis e no Central Park. Tudo filmado com muita classe e bom gosto. O jovem candidado a escritor Brian
(Yelchin), de 24 anos, conhece Arielle (Bérénice), de 33 anos, casada com um
diplomata francês, Valery (Wilson). Brian e Arielle tornam-se amantes, com a
concordância do marido dela. O casal francês é totalmente liberal, tanto que
ele também tem uma amante, a editora Jane (Olivia). Há, porém, um acordo que
deve ser respeitado: os encontros devem acontecer sempre entre 5 e 7 horas da
tarde (daí o título), horário ideal para o adultério, segundo os franceses. Só que Brian
se apaixona perdidamente, a ponto de apresentar a amante para seus pais (Close
e Langella) num jantar que se transforma num dos momentos mais engraçados do
filme. Ao pressionar Arielle, propondo que ela se separe do marido e dos dois
filhos, Brian coloca a amante na difícil situação de decidir entre a segurança de
um casamento de anos e um futuro totalmente incerto com um jovem nove anos mais
moço. Quem quiser saber qual foi a decisão de Arielle, só vendo o filme, que, aliás, é ótimo.
sábado, 28 de novembro de 2015
“UM AMOR A CADA ESQUINA” (“She’s Funny that Way”), 2015,
direção de Peter Bogdanovich, lembra as boas comédias clássicas de Hollywood. Melhor: a começar da trilha sonora que acompanha os créditos iniciais (jazz dos anos
30/40), as situações, o ritmo, os diálogos, personagens neuróticos, tudo lembra também as melhores
comédias de Woody Allen. A história: Isabella Patterson (Imogen Poots) é uma
garota de programa contratada para passar a noite com Arnold Albertson (Owen Wilson),
um famoso diretor de teatro da Broadway. Ela conta que seu grande sonho é ser
atriz. Ele fica com pena da moça e oferece U$ 30 mil para ela largar a profissão
e tentar realizar o seu sonho. Pouco tempo depois, quando Arnold está montando
o elenco para uma peça, quem aparece para um teste? Isabella. Só que uma das
atrizes da peça é justamente a esposa de Arnold, Delta Simmons (Kathryn Hahn). A
partir daí, a confusão está formada, envolvendo ainda um veterano ator apaixonado por Delta,
um juiz cliente da garota de programa, também apaixonado por ela, uma terapeuta à beira de um ataque de nervos
e um produtor teatral que também se apaixonada por Isabella. No ótimo elenco,
ainda estão Jennifer Aniston, Illeana Douglas, Rhys Ifans e Will Fort. Quentin
Tarantino aparece numa ponta no final do filme. Depois de muitos anos sem
dirigir um longa, Bogdanovich (“A Última Sessão de Cinema, “Lua de Papel”)
acerta em cheio, garantindo um entretenimento divertido e inteligente. Enfim,
uma comédia que o cinema norte-americano estava devendo faz tempo. IMPERDÍVEL!
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
“A GATINHA ESQUISITA” (“Das Merkwürdige Kätzchen”), 2013, é
um filme alemão que marca a estreia no roteiro e direção do jovem suíço Ramon
Zürcher. Não há história. O filme mostra o cotidiano de uma família de Berlim
cujos integrantes são bastante esquisitos, aqui incluídos uma gata e um velho
vira-lata preto. Toda a ação é desenvolvida no interior de um apartamento, onde
o casal, os filhos, a avó, vizinho, prima e tia entram e saem toda hora, num
vai e vem incessante. A menina grita quando qualquer aparelho eletrônico é
ligado; o pai trafega medindo a pressão arterial; a filha mais velha joga
cascas de laranja no chão e não entende porque elas caem com a parte branca
para cima. E por aí vai, tudo muito surreal. A maioria dos diálogos não tem o
mínimo nexo. Alguns deles são de uma espantosa profundidade filosófica. Quer um
exemplo? A esposa comenta com o marido: “Gatos são as minhas cebolas”. Eis que
o marido responde: “As cebolas são meus gatos”, e os dois acabam gargalhando.
Ainda bem que o filme dura apenas 72 minutos. Exibido em festivais do mundo
inteiro, o filme dividiu a opinião dos críticos, uns elogiaram, outros acharam
deplorável. Em todo caso, existe gosto pra tudo, e esta produção alemã deve
agradar quem curte filmes esquisitos. Aliás, nessa família, os humanos são muito mais esquisitos do que a pobre gatinha.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Você
já assistiu a algum faroeste dinamarquês? Agora surgiu a chance, com “A SALVAÇÃO” (“The Salvation”), 2014, direção de Kristian Levring. A
história é ambientada em 1870 nos EUA. Os irmãos Jon (Mads Mikkelsen) e Peter
(Mikael Persbrandt), ex-soldados do exército dinamarquês, chegaram à América
sete anos antes para fazer fortuna. Não fizeram. Tornaram-se pequenos
fazendeiros, donos de uma propriedade perto da cidade de Black Creek. Depois de
sete anos, a mulher e o filho de Jon chegam aos EUA. Na diligência em que
viajam para a fazenda, dois malfeitores assassinam a mulher e o filho de Jon. O
dinamarquês não perdoa: mata os dois. Só que um deles é o irmão querido do
chefão da região, Delarue (Jeffrey Dean Morgan), que parte para a vingança. O
elenco é uma verdadeira miscelânea de nacionalidades. Mikkelsen é dinamarquês,
Persbrandt é sueco, Eva Green e Éric Cantona franceses, Jonathan Pryce inglês.
O único norte-americano é o vilão da história, Dean Morgan. A bela Eva Green,
aliás, entra muda e sai calada, mesmo porque teve a língua cortada pelos
índios. Para culminar, o final é forçado e constrangedor. Ah, as filmagens aconteceram em locações na África do Sul. Quem quiser arriscar, fique à vontade. Saudades daquele velho oeste, John Wayne, Clint Eastwood, Giuliano Gemma...
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
“CAKE – UMA RAZÃO PARA VIVER” (“Cake”), EUA, 2014, direção de Daniel Barnz. A
advogada Claire Simmons (Jennifer Aniston), traumatizada por uma tragédia,
cujas sequelas também afetaram seu corpo, faz parte de um grupo terapêutico de
pessoas que sofrem de problemas psicológicos e dores crônicas. O suicídio ronda
a mente dessas mulheres, e uma delas concretizou o ato, Nina (Anna Kendrick).
Claire, que também pensa em fazer o mesmo, resolve investigar a fundo as razões
que levaram Nina a cometer o suicídio. Para isso, se aproxima do viúvo, Roy
(Sam Worthington). Mas quem realmente segura as pontas é a empregada mexicana
de Claire, Silvana (a ótima Adriana Barraza). O relacionamento entre patroa e
empregada resulta nos melhores diálogos e nos momentos de humor do filme, que
no geral é um dramalhão daqueles. Aniston atuou sem nenhuma maquiagem e aparece
feia e um tanto envelhecida. A idade (45 anos) também já não ajuda muito. Mas
seu desempenho é ótimo, tanto que foi indicada ao Globo de Ouro de 2015 na
categoria de Melhor Atriz de Filmes Dramáticos – ganhou Julianne Moore por “Still
Alice”, que depois também ganharia o Oscar. Se a consagração de Aniston não
veio com algum prêmio, pelo menos ficou evidente que ela é uma excelente atriz.
Pura
diversão. Assim é “O AGENTE DA U.N.C.L.E. (The Man from U.N.C.L.E.), 2015, EUA, direção do inglês Guy Ritchie.
Trata-se de uma paródia bem feita, com muito humor, ação e cenários deslumbrantes, da célebre série de
TV dos anos 60. Tudo bem que agora a dupla principal é interpretada por dois
bonitões sarados, os atores Henri Cavill (Napoleon Solo) e Armie Hammer (Illya
Kuriakin), enquanto que os intérpretes originais – Robert Vaughan e David McCallum
– eram mais franzinos e cerebrais. Nesta versão para o cinema, Solo (CIA)
e Kuriakin (KGB) recebem a missão de trabalhar em conjunto para se
infiltrar numa organização criminosa que ameaça o mundo com uma bomba nuclear. Destaque
para a atriz sueca Alicia Vikander. Acostumada a papeis dramáticos (“O Amante
da Rainha” e “Anna Karenina”), Alicia arrasa nas cenas de humor, provando que é
uma atriz bastante versátil. Do alto de seus 1m90, a atriz francesa Elizabeth
Debicki também está ótima como a vilã
Victoria Vinciguerra. A ação corre solta, bem ao estilo do diretor Guy Ritchie,
que já provou enorme competência no gênero em ótimos filmes como “Snatch –
Porcos e Diamantes” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”. Esqueça as
mazelas do mundo e embarque nessa divertida aventura cinematográfica.
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
“HORAS DE DESESPERO” (“No Escape”), 2015, EUA, roteiro e direção de John Erick
Dowdle, faz jus ao título. A história é toda ambientada num país fictício do leste asiático, lá
pelos lados da Tailândia. O engenheiro Jack Dwyer (Owen Wilson), sua esposa
Annie (Lake Bell) e as duas filhas menores chegam ao país e se hospedam num
hotel luxuoso. Jack acabara de ser contratado para trabalhar na subsidiária de
uma tal empresa Cardiff. Poucas horas depois de chegarem à cidade, ocorre um
violento golpe de Estado e a revolta se instala por todo o país. A matança é
geral e o alvo passa a ser o hotel onde estão hospedados inúmeros estrangeiros,
entre eles a família Dwyer. Daí para frente, o que se vê são realmente horas de
desespero, de pura aflição. Jack tentará sobreviver protegendo a família contra os rebeldes,
recebendo a ajuda de Hammond (Pierce Brosnan), um homem misterioso com jeito de
pilantra. Mesmo com a presença de astros como Brosnan e Owen Wilson, a produção
tem jeito de filme B, com ação e suspense de filme A. Aliás, o suspense é uma
das especialidades do diretor Dowdle, como provam seus filmes anteriores - “Demônio”,
“Assim na Terra como no Inferno” e “Quarentena”. É daqueles filmes para
assistir entortando os braços da poltrona. Tensão do começo ao fim. Ou seja,
ótimo entretenimento.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Cansada
dos compromissos familiares, dedicando-se anos e anos a servir o marido e os filhos,
sem receber ao menos um elogio, é natural que uma mulher de meia idade tenha a vontade
de desaparecer da face da Terra. “Minha vontade é sumir!” é a exclamação
preferida dessas batalhadoras donas de casa. A comédia dramática “LULU,
NUA E CRUA” (“Lulu Femme Nue”), 2013, conta
a história de uma dessas mulheres. Só que, ao contrário da maioria, esta
resolve mesmo sumir. Lucie, chamada por todo mundo de Lulu, é casada, tem três filhos
(uma adolescente e dois meninos gêmeos) e um dia resolve arrumar um emprego.
Vai até uma cidade vizinha fazer a entrevista, que dá errado. Não mais do que
de repente, ela resolve sumir por uns dias e fica na tal cidade, onde faz
amizade e algo mais com Charles (Bouli Lanners), um ex-presidiário. Ela ainda
fica amiga de uma idosa, Marthe (Claude Gensac), e de uma atendente de bar,
Virginie (Nina Meurisse). Enfim, Lulu usa seu período de liberdade para
conhecer pessoas, desfrutar de outras companhias, viver sem compromissos
familiares. O filme é muito bom, principalmente pelo excelente trabalho dessa estupenda
atriz francesa que é Karin Viard. As mulheres vão adorar a história e, com
certeza, imaginar se teriam coragem de fazer o que Lulu fez. A nota triste fica
por conta da diretora e roteirista Sólveig Anspach, nascida na Islândia e radicada
na França, que faleceu em outubro último aos 54 anos.
domingo, 15 de novembro de 2015
Não
fosse a presença de Meryl Streep e a excelente trilha sonora – rock da melhor
qualidade – e “RICKI AND THE FLASH: DE VOLTA PRA CASA” (“Ricki and
the Flash”), 2015, seria mais um drama familiar mediano. Mas Meryl inunda a tela com
sua habitual competência e versatilidade, transformando o filme num bom
programa. Ela interpreta Ricki Rendazzo, que há muitos anos abandonou o marido
e os três filhos para seguir a carreira de roqueira. Teve algum sucesso, lançou
até um disco, mas depois passou a tocar em barzinhos de segunda classe com a
banda “The Flash”. Até que um dia seu ex-marido Pete Brummel (Kevin Kline)
telefona pedindo ajuda por causa da filha Julie (Mamie Gummer, filha de Meryl
na vida real), que entrou em depressão por ter sido abandonada pelo marido. Ao
visitar a filha, Ricki também reencontrará seus dois outros filhos, e não será
fácil para ela explicar por que ficou tantos anos sem vê-los. Num desabafo perante
uma pequena plateia, Ricki diz que se fosse homem seria perdoado. Mas é uma
roqueira mulher, e mãe, aí ninguém perdoa. “Mike Jagger teve sete filhos com
mulheres diferentes e nunca está presente. Ele é homem, aí todo mundo perdoa", diz ela.
O roteiro leva a assinatura de Diablo Cody (pseudônimo de Brook Busey), de “Juno”
e “Garota Infernal”, entre outros. O diretor é Jonathan Demme (“O Silêncio dos
Inocentes” e “Filadelfia”). A trilha sonora traz hits de Tom Petty e Bruce
Springsteen, entre outros. Repare nas apresentações da banda “The Flash”. O
baixista, Rick Rosas, morreu logo após as filmagens. O filme é dedicado a ele.
sábado, 14 de novembro de 2015
“A FAMÍLIA BÉLIER” (“La Famille Bélier”), 2014, direção de Eric Lartigau, é mais uma
ótima comédia francesa. Toda a história gira em torno da família Bélier, dona
de uma propriedade rural no interior da França. Os pais, assim como o filho
adolescente, são surdos e dependem muito da filha Paula (Louane Emera), o único
integrante da família que não herdou a deficiência. É ela quem administra a
fazenda de gado e a fabricação de queijos, os negócios dos Bérlier. É ela quem
negocia com fornecedores e clientes. É ela também que acompanha a mãe numa consulta
com o ginecologista para traduzir as perguntas e respostas. Aliás, esta é uma
das cenas mais hilariantes do filme. Não faltam piadas politicamente
incorretas, como chamar o bezerro preto recém-nascido de Obama. Paula tem um sonho:
ser uma grande cantora. Ao mesmo tempo em que auxilia a família, Paula participa
do coral do colégio. O regente do coral, professor Thomasson (o ótimo Eric
Elmosnino, de “Gainsbourg”), percebe que está diante de uma joia a ser lapidada
e convence Paula a participar de uma importante audição em Paris. Será ela capaz de
abandonar a família para realizar seu sonho? Louane faz sua estreia no cinema, depois de ficar conhecida por sua participação no reality show The Voice. Além de Louane e Eric, estão no
elenco Karin Viard, a mãe (hilariante) e François Damiens, o pai. O filme é ótimo, garante
boas risadas e alguns momentos bastante comoventes. Programão!
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Baseado
nas memórias de infância da diretora Maya Forbes, que viveu o mesmo problema com
o pai, maníaco-depressivo (hoje chamado de transtorno bipolar), “SENTIMENTOS
QUE CURAM” (“Infinitely Polar Bear”), 2014, é um drama repleto de momentos comoventes,
sensíveis e bem-humorados. O filme é ambientado no final dos anos 70, época da
infância de Maya. A história: nos anos 60, o jovem Cameron (Mark Ruffalo) é
diagnosticado como maníaco-depressivo e, a partir de então, passa por diversas
internações em clínicas psiquiátricas. Mesmo enfrentando esse problema, alternando
momentos de depressão com outros de euforia, ele conhece Maggie (Zoe Saldana),
com a qual se casa e tem duas filhas, Faith (Ashley Aufderheide) e Amelia
(Imogene Wolodarsky). Ao mesmo tempo em que enfrenta uma grave situação
financeira, a família é abalada por um novo colapso nervoso do pai. Mesmo
assim, Maggie resolve fazer um curso em Nova Iorque para abrir portas para um
bom emprego e deixa as filhas aos cuidados de Cameron. Será ele capaz de
assumir essa responsabilidade? Maggie banca esse desafio. A partir daí, o
relacionamento entre o pai problemático e as filhas passa a ser o foco principal
da história. Mark Ruffalo está ótimo, sem exageros na atuação, assim como Zoe Saldana. Interessante
rever o ator Keir Dullea, que ficou famoso como o astronauta de “2001: Uma Odisseia
no Espaço”, como o pai de Cameron. O filme marca a – boa – estreia na direção
de Maya Forbes, roteirista de filmes como “Diário de um Banana 3: Dias de Cão”
e “O Roqueiro”, entre outros.
terça-feira, 10 de novembro de 2015
“O RITMO SOB OS MEUS PÉS” (“THE BEAT BENEATH MY FEET”), 2014, Inglaterra, direção de John
Williams, é um filme musical, não no sentido literal do gênero, mas porque tem
muita música – rock, principalmente. O jovem Tom (Nicholas Galitzine) é tímido,
vive isolado e é vítima constante de bullyng
pelos colegas de classe, que o chamam de “Sr. Travado”. A vida de Tom é o rock.
Seu grande sonho é ser um astro da guitarra. Sem a mãe saber, ele compõe, toca num
velho violão e ouve muito rock no fone de ouvido. Tom se imagina tocando para
grandes multidões, o que dá margem para o diretor criar clipes musicais durante
o filme. Aliás, de muito bom gosto, como aquele em que ele está indo de carro,
dirigido pela dona Morte, para uma “encruzilhada” no Mississipi, onde o
lendário guitarrista de blues Robert Johnson teria vendido sua alma ao diabo
para se transformar num grande músico. Quando Max Stone (Luke Perry), um famoso
ex-guitarrista vai morar no apartamento vizinho, Tom vê a grande chance de aperfeiçoar
seu desempenho na guitarra. A amizade entre os dois vai ajudar Tom a mudar seu
comportamento. O filme marca a estreia de John Williams na direção e do ator
Nicholas Galitzine no cinema. Ótimas estreias, aliás. Os veteranos Luke Perry e
Lisa Dillon, como a mãe de Tom, também dão conta do recado. Enfim, tudo
funciona bem nesse filme, garantindo um ótimo entretenimento.
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
Produzido
em 2012 e somente lançado nos cinemas no começo de 2015, a comédia “O DUELO” é uma grata surpresa do cinema nacional. No centro da história,
baseada no romance “Os Velhos Marinheiros”, escrito em 1961 por Jorge Amado,
está o capitão de longo curso Vasco Moscoso de Aragão (o ator português Joaquim
de Almeida), que chega à vila de Periperi, em algum lugar do litoral
brasileiro, e de repente torna-se o ídolo da população, com suas histórias de viagens
ao redor do mundo, incluindo lugares exóticos, amores e naufrágios. Chico
Pacheco (José Wilker, num de seus últimos papeis no cinema) fica enciumado com
o sucesso do comandante e faz questão de afirmar, a quem quiser ouvir, que o
comandante não passa de um charlatão. E vai tentar provar essa afirmação. O
roteiro e a direção são de Marcos Jorge, responsável pelo ótimo “Estômago”, de
2007. Jorge emprega recursos e efeitos bastante criativos na hora de compor uma
nova cena, fazendo com que os personagens ingressem e saiam de um novo cenário
conforme transcorre o enredo. O filme é muito bom, com destaque para a
excelente fotografia e o ótimo elenco, que conta ainda com Claudia Raia, Tainá
Müller (belíssima), Patrícia Pillar, Márcio Garcia e Milton Gonçalves. Finalmente, um
nacional de qualidade.
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
Lúgubre,
macabro, depressivo, sórdido, tedioso. Somados, esses adjetivos definem com
propriedade o drama francês “UMA HISTÓRIA DE AMOR” ("Une
Histoire D’Amour”), 2013, estreia na
direção da atriz Hélène Fillières, que também escreveu o roteiro. O título,
portanto, é bastante enganoso. Falando claramente, mentiroso. A história é
inspirada no livro “Sévère”, de Régis Jauffret, lançado em 2010. Um rico
banqueiro (o ator belga Benoît Poelvoorde) sofre de transtornos psicológicos. Um carente psicótico. É
pervertido e adora o sadomasoquismo. Esse tipo de prazer ele consegue nos
encontros com uma prostituta (Laetitia Casta), que por sua vez tem uma ligação
com um homem mais velho (Richard Bohringer), mas não são casados. Uma confusão que
não é esclarecida, assim como o fato dos personagens não terem nome. O enredo
transcorre numa série de situações inexplicáveis, compondo cenas num ritmo de
dar sono. Enfim, tedioso demais, pretensioso demais. Não dá para recomendar um
filme que, depois de terminar, faz você pensar por que alguém teve a coragem de
produzi-lo, além de gastar um bom dinheiro com a contratação de dois astros
como Benoît Poelvoorde e Laetitia Casta. Dos últimos filmes franceses que
assisti, este é, sem dúvida, um dos piores.
terça-feira, 3 de novembro de 2015
“O JULGAMENTO DE VIVIANE AMSALEM” (“Le Procès de
Viviane Ansalem”), 2014, co-produção Israel/França,
foi escrito e dirigido pelos irmãos Ronit e Shlomi Elkabetz. Ronit também é a
atriz principal do filme. Ela interpreta Viviane Amsalem, uma mulher que há
três anos luta para se divorciar de Elisha (Simon Abkerian) - ele não comparece às primeiras audiências e nem por isso é punido. O motivo da separação? Ela não
o ama mais. Simples e objetivo. Lá em Israel, porém, não é tão fácil assim. O
filme acompanha as audiências no decorrer de anos, durante os quais os juízes –
na verdade, rabinos – pendem claramente para o lado do marido. Informação: em
Israel, só os rabinos podem legitimar ou dissolver um casamento. O cenário é o
mesmo o filme inteiro: uma sala com os rabinos, um escrevente, os litigantes e
seus respectivos advogados. Isso não significa que o filme é entediante. A
força dos diálogos, os ótimos atores e um pouco de humor – principalmente durante o
depoimento de algumas testemunhas - aliviam a tensão do ambiente, transformando
o filme num bom entretenimento. Aliás, este foi o candidato de Israel ao Globo de Ouro e ao Oscar
2015 de Melhor Filme Estrangeiro. Do mesmo gênero e temática, recomendo também o
iraniano “A Separação”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2012, este sim uma pequena
obra-prima.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
“O NOME DO FILHO” (“IL NOME DEL FIGLIO”), 2015, estreia na direção de Francesca Archibugi, uma das principais atrações da
39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Trata-se de uma comédia
italiana, na verdade uma refilmagem do filme francês “Qual o nome do bebê?”, de
2012. A história é inspirada numa peça de teatro escrita por Mathieu Delaporte
e Alexandre de La Pattelière, justificando, portanto, o estilo teatral utilizado
nas adaptações cinematográficas. Sandro (Luigi Lo Cascio) e Betta (Valeria
Golino) recebem para jantar o cunhado Paolo (Alessandro Gassman, filho do
grande Vittorio) - irmão de Betta -, sua esposa Simona (Micaela Ramazzotti), e
o amigo Claudio (Rocco Papaelo). Ainda nos aperitivos, Paolo anuncia que
escolheu o nome do seu futuro filho. O nome, associado a um antigo líder
fascista, desagrada a todos os demais, principalmente Sandro, um fanático de
esquerda. Aí começa toda a confusão. Muita roupa suja será lavada durante o
jantar, mas o que importa mesmo é que os diálogos são ótimos, inteligentes, culminando
com algumas revelações que irão colocar mais lenha na fogueira do ambiente. O
sotaque italiano e a maneira exaltada de falar contribuem para deixar essa
comédia ainda mais saborosa. As duas versões – a francesa e a italiana – são ótimas.
Escolha qualquer uma e você estará garantindo muitas risadas.
De “O
Poderoso Chefão” a “Os Bons Companheiros”, este último o melhor de todos,
sempre fui fã de filmes sobre a Máfia. Se a história for baseada em fatos
reais, melhor ainda. É o caso de “ALIANÇA DO CRIME” (“Black
Mass”), EUA, 2015, roteiro e direção de Scott Cooper ("Tudo por Justiça"), que conta a
trajetória de James “Whitey” Bulger, um dos criminosos mais famosos de Boston,
chefe da máfia irlandesa. Além disso, irmão de um poderoso senador, o que deixa a história ainda mais saborosa. Bulger é
interpretado por um irreconhecível Johnny Depp, calvo e com lentes de contato
que o fizeram ficar com os olhos claros. Nos anos 80, para se livrar de uma “família”
da máfia italiana, concorrente de seus negócios ilícitos, Bulger resolveu ser
informante do FBI. O filme apresenta fatos da vida pessoal do criminoso, sua
relação com o agente do FBI John Connelly (Joel Edgerton) e, em detalhes,
mostra como ele tratava os seus delatores e inimigos. A interpretação de Johnny
Depp é sensacional, o que provavelmente o colocará como um dos favoritos ao
Oscar 2016 (previsão minha, pois nem sei se será indicado). O filme é muito bom
não apenas pela história em si, mas também pelo excelente roteiro e,
principalmente, pelo ótimo elenco, que conta ainda com Dakota Johnson, Peter
Sarsgaard, Benedict Cumberbatch, James Russo, Juno Templo, Corey Stoll e Kevin
Bacon. Não deixe de ver os créditos finais, que contêm informações sobre o
destino dos personagens envolvidos na história real. Resumindo, um filmaço!
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Fazer
papel de sujeito bonzinho não combina muito com Robert De Niro. Ainda mais num
filme bonitinho, como é “UM SENHOR ESTAGIÁRIO” (“The Intern”), 2015. Prefiro o grande ator interpretando
homens maus, como os mafiosos de tantos filmes, inclusive na comédia “A Máfia
no Divã”. Nessa comedinha sem muita graça, De Niro é Ben Whittaker, um
aposentado de 70 anos entediado com a rotina dos dias sem fazer nada, a não ser
ir a velórios de amigos, programa cada vez mais frequente. Ao se deparar um
cartaz de uma empresa anunciando a contratação de estagiários sêniors (mais de
65 anos), ele resolve se inscrever. Passa nos testes e começa a trabalhar. A
empresa é um site de vendas de roupas fundado e administrado por Jules Ostin (Anne
Hathaway). Ben é o único a trabalhar de terno e gravata. Com seu jeito de papaizão
e bonachão, ele conquista a simpatia de todos e até de Jules, sem contar a
massagista da empresa, Fiona (Rene Russo, ainda bonita e em grande forma). Não
é aquele filme que faz gargalhar, mas tem seus momentos engraçados. O filme foi
escrito e dirigido por Nancy Meyers, especialista em comédias, algumas muito boas,
como “Simplesmente Complicado”, “Alguém
tem que ceder” e “O Amor não tira Férias”. Não espera muita coisa a mais do que apenas um bom programa para uma sessão da
tarde com pipoca e guaraná.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Primeiro
filme de ficção lançado pela Netflix, “BEASTS OF NO NATION”, 2015, EUA, direção de Cary Fukunaga (da série “True Detective”) ganhou enorme
repercussão não apenas pela ótima história – baseada no livro do escritor nigeriano
Uzodinma Iweala - e pela excelente produção, mas também porque foi boicotado
pelas distribuidoras e produtoras nos EUA – a Netflix exibe filmes pela
Internet, prática comparada à pirataria. A ideia era lançar o filme também nos cinemas
e ganhar uma vaga na disputa do Oscar 2016. Deixando de lado a polêmica, o
filme é muito bom, realista, de grande impacto. Pode incomodar os espectadores
mais sensíveis, pois contém muita violência, cenários de extrema pobreza e
crianças servindo como soldados, matando e sendo mortos. A história é
ambientada num país da África em meio a uma violenta guerra civil, envolvendo o
exército e grupos rebeldes. Todo mundo lutando contra todo mundo, uma matança
geral. O garoto Agu (Abraham Attah) consegue fugir da sua vila dizimada e é
recrutado como soldado pelo grupo rebelde chefiado pelo “Comandante” (o ótimo
ator inglês Idris Alba), um líder carismático e sanguinário, especialista em
fazer lavagem cerebral em meninos, transformando-os em verdadeiros assassinos. Resumindo:
um filmaço!
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
“NIGHTINGALE – Peter e sua Mãe”, 2014, é
um filme produzido e exibido pela HBO – ainda não chegou aos cinemas. A direção
é de Elliott Lester (“Blitz”). Os produtores são os mesmos de “Selma” e “12
Anos de Escravidão”, entre eles o astro Brad Pitt. Desconsidere a grande
maioria dos sites e blogs de cinema que comentaram o filme sem tê-lo assistido,
divulgando uma história que não tem nada a ver. Faço esse esclarecimento com
toda segurança, pois assisti ao filme. Trata-se de um monólogo ao estilo
teatral, o que deve desagradar a muitos espectadores. Só há um personagem,
Peter (David Oyelowo), falando o tempo inteiro sobre a mãe repressora que
finalmente o deixou em paz, sobre a liberdade de fazer o que quiser dentro de
casa e sobre um antigo colega de exército que espera rever (parece que houve um
caso entre os dois). Nem todo filme de um personagem só é chato. Já vimos
alguns muito bons, tais como “Náufrago”, com Tom Hanks, “Até o Fim”, com Robert
Redford, e podemos considerar ainda “Gravidade”, durante o qual Sandra Bullock
passa a maior parte do tempo sozinha, perdida no espaço. O inglês David Oyelowo,
de “Selma, Uma Luta pela Igualdade”, é um excelente ator e segura o monólogo
com muita competência. O clima de tensão que acompanha o personagem faz com que
a gente queira chegar ao final para ver o que vai acontecer.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
“SELF/LESS” (ainda
sem tradução por aqui), 2015, é um suspense norte-americano dirigido pelo
indiano Tarsem Singh (de “Espelho, Espelho Meu” e “Imortais”). O tema remete a
filmes de ficção científica, embora seja ambientado no tempo atual. O bilionário
Damian (Ben Kingsley) tem câncer e poucos meses de vida. Sem nada a perder,
ingressa num programa arrojado de troca de corpos, comandado pelo excêntrico
Albright (Matthew Goode). O experimento dá certo e Damian assume a carcaça de Mark
(Ryan Reynolds, de “Lanterna Verde”), um soldado do exército morto em combate
no Afganistão. Devido aos remédios que é obrigado a tomar, Damian começa a ter
alucinações e, numa delas, consegue visualizar Madeline (Natalie Martinez), a
viúva de Mark, e a filha. O passo seguinte é tentar encontrá-las. O susto da
mulher é grande, mas com muito tato ele consegue convencê-la de que é Mark. Mas
não por muito tempo. Para piorar toda essa confusão, Damian descobre que os
efeitos dos remédios não são permanentes e que Albright não passa de um farsante. A partir daí, Damian vai tentar desmascará-lo. O clima de suspense até que prende a atenção,
mas a história é inverossímel demais, mesmo sendo uma ficção. De qualquer
forma, é um filme movimentado e com ritmo alucinante até o seu final.
“CRIMES OCULTOS” (“Child 44”), EUA, 2015, é um misto de drama, suspense e policial. Na década de 30,
o ditador Joseph Stalin resolveu reprimir os ucranianos, que lutavam por sua
independência. Stalin provocou a morte de 14 milhões de ucranianos (mais do que
os judeus que Hitler assassinou no Holocausto), a grande maioria de fome. A
matança deixou milhões de crianças órfãs. Aí vem a ficção. O filme conta a
história de uma dessas crianças, Leo Demidov (interpretado em adulto por Tom
Hardy). O enredo pula para 1953. Leo é um oficial do Exército russo, casado com
Raisa (Noomi Rapace). Uma série de assassinatos de crianças começa a chamar a
atenção das autoridades. Só que naquela época, a ordem de Stalin é que esses
crimes sejam atribuídos a acidentes, como atropelamento de trem, quedas etc. “Não
há assassinatos no paraíso”, conforme ditava a cartilha do governo russo. “Esse
tipo de crime é coisa do Ocidente, do regime capitalista”. Os oficiais rezavam
por essa cartilha. Até que o afilhado de Leo, filho de outro oficial, é
assassinado. Aí ele resolve investigar por conta própria, contrariando seus
superiores. O filme tem ainda no elenco Gary Oldman, Vincente Kassel e Joel Kinnaman.
A direção é do sueco Daniel Espinosa. O filme é falado em inglês, mas os atores
interpretam com sotaque russo, o que soa meio falso e ridículo. Embora seja o
ator do momento (“Mad Max”), Tom Hardy é fraco, inexpressivo, atua no piloto
automático. Muito pouco para fazer o personagem principal de um filme. Filme, aliás, que acrescenta pouco à cinematografia.
sábado, 24 de outubro de 2015
“3 CORAÇÕES” (“3 Coeurs”), 2014, roteiro e direção de Benoît Jacquot (de “Adeus, Minha Rainha”), é
um drama francês que conta a história de um triângulo amoroso. O auditor fiscal
Marc (Benoît Poelvoorde) está viajando a trabalho numa cidade da região de Provence.
Ele perde o trem noturno que o traria de volta a Paris. Para “fazer hora”, ele
entra num bar. Aqui, acaba conhecendo Sylvie (Charlotte Gainsbourg) e engata um
papo que dura toda a madrugada. Paixão à primeira vista. Eles combinam de se
encontrar dali a alguns dias em Paris. Só que o reencontro não dá certo e eles
acabam não se vendo mais durante alguns anos. Nesse meio tempo, Marc retorna à
cidade e conhece Sophie (Chiara Mastroianni, cada vez mais a cara do pai), com
quem acaba se casando. Coincidência das coincidências: Sophie é irmã de Sylvie.
Ambas são filhas de Madame Berger (Catherine Deneuve) - aliás, na vida real, Chiara
é filha de Deneuve. Com o retorno de Sylvie, que estava morando nos EUA, a
situação se complica de vez, pois Marc insiste em reviver a antiga paixão. A
história é um tanto inverossímil, levando-se em conta que Marc, um quarentão
beirando os cinquenta, é um sujeito feio, totalmente desprovido de charme, nada
que atraia uma mulher. Ainda mais, duas. A trilha sonora conduz o espectador a um clima de suspense angustiante. O filme teve sua exibição de estreia
no Festival de Veneza 2014, onde concorreu ao Leão de Ouro. É só mais um bom
filme francês, o que, por si só, é uma ótima razão para ser visto.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
“CAREFUL WHAT YOU WISH FOR” (ainda sem tradução por aqui, mas algo como “Cuidado com o que você deseja”),
EUA, 2014, direção de Elizabeth Allen Rosembaum. Trata-se de um bom suspense,
que prende a atenção até o desfecho. A vida do jovem Doug (Nick Jonas, da série
“Kingdom”) vai do paraíso ao inferno depois que o casal Lena (a atriz
australiana Isabel Lucas) e Elliot Harper (Dermot Mulroney) aluga a casa
vizinha de Doug, à beira de um lago. Elliot contrata Doug para fazer reparos
num barco que acabara de comprar. A estonteante Lena vai fazer de tudo para
provocar o garoto. Doug, é claro, não resiste ao charme da loira e acaba na
cama com ela. Uma, duas, três e algumas outras vezes..., até ficar
completamente apaixonado. Só que Lena tem outros planos, inclusive receber um seguro de 10 milhões de dólares. Doug acaba envolvido na história e entra na lista de suspeitos do xerife “Big” Jack (Paul Sorvino, enorme de gordo) e da investigadora da
companhia de seguros Emma Alvarez (Kandyse McClure). Como todo bom suspense, o
final reserva ao espectador uma reviravolta surpreendente, tornando o filme
ainda mais interessante. Sem contar Isabel Lucas, uma tentação realmente irresistível.
Confira!
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
A bela
atriz norte-americana Katherine Heigl, protagonista de tantas boas comédias (”Vestida para
Casar”, “Ligeiramente Grávidos”), desta vez encara um drama. Trata-se de “O CASAMENTO DE JENNY” (“Jenny’s Wedding”), 2014,
direção de Mary Agnes Donoghue. Ela é Jenny, uma trintona que nunca acertou um
namoro e agora, beirando os quarenta, é pressionada pela família a arrumar alguém
para casar. Ela finalmente se decide, mas o “marido” não será bem a pessoa que
a família esperava. Ao revelar sua paixão por Kitty (Alexis Bledel), com a qual
divide o mesmo teto há cinco anos, seus pais, Eddie (Tom Wilkinson) e Rose
(Linda Emond), extremamente conservadores, entram em polvorosa, assim como a irmã
Anne (Grace Gummer). O filme inteiro coloca em destaque esse conflito familiar,
a aceitação da escolha de Jenny e, finalmente, o seu casamento. No elenco, merece
destaque a atuação do ator inglês Tom Wilkinson e da norte-americana Linda
Emond. Também demonstra muita competência Grace Gummer, filha de Meryl Streep. Ao
explorar um tema tão em evidência, como a aceitação ou não da opção sexual dos
filhos, o filme nos motiva a refletir mais profundamente sobre a questão. Só
por isso, vale a pena.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Produzido em 2014 e exibido no ano seguinte pela BBC, “O MENSAGEIRO” (“The Go-Between”,
título original do filme e do romance
escrito por L.P.Hartley) teve uma primeira versão para o cinema em 1971, com direção de Joseph Losey e com Julie Christie e Alan Bates nos papeis
principais. Este “O Mensageiro”, portanto, é uma refilmagem. Mas uma refilmagem
de grande categoria, com ótimos atores e uma recriação primorosa de época, além
de uma fotografia deslumbrante. Como qualidade cinematográfica, portanto, não
fica atrás do original. A história é ambientada em 1900 no interior da Inglaterra.
A bela jovem Marian Maudsley (Joanna Vanderham) é cortejada pelo Lord
Trimingham (Stephen Campbell Moore). É desejo de Mrs. Maudsley (Lesley
Manville), a autoritária mãe de Marian, que os dois se casem. Só que Marian tem
um amante, o fazendeiro Ted Burgess (Ben Batt). Leo, de 12 anos, sobrinho de
Mrs. Maudsley, serve como garoto de recados entre os dois amantes, daí o título
“O Mensageiro”. O caldo entorna quando a mãe descobre o caso da filha, numa
cena em que a ótima atriz Lesley Manville dá um show de interpretação. Muitos
anos depois, Leo (agora Jim Broadbent) reencontra Marian (agora Vanessa
Redgrave) para decretar o desfecho da história. Aliás, um reencontro sem muita
emoção, talvez o único defeito dessa caprichada produção inglesa.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
O
drama inglês “O DANÇARINO DO DESERTO” (“DESERT DANCER”), 2013, conta uma incrível história de
coragem e amor à arte. No caso, a dança. Baseado em fatos reais recentes
ocorridos no Irã, o filme marca a estreia em longas do diretor inglês Richard
Raymond. A história: desde criança, o garoto iraniano Afshin Ghaffarian (Reece
Ritchie) adorava dançar. No colégio, era comum ele imitar a coreografia de
Patrick Swayze em “Dirty Dancing”. Acontece que dançar em público, no país de
Ahmadinejad, era e ainda é proibido. Afshin esqueceu a dança até ingressar na
faculdade em Teerã, capital do País. Aqui, formou um grupo clandestino de
dança, associando-se a Elaheh (a atriz indiana Freida Pinto), uma jovem
iraniana filha de uma ex-dançarina. Inspirados em vídeos de Pina Bausch e Michael
Jackson, que assistiam escondidos pela Internet, os dois criavam coreografias
especiais. Só que não podiam mostrá-las em público. A solução foi organizar uma
apresentação em pleno deserto. Tudo parecia ir bem até os fundamentalistas
islâmicos entrarem em ação, em nome da moral e dos bons costumes. O fim da
história todo mundo já sabe: Afshin foge para Paris, onde monta uma escola de
dança bastante conceituada. Todo o enredo tem como pano de fundo a situação
política do Irã sob Ahmadinejad, um regime de opressão no qual qualquer
manifestação artística é pecado mortal.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
“O HOMEM QUE ELAS AMAVAM DEMAIS” (“L’HOMME QU’ON
AIMAIT TROP”), 2014, direção de André Téchiné. A história é baseada em fatos reais.
Em 1976, a empresária Renée Le Roux (Catherine Deneuve), proprietária do Palais
de La Méditerranée, um luxuoso cassino na cidade de Nice, na Riviera Francesa,
vive às voltas com uma grave crise financeira em seu negócio. Seu principal
assessor é Maurice Agnelet (Guillaume Canet), um advogado ardiloso, ambicioso e
manipulador. Na época, suspeitava-se que, por trás das manobras para arruinar o
cassino de Renée, estava o empresário do cassino concorrente, Fratoni (Jean
Corso), considerado um poderoso mafioso local. Em meio a toda essa situação,
Renée recebe a visita de sua filha Agnes (Adèle Haenel), recém-separada e que
chega disposta a arrancar dinheiro da mãe. Ela acabará se envolvendo com
Maurice, contra todos os argumentos da mãe. O repentino desaparecimento de
Agnes faz a história virar um rumoroso caso policial, com Maurice sendo acusado
de assassiná-la e esconder o corpo. O mistério perdurou durante anos. Maurice
foi réu em vários julgamentos, o último deles em 2014, trinta e sete anos
depois do sumiço de Agnes. Não é dos melhores filmes do veterano diretor
francês, mas vale pela história e, principalmente, pelo ótimo elenco e pelo cenário maravilhoso da Riviera Francesa. Guilhaume
Canet, o ator francês do momento, já havia feito recentemente outro vilão num
filme também baseado em fatos reais (“Na Próxima, Acerto no Coração”), no qual
interpreta um policial psicopata.
Se
tiver, deixe de lado seu preconceito contra o cinema asiático e assista “FLORES
DO AMANHÔ (Xiang Ri Kui”), 2005, um
belo, sensível e comovente drama chinês escrito e dirigido por Zhang Yang (do
cultuado e premiadíssimo “Banhos”, de 1999). Duas horas e nove minutos de puro
prazer cinematográfico, tendo como pano de fundo o cenário político da China
durante 30 anos. A história passa pela Revolução Cultural Proletária, a morte do
grande líder Mao Tsé Tung, o Bando dos Quatro, até a época de Deng Xiao Ping. O
filme começa em 1967, com o nascimento de Xiangyang (interpretado por três
atores, da infância, juventude até a fase adulta). Seu pai, Gengnian (Haiyng
Sun), preso pouco antes pelo regime de Mao, só irá conhecer o filho dez anos
depois. Mimado pela mãe, Xiuqing (Joan Chen), o garoto só quer saber de
brincar, enquanto o pai, recém-chegado, insiste para que ele se torne pintor, sua
profissão até ser preso. A maior parte da história é dedicada à conflituosa
relação entre pai e filho, o que rende cenas de grande força dramática. O filme
retrata a evolução da sociedade chinesa diante dos novos tempos, incluindo uma mudança comportamental com relação à tradição secular de respeito aos pais e aos mais velhos em geral. Os atores
são ótimos, principalmente Joan Chen e Haiyung Sun. Um filme delicado, uma
pequena obra-prima do cinema chinês. Simplesmente imperdível!
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
As belas
paisagens do Alasca servem de cenário para o drama “WILDLIKE” (ainda sem tradução por aqui), EUA, 2014,
roteiro e direção de Frank Hall Green. Quem pensa que o estado americano é só
gelo vai se surpreender com a quantidade de verde, muita floresta e vegetação. A
história: a jovem Mackenzie (Ella Purnell), de 14 anos, fica órfã de pai e sua
mãe, com a desculpa de fazer um tratamento de saúde, a envia para morar um
tempo com o tio (Brian Geraghty), irmão do falecido, lá nos confins do Alasca. Sem
respeitar o parentesco nem a idade da sobrinha, o tio acaba partindo para o
ataque sexual. Cansada e de certa forma enojada, Mackenzie foge e se embrenha sozinha
pelo interior do Alasca. Ela quer voltar com urgência para Seattle, onde mora
com a mãe. Só que no meio do caminho ela conhece Rene Bart (Bruce Grenwood), um
homem de meia idade que está em busca de sossego e de um tempo para se
recuperar da recente viuvez. Mackenzie e Bart começam então uma viagem pelo
interior do Alasca, num road movie que
vai agradar o espectador que curte a Natureza e belas paisagens. A jovem atriz inglesa Ella Purnell é uma espécie de Angelina Jolie teen, ou seja, uma “Lolita” de primeira,
embora na vida real tenha 19 anos. Pode ser que eu me engane, mas acho que está nascendo uma nova estrela.
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
A
comédia francesa “O QUE AS MULHERES QUEREM” (“SOUS LES JUPES DES FILLES”), 2014, tem um time de atrizes de tirar o chapéu – ou as calças, já que
sexo é o tema predominante. Só para citar algumas: Laetitia Casta, Alice
Taglione, Isabelle Adjani, Marina Hands, Alice Blaïdi, Audrey Fleurot e Audrey
Dana, esta última estreando também como diretora. Em termos de beleza, destoa
do grupo a atriz Vanessa Paradis, que, com seus dentes da frente separados,
parece irmã do Alfred E. Neuman, personagem símbolo da revista Mad. Isabelle
Adjani, que já foi considerada uma diva do cinema francês, está gorducha, mas
não perdeu o charme. De qualquer forma, são todas ótimas atrizes e estão bem à
vontade fazendo comédia. A história reúne 11 personagens mulheres, cada qual
com seus problemas sentimentais. Uma delas é casada e tem quatro filhos, o que
não a impede de ter um caso fora do casamento. Pior, com uma mulher. Outra descobre
que o marido a trai e resolve se vingar dos dois. Tem aquela que não consegue atingir
o orgasmo e ainda outra que tem sérios tiques nervosos, que só desaparecem
quando o assunto é sexo. E assim transcorre o filme, com muitas situações
engraçadas, diálogos espertos e algumas cenas bastante hilariantes. Na França,
a comédia foi um sucesso de público, levando 1,4 milhão de espectadores aos
cinemas. Sem dúvida, um programa bastante agradável.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
O
que os soldados norte-americanos fizeram com os prisioneiros de Abu Ghraib, no
Iraque, é conto infantil comparado ao que é mostrado no drama inglês “OPERAÇÃO IRAQUE LIVRE” (“The Mark of Cain”), 2007, dirigido por Marc Munden. No primeiro
caso, os fatos foram reais e revelados para o mundo inteiro. No caso dos
ingleses do filme, não há referência de que os fatos tenham sido baseados na
realidade. Mas mesmo assim chocam bastante. Em patrulha numa cidade do Iraque,
um pelotão do exército inglês é alvo de uma emboscada, que resulta na morte do
capitão Godber. Os ingleses prendem vários suspeitos e os levam presos. Como
forma de se vingar do que aconteceu ao seu comandante, os soldados ingleses
promovem inúmeras sessões de torturas brutais e constrangedoras. Tudo filmado e fotografado por celulares. Pano rápido e
os soldados voltam para a Inglaterra. Um deles, porém, mostra as fotos para a
namorada. Erro fatal. O material acaba nos jornais e abre caminho para o maior
escândalo. Apenas dois soldados, Mark (Gerard Kedarnes) e Shane Gulliver (Matthew
McNulty), são acusados de crimes de guerra, sofrendo uma grande pressão para
não entregar os companheiros. Um filme sério, levado o tempo todo num crescente clima de tensão
e de muito impacto. Vale a pena!
O
elenco feminino é ótimo (Elizabeth Banks, Diane Lane, Dakota Fanning e Danielle
MacDonald, esta última uma jovem e surpreendente atriz australiana). O filme, nem tanto. “EVERY
SECRET THING” (ainda sem tradução por
aqui), 2014, EUA, é um drama policial bem pesado, inspirado no livro “Cada Segredo”, de
Laura Lippman. A história: a detetive Nancy Porter (Banks) está às voltas com
um mistério: o desaparecimento de uma menina – morta ou sequestrada? No decorrer das investigações, as
principais suspeitas recaem sobre Ronnie (Dakota) e Alice (Danielle), recém-saídas de um centro de detenção juvenil, onde cumpriram pena de 7 anos pelo assassinato
de uma criança. A policial Porter passa a exercer
marcação cerrada sobre a dupla, além de pressionar Helen Manning (Diane), mãe
de Alice. É claro que a revelação surgirá somente no final do filme. Trata-se da
estreia em longas da diretora Amy Berg, mais conhecida pela realização de
documentários. O clima de suspense até que consegue prender a atenção, mas o
filme, como um todo, está longe de uma indicação entusiasmada.
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