“HEBE – A ESTRELA DO BRASIL”, 2019, direção
de Maurício Farias, com roteiro de Carolina Kotscho. Trata-se da cinebiografia (incompleta)
da apresentadora Hebe Camargo (1929-2012), que ficou no ar com seu programa de
auditório durante 60 anos. Seja na Tupi, Record, Bandeirantes e SBT, seu programa
de auditório bateu recordes de audiência, superando muitas vezes a poderosa
Rede Globo. O filme acompanha a trajetória de Hebe durante a segunda metade dos
anos 80, quando já era uma apresentadora consagrada em todo Brasil. Os enfoques
principais são sua relação tumultuada com o diretor Walter Clark na TV
Bandeirantes, seus desabafos ao vivo contra a censura, os políticos e a
corrupção, o que quase lhe valeu uma prisão, e sua ida para o SBT. Mas é na sua
vida particular que o filme dá maior destaque, as brigas violentas com o
ciumento segundo marido Lélio Ravagnani, suas bebedeiras com as amigas Lolita
Rodrigues e Nair Bello, além da sua extravagância em usar joias caríssimas e roupas exóticas e escandalosamente cheias de brilho. O fato da vida de Hebe ser retratada em
apenas alguns anos da década de 80 restringiu em muito a história de Hebe,
nascida em uma família pobre de Taubaté – no filme, ela dá a entender que tinha passado fome na infância. Faltou ainda abordar um aspecto importante na vida da
apresentadora: sua participação no primeiro programa de televisão no Brasil, em
1950, na extinta TV Tupi. Também ficou faltando abordar seus últimos anos de
vida, a doença e sua luta para sobreviver. Ou seja, como escrevi no início
deste comentário, a cinebiografia de Hebe ficou incompleta, o que, na minha
opinião, acabou prejudicando o resultado final – o filme virou minissérie em 10
episódios exibidos na programação Tela Quente da Rede Globo. Não assisti, mas
dizem que é mais completa do que o filme. O elenco é o ponto alto do filme “Hebe
– A Estrela do Brasil”: Andréa Beltrão (Hebe), Marco Ricca (Lélio Ravagnani),
Danton Mello (Cláudio Pessutti, seu sobrinho e principal assessor), Caio
Horowicz (Marcello, filho de Hebe), Daniel Ventura (Silvio santos), Felipe Rocha
(Roberto Carlos), Stella Miranda (Dercy Gonçalves), Otávio Augusto (Chacrinha),
Gabriel Braga Nunes (Décio Capuano, primeiro marido de Hebe), Danilo Grangheia
(Walter Clark), Cláudia Missura (Nair Bello), Karine Teles (Lolita Rodrigues) e
Renata Bastos (Roberta Close). Na mesma linha de cinebiografias de artistas
brasileiros, recomendo as do Palhaço Bozo (“Bingo, o Rei das Manhãs”), Tim
Maia, Chacrinha, Maysa, Elis Regina, Erasmo Carlos, Zezé de Camargo e Luciano “Os
Dois Filhos de Francisco”) e Chacrinha.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
“A PRECE” (“LA PRIÈRE”), 2018,
França, 1h47m, direção de Cédric Kahn, que também assina o roteiro com a colaboração
de Fanny Burdino e Samuel Doux. O filme tem como pano de fundo a religião,
envolvendo questões como a fé, a devoção, o amor, a amizade, o sacrifício e a
entrega. A história é centrada no jovem Thomas (Anthony Bajon), um viciado em
heroína que aceita ser enviado a uma comunidade isolada nos Alpes franceses que
trata de dependentes químicos. São dois tipos de acampamento, um para os
rapazes e outro para as moças. Em ambos, a religião é a força motora para
tentar a recuperação dos jovens. Desde que acordam, os jovens cumprem uma
rotina bastante rigorosa e extenuante. Trabalham na horta, cortam lenha, rezam em
conjunto e participam de sessões de terapia em grupo, durante a qual contam suas
experiências e, alguns ex-internos, a sua vitória sobre o vício. Desde que chegou
ao acampamento, Thomas sempre tem a seu lado um colega que serve de tutor ou
orientador, no caso Pierre (Damien Chapelle), um ex-viciado que trabalha como
voluntário. Após livrar-se das crises de abstinência, Thomas acaba descobrindo
a fé e decide ir para o seminário. Quer ser padre. Ao mesmo tempo, porém,
conhece a jovem Sybelle (Louise Grinberg), outra ex-viciada, pela qual se apaixona.
Thomas viverá dias atormentados, devendo decidir pela Igreja ou pelo amor de
uma jovem. Destaque para a participação especial da atriz alemã Hanna Schygulla
como a Madre Myriam. Durante muitos anos - décadas de 70 e 80 -, Schygulla, dos
clássicos “O Casamento de Maria Braun” (1978) e “Lili Marlene” (1981), foi uma
das minhas musas do cinema. A atriz envelheceu e engordou. Está irreconhecível.
Outro destaque de “A Prece” é o ator espanhol, de descendência alemã, Alex
Brendemühl, do espetacular “The German Doctor” (2013), onde fez o papel do
criminoso de guerra alemão Josef Mengele. “A Prece” estreou em fevereiro de
2018 no Festival Internacional de Cinema de Berlim e consagrou a excelente
atuação de Antony Bajon com o Urso de Prata de Melhor Ator. Merecido. “A Prece”
também foi exibido por aqui durante a programação oficial da 43ª Mostra
Internacional de Cinema de São Paulo. Cinema da melhor qualidade.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Assinar:
Postagens (Atom)