O
que pode ser mais perigoso, trabalhar numa usina nuclear ou transar com a
namorada do seu amigo? O jovem Gary (Tahar Rahim) corre os dois riscos no drama
francês “Grand Central”,
2012, dirigido por Rebecca Zlotowski. Sem perspectivas de trabalho, Gary
concorda em participar do recrutamento para ingressar numa usina nuclear. Mesmo
sem nenhuma experiência, ele vai trabalhar na equipe na equipe de manutenção e limpeza
chefiada por Gilles (Olivier Gourmet). Nesse ponto, é interessante como o filme
mostra, em detalhes, todo o processo rigoroso de segurança ao qual são submetidos
os funcionários de uma usina nuclear. E, mesmo assim, os acidentes acontecem.
E, quando acontecem, geralmente são fatais. Instalado num acampamento com o
pessoal de sua equipe, Gary faz amizade com Toni (Denis Menochet) e sua
namorada Karole (Léa Seydoux). É com ela que Gari vai ter um caso. O clima dramático
do filme – que também gera um certo suspense – reúne as duas situações envolvendo
seus respectivos riscos: o trabalho de Gari e seu caso com a namorada do amigo.
O que acontecerá primeiro, um acidente na usina ou a descoberta do seu caso? O
filme é muito bom e, para reforçar a recomendação, é preciso destacar o
trabalho desses jovens e ótimos atores, Tahar Rahim e Léa Sedoux, duas verdadeiras feras do cinema francês atual. O filme
estreou na Mostra “Um Certain Regard” do Festival de Cannes 2013 e foi muito
elogiado.
sábado, 2 de agosto de 2014
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
“A Ravina do Adeus” (“Sayonara
Keikoku”), 2013, é um drama japonês dos mais depressivos. Começa com a prisão
de Satomi Tachibana (Anne Suzuki), acusada de ter matado o próprio filho – o corpo
do bebê foi encontrado na tal ravina do título. A polícia continua as
investigações e chega ao casal Tanako (Yoko Maki) e Shunsuke (Shima Onishi),
moradores da casa vizinha. Shunsuke é levado a interrogatório e confessa que
estava tendo um caso com Satomi. Até aí, a coisa fica toda esclarecida. Depois,
porém, a história toma outro rumo e o casal passa a ser o foco central. Isto
porque o repórter Watanabe (Nao Omori), de um jornal local, descobre um fato
tenebroso envolvendo o passado de Shunsuke: na universidade, ele e mais três
amigos estupraram uma estudante. Em flashbacks, o diretor Tatsushi Ohmori
mostra o sentimento de culpa que tomou conta de Shunsuke após o episódio. Ao
espectador, caberá uma inesperada surpresa com relação à identidade da vítima
do estupro. O ritmo lento, com cenas muito longas, pode incomodar. Em alguns
momentos, a cena parece ter sido congelada e você vai ter a sensação de que o aparelho de
DVD travou. O mais desagradável, porém, para quem está a fim de um
entretenimento, é o estado depressivo que domina os personagens. Antes de assistir, tome um Prozac.
“O Grande Hotel Budapest” (“The Grand Budapest Hotel”), 2013, EUA, é mais um mirabolante filme
do diretor Wes Anderson. Se você viu outros filmes dele, como “Os Excêntricos
Tenenbaums” ou “Moonrise Kingdom”, já sabe o que vai ver: figurinos exóticos,
inúmeros e excêntricos personagens e visual deslumbrante. Só que neste, o ritmo
é de muita aventura, ação e humor. Para ambientar a história, o diretor criou
um país imaginário, Zubrowska. O filme começa com Mr. Moustafa (F. Murray Abraham)
contando a um escritor (Jude Law) a história de uma aventura que viveu na
década de 30 quando era um mensageiro conhecido como “Zero” (Toni Revolori) no
Grande Hotel Budapest. Ele era subordinado direto de M. Gustave (Ralph
Fiennes), gerente do hotel, que tinha como hábito ir para a cama com hóspedes
idosas cheias do dinheiro. Uma delas, Madame D (Tilda Swinton) morre e Gustave
vai ao velório com “Zero”. No testamento, a falecida deixa como herança para
Gustave um famoso e valioso quadro, o que contraria os interesses do filho
Dmitri (Adrian Brody). Aí começa a aventura de Gustave e “Zero”, o que inclui
altas doses de ação ininterrupta, com inúmeras situações que ratificam Anderson
como um dos diretores mais criativos do cinema atual. E também um dos de maior
prestígio, como comprova a enorme lista de atores famosos que toparam aparecer em
pequenos papeis nesse filme: Edward Norton, Owen Wilson, Mathieu Amalric, Saoirse
Ronan, William Defoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Bill Murray, Léa Seydoux e
outros. Separe dois sacos de pipoca e embarque nessa aventura de Anderson.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Não é novidade o fato de
que muitos países da América do Sul serviram de refúgio a importantes oficiais
nazistas após a 2ª Guerra Mundial, com o beneplácito dos seus respectivos
governos. No filme argentino “O Médico Alemão” (“Wakolda”), 2013, o foco está no médico
Josefe Mengele, famoso por fazer experiências científicas com seres humanos no
campo de concentração de Auschwitz. A história do filme acontece em 1960,
quando Mengele (Alex Brendemühk), com o nome falso de Helmut, está atravessando
a região desértica da Patagônia em direção a Bariloche. No caminho, ele conhece
a família de Enzo (Diego Peretti), que viaja com sua mulher grávida Eva
(Natalia Oreiro) e os filhos. Enzo vai administrar uma antiga pousada da
família e seu primeiro hóspede é justamente Mengele. A tensão vai aumentando
porque o espectador sabe do passado tenebroso do médico. Aumenta ainda mais
depois que ele se propõe a tratar de Lilith (Florencia Bado), que tem problemas
de crescimento, e cuidar dos recém-nascidos gêmeos de Eva. Será que ele fará alguma atrocidade com a menina, com os bebês ou com a
família? A resposta, só você vendo o filme. “O Médico Alemão” é baseado no livro “Wakolda”, escrito por
Lúcia Puenzo, também diretora do filme, que concorreu pela Argentina ao Oscar
2014 de Melhor Filme Estrangeiro. Sem dúvida, mais um gol de placa do cinema
argentino.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
A
história já é interessante por si só. Fica ainda mais saborosa depois que
sabemos que é baseada em fatos reais. Some-se um roteiro bem elaborado, com
bastante ação, humor e suspense, além de um elenco afiado, e aí temos um filme
digno de ser recomendado como um ótimo entretenimento. Trata-se de “Roubo
à Máfia” (“Rob the Mob”), 2013, dirigido
por Raymond de Felitta. Tudo acontece bem no início dos anos 90, quando Tommy
(Michael Pitt) e Rosie (Nina Arianda) saem da prisão após cumprir pena por
roubar uma floricultura. Eles saem dispostos a mudar de vida e até arrumam
emprego numa agência cobradora de dívidas. Um dia, porém, Tommy decide assistir
ao julgamento de um famoso assassino ligado à Máfia de Nova Iorque. Em seu
depoimento, o réu “entrega” o endereço de alguns clubes ilegais onde a jogatina
corre solta. Tommy vai a um deles e vê que há muito dinheiro nas mesas. Ele
convence Rosie a roubar o clube. Em seguida, rouba mais dois. A Imprensa
noticia os fatos e já chama o casal de Bonnie e Clyde. No último roubo, Tommy descobre um papel com a descrição de toda a estrutura da organização criminosa,
incluindo o chefão Big Al (Andy Garcia), e passa a chantagear os mafiosos. O
organograma chega às mãos da polícia e um grande número de chefões é preso. Mas
a Máfia é a Máfia, e a vingança será maligna.
terça-feira, 29 de julho de 2014
“O amor é um Crime Perfeito” (“L’Amour est un Crime Parfait”), produção francesa de 2013, é um
policial, com algumas doses de suspense, baseado no romance de Phillipe Djian. É
dirigido pelos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu. A história é centrada no
professor universitário Marc (Mathieu Amalric), que adora levar para a cama
algumas de suas alunas. Até que uma delas, Bárbara (Marion Duval), depois de
passar a noite com o professor, desaparece misteriosamente. Sua madrasta, Anna
(Maïwenn), procura Marc para saber notícias e acaba desabafando sobre a sua
condição solitária, já que o marido, um oficial do exército, está em missão no
Mali. Caso à vista, com certeza. Enquanto isso, Marc é assediado sexualmente de
forma agressiva por sua aluna Marianne (Sara Forestier), que, para seu azar, é
filha de um importante mafioso. Marc tem uma relação muito estranha e de
cumplicidade com a irmã Marienne (Karen Viard), com quem mora numa casa isolada
na montanha. Marc costuma ter acessos de sonambulismo e delírios que o fazem
esquecer de seus atos. Tudo para confundir espectador e levá-lo a desconfiar do
professor. Apesar de ser um filme policial, não espere tiros, violência explícita e muito menos
pancadaria. O suspense também não é de fazer você apertar os braços da
poltrona.
“O 30º Dia” (“Waking
Madison”), 2010, dirigido por Katherine Brooks, é um drama norte-americano com
pretensão de suspense, mas só ficou na pretensão. A história acompanha o
trabalho da médica psiquiatra Elizabeth Burns (Elizabeth Shue) numa clínica
especializada em tratar de jovens com transtornos mentais. O foco principal da
médica é Madison Walker (Sarah Roemer), que sofre de Transtorno Dissociativo de
Identidade (tem várias personalidades) e forte tendência ao suicídio. Aliás, todas as
pacientes da Dra. Burns, incluindo Madison, já tentaram o suicídio em várias
ocasiões. O histórico de Madison inclui ainda a iniciativa de ter se trancado
em seu apartamento para tentar descobrir as respostas que tanto a afligem. Ela
grava um depoimento numa câmera de vídeo dizendo que, ao final do 30º dia,
cometerá suicídio se não encontrar as respostas. Aqui, não é explicado se isso
aconteceu antes ou depois da internação. Próximo ao seu final, o filme dá algumas
reviravoltas para confundir ainda mais a cabeça do espectador. Você vai achar
que tudo que assistiu não passou de ilusão, que os personagens não são reais,
que são fruto da imaginação da médica ou de Madison. A confusão se estende até
o final. Você vai achar que você é que está louco(a). Completam o elenco Imogen
Poots, Taryn Manning e Erin Kelly.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Tudo
funciona às mil maravilhas na comédia francesa “Grandes
Garotos” (“Les Gamins”), 2013, dirigida
por Anthony Marciano. A história em si, o roteiro, o elenco, as piadas, a
trilha sonora, enfim, um entretenimento garantido para quem quiser se divertir
em frente à telinha. Começa o filme com o músico amador Thomas (Max Boublil) conhecendo
a jovem executiva Lola (Melanie Bernier). Os dois começam a namorar e logo pensam
em casar. Lola marca um almoço com os pais Gilbert (Alain Chabat) e Suzanne
(Sandrine Kiberlain) para apresentar o noivo. Só que Gilbert está num péssimo
momento: acabou de vender a empresa e passa os dias em frente à TV, num marasmo
total. Quando Gilbert e Thomas ficam a sós, a impressão é que a conversa vai
acabar mal. Pelo contrário, os dois vão se dar superbem - aliás, a química entre os dois atores é um dos trunfos do filme. Gilbert confessa que
está cansado do casamento de 30 anos e diz que sente falta das coisas que fazia
quando jovem. Thomas decide, então, colocar ação na vida do futuro sogro e os
dois saem por aí aprontando, indo junto até mesmo a baladas. É claro que os
dois vão se meter em grandes confusões, para desespero de Lola e de Suzanne. Uma
das cenas mais hilariantes acontece próximo ao final do filme, quando Thomas
vai a um congresso internacional onde Lola é a representante da França. Thomas
pega o microfone da tradução instantânea justamente na hora em que um raivoso representante
do Irã começa um inflamado discurso. É de rolar de rir. Diversão garantida!
“Paixão Inocente” (“Breathe
In”), 2012, direção de Drake Doremus, é um drama norte-americano independente
que estreou no Festival de Sundance de 2013. A família Reynolds – Keith (Guy
Pearce), a esposa Megan (Amy Ryan) e a filha Lauren (Mackenzie Davis) – mora numa
ampla e confortável casa num subúrbio de Nova Iorque num clima de aparente felicidade. Com a chegada de Sophie
(Felicity Jones), uma jovem inglesa de 18 anos que veio, por meio de intercâmbio,
passar uma temporada na casa dos Reynolds para estudar música, essa felicidade estará correndo um tremendo risco. Ocorre que realmente os
Reynolds não são tão felizes, principalmente o casal. É possível perceber isso durante
as refeições da família, em pequenos detalhes como a troca de olhares, as
expressões e os gestos. Mérito do diretor Doremus. Num misto de pena, admiração
e atração, Sophie vai se aproximando cada vez mais de Keith, que não vai fugir
da raia. A partir daí, o clima do filme, que já era tenso, vai aumentar ainda
mais, chegando a beirar o suspense. Afinal, a cada minuto Keith e Sophie correm
o risco de serem flagrados pela mãe ou pela filha. O filme é bom, valorizado
ainda mais pelo excelente trabalho dos atores principais.
“Os Belos Dias”
(“Les Beaux Jours”), 2013, é um belo drama francês dirigido por Marion Vernoux.
O enredo é baseado no livro “Une Jeune Fille aux Cheveux Blancs”, de Fanny Chesnel.
A história gira em torno de Caroline (Fanny Ardant), casada com Philippe
(Patrick Chesnais). Aos 60 anos (na verdade, Ardant tem 65), Caroline acaba de
se aposentar e vive uma fase de depressão por causa da morte de sua melhor
amiga, há seis meses. Para fugir da solidão e do ócio, ela vai conhecer um
clube para a terceira idade chamado “Os Belos Dias” (lembra o nosso infeliz
termo “Melhor Idade”), que oferece várias atividades, entre os quais aulas de
teatro, artes plásticas, informática etc. Depois de passar por uma aula de
teatro, a qual detestou, Caroline ingressa no curso de informática e conhece o
professor Julien (Laurent Lafitte). Apesar da grande diferença de idade (Julien
tem trinta e poucos), os dois começam a sair juntos e logo estarão na cama. No
início relutante, Caroline resolve se entregar de corpo e alma a essa paixão,
perde a timidez e se transforma numa amante ousada e fogosa. Ela tem consciência,
porém, que aqueles “belos dias” acabarão, em função, principalmente, da
juventude do amante. Ela aceitará esse final numa boa? Será que o marido
descobrirá sua traição? O desfecho responderá a essas perguntas. O filme deixa bem claro que a idade não é obstáculo para uma paixão ardente, daquelas de se pegar no elevador, no corredor etc. Apesar da
idade, Fanny Ardant continua esbanjando charme, beleza e classe, além de competência. Ainda é a grande musa do cinema francês.
domingo, 27 de julho de 2014
“O Enigma Chinês”
(“Casse-Tête Chinois”), de 2013, é um filme francês, dirigido por Cédric
Klapisch, que mistura comédia, romance e algumas situações dramáticas. O
escritor Xavier Rousseau (Romain Duris) é abandonado pela esposa Wendy (Kelly
Reilly), que sai de Paris e vai morar com os dois filhos e o novo namorado em Nova
Iorque. Xavier sente falta dos filhos e vai atrás deles. Em NY, ele acaba
morando de favor com a amiga Isabelle (Cécile de France), lésbica que vive com
a companheira Ju (Sandrine Holt). Isabelle espera um filho concebido por
inseminação artificial com “material” doado pelo próprio Xavier. Para se sustentar,
Xavier vai trabalhar de barman e entregador de encomendas. Ele ainda vai
receber a visita de Martine (Andrey Tauton), uma antiga namorada de Paris, com
seus dois filhos. Não bastasse toda essa situação complicada, Xavier ainda sofre perseguição constante do
pessoal da Imigração, o que vai dar margem a muitas confusões. O desfecho
repete o grande clichê das comédias românticas: protagonista sai correndo para
impedir que o seu amor embarque numa viagem. O filme é uma espécie de
continuação do filme “Albergue Espanhol”, de 2002, do mesmo diretor e com os
mesmos atores. Dentro do gênero, é uma produção acima da média. O que não dá
para entender é um ator tão feio, tão sem graça e sem nenhum charme como Romain Duris (de "A Datilógrafa") fazer o
papel de galã, cercado por tanta mulher bonita.
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