sexta-feira, 11 de março de 2016

O drama independente “THE GIRL IN THE BOOK”, 2015, EUA, escrito e dirigido por Marya Cohn, conta a história de Alice (Emily VanCamp), uma assistente editorial que há muito tempo é aspirante a escritora. Aos 29 anos, não tem um par fixo. Quando sai à noite, sempre acaba com um cara diferente na cama. Até que um dia aparece na sua editora o escritor Milan Daneker (o ator sueco Michael Nyqvist, da série original “Millennium”). Ao rever Milan, Alice passa a relembrar alguns fatos do passado, quando era apenas uma adolescente (papel de Ana Mulvoy-Ten). Alice relembra, por exemplo, como seu pai (Michael Cristofer), um renomado e prepotente agente literário, não media consequências para conseguir representar um escritor, no caso, Milan, o que incluía praticamente “oferecer” a filha ao escritor. Aliás, a atriz inglesa Ana Mulvoy-Ten, como a “Lolita” do filme, certamente faria inveja à original de Nabokov. Uma graça (embora na vida real tenha 23 anos de idade). O filme até que se desenvolve bem, mesmo alternando muitos flashbacks, e seu principal mérito é revelar a sujeira que rola nos bastidores do mundo editorial de livros.

quarta-feira, 9 de março de 2016

A comédia política “ESPECIALISTA EM CRISE” (“Our Brand is Crisis”), EUA, 2015, direção de David Gordon Green, deixa bem claro que nem sempre o vilão da história é o candidato, e sim seu consultor político, ou, como chamam no Brasil, “marqueteiro” – João Santana e Duda Mendonça são exemplos. Esses profissionais, muitas vezes, são os responsáveis pela criação de acusações falsas contra adversários e promessas mentirosas de campanha. No filme, a consultora política é Jane Bodine (Sandra Bullock), que decidira se aposentar após quatro derrotas seguidas de seus candidatos. Apelidada de “Jane Calamidade”, ela volta ao cenário para tentar eleger um candidato à presidência da Bolívia, o senador Pedro Castillo (o ator português Joaquim de Almeida), último nas pesquisas a apenas dois meses das eleições. No país sul-americano, Bodine cruza com um antigo inimigo de profissão, o consultor Pat Candy (Billy Bob Thornton), responsável pela consultoria política ao candidato líder das pesquisas. A briga promete ser boa. Apesar da presença de Bullock e de Thornton (dois bons atores), o filme é muito fraco e contém cenas constrangedoras e dispensáveis, como aquelas em que a marqueteira sai à noite para beber e dançar com três jovens bolivianos da periferia. Cenas descartáveis como o próprio filme. Só para ilustrar, George Clooney é um produtores do filme, assim como Bullock. 

terça-feira, 8 de março de 2016

“STRATOS” (“MIKRO PSARI”), Grécia, 2013, é um drama policial pesado, sinistro, esquisito e, principalmente, muito desagradável de assistir. Segundo o diretor Yannis Economides, trata-se de “um filme noir mediterrâneo”. De qualquer forma, o filme é bastante interessante pela maneira como foi concebido. Stratos (Vangelis Mourikis) é um ex-presidiário que trabalha como assassino de aluguel para pagar uma dívida a um chefão do crime organizado, Leônidas (Alekos Pangalos), que o salvou da morte na cadeia. Para pagar a tal dívida, Stratos se associa a Yorgos (Yannis Tsortekis), irmão de Leônidas, para criar e executar um plano de fuga, o que inclui a construção de um túnel subterrâneo. Com o objetivo de conseguir dinheiro para financiar o plano, Stratos vira um assassino de aluguel e, de madrugada, trabalha na confecção de massas numa padaria. Enredo meio estranho, não? É sim, e o personagem Stratos é mais estranho ainda. Quase não fala, tem o olhar vazio e frio, não esboça reação a nenhum tipo de provocação. Parece um autômato. Na hora de matar, porém, age com muita competência e uma frieza polar. Nesse ponto, cabe destacar a ótima interpretação do ator Vangelis Mourikis. O desfecho apresenta uma reviravolta surpreendente. O filme não é para iniciantes, ou seja, é difícil de aturar, ainda mais pelos seus longos 137 minutos de duração. Na sua sessão de estreia, durante a competição oficial do Festival de Berlim/2014, muita gente abandonou a plateia na metade do filme. Concordo que o filme não é muito fácil de digerir, mas tem muitos méritos, como a história em si, o roteiro bem estruturado, um ótimo elenco e uma incrível fotografia.