sábado, 24 de setembro de 2022

 

“LINHAS INIMIGAS” (“ENEMY LINES”), 2021, Inglaterra, 1h33m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção de Anders Banke, seguindo roteiro assinado por Michael Wright e Tom George. Mais uma das histórias ambientadas durante a Segunda Grande Guerra e baseada em fatos reais. Estamos em novembro de 1943. Um grupo de quatro soldados britânicos de elite, comandados por um oficial do exército norte-americano, é recrutado para uma missão secreta e muito perigosa: resgatar um famoso cientista de foguetes mantido em poder dos alemães. Ele está prisioneiro em um laboratório improvisado no interior da Polônia trabalhando em um projeto de uma arma poderosa para o exército nazista. O grupo chega à Polônia de barco e, para transpor a linha inimiga, precisa do apoio de membros da resistência polonesa. Para dificultar ainda mais a missão, o frio é de lascar e a neve predomina nos cenários. As cenas de ação até que são boas, o roteiro é bem elaborado, mas o elenco, constituído de ilustres desconhecidos, decepciona. Você logo percebe que os atores são bem fraquinhos. O único ator mais conhecido é o inglês John Hannah, que interpreta o coronel Preston, o idealizador da missão. Ainda com relação ao elenco, há atores ingleses, norte-americanos, alemães, poloneses e russos, uma verdade ONU cinematográfica. Cito alguns, além de John Hannah: Ed Westwick, Ekaterina Vladimirova, Pawel Delag, Corey Johnson, Tom Wistom, Andrey Karako e Jean-Marc Birkholz. Vale assistir pela história, que nos apresenta mais um episódio da Segunda Grande Guerra pouco conhecido por aqui. Recomendo.     

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

 

“GAROTOS DE BEM” (“LA SCUOLA CATTOLICA”), 2021, Itália, lançamento recente da Netflix, 1h46m, direção de Stefano Mordini, seguindo roteiro de Massimo Gaudioso e Luca Infascelli. A história é verídica, baseada no livro que leva o título original escrito por Edoardo Albinati. Trata-se de um drama pesado que relembra um crime bárbaro ocorrido em 1975 e que chocou a Itália. Três jovens estudantes de um tradicional colégio católico de Roma sequestraram, estupraram e espancaram duas meninas. Uma delas morreu. Os fatos que antecederam o crime são contados em ordem cronológica, culminando com as cenas brutais, filmadas com um realismo que certamente incomodará os espectadores com estômago mais sensível. Além da violência, muitas cenas de sexo e nus frontais, o que levou o filme a ser censurado em algumas cidades italianas. “Garotos de Bem” apresenta os assassinos como fruto de famílias disfuncionais pertencentes a uma sociedade decadente que sofre a ausência de valores morais, o que surpreende em se tratando de um país tradicionalmente católico e conservador. Um cúmulo jurídico: época, o estupro não era considerado crime na Itália. Segundo um psiquiatra que comentou o ocorrido, os três assassinos sofriam de algum tipo de transtorno mental, sadismo e masoquismo. No fundo, no fundo, psicopatas da pior espécie. Angelo Izzo (Luca Vergoni), Gianni Guido (Francesco Cavallo) e Andrea Ghira (Giulio Pranno), jovens pertencentes a famílias abastadas, levaram Donatella (Benedetta Porcaroli) e Rosaria (Federica Torchetti) para conhecer uma casa de praia na cidade litorânea de San Felice Circeo, a 150 km de Roma. É aqui que aconteceria o crime, que ficou famoso com o nome de “O Massacre de Circeo”. A história é narrada pelo próprio autor do livro, que também foi aluno do colégio católico e amigo de todos os envolvidos na história. Também estão no elenco Riccardo Scamarcio, Jasmine Trinca, Valeria Golino, Valentina Cervi (esposa do diretor), Marco Sincini, Sofia Iacuitto, Corrado Invernizzi, Beatrice Spata, Giulio Tropea, Alessandro Cantalini, Giulio Fochetti e Guido Quaglione. Resumindo: os três assassinos foram presos e condenados à prisão perpétua. Andrea morreu em 1994, quando fugia da prisão; Angelo foi solto em 2005 por bom comportamento, mas voltou à prisão depois de cometer mais dois assassinatos; Gianni saiu livre em 2009 e Donatella morreu em 2005 aos 47 anos, de câncer de mama. O filme é excelente, o elenco ótimo e o roteiro primoroso, além de uma caprichada reconstituição de época. Mas, repito, é perturbador, chocante. Para se ter uma ideia, os próprios atores tiveram dificuldades emocionais para gravar determinadas  cenas. Ótimo lançamento da Netflix. Imperdível!   

 

                            

domingo, 18 de setembro de 2022

 



“TRAVELIN’ BAND: CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL AT ROYAL ALBERT HALL”, Estados Unidos, documentário de 1h26m recém-chegado à Netflix, direção de Bob Smeaton e narração do ator Jeff Bridges. Com imagens inéditas, o documentário mostra a história da banda de rock “Creedence Clearwater Revival” desde o seu início, em 1959, com o nome “The Blue Velvets”, a origem humilde e a ascensão meteórica que culminou com a turnê europeia em 1970, com destaque ao show no Royal Albert Hall, em Londres, reproduzido aqui em sua íntegra. A banda californiana se consagrou em 1969, quando participou de diversos festivais nos Estados Unidos, incluindo Woodstock, e teve várias músicas nos primeiros lugares das paradas de sucesso, tais como “Suzie K”, “I Put A Spell On You”, “Proud Mary”, “Bad Moon Rising” e “Green River”, entre tantas outras. Seus discos venderam milhões no mundo inteiro e a Revista Rolling Stone chegou a afirmar que a “Creedence” era a melhor banda norte-americana de rock e, para alguns especialistas e fãs, como eu, a segundo melhor banda depois dos The Beatles. Em 1970, o seu quinto álbum, “Cosmo’s Factory”, liderou as vendas no mundo inteiro. A banda foi um grande sucesso até 1972, ano que marcou o seu fim. Sem dúvida, o show no Royal Albert Hall é a cereja no bolo do documentário, um sucesso que marcou época para os fãs que lotaram a casa de espetáculos mais importante da Inglaterra e que, no final, aplaudiram a banda de pé durante mais de 15 minutos. Quem não conheceu ou nunca ouviu o Creedence tem neste documentário a oportunidade de assistir ao vivo o desempenho incrível de John Fogerty (guitarra, vocal e compositor da maioria das músicas), seu irmão Tom Fogerty (guitarra), Stu Cook (baixo) e Doug Clifford (bateria).  Imperdível para os fãs do rock dos anos 60/70.     

 

“FÁTIMA: A HISTÓRIA DE UM MILAGRE” (“FATIMA”), 2020, em cartaz na plataforma Amazon Prime Video, 1h58m, coprodução Portugal/Itália/Estados Unidos, direção do cineasta italiano Marco Pontecorvo, que também, assina o roteiro com Valerio D’Annunzio e Barbara Nicolosi. O filme conta a história de um fato de grande relevância para os católicos: as aparições da Virgem Maria para três pastores na cidade de Fátima, em Portugal, entre maio e outubro de 1917. Lúcia, de 10 anos, Francisco, de 8 anos, e Jacinta, de 7 anos, afirmam ter visto e conversado com a Virgem Maria. Esse fato é relembrado no filme durante as conversas entre a hoje Irmã Lúcia (Sonia Braga) e Nichols (Harvey Keitel), professor de teologia que pretende escrever um livro sobre o ocorrido. Além das aparições, o filme destaca as pressões psicológicas que as crianças sofreram depois de terem anunciado as aparições. Autoridades do governo português, assim como padres e bispos, tentaram desmentir as crianças, mas o povo crente acreditou no milagre, transformando Fátima, até hoje, em um dos principais lugares de peregrinação. Anos depois, a Igreja Católica validou a visão dos pastores. As filmagens aconteceram na aldeia de Cidadelhe, em Fátima, Coimbra e na Tamada de Mafra, reunindo em algumas cenas centenas de figurantes. Outro destaque do filme diz respeito às mensagens da Virgem Maria para as crianças, entre as quais “Rezem pelo fim da guerra. O mundo precisa de paz” – lembro que nessa época estava acontecendo a Primeira Guerra Mundial, envolvendo vários países, inclusive Portugal. Além de Sonia Braga e Harvey Keitel, estão no elenco Stephanie Gil (Lúcia criança), Alejandra Howard (Jacinta), Jorge Lamelas (Francisco), Joana Ribeiro (Virgem Maria), Joaquim de Almeida (padre Ferreira), Goran Visnjic (Arturo, prefeito de Fátima), Marco D’Almeida (Antonio, pai de Lúcia) e Lúcia Moniz (Maria Rosa, mãe de Lúcia). Lembro que o diretor italiano Marco Pontecorvo é filho do também cineasta Gillo Montecorvo (1919-2006), responsável por clássicos como “A Batalha de Argel” (1966) e “Queimada!” (1969), entre tantos outros. Resumo da ópera: “Fatima” é um filme tocante e emocionante, com ótimo elenco e uma primorosa reconstituição de época. Na minha opinião, só tem um defeito (ou um pecado): a escalação de Sonia Braga para o papel de Irmã Lúcia, que ficaria melhor com uma atriz mais velha.