quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Imagine ficar perdido numa floresta, no mar, no deserto ou simplesmente numa grande cidade. A sensação é horrível, de desesperar. Imagine então ficar perdido em Marte! É o que acontece com o astronauta Mark Watney (Matt Damon) no ótimo “PERDIDO EM MARTE” (“The Martian”), 2015, EUA. A história é baseada no livro homônimo de ficção científica escrito por Andy Weir. Mark foi praticamente abandonado em Marte pela equipe de astronautas da qual fazia parte depois de uma tempestade. Dado como morto, foi “enterrado” com honras militares nos EUA. Só que ele não morreu. Sozinho num planeta praticamente desconhecido, Mark teve que se virar para sobreviver. Com  seu conhecimento de botânica, criou uma plantação de batatas e inúmeros outros artifícios para se manter vivo até um possível resgate. E jamais perdeu o bom humor, tanto ao conversar consigo mesmo como falando com o pessoal da NASA. Numa de suas frases bem humoradas, ele diz: “Eu colonizei Marte. Chupa essa, Neil Armstrong”, referindo-se ao primeiro astronauta a pisar na Lua, em 1969. O elenco conta ainda com Jessica Chastain, Jeff Daniels, Kristen Wiig e Chiwetel Ejiofor. O filme é divertido e movimentado do começo ao fim e nem mesmo a utilização de inúmeros termos técnicos e científicos indecifráveis para nós, leigos e simples mortais, prejudica o resultado final. Como curiosidade:  o deserto de Wadi Rum, na Jordânia, foi utilizado como locação e cenário para reproduzir Marte. O diretor é o veterano Ridley Scott, dos clássicos “Alien, o Oitavo Passageiro”, “Blade Runner, o Caçador de Andróides”, “Falcão Negro em Perigo” e “Thelma & Louise”. Com sete indicações ao Oscar 2016, entre as quais Melhor Filme e Melhor Ator, “Perdido em Marte” é diversão garantida na telinha. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

“BOULEVARD”, 2014, EUA, direção de Dito Montiel, foi um dos últimos filmes de Robin Williams, falecido em agosto daquele ano. O ator norte-americano interpreta Nolan Mack, que trabalha num banco há 26 anos e mantém um casamento de conveniência com Joy (Kathy Baker), já que é homossexual e precisa manter as aparências para conseguir promoções no trabalho. À noite, Nolan sai pelas ruas à procura de garotos de programa e acaba se envolvendo com um deles, Leo (o ator mexicano Roberto Aguirre). Ao mesmo tempo em que vive o dilema de uma paixão proibida, Nolan recebe o convite para assumir a gerência de uma agência do banco, uma promoção e tanto. Só que o relacionamento com Leo se transforma numa paixão avassaladora, provocando grandes transformações no comportamento de Nolan, colocando em risco o seu casamento e até o próprio emprego no banco. Robin Williams defende o papel de Nolan com competência, mas quem se destaca é a veterana Kathy Baker. O filme carrega uma enorme carga dramática, é trista e melancólico, passa longe de um entretenimento agradável, mas trata de um tema bastante polêmico e que, por isso, merece ser visto.   

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

“MAGICAL GIRL”, Espanha, 2014, é o segundo filme escrito e dirigido por Carlos Vermut. Trata-se de um drama de mistério, meio noir, envolvendo uma mulher casada com problemas mentais, um professor desempregado com uma filha gravemente doente e um professor aposentado que acabara de sair da prisão. O filme começa com o desespero do professor desempregado Luís (Luís Bermejo) ao ver a filha Alícia (Lucía Pollán), de apenas 12 anos, definhando com o avanço de uma agressiva leucemia. Ao ler o diário da adolescente, Luís fica sabendo que o maior sonho de Alícia é ganhar um vestido utilizado pela principal personagem da série japonesa “Magical Girl Yukiko”. Para conseguir os 7 mil euros necessários para comprar o vestido, Luís passa a chantagear Bárbara (Bárbara Lennie), uma bela mulher casada que sofre de distúrbios mentais. Para arrumar dinheiro, Bárbara se submete a situações constrangedoras, incluindo a prostituição. As chantagens continuam até aparecer o professor aposentado Damián (José Sacristán), que se dispõe a ajudar Bárbara a se livrar do chantagista. O drama da adolescente doente passa, então, para segundo plano e o que rola daí em diante serve para o espectador aguardar com ansiedade o final do filme e ver o que vai acontecer. O filme ganhou os prêmios “Concha de Oro” e “Concha de Plata”, respectivamente de “Melhor Filme” e “Melhor Diretor”, do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián 2014. Também foi exibido em outras mostras e festivais pelo mundo afora, inclusive na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2015.   
Nunca fui muito fã dos filmes de Quentin Tarantino, embora tenha assistido a todos. Não que sejam ruins, mas são desagradáveis de ver pela violência explícita, personagens desprezíveis, humor negro sem muita graça e nenhum espaço para romances, momentos sensíveis ou comoventes. Meu índice de rejeição ao diretor americano aumentou consideravelmente depois de assistir ao seu mais recente “OS OITO ODIADOS” (“The Hateful Eight”), 2015. Trata-se de um faroeste cômico, com muita violência e sangue jorrando. É longo demais (167 minutos) e, em determinados momentos, chega a entediar. A história envolve uma série de personagens que buscam abrigo, fugindo de uma forte nevasca, num armazém nos cafundós do Oeste. O grupo reúne caçadores de recompensa, um general do exército, um futuro xerife e outros tipos esquisitos. Tudo gira em torno de dinheiro e de um eventual plano para resgatar uma assassina. Toda a ação é encenada dentro desse armazém, com muito blá-blá-blá, acusações e reviravoltas na história, culminando com uma tentativa de envenenamento coletivo e cenas de muita violência. Não faltam menções racistas contra o personagem de Samuel L. Jackson, o único negro da turma. Além de Jackson, estão no elenco Jennifer Jason Leigh, Kurt Russell, Demian Bichir, Tim Roth, Walton Goggins, Channing Tatum, Bruce Dern e Michael Madsen. O filme concorrerá ao Oscar 2016 em três categorias: Atriz Coadjuvante (Jennifer Jason Leigh), Trilha Sonora (Ennio Morricone) e Fotografia (Robert Richardson).