sexta-feira, 26 de agosto de 2016

“99 CASAS” (“99 Homes”), 2015, EUA, direção de Ramin Bahrani (“A Qualquer Preço”). A história, baseada em fatos reais, tem como personagem central o jovem Dennis Nash (Andrew Garfield), pai solteiro, desempregado, que passa por uma crise financeira e tem enormes dificuldades para sustentar, sozinho, a mãe (Laura Dern) e o filho. Como desgraça pouca é bobagem, ele ainda perde a casa por conta da hipoteca. Quem o despeja é o agente imobiliário Rick Carver (Michael Shannon), um empresário sem escrúpulos, ganancioso e mau-caráter. Sua frieza ao despejar as famílias é revoltante. Carver fez fortuna no ramo de penhoras, utilizando os meios mais sórdidos para comprar e revender as casas cujas famílias foram despejadas. Como não vê saída, Nash concorda em trabalhar para Carver fazendo o mesmo serviço sujo: comunicar e providenciar o despejo, inclusive com a utilização de violência. Nash torna-se o braço direito de Carver e começa a ganhar dinheiro. Trabalha tão bem que Carver promete que um dia devolverá sua casa. Aos poucos, porém, Nash começará a ter conflitos de consciência. Afinal, ele mesmo foi vítima do agente imobiliário para o qual trabalha. Como de costume, Michael Shannon toma conta da cena como o empresário inescrupuloso. O filme é forte, impactante. As cenas de despejo são realistas. Parece que foram feitas com famílias de verdade. Dá enorme tristeza ver o sofrimento dessa gente. Como informação adicional, o filme concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza.            

terça-feira, 23 de agosto de 2016

 
“DESAJUSTADOS” (“Fúsi”), 2015, coprodução Islândia/Dinamarca, roteiro e direção de Dagur Kári (“O Bom Coração”). Drama centrado no quarentão Fúsi (Gunnar Jónsson), solteiro convicto, ainda virgem, tímido e solitário. Enorme de gordo, é o tipo bonachão, que mora com a mãe dominadora. Sua única diversão consiste em brincar numa maquete onde reproduz batalhas da Segunda Guerra Mundial com miniaturas de soldados e tanques. Também gosta de ouvir bandas de heavy metal. Seu comportamento beira à apatia, principalmente quando aguenta quieto, sem reagir, as brincadeiras dos seus colegas de trabalho no aeroporto. Quando questionado pelo seu chefe se sofre bullying, ele nega. Mesmo acusado de pedofilia pelo pai de uma menina vizinha, Fúsi mantém seu jeito sereno e apático. Ele só começa a mudar depois de conhecer Fjóla (Margrét Helga Jóhannsdóttir) numa aula de dança country (mais brega, impossível), na qual é inscrito, a contragosto, pelo namorado da mãe. O título nacional contraria completamente o que os personagens representam. Tanto Fúsi e Fjóla são pessoas boas, apenas carentes, não justificando a denominação de “desajustados”. Quando Fjóla entra em depressão, é Fúsi quem vai cuidar dela. Impossível não se emocionar com a dedicação do grandalhão. Resumo da ópera, aliás, do filme: sensível e comovente.                    

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

“UMA REPÓRTER EM APUROS” (“WHISKEY TANGO FOXTROT”), 2016, EUA, direção de Glenn Ficarra e John Requa (“Golpe Duplo”). Apesar da presença da comediante Tina Fey no papel principal e do título nacional infeliz, que passa a ideia de uma comédia, o filme é muito sério. A história é baseada no livro “The Taliban Suffle: Strange Days in Afghanistan and Pakistan”, no qual a repórter norte-americana Kim Barker relata sua experiência como correspondente de guerra no período de 2004 a 2009 no Afeganistão e no Paquistão. No filme, a personagem passa a se chamar Kim Baker (Tina Fey). Os bastidores da cobertura jornalística nas zonas em conflito são mostrados de forma bastante realista, apresentando os correspondentes de guerra no seu cotidiano repleto de adrenalina, o esforço e os desafios constantes para conseguir um “furo”, os perigos enfrentados durante as reportagens e ainda as festas regadas a muito álcool e outras substâncias. Tina Fey está ótima, assim como seus coadjuvantes principais, Margot Robbie, Martin Freeman e Billy Bob Thornton. Faço um alerta: nos cartazes de divulgação e nos sites e blogs de cinema, o filme é tratado como comédia (é claro que quem escreveu não viu, só copiou a sinopse). Mas, repito, o filme é sério e muito bom, um dos melhores que já vi sobre o trabalho dos correspondentes de guerra. Imperdível!                            

domingo, 21 de agosto de 2016

“AVE, CÉSAR!” (“Hail, Caesar!”), 2015, EUA, direção e roteiro dos irmãos Ethan e Joel Coen. Trata-se de uma comédia tendo como pano de fundo a indústria cinematográfica. Ambientada nos anos 50, época de ouro de Hollywood, a história é centrada em Edward Mannix (Josh Brolin), principal assistente do estúdio Capitol Pictures. Mannix é uma espécie de relações-públicas, encarregado de zelar pela imagem dos seus principais artistas. Sua missão mais difícil será descobrir o paradeiro do astro Baird Whitlock (George Clooney), sequestrado em meio às filmagens do épico “Hail, Caesar!”. Além disso, é obrigado a escutar as reclamações de diretores e produtores com relação a atores e atrizes incompetentes, além de lidar com uma colunista de fofocas, representada em dose dupla por Tilda Swinton. A comédia é uma sátira inteligente sobre os bastidores nem sempre glamorosos de Hollywood. Ao mesmo tempo, os irmãos Coen fazem uma homenagem à época de ouro do cinema norte-americano (anos 40/50), evocando, inclusive, os musicais de Esther Williams (coreografias na piscina) e Gene Kelly. Aqui, cabe destacar o talento de cantor e dançarino do ator Channing Tatum. Dois outros grandes destaques do filme são os ótimos desempenhos de Josh Brolin e George Clooney, este perfeito como o ator cínico e canastrão sequestrado por uma organização chamada “Futuro”. Ainda estão no elenco Alden Ehrenreich, Scarlett Johansson, Frances McDormand, Christopher Lambert e Ralph Fiennes. Diversão garantida e da melhor qualidade!