quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

 

“BARDO, FALSA CRÔNICA DE ALGUMAS VERDADES” ("BARDO, FALSA CRÓNICA DE UNAS CUANTAS VERDADES”), 2022, México, 2h40m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção do cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu. Em 2000, quando dirigiu “Amores Perros”, o diretor mexicano chamou a atenção de Hollywood. Logo estava morando em Los Angeles, realizando filmes que foram devidamente reconhecidos com importantes premiações, como “Babel”, “Birdman”, “21 Gramas” e “O Regresso”, conquistando a simpatia da crítica especializada. Com “Bardo”, Iñárritu realiza uma viagem existencial de volta ao México, criando como personagem principal e seu alter ego o jornalista e documentarista Silverio Gacho (Daniel Giménez Cacho), que depois de 20 anos morando em Los Angeles, volta ao México para ser homenageado por um grande prêmio internacional que recebeu. Juntamente com a esposa e os dois filhos, Silverio terá a oportunidade de se reconciliar com o passado, revendo familiares, amigos e pessoas que o ajudaram na carreira de cineasta. Não espere uma narrativa linear. Muito pelo contrário, trata-se de uma viagem surreal dentro de um clima onírico, repleto de simbolismos e delírios estéticos. O visual é surpreendente e muito criativo, mas a ponto de deixar o espectador pouco à vontade com tantas cenas sem pé nem cabeça. Puro surrealismo, uma experiência metalinguística. Talvez uma demonstração de que o diretor mexicano se transformou em um cineasta egocêntrico e pretensioso. Apesar dos pesares, “Bardo” foi selecionado para representar o México na disputa do Oscar 2023 de Melhor Filme Internacional, com o aval, mais uma vez, da crítica especializada. Para mim, como simples cinéfilo amador, “Bardo” é apenas mais um filme interessante, mas difícil de digerir. Por aqui, foi visto durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2022.         

 

domingo, 18 de dezembro de 2022

 

“A QUEDA DO IMPÉRIO AMERICANO” (“LA CHUTE DE L’EMPIRE AMÉRICAIN”), 2018, Canadá, disponível na plataforma Netflix, direção e roteiro de Denys Arcand. Eu já conhecia a qualidade do cineasta franco-suíço depois de assistir “O Declínio do Império Americano”, de 1986, e o premiadíssimo “Invasões Bárbaras”, de 2003, entre outros. Arcand sempre fez cinema sério e de muita qualidade, discutindo os prós e contras do capitalismo. Ele repete a fórmula em “A Queda do Império Americano”, ao qual acrescenta temas como filosofia, modo de vida, romance e suspense policial, com pitadas de humor na dose certa. A história toda é centrada em Pierre (Alexandre Landry), um sujeito bonachão, tímido e ativista da causa dos moradores de rua, voluntário em um albergue. Para se sustentar, ele trabalha em uma empresa de entregas, embora seja PHD em Filosofia. Certo dia ele acaba presenciando um tiroteio e vê dois ladrões sendo mortos. Ao lado dos corpos, duas enormes sacolas cheias de dólares canadenses. Pierre resolve esconder as sacolas até a chegada da polícia, quando então se torna uma provável testemunha ou um possível suspeito. Ele consegue ludibriar os policiais e vai para casa com as sacolas. O que fazer com tanto dinheiro? Para contornar esse problema, Pierre contará com a ajuda de Camille (Maripier Morin), uma garota de programa pela qual se apaixona, e de Synvain Bigras (Remy Girald), um presidiário em condicional que cursa Administração de Empresas. Aí começa uma grande confusão, envolvendo até mesmo um grande investidor. A situação fica ainda pior quando se descobre que o dinheiro pertence a um poderoso mafioso de Montreal. O roteiro destaca diálogos primorosos. Como em seus filmes mais conhecidos, Denys Arcand faz questão de fazer uma crítica ao sistema capitalista e a importância que se dá ao dinheiro sem que haja uma preocupação com os menos favorecidos, no caso do filme, os moradores de rua de Montreal. Enfim, “A Queda do Império Americano” é um oásis diante da mediocridade geral, um filme inteligente e bem-humorado, indicado para os cinéfilos mais exigentes. Imperdível!