“BARDO, FALSA CRÔNICA DE
ALGUMAS VERDADES” ("BARDO, FALSA CRÓNICA DE UNAS CUANTAS VERDADES”), 2022,
México, 2h40m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção do cineasta mexicano
Alejandro González Iñárritu. Em 2000, quando dirigiu “Amores Perros”, o diretor
mexicano chamou a atenção de Hollywood. Logo estava morando em Los Angeles, realizando
filmes que foram devidamente reconhecidos com importantes premiações, como “Babel”,
“Birdman”, “21 Gramas” e “O Regresso”, conquistando a simpatia da crítica
especializada. Com “Bardo”, Iñárritu realiza uma viagem existencial de volta ao
México, criando como personagem principal e seu alter ego o jornalista e
documentarista Silverio Gacho (Daniel Giménez Cacho), que depois de 20 anos
morando em Los Angeles, volta ao México para ser homenageado por um grande
prêmio internacional que recebeu. Juntamente com a esposa e os dois filhos, Silverio
terá a oportunidade de se reconciliar com o passado, revendo familiares, amigos
e pessoas que o ajudaram na carreira de cineasta. Não espere uma narrativa
linear. Muito pelo contrário, trata-se de uma viagem surreal dentro de um clima
onírico, repleto de simbolismos e delírios estéticos. O visual é surpreendente
e muito criativo, mas a ponto de deixar o espectador pouco à vontade com tantas
cenas sem pé nem cabeça. Puro surrealismo, uma experiência metalinguística. Talvez
uma demonstração de que o diretor mexicano se transformou em um cineasta egocêntrico
e pretensioso. Apesar dos pesares, “Bardo” foi selecionado para representar o
México na disputa do Oscar 2023 de Melhor Filme Internacional, com o aval, mais
uma vez, da crítica especializada. Para mim, como simples cinéfilo amador, “Bardo”
é apenas mais um filme interessante, mas difícil de digerir. Por aqui, foi visto
durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2022.