“A QUEDA DO IMPÉRIO AMERICANO”
(“LA CHUTE DE L’EMPIRE AMÉRICAIN”), 2018, Canadá, disponível na plataforma Netflix, direção e roteiro de Denys Arcand. Eu já conhecia a qualidade do
cineasta franco-suíço depois de assistir “O Declínio do Império Americano”, de
1986, e o premiadíssimo “Invasões Bárbaras”, de 2003, entre outros. Arcand
sempre fez cinema sério e de muita qualidade, discutindo os prós e contras do
capitalismo. Ele repete a fórmula em “A Queda do Império Americano”, ao qual
acrescenta temas como filosofia, modo de vida, romance e suspense policial,
com pitadas de humor na dose certa. A história toda é centrada em Pierre
(Alexandre Landry), um sujeito bonachão, tímido e ativista da causa dos moradores
de rua, voluntário em um albergue. Para se sustentar, ele trabalha em uma
empresa de entregas, embora seja PHD em Filosofia. Certo dia ele acaba presenciando
um tiroteio e vê dois ladrões sendo mortos. Ao lado dos corpos, duas enormes
sacolas cheias de dólares canadenses. Pierre resolve esconder as sacolas até a
chegada da polícia, quando então se torna uma provável testemunha ou um
possível suspeito. Ele consegue ludibriar os policiais e vai para casa com as sacolas.
O que fazer com tanto dinheiro? Para contornar esse problema, Pierre contará
com a ajuda de Camille (Maripier Morin), uma garota de programa pela qual se
apaixona, e de Synvain Bigras (Remy Girald), um presidiário em condicional que
cursa Administração de Empresas. Aí começa uma grande confusão, envolvendo até
mesmo um grande investidor. A situação fica ainda pior quando se descobre que o
dinheiro pertence a um poderoso mafioso de Montreal. O roteiro destaca diálogos
primorosos. Como em seus filmes mais conhecidos, Denys Arcand faz questão de
fazer uma crítica ao sistema capitalista e a importância que se dá ao dinheiro
sem que haja uma preocupação com os menos favorecidos, no caso do filme, os
moradores de rua de Montreal. Enfim, “A Queda do Império Americano” é um oásis
diante da mediocridade geral, um filme inteligente e bem-humorado, indicado
para os cinéfilos mais exigentes. Imperdível!
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