AVA, 2020, Estados Unidos,
1h37m, disponível na Netflix, direção de Tate Taylor, seguindo roteiro de
Mathew Newton. O filme coloca como personagem central uma das atrizes que mais
admiro atualmente: Jessica Chastain (ela já trabalhou com o diretor Tayloe em “Histórias
Cruzadas”). Além de muito competente, ela é bonita, charmosa e sensual, sem
contar a excelente forma física, o que é essencial para as cenas de luta. Jessica
é Ava Faulkner, uma assassina profissional contratada por uma organização
secreta chefiada por Duke (John Malkovich). Ex-soldada do exército
norte-americano, especialista em armas e artes marciais, Ava recebe as missões
mais importantes e arriscadas, e sempre se sai bem. Na maioria das vezes,
recorre à sua beleza e sex appeal – o que Jessica tem de sobra – para
atrair suas vítimas, às quais sempre pergunta “O que você fez para me mandarem
matá-lo?” antes de dar o tiro de misericórdia. As vítimas são, em geral, políticos,
empresários e mafiosos de vários países. Uma missão, porém, dá errado, e
Jessica acaba virando alvo de um de seus colegas também matador de aluguel,
Simon (Colin Farrel), que já estava enciumado com o sucesso da colega. No roteiro,
incluíram uma subtrama envolvendo a família de Jessica, que mora em Boston.
Depois de 8 anos, ela volta a encontrar a irmã Judy (Jess Weixler), sua mãe
Bobbi (Geena Davis) e o antigo namorado Michael (Lonnie Rashid Lynn Jr.), que
atualmente namora com Judy. As rusgas do passado retornam e Jessica terá que se
desdobrar para voltar a ser aceita na família, que não sabe sobre suas
verdadeiras atividades profissionais. Embora a história seja um tanto mirabolante,
fruto de um roteiro repleto de sequências sem a menor credibilidade, “Ava” pode
agradar aos fãs de filmes de ação no que se refere a lutas e tiros, mas o resultado
final, como cinema, decepciona. Pelo menos tem Jessica Chastain.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
MOSUL, 2019, Estados Unidos,
1h41m, disponível na Netflix, roteiro e direção de Matthew Michael Carnahan. Antes
de iniciar o comentário propriamente dito, faço uma pequena introdução para explicar os fatos históricos que resultaram no filme. Mosul era a terceira maior
cidade do Iraque até ser invadida e tomada pelo Estado Islâmico em junho de
2014. Os guerrilheiros do EI assassinaram civis, estupraram mulheres e
assumiram o governo da cidade, elegendo-a sua capital em solo iraquiano. Durante
dois anos, o governo iraquiano tentou expulsar os terroristas, resultando numa verdadeira guerra civil, durante a qual morreu muita gente e Mosul ficou
praticamente destruída. Em outubro de 2016, o governo do Iraque, com o apoio de
soldados curdos e de uma coalização internacional, lançou uma grande ofensiva na
cidade, finalmente expulsando o exército do EI. O filme começa justamente nesse
momento. A história é centrada num esquadrão paramilitar intitulado “Swat de Nínive”
(antigo nome de Mosul), formado por cerca de dez soldados. Eles estão em Mosul
para uma missão especial, que só será revelada ao espectador no desfecho. O
grupo, comandado pelo Major Jasem (Suhail Dabbach), entra na cidade e ainda se
defronta com alguns retardatários do EI, resultando em ferozes combates. O
filme tem muita ação, suspense, tiros e muita violência. Mas tudo bem encenado
e realista. Tanto que alguns moradores sobreviventes viram o filme e afirmaram
que tudo aconteceu exatamente como é mostrado. Realmente, o filme é muito bom.
Embora tenha sido produzido pelos Estados Unidos, “Mosul” é totalmente falado
em árabe e somente com atores iraquianos. O filme marca a estreia de Matthew
Michael Carnahan como diretor. Para escrever o roteiro, ele se
baseou nos fatos descritos na reportagem “The Desperate Battle to Destroy ISIS”
(“A Batalha Desesperadora para Destruir o Estado Islâmico”), do jornalista Luke
Mogelson, publicada na Revista New Yorker.
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
ESTRANHA
PRESENÇA (THE LITTLE STRANGER), 2018, Irlanda, 1h51m, à disposição na plataforma Netflix, roteiro e direção de
Lenny Abrahamson (“O Quarto de Jack”). Trata-se de um suspense sobrenatural
baseado no romance "The Little Stranger", de Sarah Wathers, lançado em 2009. A
história é ambientada em 1948 e começa quando o Dr. Faraday (Domhnall Glesson) é
chamado para atender um paciente na mansão Hundreds Hall, localizada na zona
rural do condado de Warwickshire, região central da Inglaterra. O paciente é
Roderick Ayres (Will Poulter), um ex-soldado que voltou da Guerra, a Segunda,
com graves sequelas físicas e mentais. Chegando ao casarão, o médico conhece Madame
Ayres (Charlotte Rampling), a atual matriarca da família, e sua filha Caroline (Ruth
Wilson). Dr. Faraday passa a frequentar a casa e acaba se apaixonando por
Caroline. Só que, como descobrirá mais tarde, a mansão esconde um terrível
segredo que só virá à tona no desfecho da história. Na verdade, podemos dividir
o filme em duas partes. Até a metade, nada acontece, só enrolação. A segunda
metade reserva alguma ação na base do fantasmagórico, com alguns sustos. Mas é
só. Nem mesmo o desfecho, que poderia ser surpreendente, não passa de um final
infeliz e mal explicado. E tem mais: a história é contada num ritmo bastante
lento, beirando o enfadonho. Para piorar, o personagem principal, Dr. Faradey,
passa o tempo todo com uma expressão catatônica e sonambólica que chega a dar raiva. Sua
passividade atinge o auge quando nega fogo com a carente e fogosa Caroline. Nem mesmo as ótimas
atrizes Ruth Wilson e Charlotte Rampling escapam da mediocridade reinante.
Resumo da ópera: “Estranha Presença” é decepcionante.
domingo, 29 de novembro de 2020
ERA
UMA VEZ UM SONHO (HILLBILLY ELEGY), 2020, Estados Unidos, 1h56m, roteiro de
Vanessa Taylor e direção de Ron Howard. Trata-se de um drama familiar adaptado
do livro “Hillbilly Elegy: A Memoir of a Family and Culture in Crisis”, escrito
por J. D. Vance (James David Vance), grande sucesso de vendas em 2016 e 2017
nos Estados Unidos. A história é baseada em fatos reais e envolve as memórias
de J. D. Vance em relação à sua complicada família interiorana. Ainda garoto
(Owen Asztatos), terá de conviver com o comportamento da mãe, solteira, Bev
(Amy Adams), viciada em drogas e ex-enfermeira desempregada. O garoto tenta
enfrentar a situação ao lado da irmã Lindsay (Haley Bennett) e da avó Mawmaw
(Glenn Close). Em meio às overdoses da mãe, J. D. Vance vai crescendo com o
sonho de encontrar um caminho próprio para se livrar da mãe viciada. Ele vira
um rapagão, agora interpretado por Gabriel Basso, e ingressa no curso de
Direito da prestigiosa Universidade de Yale. Em meio a entrevistas de emprego, J.
D. terá ainda que voltar a conviver com os problemas da mãe, que voltou a se
drogar, desta vez na base de altas doses de heroína. Enfim, um drama familiar bastante
tenso, que apresenta todas as condições de concorrer em várias categorias ao
Oscar 2021. A começar pelo ótimo elenco, cujo destaque maior fica para o
desempenho das atrizes Amy Adams e Glenn Glose. Elas estão magníficas e
certamente estarão entre as favoritas aos prêmios de Melhor Atriz e Atriz
Coadjuvante, respectivamente. Outro trunfo para indicações ao Oscar é a assinatura do veterano diretor Ron Howard, cineasta consagrado de filmes como “O Código da Vinci”, “Frost/Nixon”,
“Apollo 13” e “Uma Mente Brilhante”, este último premiado com o Oscar de Melhor
Filme e Melhor Diretor em 2002. Para culminar, o roteiro foi escrito por uma
das mais talentosas roteiristas de Hollywood, Vanessa Taylor, conhecida por
filmes como “Divergente” e o premiadíssimo “A Forma da Água”. A crítica
especializada não gostou de “Era uma Vez um Sonho”, embora tenha elogiado o
trabalho das duas atrizes. Para mim, o resultado final agradou e, por isso,
recomendo. Como informação final, o filme está à disposição na plataforma Netflix.