sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

AVA, 2020, Estados Unidos, 1h37m, disponível na Netflix, direção de Tate Taylor, seguindo roteiro de Mathew Newton. O filme coloca como personagem central uma das atrizes que mais admiro atualmente: Jessica Chastain (ela já trabalhou com o diretor Tayloe em “Histórias Cruzadas”). Além de muito competente, ela é bonita, charmosa e sensual, sem contar a excelente forma física, o que é essencial para as cenas de luta. Jessica é Ava Faulkner, uma assassina profissional contratada por uma organização secreta chefiada por Duke (John Malkovich). Ex-soldada do exército norte-americano, especialista em armas e artes marciais, Ava recebe as missões mais importantes e arriscadas, e sempre se sai bem. Na maioria das vezes, recorre à sua beleza e sex appeal – o que Jessica tem de sobra – para atrair suas vítimas, às quais sempre pergunta “O que você fez para me mandarem matá-lo?” antes de dar o tiro de misericórdia. As vítimas são, em geral, políticos, empresários e mafiosos de vários países. Uma missão, porém, dá errado, e Jessica acaba virando alvo de um de seus colegas também matador de aluguel, Simon (Colin Farrel), que já estava enciumado com o sucesso da colega. No roteiro, incluíram uma subtrama envolvendo a família de Jessica, que mora em Boston. Depois de 8 anos, ela volta a encontrar a irmã Judy (Jess Weixler), sua mãe Bobbi (Geena Davis) e o antigo namorado Michael (Lonnie Rashid Lynn Jr.), que atualmente namora com Judy. As rusgas do passado retornam e Jessica terá que se desdobrar para voltar a ser aceita na família, que não sabe sobre suas verdadeiras atividades profissionais. Embora a história seja um tanto mirabolante, fruto de um roteiro repleto de sequências sem a menor credibilidade, “Ava” pode agradar aos fãs de filmes de ação no que se refere a lutas e tiros, mas o resultado final, como cinema, decepciona. Pelo menos tem Jessica Chastain.    

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

 

MOSUL, 2019, Estados Unidos, 1h41m, disponível na Netflix, roteiro e direção de Matthew Michael Carnahan. Antes de iniciar o comentário propriamente dito, faço uma pequena introdução para explicar os fatos históricos que resultaram no filme. Mosul era a terceira maior cidade do Iraque até ser invadida e tomada pelo Estado Islâmico em junho de 2014. Os guerrilheiros do EI assassinaram civis, estupraram mulheres e assumiram o governo da cidade, elegendo-a sua capital em solo iraquiano. Durante dois anos, o governo iraquiano tentou expulsar os terroristas, resultando numa verdadeira guerra civil, durante a qual morreu muita gente e Mosul ficou praticamente destruída. Em outubro de 2016, o governo do Iraque, com o apoio de soldados curdos e de uma coalização internacional, lançou uma grande ofensiva na cidade, finalmente expulsando o exército do EI. O filme começa justamente nesse momento. A história é centrada num esquadrão paramilitar intitulado “Swat de Nínive” (antigo nome de Mosul), formado por cerca de dez soldados. Eles estão em Mosul para uma missão especial, que só será revelada ao espectador no desfecho. O grupo, comandado pelo Major Jasem (Suhail Dabbach), entra na cidade e ainda se defronta com alguns retardatários do EI, resultando em ferozes combates. O filme tem muita ação, suspense, tiros e muita violência. Mas tudo bem encenado e realista. Tanto que alguns moradores sobreviventes viram o filme e afirmaram que tudo aconteceu exatamente como é mostrado. Realmente, o filme é muito bom. Embora tenha sido produzido pelos Estados Unidos, “Mosul” é totalmente falado em árabe e somente com atores iraquianos. O filme marca a estreia de Matthew Michael Carnahan como diretor. Para escrever o roteiro, ele se baseou nos fatos descritos na reportagem “The Desperate Battle to Destroy ISIS” (“A Batalha Desesperadora para Destruir o Estado Islâmico”), do jornalista Luke Mogelson, publicada na Revista New Yorker.      

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

ESTRANHA PRESENÇA (THE LITTLE STRANGER), 2018, Irlanda, 1h51m, à disposição na plataforma Netflix, roteiro e direção de Lenny Abrahamson (“O Quarto de Jack”). Trata-se de um suspense sobrenatural baseado no romance "The Little Stranger", de Sarah Wathers, lançado em 2009. A história é ambientada em 1948 e começa quando o Dr. Faraday (Domhnall Glesson) é chamado para atender um paciente na mansão Hundreds Hall, localizada na zona rural do condado de Warwickshire, região central da Inglaterra. O paciente é Roderick Ayres (Will Poulter), um ex-soldado que voltou da Guerra, a Segunda, com graves sequelas físicas e mentais. Chegando ao casarão, o médico conhece Madame Ayres (Charlotte Rampling), a atual matriarca da família, e sua filha Caroline (Ruth Wilson). Dr. Faraday passa a frequentar a casa e acaba se apaixonando por Caroline. Só que, como descobrirá mais tarde, a mansão esconde um terrível segredo que só virá à tona no desfecho da história. Na verdade, podemos dividir o filme em duas partes. Até a metade, nada acontece, só enrolação. A segunda metade reserva alguma ação na base do fantasmagórico, com alguns sustos. Mas é só. Nem mesmo o desfecho, que poderia ser surpreendente, não passa de um final infeliz e mal explicado. E tem mais: a história é contada num ritmo bastante lento, beirando o enfadonho. Para piorar, o personagem principal, Dr. Faradey, passa o tempo todo com uma expressão catatônica e sonambólica que chega a dar raiva. Sua passividade atinge o auge quando nega fogo com a  carente e fogosa Caroline. Nem mesmo as ótimas atrizes Ruth Wilson e Charlotte Rampling escapam da mediocridade reinante. Resumo da ópera: “Estranha Presença” é decepcionante.   

 

domingo, 29 de novembro de 2020

 

ERA UMA VEZ UM SONHO (HILLBILLY ELEGY), 2020, Estados Unidos, 1h56m, roteiro de Vanessa Taylor e direção de Ron Howard. Trata-se de um drama familiar adaptado do livro “Hillbilly Elegy: A Memoir of a Family and Culture in Crisis”, escrito por J. D. Vance (James David Vance), grande sucesso de vendas em 2016 e 2017 nos Estados Unidos. A história é baseada em fatos reais e envolve as memórias de J. D. Vance em relação à sua complicada família interiorana. Ainda garoto (Owen Asztatos), terá de conviver com o comportamento da mãe, solteira, Bev (Amy Adams), viciada em drogas e ex-enfermeira desempregada. O garoto tenta enfrentar a situação ao lado da irmã Lindsay (Haley Bennett) e da avó Mawmaw (Glenn Close). Em meio às overdoses da mãe, J. D. Vance vai crescendo com o sonho de encontrar um caminho próprio para se livrar da mãe viciada. Ele vira um rapagão, agora interpretado por Gabriel Basso, e ingressa no curso de Direito da prestigiosa Universidade de Yale. Em meio a entrevistas de emprego, J. D. terá ainda que voltar a conviver com os problemas da mãe, que voltou a se drogar, desta vez na base de altas doses de heroína. Enfim, um drama familiar bastante tenso, que apresenta todas as condições de concorrer em várias categorias ao Oscar 2021. A começar pelo ótimo elenco, cujo destaque maior fica para o desempenho das atrizes Amy Adams e Glenn Glose. Elas estão magníficas e certamente estarão entre as favoritas aos prêmios de Melhor Atriz e Atriz Coadjuvante, respectivamente. Outro trunfo para indicações ao Oscar é a assinatura do veterano diretor Ron Howard, cineasta consagrado de filmes como “O Código da Vinci”, “Frost/Nixon”, “Apollo 13” e “Uma Mente Brilhante”, este último premiado com o Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor em 2002. Para culminar, o roteiro foi escrito por uma das mais talentosas roteiristas de Hollywood, Vanessa Taylor, conhecida por filmes como “Divergente” e o premiadíssimo “A Forma da Água”. A crítica especializada não gostou de “Era uma Vez um Sonho”, embora tenha elogiado o trabalho das duas atrizes. Para mim, o resultado final agradou e, por isso, recomendo. Como informação final, o filme está à disposição na plataforma Netflix.