sábado, 25 de junho de 2022

 

“TUDO PELA ARTE” (“THE BURNET ORANGE HERESY”), 2019, disponível na plataforma Amazon Prime, 1h42m, coprodução Itália/Inglaterra, direção do cineasta italiano Giuseppe Capotondi – é o seu segundo longa-metragem; o primeiro foi “Hora Dupla”, de 2009. O roteiro é assinado por Scott B. Smith, que adaptou a história do romance homônimo escrito por Charles Willeford em 1971. De cara, é preciso avisar que não é um filme para qualquer público. Ou seja, é aquele filme que a gente costuma chamar “cinema de arte”. Trata-se de um suspense de ritmo lento, muitos diálogos densos e recheados de erudição, um pouco de filosofia e muita, mas muita arte, basicamente pintura. A história é centrada no crítico de arte inglês James Figueras (o ator dinamarquês Claes Bang), cuja competência e honestidade são bastante duvidosas. Em uma de suas palestras na Itália, ele conhece Berenice Hollis (Elizabeth Debick), que logo vira sua amante. Eles são convidados pelo milionário colecionador de arte Joseph Cassidy (Mick Jagger, ele mesmo) para visitar sua mansão à beira do Lago Como – o cenário é deslumbrante. Cassidy convence Figueras a roubar um quadro do pintor Jerome Debney (Donald Sutherland), que vive recluso numa cabana isolada perto da mansão. Há mais de vinte anos, depois que suas obras foram destruídas em dois incêndios, Debney se esconde da imprensa e de todo mundo. Portanto, se um de seus quadros for encontrado, valerá uma fortuna, conforme acredita o milionário Cassidy. O suspense começa a adquirir forma na história a partir do momento em que Figueras entra em ação para roubar esse possível quadro na cabana do pintor. A história é interessante, valorizada pela atuação do quarteto central, principalmente o ator dinamarquês Claes Bang e a atriz australiana Elizabeth Debicki. O roqueiro Mick Jagger prova mais uma vez que é um bom ator, além da ótima performance do veterano Donald Sutherland. “Tudo pela Arte” foi exibido na mostra “Fora de Competição” do Festival de Veneza e na mostra “Donostia Award Screenings” do Festival de San Sebastian, com muitas críticas favoráveis. Realmente, o filme é muito bom, mas, repito, não é para qualquer público.    

quinta-feira, 23 de junho de 2022

 

“ALERTA DE FUGA” (“ESCAPING DAD”), 2020, Estados Unidos, 1h30m, disponível na plataforma Amazon Prime, direção de Ross Kohn, seguindo roteiro assinado por Adam Balsam. Suspense que explora um tema em grande evidência: a violência doméstica. Darren (Jason Wiles) é um ex-policial e conceituado promotor de justiça. Ele tem uma família aparentemente feliz, a esposa Erin (Sunny Mabrey), a filha adolescente Amy (Grace Van Dien) e o filho pequeno Charlie (Andy Walken). Como diz o velho ditado, as aparências enganam. Darren é um sujeito violento e há tempos vive surrando Erin. Em eventos sociais, porém, ele faz de conta que comanda uma família feliz e é um marido carinhoso. Até que um dia Erin não aguenta mais, pega as crianças e foge com destino à Califórnia, onde mora uma grande amiga. Aí o filme entra em ritmo de road movie, quando Erin e os filhos são ajudados por um caminhoneiro bonitão, Wes (Trevor Donovan), uma evidente referência ao personagem de Brad Pitt no clássico “Telma & Louise”. O promotor faz de tudo para encontrar o trio fugitivo, chegando a afirmar, em programas jornalísticos de TV, que a esposa sofre de problemas mentais e é perigosa, pois roubou seu revólver. Tudo mentira. O filme funciona muito bem como suspense durante grande parte do filme, mas o desfecho é decepcionante. Parece até que queriam terminar logo e resolveram adotar uma solução rápida para o The End. Mas o resultado final, somando os prós e os contras, ainda tem alguns prós, um deles a beleza das atrizes Sunny Mabrey e de Grace Van Dien, filha do ator Casper Van Dien.       

terça-feira, 21 de junho de 2022

 

“COLISÃO” (“COLLISION”), 2022, África do Sul, 1h39m. produção original e distribuição Netflix, direção do cineasta francês Fabien Martorell, que também assina o roteiro com a colaboração de Sean Cameron Michael e Siphosethu Tshapu. Drama carregado de suspense envolvendo tráfico de drogas, drama familiar, sequestro, racismo e xenofobia. Ambientada na cidade de Johanesburgo, a história transcorre em várias frentes, a principal delas a rotina da família de um empresário cuja filha se envolve com traficantes. Em paralelo, apresenta ainda um poderoso traficante e um comerciante que odeia imigrantes nigerianos, um deles namorado de sua filha. O filme abre espaço também para tratar de xenofobia, ou seja, os sul-africanos alegam que os imigrantes que chegam ao país, principalmente os nigerianos, estão ocupando seus empregos e dominando o comércio. O núcleo central da história, porém, envolve o empresário Johan Greser (Langley Kirkwood), sua esposa Diane (Tessa Jubber) e a filha Nicki (Zoey Sneedon). O chefão do tráfico Bra Sol (Vuio Dabula) precisa de dinheiro para saldar uma dívida e resolve sequestrar a filha do empresário, exigindo uma grande soma para libertá-la. A tensão aumenta a cada minuto perto do desfecho, quando os personagens principais acabam se trombando, literalmente, numa grande colisão. Tudo bem que essa coincidência seja forçada demais, mas faz parte do enredo e não prejudica o resultado final. Enfim, “Colisão” é mais um bom filme do emergente cinema da África do Sul. Recomendo.  

segunda-feira, 20 de junho de 2022

 

“VOCÊS NÃO ME CONHECEM” (“YOU DON’T KNOW ME”), 2021, Inglaterra, minissérie em 4 capítulos, produção e exibição BBC One, disponível na Netflix, roteiro e direção de Tom Edge, sendo a história baseada no livro homônimo de 2017 escrito por Imran Mahmood. Trata-se de um drama de tribunal tendo como réu um jovem vendedor de carros, Hero (Samuel Adewsunmi), acusado de ter assassinado o traficante Jamil (Roger Nsengiymva). Depois de dispensar sua advogada, Hero defende ele mesmo sua inocência, apesar de todas as evidências favorecerem sua condenação. Tudo o que aconteceu é contado por Hero no tribunal, intercalado com inúmeros flashbacks e várias reviravoltas. No começo da história, ele conhece Kyra (Sophie Wilde) e se apaixona, mesmo desconhecendo o passado da moça. Quando ela some misteriosamente, Hero se desespera e tenta encontrá-la. E, quando consegue, acabará se envolvendo com a perigosa gangue intitulada Glockz, que comanda o tráfico de drogas e a prostituição no bairro barra-pesada Camden, ao norte de Londres, colocando em risco não só sua vida como a de sua mãe e sua irmã. A minissérie é levada em ritmo tão lento que beira o entediante, não apenas durante as cenas de tribunal, como também nas atitudes de Hero, cujo comportamento ingênuo acaba irritando. É possível encontrar várias falhas no roteiro, principalmente a ausência da polícia, o que seria obrigatória devido a todos os fatos mostrados. Como são apenas quatro capítulos, a minissérie não se torna tão cansativa, mas o resultado final é frustrante. Dizem que haverá uma segunda temporada, o que eu duvido.     

domingo, 19 de junho de 2022

 

“A IRA DE DEUS” (“LA IRA DE DIOS”), 2022, Argentina, disponível na Netflix, 1h38m, direção de Sebastián Schindel (“Crimes de Família”), que também assina o roteiro ao lado de Pablo Del Teso. A história é baseada no livro “La Muerte Lenta de Luciana B”, de Guillermo Martínez. Trata-se de um suspense psicológico com muito mistério, tendo como pano de fundo temas como vingança, abuso sexual, desejo, insanidade e culpa. A jovem Luciana (Macarena Achaga) trabalha há anos como datilógrafa do renomado escritor Kloster (Diego Peretti). Eles trabalham no escritório dele, em sua própria casa, e Luciana fica amiga da esposa e da filha do escritor. Um dia, sozinhos no escritório, Kloster não resiste e beija Luciana, que, ofendida, se demite e entra com processo na justiça por assédio e abuso sexual. A partir desse fato e com o decorrer dos anos, várias mortes acontecem na família de Luciana e também na de Kloster. Coincidências? Vingança? A polícia não encontra indícios para determinar o que aconteceu. Luciana chega a pedir ajuda a Esteban Rey (Juan Minujín), um conhecido jornalista investigativo, para descobrir evidências e incriminar Kloster. A tensão aumenta cada vez mais, contando com a excelente trilha sonora de Iván Wyszogrod, que faz com que o filme lembre os clássicos de Alfred Hitchcock. Além do primoroso roteiro, o filme é ainda mais valorizado pela ótima atuação do trio central: Diego Peretti, Macarena Achaga e Juan Minujín. Mas é o veterano Peretti que se sobressai, permanecendo o tempo todo com uma expressão assustadora. Mesmo que o desfecho seja um tanto frustrante e até enigmático, “A Ira de Deus” é mais um filme argentino de qualidade. Não perca!