sábado, 31 de julho de 2021

 

Acaba de chegar à Netflix esta joia do cinema holandês: “ANTONIA: UMA SINFONIA” (“DE DIRIGENT”), 2018, roteiro e direção de Maria Peters, 2h17m. Trata-se da adaptação para o cinema da história daquela que é considerada a primeira maestrina a reger uma grande orquestra: a holandesa Antonia Brico. O ano é 1926 e estamos em Nova Iorque. A jovem Willie Walters (Christanne de Brujin) é uma estudante de piano cujo maior sonho é ser maestrina. Ninguém lhe deu atenção e muito menos esperança, já que o cargo era tradicionalmente exercido por homens. Como na época as mulheres ainda enfrentavam uma sociedade machista, a moça teria de enfrentar enormes desafios. O primeiro deles: a total falta de apoio dos pais, gente pobre e humilde - o pai trabalhava como lixeiro. Willie foi à luta. Conseguiu emprego como pianista numa pequena orquestra que tocava num teatro de revista (o pessoal de hoje não sabe o que é isso). Em meio à sua trajetória, Willie conheceu Frank Thomsen (Benjamin Wainwright), um jovem milionário que atuava como mecenas de músicos e orquestras. Os dois se apaixonaram, mas Willie jamais deixou de lado o seu sonho. Impulsiva e determinada, batalhou tanto que conseguiu uma bolsa de estudos para estudar na Escola Estatal de Música e Belas Artes de Berlim, onde aprendeu regência com o maestro Karl Muck (Richard Sammel). Paralelamente a este seu empenho, Willie acabou descobrindo que era adotada e que seu nome de nascença era Antonia Brico. Ela resolveu abandonar o nome Willie e adotar Antonia em definitivo para seguir carreira. Com desconfiança total, Antonia estreou como regente profissional na Orquestra Filarmônica de Berlim. Um sucesso tão grande que foi convidada para reger outras orquestras pela Europa e, depois, para reger a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque. Aqui, também seria responsável pela primeira orquestra sinfônica de mulheres, com o aval da então primeira-dama norte-americana, Eleanor Roosevelt. Enfim, uma história incrível de uma mulher determinada e corajosa, muito à frente do seu tempo. Tudo funciona bem nessa produção holandesa, falada em inglês, holandês (neerlandês) e alemão: elenco, roteiro, recriação de época, figurinos, fotografia, trilha sonora e direção de arte. Em seu primeiro papel como protagonista principal, a atriz holandesa Christanne de Brujin arrasa do começo ao fim. Imperdível!                       

sexta-feira, 30 de julho de 2021

 

O MISTÉRIO DE BLOCK ISLAND (“THE BLOCK ISLAND SOUND”), 2020, Estados Unidos, 1h37m, disponível na plataforma Netflix, roteiro e direção dos irmãos Matthew e Kevin McManus. Trata-se de um filme de terror série B, beirando a zona de rebaixamento. Começa com fatos inexplicáveis, continua com acontecimentos sem explicação e termina sem explicar o que aconteceu. Caberá ao espectador, no desfecho, mobilizar seus neurônios para tentar adivinhar o que viu na tela. Estamos na Block Island, uma ilha – que realmente existe – a 19 km do litoral do estado norte-americano de Rhode Island. Depois que começam a aparecer aves e peixes mortos na praia, o veterano pescador Tom (Neville Archambault) passa a apresentar um comportamento estranho, catatônico, macambúzio e sorumbático (dicionário na mão, por favor). Harry (Chris Sheffield), seu filho, liga para a irmã Audry (Michaela McManus, irmã dos diretores) e pede que ela venha à ilha para ajudar a cuidar do pai. Como Audry é bióloga, talvez apresente uma explicação baseada na ciência para desvendar o mistério das mortes dos animais. Só quem arrisca a palpitar é um amigo excêntrico de Harry, que atribui os fenômenos a uma força sinistra. Também acredita em teorias delirantes e eventos sobrenaturais. Quando Tom desaparece misteriosamente, seu filho Harry começa a ter um comportamento também estranho, com alucinações e visões fantasmagóricas. Seu pai sumido está sempre nelas dando ordens. Você fica ali assistindo a tudo e esperando que no desfecho haja uma explicação. Nada! Fica a dúvida se a tal força sinistra vem do céu ou do mar. Você vai dormir com essa dúvida e com uma certa raiva por ter assistido até o final.                  

quarta-feira, 28 de julho de 2021

 

O OUTRO IRMÃO (EL OUTRO HERMANO), 2017, disponível na plataforma Netflix, coprodução Argentina/Uruguai/Espanha, 1h53m, roteiro e direção do cineasta uruguaio Israel Adián Caetano. Trata-se de um thriller policial com pitadas de suspense. O esquisito Cetarti (o ator uruguaio Daniel Hendler), um ex-funcionário público demitido por justa causa (faltou um ano inteiro ao trabalho), vive isolado em Buenos Aires, bebendo e jogando conversa fora pelos botecos. Mas essa rotina mudará depois que recebe o telefonema de um sujeito estranho que lhe dá a notícia de que sua mãe e seu irmão foram assassinados. Para cuidar do enterro e outras providências, Cetarti viaja para o pequeno vilarejo de Lapachito, na província de Chaco. Há muitos anos afastado da mãe e do irmão, Cetarti não sabe ao certo o que encontrará na casa de seus familiares mortos. Uma casa muito simples e bagunçada, aliás, na zona rural de Lupachito. Quando chega da viagem, Cetarti é recebido por Duarte (Leonardo Sbaraglia), o estranho que lhe telefonara. Ele se apresenta como corretor de seguros e coloca-se à disposição de Cetarti para ajudar no que fosse preciso. Porém, por trás dessas boas intenções, há um plano maquiavélico para extorquir o coitado do Cetarti. Aos poucos, o espectador conhecerá a verdadeira personalidade de Duarte, que não passa de um pilantra acostumado a aplicar golpes e até praticar sequestros para ganhar dinheiro. Ele é tão mau-caráter que chega a estuprar uma senhora sequestrada. Resumindo, Cetarti cairá na lábia de Duarte a ponto de participar de um sequestro. Muita coisa acontece até o desfecho, que reserva uma grande reviravolta na história. O ótimo ator argentino Leonardo Sbaraglia, também muito requisitado pelo cinema espanhol, dá um show de interpretação como o malandro Duarte. Tanto é que conquistou, por esse papel, o prêmio de melhor ator no Festival de Cinema de Málaga (Espanha). Também é destaque no elenco a veterana atriz espanhola Ángela Molina. Resumindo, “O Outro Irmão” não pode ser colocado entre os melhores filmes argentinos, mas não decepciona. Confira sem medo.               

terça-feira, 27 de julho de 2021

 

CÉU VERMELHO-SANGUE (BLOOD RED SKY), 2021, Alemanha/EUA, 2h03m, direção de Peter Thorwarth, que também assina o roteiro com a colaboração de Stefan Holtz. Trata-se de uma produção original Netflix, repleta de ação, suspense e com a participação especial de vampiros. Tudo começa em um aeroporto da Alemanha, onde passageiros esperam embarcar em um voo para Nova Iorque. Entre eles, estão Nadja (Peri Baumeister) e seu filho Elias (Carl Anton Koch). A versão oficial que a mãe explica para o filho sobre o motivo da viagem é que ela pretende se submeter a um tratamento de medula. Mas, como se verá no transcorrer da história, Nadja reserva um segredo muito especial. Quando o avião levanta voo, um grupo de terroristas assume o comando, ameaçando matar quem não seguir suas ordens. Os sequestradores se passam por muçulmanos, quando na verdade não passam de bandidos comuns cujo objetivo é conseguir um resgate em dinheiro. Quando Nadja percebe que seu filho está em perigo, ela se transforma, literalmente, numa fera. A partir daí o filme entra num ritmo alucinante, tudo dentro da aeronave. Haja coração. Até o desfecho, muita coisa vai acontecer e o espectador acompanhará tudo segurando com força os braços da poltrona. A ação não para um segundo, muito sangue jorrando e sustos à vontade, tudo muito bem feito. O ator inglês Dominic Purcell, que normalmente atua como mocinho nos filmes, aqui é o vilão, chefe dos sequestradores. Destaque para a atuação da atriz alemã Peri Baumeister, que ficou conhecida após aparecer no papel de Lady Gisela na série “O Último Reino” e como Sara na série “Skylines”, ambas produzidas pela BBC inglesa. Também merece destaque o trabalho de maquiagem feita nos vampiros, especialmente na personagem de Nadja. Trocando em miúdos, “Céu Vermelho-Sangue” é um ótimo entretenimento. Imperdível!             

segunda-feira, 26 de julho de 2021

 

“RETRATOS DE UMA GUERRA” (“ASHES IN THE SNOW”), 2018, coprodução Estados Unidos/Lituânia, 1h38m, disponível na plataforma Netflix, filme de estreia como diretor de Marius A. Markevicius, seguindo roteiro de Ben York Jones. Trata-se de uma adaptação do livro “A Vida Entre Tons de Cinza” (“Between Shades of Grey”), da escritora lituana naturalizada norte-americana Ruta Sepetys, lançado em 2011. Baseado em fatos reais relatados no romance de Ruta, o filme retrata mais um episódio lamentável ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, desta vez envolvendo o exército de Stalin. Em 1941, enquanto os nazistas dominavam a Europa Ocidental, os russos invadiam o leste europeu. O filme concentra sua ação nos países bálticos, no caso a Lituânia, que em 1940 havia sido anexada à União Soviética. Independente de idade, ideologia, credo ou religião, milhares de lituanos foram presos e enviados para campos de concentração na Sibéria (os famosos gulags) e submetidos a trabalhos forçados. Enquanto os alemães utilizavam gás para matar os judeus, os russos deixavam suas vítimas morrerem de fome e frio. A história do filme é centrada na família da jovem desenhista Lina Vilkas (Bel Powley), enviada com a mãe e os irmãos para a Sibéria e, depois, para um lugar perdido no Círculo Polar. Também estão no elenco Martin Wallström, Sophie Cookson, Lisa Loven Kongsli e Peter Franzen. Falado em inglês, russo e lituano, “Retratos de Uma Guerra”, como não poderia deixar de ser, é um filme muito triste, que talvez faça mal para espectadores mais sensíveis. É desgraça e sofrimento do começo ao fim. De qualquer forma, é bastante esclarecedor quanto ao papel da União Soviética durante o conflito. Se os nazistas mataram 6 milhões de judeus, Stalin assassinou 25 milhões, fato só revelado depois da morte do ditador russo, em 1953. O filme poderia explorar o assunto de forma mais esclarecedora sob o ponto de vista histórico, mas resolveu ficar no superficial. Isso, porém, não desmerece a lembrança do fato que é sempre lembrado pelas comunidades lituanas em todo o mundo. Se você tiver com vontade de um entretenimento mais leve e alegre, não assista. Para terminar o comentário, lembro que o filme, na época de seu lançamento (2018) na Lituânia, bateu recordes históricos de bilheteria.                  

domingo, 25 de julho de 2021

“PLANO DE FUGA” (“PLAN DE FUGA”), 2016, Espanha, 1h45m, disponível na Netflix, roteiro e direção de Iñaki Dorronsoro. Com esse mesmo título há também filmes como o de 2012, com Mel Gibson, e o de 2018, com Stallone, além de outros que não me recordo. Este espanhol é um bom policial, mas peca pelo roteiro confuso e um final um tanto inverossímil. A trama é centrada em Victor (Alain Hernández), um ladrão de bancos especialista em maçaricos que acaba de ser contratado pela máfia russa para roubar um grande banco. O filme demora a identificar Victor como agente da polícia infiltrado na máfia, revelação que surpreende o espectador. Em meio ao planejamento do roubo, Victor, que é casado e tem um filho, conhece e se apaixona por uma stripper, a bela Helena (Alba Galocha), que aparece na história apenas para embelezar uma ou outra cena, sem um protagonismo relevante. Também surge um antigo parceiro de roubos de Victor, o viciado em drogas Rápido (Javier Gutiérrez). Este sim terá uma participação importante na trama. A polícia descobre os planos da máfia russa e começa a investigar o caso. Quem chefia a equipe é um veterano detetive (Luis Tosar), que até o final tentará desvendar qual o plano do roubo e qual banco será o escolhido. Só que haverá uma reviravolta no caso, o que não cabe aqui revelar. O desfecho é surpreendente, mas um tanto improvável. Como afirmei no começo do comentário, o filme é um bom policial, com todos os ingredientes para agradar os fãs do gênero.