“CHOQUE E PAVOR – A VERDADE IMPORTA” (“SCHOCK
AND AWE”), 2017, Estados Unidos, 1h32m, direção de Rob Reiner, com
roteiro de Joey Hartstone. Baseada em fatos reais, a história aborda os
bastidores da cobertura da imprensa norte-americana após os atentados de 11 de
setembro de 2001. Primeiro, as tentativas fracassadas de capturar Osama Bin
Laden no Afganistão. Logo depois, o alvo do governo norte-americano seria o
Iraque de Saddam Hussein. Para justificar a invasão do país árabe, o governo
Bush garantia que o Iraque possuía armas de destruição em massa. Será que isso
era verdade? O governo norte-americano afirmava que sim, mas não apresentava
provas concretas. É aí que entram em ação os principais órgãos de comunicação
do Tio Sam. O filme apresenta os fatos a partir da cobertura de dois jornalistas
da editoria política da empresa Knight Ridder, especializada na publicação de
jornais e internet. Designados pelo editor-chefe John Walcott (papel do diretor
Rob Reiner), Warren Strobel (James Marsden) e Jonathan Landay (Woody Harrelson)
saíram a campo para verificar se realmente o Iraque tinha o tal arsenal de armas
de destruição em massa. Uma parte da imprensa norte-americana defendia a
invasão, confiando nas versões oficiais do governo, principalmente os
conservadores The Washington Post e o The New York Times. A disputa pelas
informações corretas levou a imprensa norte-americana a uma verdade guerra. O
editor John Walcott até chegou a contratar o jornalista Joe Galloway (Tommy Lee
Jones), veterano na cobertura da Guerra do Vietnam, para auxiliar os trabalhos
investigativos. O filme, elaborado num ritmo ágil, quase alucinante, destaca
muitas informações importantes sobre aquele período histórico e revela as
sequelas da guerra sobre os jovens soldados que morreram ou voltaram mutilados.
A pergunta que ficou no ar: valeu a pena sacrificar tanta gente, incluindo as perdas
humanas da população civil do Iraque? O filme é excelente, justificando a fama
de Rob Reiner como um dos cineastas mais importantes da atualidade – é só lembrar
que ele é responsável por filmes como o clássico “Conta Comigo”, “O Lobo de
Wall Street”, “Um Amor de Vizinha” e tantos outros. “Choque e Pavor” também tem
mulheres bonitas: Jessica Biel e Mila Jovovich. Filme indicado para estudantes
e profissionais de jornalismo, mas o público em geral deve assistir também,
pois contempla um fato histórico da maior importância.
sábado, 22 de junho de 2019
quinta-feira, 20 de junho de 2019
“O PACIENTE”, 2018,
Brasil – Globo Filmes – 1h40, direção de Sérgio Rezende, com roteiro de Gustavo
Liptzein. O filme revela, com detalhes, tudo o que se passou durante os dias em
que Tancredo Neves ficou internado. Os bastidores desse período, ilustrados com
imagens da época, estão no filme de Sérgio Rezende, cineasta que se notabilizou
por realizar obras enfocando personagens e eventos históricos nacionais, entre as
quais “Guerra de Canudos”, “Mauá – O Imperador e Rei”, “Lamarca” e “Zuzu Angel –
assisti a todos, ótimos. No caso de “O Paciente”, o roteiro foi adaptado do
livro “O Paciente – O Caso Tancredo Neves”, escrito pelo historiador Luís Mir e
lançado em 2010. Para escrever o livro, Mir fez uma extensa pesquisa e realizou
várias entrevistas com os envolvidos, além de ler os prontuários médicos e
documentos, até então confidenciais, do Hospital de Base de Brasília e do
Instituto do Coração, em São Paulo. O drama começa três dias antes antes da
posse, quando Tancredo (Othon Bastos) começa a sentir fortes dores abdominais.
Ao contrário dos conselhos médicos, que recomendaram uma operação urgente, já
que se tratava de uma apendicite, Tancredo se recusou a ser operado, pois queria
de qualquer jeito tomar posse e evitar uma possível crise institucional. Ele
temia, por exemplo, que se caso José Sarney assumisse em seu lugar, o então
presidente João Figueiredo não aceitaria entregar a faixa, o que de fato
aconteceu. Tancredo piorou e aí ele foi submetido a uma primeira cirurgia, que revelou
não ser o caso de apendicite e sim de diverticulite. O filme segue revelando detalhes
dos bastidores, o sofrimento de Tancredo com as várias cirurgias e
procedimentos, a angústia da família – e de todo o País -, as desavenças entre
os médicos – quase teve pancadaria -, o despreparo não só dos médicos como do
Hospital de Base de Brasília, e a transferência do ilustre paciente para o
Instituto do Coração, em São Paulo, onde acabaria falecendo no dia 21 de abril
de 1985, deixando o posto vazio para o glorioso José Sarney – e deu no que deu.
Além de Othon Bastos, em atuação comovente, estão no elenco Leonardo Franco, Paulo Betti,
Leonardo Medeiros, Esther Góes, Otávio Müller, Eucir de Souza, Luciana Braga,
Emílio Dantas e Lucas Drummond. Achei o filme excelente, tenso, revelador, angustiante,
reservando para o seu desfecho Milton Nascimento cantando “Coração de Estudante”
– de marejar os olhos. Imperdível!
quarta-feira, 19 de junho de 2019
“O PAI DE ITALIA” (“IL PADRE D’ITALIA”), 2017,
Itália, 1h22m, direção de Fabio Mollori, que também assina o roteiro com a
colaboração de Josella Porto. A história começa mostrando a tristeza do jovem
homossexual Paolo (Luca Marinelli), devastado com o fim do relacionamento de
oito anos com o namorado Mario (Mario Sgueglia). Ainda em depressão e com a
intenção de esquecer o antigo amante, Paolo vai a uma discoteca gay tentando conhecer
um novo parceiro, mas quem ele acaba conhecendo é a jovem Mia (Isabella
Ragonese, ótima), que faz bico como cantora em "inferninhos", mas nunca se destacou. Ela também está em
fase depressiva, depois de ser abandonada grávida pelo namorado. Ou seja,
juntou a fome com a vontade de comer. Paolo se propõe a ajudar a moça a
encontrar o pai da criança. Para isso, pega “emprestado” o carro de serviço da
loja de móveis onde trabalha. Paolo e Mia saem de Turim e iniciam um verdadeiro
périplo turístico, passando por Asti, Roma e chegando até Nápoles, onde mora a
família conservadora de Mia. O filme se transforma num road movie. Afinal, quem assumirá a filha que Mia
está esperando? Claro, “O Pai de Italia”. Mas quem será? Assista e desvende o
mistério. Não é que o filme seja ruim, mas achei exagero o fato de que tenha
sido premiado em vários festivais – na verdade, nenhum que seja importante.
Enfim, vale pela excelente atuação da dupla principal de protagonistas e pelos
cenários deslumbrantes, valorizados pela ótima fotografia assinada por Daria D'Antonio, além de alguns momentos sensíveis e comoventes.
segunda-feira, 17 de junho de 2019
“GLORIA BELL”, 2018,
EUA, 1h41. Trata-se do remake do filme chileno “Glória”, de 2013, que
disputou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O roteirista e diretor Sebastián
Lelio é o mesmo do original chileno. Gloria Bell (Julianne Moore) é uma
cinquentona divorciada há quatro anos que, para espantar a solidão, costuma ir
às discotecas de Los Angeles frequentadas por pessoas de meia-idade. Abro aqui
um parêntese especial para destacar a deliciosa trilha sonora, com hits da disco
anos 70, como “Ring My Bell”, “Gloria” etc., além de Paul McCartney. Bem, voltemos
à história. Entre um e outro romance/sexo casual, Gloria acaba conhecendo Arnold
(John Torturro), um sujeito também solitário e divorciado, que vive em função
dos problemas das filhas. O romance entre os dois transcorre aos trancos e
barrancos, principalmente devido à insegurança de Arnold, situação que segue
até o desfecho, quando Gloria Bell resolve agir com força e determinação, características de sua personalidade. Resumo da
ópera: o filme é bom, mas inferior ao original chileno. Seu único trunfo é
contar com a maravilhosa Julianne Moore, cuja atuação também é espetacular,
como a da chilena Paulina Garcia – só que Julianne Moore não teve coragem de encarar o nu frontal
de Paulina, apesar de aparecer nua em várias cenas. Nunca fui fã do ator John Torturro e continuo não sendo. Acho ele
um chato. Todos os remakes que assisti foram mais fracos que os
originais. Posso até citar alguns: “Olhos da Justiça”, com Julia Roberts,
adaptação do espetacular argentino “O Segredo dos Seus Olhos”; o sueco “Millennium:
Os Homens que não Amavam as Mulheres”, que Hollywood transformou em remake;
o francês “Os Intocáveis”, que ganhou versões do cinema argentino e do norte-americano;
“Coração de Leão – O Amor não tem Tamanho”, original argentino, copiado pelo
cinema francês como “Um Amor à Altura”.
domingo, 16 de junho de 2019
Será possível fazer um bom drama romanceado
dentro do depósito de mercadorias de um supermercado? E ainda incluir cenas poéticas
com uma empilhadeira? O drama alemão “NOS CORREDORES” (“IN DEN GÄNEM”), 2018,
prova que sim, graças à criatividade e à sensibilidade do roteirista e diretor
Thomas Stuber, que conseguiu um resultado final recheado de cenas tocantes, sem deixar de lado o humor. A
história é centrada no jovem Christian (Franz Rogowski), um sujeito solitário,
tímido, triste e misterioso - aparentemente com um passado obscuro. Ele é
contratado por um supermercado para trabalhar como ajudante do setor de bebidas.
Seu chefe é Bruno (Peter Kurth), um cinquentão boa gente que ensina tudo o que
sabe a Christian, inclusive dirigir empilhadeiras para recolher ou estocar mercadorias.
Independente do cargo acima, Bruno faz amizade com Christian. Este, por sua
vez, trabalha sério e ganha a confiança não só de Bruno como dos demais colegas
de trabalho. Christian também faz amizade com Marion (Sandra Hüller), uma
mulher que vive um casamento infeliz. Christian logo se apaixona por ela, mas
por causa de sua timidez e pelo fato da moça ser casada, resolve não tomar a
iniciativa. Mas tá na cara que ela também se afeiçoa por Christian. Praticamente
toda a ação do filme transcorre num único cenário, justamente os corredores do
setor de abastecimento. Eu já conhecia o ótimo ator Franz Rogowski do filme “Em
Trânsito”. Ele é aquele ator que um dia eu comparei ao norte-americano Joaquim
Phoenix, inclusive pelo lábio leporino. "Nos Corredores" recebeu vários prêmios em festivais pelo mundo afora, inclusive no 68º Festival de Berlim, em fevereiro de 2018, onde teve sua primeira exibição. Drama alemão da melhor qualidade.
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