sexta-feira, 24 de janeiro de 2020


“VELOZ COMO O VENTO” (“VELOCE COME IL VENTO”), 2016, Itália, 1h40m, direção de Matteo Rovere, que também assina o roteiro com a colaboração de Francesca Manieri e Filippo Gravino. A jovem Giulia De Martino (Matilda De Angelis) é uma jovem pilota de corridas que disputa o Campeonato Italiano de GT (Gran Turismo) por uma equipe modesta chefiada por Hélio De Martino, seu pai. Ela tinha grandes chances de conquistar o campeonato, mas durante uma das provas decisivas seu pai morre vítima de um infarto fulminante. No enterro, surge do nada o filho mais velho do falecido, Loris De Martino (Stefano Accorsi), sumido há 20 anos. Loris chegou a ser um piloto promissor na categoria GT e ficou conhecido pelo apelido de “Dançarino” por suas manobras ousadas nas pistas. Só que Loris se entregou às drogas – é viciado em heroína – e virou um sujeito fracassado. Quando soube da morte do pai, apareceu para tentar ganhar algum dinheiro de herança. Não seria tão simples assim. Seu pai hipotecou a casa para manter a equipe de corrida. Dessa forma, restava a Giulia conquistar o campeonato e resgatar as dívidas. Para isso, teve que aceitar seu irmão viciado como técnico. Um acidente, porém, tira Giulia das pistas, colocando um ponto final no seu sonho de conquistar o campeonato de GT. Numa última chance de ganhar algum dinheiro, Loris decide participar de uma prova chamada Corrida da Itália (Italian Race), um tipo de rallye muito perigoso que costuma provocar muitas mortes. Com a ajuda do mecânico Tonino (Paolo Graziosi), Loris resolve recuperar o velho Peugeot 205 Turbo 16, seu antigo companheiro de provas, e enfrentar os desafios da Italian Race. “Veloce Come Il Vento” conquistou 12 prêmios em festivais de cinema, um deles o “Davi Di Donatello”, da Academia do Cinema Italiano, como Melhor Filme. Não achei tão bom assim, embora as cenas nas pistas sejam bem filmadas. Só para amantes do automobilismo esportivo.          

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020


Depois de assistir “MINHA IRMÃ DE PARIS” (“NI UNE NI DEUX”), 2019, França, 1h38m, não entendi por que os materiais de divulgação trataram o filme como comédia. Até alguns críticos caíram nessa, provavelmente porque não o assistiram e apenas reproduziram a sinopse. Na verdade, trata-se de um drama familiar. Julie Varenne (Mathilde Seigner), uma atriz francesa de sucesso em filmes independentes de arte, aceita participar de uma comédia, na tentativa de alavancar uma carreira em decadência. Uns dias antes do início das filmagens, ela se submete a uma aplicação de botóx no lábio superior que não dá certo. Ela fica desfigurada. E agora, o que fazer? Auxiliada pelo seu empresário Jean-Pierre (François-Xavier Demaison), Julie acaba recorrendo a uma fã que um dia pediu seu autógrafo e é muito parecida com a atriz. Trata-se de Laurette (Seigner), uma cabeleireira dona de um salão de beleza. Laurette topa trabalhar como dublê de Julie e se sai muito bem. Quando a verdadeira atriz melhora e volta a filmar, a coisa se complica. No meio desse agito todo, Julie acabará descobrindo que Laurette é, na verdade, sua irmã gêmea. Como únicos trunfos de “Minha Irmã de Paris”, destaco a atuação de Mathilde Seigner nos dois papéis, assumindo as personalidades completamente diferentes das irmãs. Só para lembrar: Mathilde é irmã da também atriz Emmanuelle Seigner, esposa e musa do cineasta Roman Polanski desde os anos 80. Outro destaque do filme são os belos cenários da cidade de Aix-em-Provence, onde a personagem Laurette mantém seu salão de beleza. Resumo da ópera: entre um e outro sorriso amarelo, dá para assistir “Minha Irmã de Paris” numa sessão da tarde para adultos.      

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020


“DOR E GLÓRIA” (“DOLOR Y GLORIA”), 2019, Espanha, 1h53m, é o filme mais autobiográfico do roteirista e diretor Pedro Almodóvar. É o seu 21º longa-metragem e, na minha opinião, o mais genial. A história é centrada no cineasta Salvador Mallo (Antonio Banderas), que tem dificuldade de enfrentar a velhice que chega e, com ela, a depressão e a falta de inspiração. Tem problemas de saúde, dores pelo corpo e nenhuma vontade de socializar. Até que um dia resolvem prestar uma homenagem ao filme “Sabor”, que Mallo escreveu e dirigiu há 32 anos, um grande sucesso na época. Os preparativos para a homenagem fizeram com que Mallo reencontrasse Alberto Crespo (Azie Etxeandia), ator principal do filme e com o qual havia brigado. Mallo também terá a oportunidade de rever Federico (o ator argentino Leonardo Sbaraglia), seu antigo namorado. Em meio a esses encontros, Mallo começa a recordar de sua infância pobre (papel do menino Asier Flores) em Valência nos anos 60 e de sua relação com a dedicada mãe Jacinta (Penélope Cruz), além de mostrar como surgiu sua opção sexual. Antonio Banderas está ótimo no papel do diretor amargurado e, merecidamente, conquistou o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes 2019, onde o filme teve a sua estreia mundial e a indicação para a Palma de Ouro. “Dor e Glória” também está representando a Espanha na disputa do Oscar 2020 de Melhor Filme Estrangeiro. Segundo a prestigiosa revista norte-americana Times, trata-se do melhor filme do ano. Almodóvar reconhece que Mallo tem tudo a ver com sua vida pessoal (reparem que o penteado do ator Banderas é igual ao do cineasta). Quem assistir poderá constatar que o Almodóvar colocou no roteiro uma série de memórias afetivas. “Dor e Glória” é um grande filme, melancólico e, ao mesmo tempo, bastante sensível. Na minha humilde opinião, um dos melhores de Almodóvar. Não perca!          

domingo, 19 de janeiro de 2020


“DEPOIS DO CASAMENTO” (“AFTER THE WEDDING”), 2019, Estados Unidos, 1h52m, roteiro e direção de Bart Freundlich. Trata-se do remake do filme dinamarquês “Efter Brylluppet”, de 2006, dirigido por Susanne Bier. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no ano seguinte, o filme de Susanne Bier tinha como protagonista principal o ator Mads Mikkelsen. No caso desta nova versão norte-americana, o papel de Middelsen foi substituído por de uma mulher. A história do drama recente é centrada em Isabel (Michelle Williams) que há muitos anos vive em Calcutá (Índia) prestando serviços humanitários num orfanato, agora como gerente. Ela não sabe como seguir adiante, pois não há ajuda financeira. Quando tudo parecia perdido, eis que chega a notícia de que uma alta executiva de uma renomada empresa de publicidade sediada em Nova Iorque está disposta a doar milhões de dólares para o orfanato. Isabel segue para Nova Iorque para conhecer a empresária Theresa (Jullianne Moore) e negociar os valores e as condições do contrato. Será preciso esperar alguns dias para essa reunião, pois Theresa está organizando o casamento de sua filha Grace (Abby Quinn). Isabel é convidada para a cerimônia sem saber que uma grande surpresa estará prestes a acontecer, envolvendo Oscar (Billy Crudup), justamente o marido de Theresa. Não dá para contar mais para não estragar as surpresas do roteiro, que são muitas até o desfecho. Quem for muito sensível pode comprar uma caixa de lenços, pois as lágrimas vão rolar. O grande trunfo dessa versão hollywoodiana, além da história bastante interessante, é contar com três ótimos atores: Julianne Moore (na vida real, esposa do diretor), Michelle Williams e Billy Crudup. No mais, nada de muito empolgante para merecer uma recomendação entusiasmada. Porém, trata-se de um bom programa para quem gosta de filmes lacrimosos.