O drama russo “SEM
AMOR” (“Nelyubov” – em inglês, “Loveless”), escrito e dirigido por Andrey
Zvyagintsev, estreou durante no 70º Festival de Cannes 2017 e conquistou o
Grande Prêmio do Júri. Além disso, está entre os cinco finalistas que
disputarão o Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro. A história envolve a
relação desfeita do casal Zhenya (Mariana Spivak) e Boris (Alexey Rozin), que
resolvem se separar de forma traumática, com brigas e acusações das mais
ásperas. Principalmente por parte de Zhenya, que demonstra um ódio amargo pelo marido. As discussões chegam ao ponto de envolver a guarda do filho do
casal, Alyosha (Matvey Novikov), um garoto entrando na adolescência. Zhenya diz
que não quer ficar com o filho e Boris rebate dizendo que o menino precisa da
mãe. Alyosha escuta toda essa conversa, sofre com o desamor dos pais e
simplesmente desaparece do mapa, o que acaba gerando uma busca incessante por
parte da polícia. A ausência de sentimentos em relação ao filho desaparecido
fica mais do que evidente. Como se nada
tivesse acontecido, Boris curte um romance com uma jovem bem mais moça, que
está grávida, e Zhenya inicia uma nova vida amorosa indo morar com um namorado
rico. O roteirista e diretor Andrey Zvyagintsev, que se revelou com o ótimo “Leviatã”,
também indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015, elaborou um filme
contendo uma elevada carga de dramaticidade, sem abrir concessão para qualquer
tipo de sentimento que não seja a raiva e a falta de amor. Trata-se, portanto,
de um drama bastante pesado e nada agradável. Mas, sem dúvida, um filme muito bem
feito e impactante. Destaque para a atuação espetacular da atriz Mariana
Spivak.
sábado, 24 de fevereiro de 2018
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
Um dos cinco finalistas ao Oscar 2018 de Melhor Filme
Estrangeiro representando a Suécia e vencedor da Palma de Ouro no Festival de
Cannes 2017, “THE SQUARE – A ARTE DA
DISCÓRDIA” (“The Square”) contém uma
crítica mordaz e contundente à arte contemporânea e aos seus adeptos. Explora,
por exemplo, essa coisa ridícula que chamam de instalações, cujo conceito ou
finalidade ninguém sabe explicar direito, nem mesmo seus autores. Além de satirizar
esse modismo que ousam chamar de arte, o filme também critica as classes
privilegiadas e seu desprezo pelos mais necessitados – por incrível que pareça,
Estocolmo também tem muitos moradores de rua que vivem pedindo esmolas nas ruas
e nas estações de metrô. A história começa com o egocêntrico e prepotente
Christian (Claes Bang), curador-chefe do Museu de Arte Moderna de Estocolmo
dando uma entrevista para a jornalista norte-americana Anne (Elisabeth Moss).
Ele quer divulgar a próxima exposição, cuja atração principal é uma instalação
chamada “Square” (quadrado, em português). Aliás, a autora desse trabalho existe
mesmo na vida real, a artista plástica argentina Lola Arias, que ficou pê da
vida por não ter sido convidada para participar das filmagens. Ao mesmo tempo,
Christian tem seu celular roubado e, com a ajuda de um colega de trabalho,
tenta encontrar os ladrões. No meio de tudo isso que está acontecendo, Christian
contrata uma firma de publicidade para divulgar a exposição. Os jovens publicitários
apresentam uma alternativa pra lá de inusitada que tem tudo para dar errado...
e dá. Entre as cenas de maior impacto engendradas pelo roteirista e diretor
sueco Ruben Östlund (do ótimo “Força Maior”) está aquela em que, num jantar super-chique
no museu, um “homem-macaco” faz uma performance bastante perturbadora. Outra cena chocante é aquela em que, no meio de uma entrevista coletiva, um homem com Síndrome de Tourette interrompe os trabalhos gritando ofensas e palavrões. Sem falar nas cenas em que aparecem os moradores de rua. O filme, falado em sueco, inglês e dinamarquês, é
bastante instigante com sua sátira escancarada e debochada do excêntrico mundo da arte contemporânea. Tem boas chances de conquistar a estatueta, mas não é um filme
muito fácil de digerir.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
“AMOR E TULIPAS” (“Tulip
Fever”), 2017, EUA/Reino
Unido, direção de Justin Chadwick, EUA/Reino Unido, é um drama de época adaptado
para o cinema do romance “Tulip Fever”, da escritora inglesa Deborah Moggach. A
história é ótima e o elenco de primeira qualidade: Alicia Vikander, Christoph
Waltz, Judi Dench, Holliday Grainger, Dane DeHaan e Cara Delevingne. O filme
também é muito bom, agradável de assistir. Toda a história é ambientada em
Amsterdã em meados do século 17, quando
a cidade holandesa vivia a febre especulativa do mercado de tulipas. A jovem
Sophia (Vikander) sai do convento para se casar com Cornelis Sandvoort (Waltz),
um rico comerciante de especiarias. Cornelis contrata o jovem pintor Jan van
Loos (DeHaan) para elaborar um retrato do casal. Se arrependimento matasse...
Sophia se apaixona pelo pintor, e vice-versa, e ambos iniciam um tórrido
romance. Os amantes, porém, passam a correr um sério risco de serem descobertos a partir
do momento em que Maria (Grainger), a empregada dos Sandvoort, fica sabendo dos
seus encontros e começa a chantagear a patroa. A repentina gravidez de Maria dá
margem a um plano diabólico criado por Sophia. O filme fica
ainda melhor depois que o diretor Chadwick (de “Mandela: O Caminho para a Liberdade”
e “A Outra”) acrescenta algumas cenas de suspense recheadas de humor, aliviando
um pouco a carga dramática da situação. Trata-se, portanto, de um bom
entretenimento, mesmo em se tratando de um filme de época, gênero que
normalmente carrega no drama e na tragédia. Pode assistir sem medo de não
gostar.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
Mesmo que tenha sido bastante elogiado pela crítica
especializada e de ter sido indicado para representar o Brasil no Oscar 2018 de
Melhor Filme Estrangeiro, confesso que relutei em assistir “BINGO, O REI DAS MANHÃS”, primeiro longa-metragem dirigido por
Daniel Rezende, com roteiro de Luiz Bolognesi. Afinal, não me interessou muito
o fato que o filme retratava a vida de Arlindo Barreto, um dos atores que
interpretou o palhaço Bozo com grande sucesso durante a década de 1980 nas
manhãs da programação infantil da TVS, depois SBT. Devido a problemas de
direitos autorais, no filme Barreto passou a se chamar Augusto Mendes (Vladimir Brichta),
Bozo ficou sendo Bingo, Márcia de Windsor virou Martha Mendes (Ana Lúcia Torre)
e a TV Globo foi retratada como TV Mundial (até Pedro Bial faz uma ponta). Um
dos únicos nomes verdadeiros que permaneceu foi a de Gretchen (Emanuelle
Araújo). Arlindo Barreto/Augusto Mendes não se conformava em manter sigilo
sobre sua identidade verdadeira, conforme o rígido contrato que assinou ao ser
contratado para interpretar Bozo/Bingo. Ele queria ser famoso e reconhecido não
como o palhaço, mas sim como o ator que o interpretava. Essa frustração foi um
dos motivos que levaram Barreto às drogas e à bebida, inclusive nos bastidores
do programa. Para desespero de Lúcia (Leandra Leal), Barreto/Mendes não seguia
o roteiro pré-estabelecido, preferindo improvisar. Numa dessas ocasiões, quando
Gretchen se apresentava cantando “Conga”, ele começou a se esfregar na cantora,
gerando uma cena, convenhamos, nada apropriada para o público infantil. O filme
me surpreendeu pela qualidade da direção, do roteiro, da cenografia, da
recriação de época e, principalmente, pela interpretação competente de Vladimir
Brichta, que, confesso, não sabia que era tão bom ator. A trilha sonora é
ótima, levando-nos a uma viagem musical aos anos 80. IMPERDÍVEL!
Assinar:
Postagens (Atom)