“100
METROS”,
2016, Espanha, 1h48m, disponível no catálogo Netflix, marca a estreia de Marcel
Barrena como roteirista e diretor. A história é baseada em fatos reais. Aos 35
anos, Ramón Arroyo (Dani Rovira), um importante executivo de uma agência de
propaganda, começa a perceber alguns sintomas estranhos: formigamento nas mãos,
dificuldade na fala, perda de movimentos e confusão mental. Depois de vários
exames, o trágico diagnóstico: esclerose múltipla. A notícia chega justamente
no momento em que ele está no auge da carreira e sua esposa Inma (Alexandra
Jiménez) prestes a ganhar o segundo filho. O início do tratamento é bastante
difícil, principalmente do ponto de vista psicológico, pois os prognósticos
médicos não são nada bons. Numa das sessões de tratamento, um de seus colegas
pacientes diz a Ramon: “Daqui a pouco você não conseguirá caminhar 100 metros e
logo estará uma cadeira de rodas”. Ramón resolve desafiar essa previsão e
começa a treinar não só para vencer os 100 metros, mas para encarar provas mais
difíceis, quem sabe um Iron Man, a prova mais difícil do triathlon, com 3,8 km
de natação, 180 km de ciclismo e 42,195 km de corrida. Mesmo com o descrédito
geral, inclusive da sua própria médica, mas com o apoio da esposa e do sogro Manolo
(Karra Elejalde), Ramón resolve treinar para a prova. Seu técnico é o próprio
sogro, um ex-professor de educação física, com o qual não se dava desde o início
do namoro com Inma. Aliás, a relação difícil entre o sogro e o genro resulta
nas cenas mais engraçadas, um alívio cômico diante de um contexto tão
dramático. Em grande parte do roteiro, o diretor Barrena prioriza as sequências
de treinamento de Ramón até a realização da prova. Como principal trunfo, além
do elenco afiado, que conta ainda com a atriz portuguesa Maria de Medeiros e
Alba Ribas, “100 Metros” nos apresenta um belo e comovente exemplo de
superação. O filme emociona e diverte ao mesmo tempo. Para os mais sensíveis,
recomendo assistir com uma caixa de lenços de papel do lado. Resumo da ópera:
filmaço!