sábado, 17 de outubro de 2020

 

“100 METROS”, 2016, Espanha, 1h48m, disponível no catálogo Netflix, marca a estreia de Marcel Barrena como roteirista e diretor. A história é baseada em fatos reais. Aos 35 anos, Ramón Arroyo (Dani Rovira), um importante executivo de uma agência de propaganda, começa a perceber alguns sintomas estranhos: formigamento nas mãos, dificuldade na fala, perda de movimentos e confusão mental. Depois de vários exames, o trágico diagnóstico: esclerose múltipla. A notícia chega justamente no momento em que ele está no auge da carreira e sua esposa Inma (Alexandra Jiménez) prestes a ganhar o segundo filho. O início do tratamento é bastante difícil, principalmente do ponto de vista psicológico, pois os prognósticos médicos não são nada bons. Numa das sessões de tratamento, um de seus colegas pacientes diz a Ramon: “Daqui a pouco você não conseguirá caminhar 100 metros e logo estará uma cadeira de rodas”. Ramón resolve desafiar essa previsão e começa a treinar não só para vencer os 100 metros, mas para encarar provas mais difíceis, quem sabe um Iron Man, a prova mais difícil do triathlon, com 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,195 km de corrida. Mesmo com o descrédito geral, inclusive da sua própria médica, mas com o apoio da esposa e do sogro Manolo (Karra Elejalde), Ramón resolve treinar para a prova. Seu técnico é o próprio sogro, um ex-professor de educação física, com o qual não se dava desde o início do namoro com Inma. Aliás, a relação difícil entre o sogro e o genro resulta nas cenas mais engraçadas, um alívio cômico diante de um contexto tão dramático. Em grande parte do roteiro, o diretor Barrena prioriza as sequências de treinamento de Ramón até a realização da prova. Como principal trunfo, além do elenco afiado, que conta ainda com a atriz portuguesa Maria de Medeiros e Alba Ribas, “100 Metros” nos apresenta um belo e comovente exemplo de superação. O filme emociona e diverte ao mesmo tempo. Para os mais sensíveis, recomendo assistir com uma caixa de lenços de papel do lado. Resumo da ópera: filmaço!  

 

“THE SPY GONE NORTH” (“GONGJAK”), 2018, Coreia do Sul, 2h21m, roteiro e direção de Yoon Jong-Bin. A tradução para o português seria algo como “O Espião foi para o Norte”, mas mantive o título em inglês, como está no catálogo da Netflix. Trata-se de um filme de espionagem com forte apelo político. A história é baseada num caso real ocorrido nos anos 90 do século passado. O major sul-coreano Park Seok-Yeong (Hwang Jung-Min) foi convocado pelo Serviço Nacional de Inteligência para uma importante e arriscada missão: infiltrar-se na Coreia do Norte com o objetivo de descobrir informações sobre o programa nuclear do governo comunista do ditador Kim Jong II. A operação foi intitulada “Venus Black”, também utilizado como codinome do espião. A estratégia começou em transformar Park em um empresário com muito dinheiro para investir em negócios na Coreia do Norte. O primeiro passo foi fazer contato com um importante dirigente do país vizinho em Pequim, Ri Myung-Woon (o ótimo Lee Sung-Min, de “The Witness”), secretário do comércio exterior. Ao ganhar a confiança de Ri, Park conseguiu chegar à capital comunista Pyongyang como visitante ilustre e, como tal, ter uma audiência particular com o ditador Kim Jong II (Gi Ju-Bong), num dos momentos mais marcantes do filme. Outra sequência impactante refere-se à visita que Park faz à periferia da capital norte-coreana, um cenário de miséria e descaso total, um povo que morre aos poucos de fome – a cena de mortos empilhados nas calçadas é chocante. Além de conseguir informações importantes sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, Park também terá surpresas desagradáveis com relação à corrupção do seu próprio governo nas eleições anteriores e nas que se aproximam. “The Spy Gone North” estreou no Festival de Cannes 2018, recebendo elogios de críticos e de público. O filme é excelente, de muito impacto e tenso como todo bom filme de espionagem deve ser. Mais uma superprodução do excelente cinema sul-coreano. Imperdível!       

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 

“THE WITNESS” (“MOK-GYEOK-JA”), 2018, Coreia do Sul, 1h51m, roteiro e direção de Jo Gyu-Jang. A tradução em português seria “A Testemunha”, mas mantive o título em inglês, pois é assim que está no catálogo da Netflix. Não dá pra entender como esse filme tão bom não tenha sido exibido por aqui no circuito comercial. Trata-se de um suspense muito criativo, vigoroso e tenso, do começo ao fim. Vamos à história. Depois de beber com os amigos, Han Sang-Hoon (Lee Sung-Min) chega em casa por volta das 2 horas da manhã e resolve tomar uma cerveja “saideira”. De repente ele ouve o grito de uma mulher pedindo socorro e resolve ver o que está acontecendo. A mulher está sendo espancada com um martelo, e o criminoso percebe que está sendo visto por alguém. Quando olha para o 6º andar, ele flagra Sang-Hoon testemunhando a agressão. Morrendo de medo, ele resolve não ajudar a vítima, preferindo apagar a luz do apartamento e se esconder. A partir daí, a vida de Sang-Hoon vira um verdadeiro inferno, pois ele acredita que o assassino virá atrás dele, de sua mulher, da filha e até do cachorro. Para aumentar ainda mais o suplício de Sang-Hoon, o psicopata ainda cometerá outros crimes cujas vítimas seriam também testemunhas. O suspense aumenta cada vez mais, chegando a um dos desfechos mais emocionantes já criados no cinema. Méritos para o roteirista e diretor estreante Jo Gyu-Jang, um antropólogo que fez mestrado em direção de cinema na Universidade Nacional de Artes da Coreia. Em sua estreia como roteirista e diretor, Gyu-Jang marcou um verdadeiro gol de placa. Algumas sequências são realmente de arrepiar, com movimentos de câmera em ritmo alucinante, levando o espectador a interagir com o personagem de Sang-Hoon naqueles momentos de maior tensão. “The Witness” é simplesmente sensacional, com certeza um dos melhores suspenses dos últimos anos, consagrando a já comprovada qualidade do cinema sul-coreano. Não perca de jeito nenhum!   

terça-feira, 13 de outubro de 2020

“DARC” é uma produção norte-americana de 2018. Trata-se do primeiro longa-metragem dirigido por Julius R. Nasso, mais conhecido, no meio cinematográfico, como produtor. O roteiro é assinado por Tony Schiena e Dennis Venter. Schiena, aliás, atua como o personagem central da história, fazendo o papel de Darc, na verdade o seu pseudônimo, criado quando curtia um super-herói com esse nome num gibi. O filme começa mostrando como o então menino presenciou o assassinato da mãe por um membro da poderosa máfia japonesa . Na época, ele e a mãe moravam em Tóquio – a mãe havia sido vítima de sequestro pela Yakuza para trabalhar como prostituta na capital japonesa. O garoto guardou o nome e a cara dos assassinos. O filme dá um salto de 25 anos e Darc está agora em Los Angeles trabalhando nas sombras como um misto de detetive/justiceiro particular. Ele é procurado pelo seu amigo policial Lafique (Armand Assante) para que o ajude a libertar a filha, sequestrada por integrantes da filial norte-americana da Yakuza. O plano é que Darc se infiltre na quadrilha japonesa para descobrir o paradeiro da filha do amigo. Ora, quem é o chefe da gangue japonesa? Justamente o assassino de sua mãe. A partir daí, muita ação e violência, pancadarias generalizadas, tiros, muito sangue jorrando e cenas de luta muito bem coreografadas. É nesse contexto que entra a experiência do ator sul-africano Tony Schiena, um mestre das artes marciais. Campeão mundial de caratê na categoria peso-pesado, Schiena também trabalha como instrutor de combate corpo-a-corpo para a SWAT, para o exército dos Estados Unidos e para a OTAN. Antes, trabalhou como agente do serviço de inteligência militar do governo da África do Sul. Atualmente, em paralelo à sua carreira de ator, ele é proprietário da Multi Operational Security Agency of Intelligence Company (MOSAIC). Todo esse currículo, mais sua habilidade em artes marciais, contribuiu para que Schiena criasse um roteiro dos mais dinâmicos. Como todo bom filme de ação, “Darc” não nega fogo. Ótimo entretenimento, um filmaço!            

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 

“SHABANA – TREINADA PARA MATAR” (“NAAN SHABANA”), 2017. Índia, 2h27m, disponível no catálogo da Netflix, direção de Shivan Nair, a partir de roteiro de Neeraj Pandey. O gênero “Filmes de Ação” nunca foi o forte de Bollywood. De vez em quando aparece algum razoável, mas difícil encontrar um ótimo. Embora seja protagonizado pela atriz do momento na Índia, Taapsee Pannu, “Shabana” não consegue, em nenhum momento, entusiasmar. Vamos à história. Após assistir ao assassinato de seu namorado Jai (Taher Shabbir), Shabana (Taapsee) quer vingança, achando que suas habilidades em artes marciais são suficientes para acabar com os quatro assassinos. O problema é que ela não sabe o paradeiro do quarteto. É aí que aparece um sujeito se dizendo membro de uma agência de espionagem prometendo ajudá-la. Em troca pelo favor, ela concorda em ser treinada para se aprimorar em artes marciais e utilização de armas de fogo. O acordo com a agência prevê, depois da vingança pela morte do namorado, a captura de um poderoso traficante de drogas e armas, um tal de Tony (Prithviraj Sukumaran). O problema é que o bandido tem um exército de seguranças fortemente armados, o que torna a missão de capturá-lo um verdadeiro suicídio. Será que Shabana conseguirá executar o trabalho e ainda sair viva? A resposta, só assistindo ao filme, muito fraco, aliás. Longo demais, com um elenco de péssimos atores e cenas de ação que podem servir para uma comédia, de tão risíveis. A conclusão é que o diretor Shivan Nair deveria fazer um curso de cenas de ação e coreografias de luta com o diretor sul-coreano John Woo. Enfim, “Shabana” é aquele filme para ficar guardado até virar mofo. Uma verdadeira BOMBAIM!