sábado, 1 de junho de 2019


“15 MINUTOS DE GUERRA” (L’ INTERVENTION”), 2018, França, 1h38m, roteiro e direção de Fred Grivois. A história, baseada em fatos reais, é ambientada em fevereiro de 1976 na então colônia francesa de Djibut, na África Oriental. Terroristas somalianos – a Somália faz fronteira com Djibut – sequestram, na capital Djibut (mesmo nome do país), 21 crianças francesas que ocupavam um ônibus que as levaria para a escola. Sua intenção era atravessar a fronteira, ingressar na Somália e depois exigir da França a soltura de somalianos presos por atos terroristas. Ao chegar perto da fronteira, porém, o ônibus encalha num banco de areia. As forças armadas francesas cercam o local, mas não conseguem impedir que Jane Anderson (a bela atriz ucraniana Olga Kurylenko), professora das crianças, entre no ônibus para tentar salvá-las. Acaba também como refém. Diante da situação caótica, o governo francês envia para Djibut uma força especial do Groupe D’ Intervention de La Gendarmerie Nationale (GIGN) comandada pelo capitão André Gerval (Alban Renoir). São homens treinados para atuar em missões anti-terroristas e a reagir em situações com reféns, tanto na França como em qualquer outro lugar do mundo. André e seus homens querem acabar logo com os terroristas, mas o governo da França impede que eles entrem em ação antes de tentar um acordo diplomático com a governo da Somália. Só que a tensão aumenta quando chega a informação de que um ônibus estaria vindo da Somália para levar as crianças para o outro lado da fronteira. Aí não dá mais para esperar. André Gerval resolve planejar e executar a missão de resgate das crianças, tomando cuidado para que elas não sejam alvejadas. A tensão domina o filme inteiro e o desfecho conta com ótimas cenas de ação, muito bem executadas pelo diretor Grivois. O filme revela-se mais interessante ainda por recordar uma história que estava esquecida no tempo. Recomendo!   

sexta-feira, 31 de maio de 2019


“NO PORTAL DA ETERNIDADE” (“AT ETERNITY’S GATE” – embora seja uma produção francesa, o título original ficou em inglês), 2018, direção e roteiro do cineasta norte-americano Julian Schnabel. A história, baseada em fatos reais, acompanha os dois últimos anos de vida do pintor holandês Vincent Van Gogh (Willem Dafoe), ou seja, a partir de 1888 até sua morte em 1890. Com seu trabalho rejeitado por grande parte das galerias de arte de Paris, Van Gogh, a conselho de seu amigo e mentor Paul Gauguin (Oscar Isaac), segue para o sul da França, mais especificamente para as aldeias de Arles e Auvers-Sur-Oise – suas despesas eram bancadas por seu irmão Theo Van Gogh (Rupert Friend). Em contato direto com a Natureza, o pintor holandês viverá o seu período mais prolífico, quando criou inúmeras obras importantes. Ao mesmo tempo, porém, começará a apresentar sintomas de demência e depressão, fatores que o levaram a cortar a própria orelha. A arte de Van Gogh só seria reconhecida muitos anos após sua morte – o pintor morreu na pobreza. O diretor Julian Schnabel, que além de cineasta é um renomado pintor, reconhecido como um dos mais importantes nomes do neo-expressionismo atual, fez questão de explicar a arte e o pensamento de Van Gogh através de longos e esclarecedores diálogos principalmente com seu amigo Paul Gauguin, com o dr. Paul Gachet (Mathieu Amalric), seu médico no sanatório, e ainda com o padre (Mads Mikkelsen) responsável por sua avaliação psicológica. Como podem perceber, um elenco de luxo, que conta ainda com Niels Arestrup, Lolita Chammah, Vincent Perez, Emmanuelle Seigner e Anne Consigny. Lembro ainda que Schnabel também dirigiu filmes importantes como “O Escafandro e a Borboleta”, “Antes do Anoitecer”, “Miral” e Basquiat – Traços de Uma Vida”. No caso de “No Portal da Eternidade”, Schnabel talvez tenha realizado o melhor e mais interessante filme sobre o famoso e polêmico pintor holandês. Imperdível!                   

quinta-feira, 30 de maio de 2019


“BIGGER – THE JOE WEIDER STORY” (o filme não chegou até aqui e, portanto, ainda não há uma tradução para o título), 2018, EUA, 108 minutos, direção de George Gallo, com roteiro do próprio com a colaboração de Ellen Brown Furman, Brad Furman e Andy Weiss. Afinal, quem é esse tal de Joe Weider? Pois foi ele, ao lado do irmão Ben Weider, quem criou o movimento de fisiculturismo e a prática do fitness. Foi ainda um dos pioneiros na montagem de academias de ginástica, além de fundador da Federação Internacional de Fisicultura e Fitness (IFBB). Joe Weider ficaria ainda mais conhecido por ter descoberto e levado para os Estados Unidos, no início dos anos 70, o austríaco Arnold Schwarzeneger para competir no “Mr. Olympia”, famosa competição internacional de fisiculturismo. Schwarzeneger ganhou e poucos anos depois estava em Hollywood. “Bigger” acompanha a trajetória dos irmãos Weider desde os anos 40, quando moravam com a família de poucos recursos em Montreal (Canadá). Ainda jovens, foram para Nova Iorque atrás de novas oportunidades de trabalho. Joe resolveu editar uma revista sobre fisiculturismo e logo se transformou num grande empresário, uma verdadeira celebridade no mundo dos negócios e dos esportes.  “Bigger” conta toda essa incrível história de pioneirismo e empreendedorismo. O elenco conta com Tyler Hoechlin (Joe Weider), Aneurin Barnard (Ben Weider), a estonteante Julianne Hough (Betty Weider), Kevin Durand (Bill Hauk) e Calum Von Moger (Schwarzeneger), australiano eleito Mr. Universo em 2014. Embora com alguma maquiagem, a semelhança com o jovem Schwarzeneger é impressionante. Enfim, o filme é ótimo, tem uma primorosa recriação de época e, repito, uma história bastante interessante que vale a pena ser conhecida.                    

terça-feira, 28 de maio de 2019


“O PESO DO PASSADO” (“Destroyer”), 2018, Estados Unidos, 2h3m, roteiro de Phil Hay e Matt Manfredi, direção de Karyn Kusama (diretora de origem japonesa nascida no Tio Sam, conhecida por ter assinado filmes como “Aeon Flux”, “Boa de Briga” e “Garota Infernal” – fracos, aliás). “O Peso do Passado” conta a história de Erin Bell (Nicole Kidman), uma policial veterana que não consegue se livrar de um trauma do passado. Vive bêbada e sua aparência é tão horrível que lembra mais um zumbi (uma Nicole Kidman transfigurada como nunca se viu). Quando ainda era uma novata na polícia, ela conseguiu se infiltrar numa gangue de assaltantes de banco juntamente com seu parceiro Chris (Sebastian Stan). Num dos assaltos em que eles também participariam, a coisa foge do controle e acaba em tragédia, culminando com a descoberta, pelos bandidos, das suas verdadeiras identidades. Dezoito anos depois, ainda traumatizada por aquele episódio trágico, Erin recebe a informação de que Silas (Toby Kebbell), o antigo chefe da gangue, voltou a agir. Pronto, ela fica obcecada por se vingar e vai atrás dele e de seus comparsas. Em meio à investigação, Erin ainda enfrenta problemas com sua filha adolescente, Shelby (Jade Pettyjohn), de 16 anos, que insiste em namorar um tipo marginal. Li que o filme foi feito para Nicole ganhar seu segundo Oscar (o primeiro foi por “As Horas”, em 2002). Vamos aguardar... De qualquer forma, é realmente Nicole quem carrega o filme nas costas.                        

domingo, 26 de maio de 2019


“CAFARNAUM” (“CAPHARNAÜM”), 2018, Líbano, duração de duas horas, terceiro longa-metragem escrito e dirigido por Nadine Labaki. Impactante drama centrado no garoto Zain (Zain Al Rafeea), de 12 anos, que mora com a numerosa família num subúrbio de Beirute, onde o cenário é de grande pobreza, com desempregados, crianças famintas, bebês abandonados e refugiados numa situação de miséria. A diretora Labaki não economizou no drama e no realismo, mas conseguiu realizar um filme muito sensível e comovente. Logo que sua irmã preferida Sahar (Haia Izzan), de apenas 11 anos, é prometida e entregue para casar com um homem muito mais velho, Zain se revolta e resolve sair de casa. Passa a morar nas ruas. É quando conhece Rahil (Yordanos Shiferaw), uma refugiada etíope que mora com o filho num casebre caindo aos pedaços num bairro onde vivem centenas de imigrantes ilegais. Para Rahil trabalhar como faxineira num parque de diversões, Zain se oferece para cuidar do bebê e ajudar no sustento de mãe e filho. Um dia, porém, ao realizar uma visita à família que abandonou, Zain recebe uma trágica notícia que o fará tomar uma atitude extrema, sendo preso, julgado e condenado por cinco anos – lá no Líbano, a lei é dura para menores infratores. Lançado durante a programação oficial do 71º Festival de Cannes, “Cafarnaum” disputou a Palma de Ouro e conquistou o Prêmio do Júri. Ganhou ainda o Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no “César” (o Oscar francês), o Prêmio de Público da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, além de ter sido indicado ao Oscar 2019 como Melhor Filme Estrangeiro, ficando entre os cinco finalistas. Mais um belo filme da cineasta e atriz libanesa Nadine Labaki (além de competente, é linda – ela aparece no filme como a advogada de Zain), que já havia nos brindado com pequenas obras-primas como “Caramelo” (2007) e “E Agora, Onde Vamos?” (2011). Informação adicional: Cafarnaum era uma cidade bíblica que ficava na margem norte do Mar da Galileia. “Cafarnaum” é mais um filme para se escrever IMPERDÍVEL com letras maiúsculas. E exclamar: “Viva o Cinema!”.