sábado, 28 de fevereiro de 2015

“SONG ONE”, 2014, roteiro e direção de Kate Barker-Froyland, é um drama romântico com um altíssimo nível de água com açúcar. A história: enquanto estudava tribos nômades no Marrocos para um trabalho de doutorado, a antropóloga Franny (Anne Hathaway) recebe um telefonema da mãe Karen (Mary Steenburgen) com a notícia de que seu irmão mais novo Henry (Ben Rosenfield) tinha sido atropelado e está internado em coma. Franny retorna imediatamente para casa. Numa espiada no quarto de Ben, ela acha um diário e ainda vários cartazes e CD’s de um cantor chamado James Forester, o ídolo musical do irmão. Além de peregrinar pelos locais preferidos de Ben descritos no diário, Franny resolve também conhecer o tal James Forester (o ator sul-africano Johnny Flynn), que, por coincidência, estava fazendo uns shows na cidade. Ela acha um ingresso dentro do diário de Ben e vai assistir ao show com o intuito de conhecê-lo. É fácil adivinhar o que vai acontecer entre os dois. O filme é recheado de números musicais, grande parte deles do chamado “Folk Music” ou “Folk Rock”. Qualquer que seja a denominação certa, as músicas são chatérrimas, violão e voz, incluindo de vez em quando, para piorar, aqueles falsetes irritantes. Na parte musical, de interessante mesmo só a apresentação de um cantor barbudo interpretando “O Leãozinho” (Caetano Veloso) em português. O filme é indicado apenas para aqueles românticos incuráveis que não tenham problemas com diabete, pois é açucarado demais.                                                                                                                     

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

“O REI ELEFANTE” (“The Elephant King”), co-produção EUA/Tailândia de 2006, direção de Seth Grossman. Que eu me lembre, passou em branco por aqui esse drama ambientado quase que inteiramente na Tailândia. O jovem Jake (Jonno Roberts) enfrenta problemas com a justiça norte-americana e consegue fugir – o filme não explica como - para a Tailândia. Sua mãe, Diana Hunt (Ellen Burstyn), quer que o filho volte para casa, mesmo correndo o risco de ser preso. Jake está feliz na Tailândia, ganhando um troco nas lutas vale-tudo e vendendo – e consumindo também - maconha. Ele mora numa espécie de pousada com piscina olímpica (???) e namora uma bela nativa, Lek (Florence Faivre). Diana envia o filho mais novo, o tímido Oliver (Tate Ellington), para o país asiático com o intuito de convencer o irmão a retornar para casa. Quando chega à Tailândia, porém, Oliver deixa a timidez de lado e, levado pelo irmão, cai na gandaia. Durante uma farra, Jake compra um elefante e o leva para a pousada. Trata-se da única, infeliz e inexplicável associação com o título do filme. Oliver se apaixona por Lek, e vice-versa, e Jake fica transtornado. A situação abala a relação entre os irmãos. Como já dá para perceber, a história é fraca e o filme desanda de vez em sua segunda metade, culminando com um final trágico e, ao mesmo tempo, constrangedor. Embora apareça com destaque no material de divulgação do filme, Ellen Burstyn tem uma participação mínima, quase uma ponta. A grande atriz, de tantos papeis memoráveis em ótimos filmes como “Réquiem para um Sonho”, “Alice não Mora mais Aqui” e “O Exorcista”, entre tantos outros, não merecia estar associada a um filme tão medíocre. Dessa forma, mesmo com a presença de Ellen, fica difícil recomendar.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

 “LA PETITE REINE”, França, 2014, direção de Alexis Durant-Brault (de “Carona Sinistra”), conta o drama, baseado em fatos reais, vivido pela ciclista canadense Geneviève Jeanson. Um fenômeno na modalidade, desde que surgiu, aos 16 anos, atleta olímpica e grande orgulho do Canadá, ela teve um triste final de carreira, eliminada das competições por uso de doping. O caso veio à tona em 2008, quando o médico Maurice Duquette, de Quebec, admitiu ter fornecido o medicamento EPO para a atleta, com a concordância do treinador Andre Abut. Ambos foram banidos do esporte e também proibidos de exercer suas funções. Geneviève foi suspensa pela Federação de Ciclismo de Quebec por 10 anos e resolveu abandonar as pistas. No filme, a ciclista é Julie Arseneau (a atriz canadense Laurence Leboeuf) e o técnico é JP (Patrice Robitaille). O filme mostra o esforço da ciclista nos treinamentos e a pressão psicológica exercida pelo técnico para ela conseguir cada vez mais vitórias. Ele visava, claro, o dinheiro que vinha dos prêmios e dos patrocinadores. Grande parte desse dinheiro ia para o seu bolso. Por isso, incentivava Julie a se dopar cada vez mais. Enfim, o técnico era um mau-caráter de marca maior. O filme trata Julie como vítima, o que não deixa de ter sido, mas ela era adulta o suficiente para saber que estava fazendo tudo errado, inclusive quando ia para a cama com ele. Muita gente não conhece a história dessa jovem atleta e como o doping pode encerrar carreiras tão promissoras. O filme é muito bem feito e merece ser visto, principalmente por quem curte temas ligados ao esporte.  

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

“LAR DOCE INFERNO” (“Home Sweet Hell”), 2014, direção de Anthony Burns (seu segundo filme),   é uma comédia de humor negro com pitadas de filme trash. A bela Katherine Heigl é a estrela do filme. A atriz, ótima comediante, interpreta Mona, a ciumenta, mandona e megera esposa do empresário Don Champagne (Patrick Wilson), dono de uma loja de móveis e decoração. Além dos atributos acima, Mona também é severa e exigente demais com os dois filhos, aos quais educa como um verdadeiro oficial nazista. Mona também é metódica com relação a fazer sexo com o marido. Quando este chega “animado”, ela lembra que só vai fazer sexo no dia 9, conforme está estipulado em sua agenda. Marido fiel, Don encara o jejum forçado como coisas do casamento, pelo menos até a chegada de uma nova vendedora à sua loja. A jovem e sedutora Dusty (a atriz panamenha Jordana Brewster) vai fazer com que Don reveja seus conceitos com relação à fidelidade. É claro que a situação acabará se complicando, pois Dusty parece não ser apenas uma mulher fogosa sedenta por sexo. Mona acaba descobrindo o caso e aí seu lado psicótico vai aflorar de uma forma terrível. O filme começa como uma comédia normal, vira humor negro e acaba num trash sanguinolento. Pena que o desfecho é abrupto demais, dando a sensação de que vem parte II por aí, embora o filme não mereça tanto. Um destaque a ser mencionado é a presença do sumido ator Jim Belushi no elenco. Como entretenimento, até que funciona.                                                                                                            

domingo, 22 de fevereiro de 2015

 
 “MARVELLOUS”, 2014, Reino Unido, é um telefilme produzido e exibido pela BBC Two. Tomara que chegue por aqui, nem que seja por intermédio de alguma emissora de TV. O filme é ótimo. Conta a história verdadeira de Neil Baldwin (Toby Jones), o “Nello”, um sujeito limitado pelo seu retardo mental e que se transformou numa figura folclórica e querida por todos na cidade de Westlands, na Inglaterra. Durante algum tempo, “Nello” trabalhou como palhaço num circo. Depois de perder o emprego, voltou para a casa da mãe, Mary (Gemma Jones), que a essa altura já estava bastante doente. Preocupada com o futuro do filho, Mary levou-o a uma agência de empregos. Ele não aceitou nenhuma sugestão. Queria, porque queria, ser reverendo ou técnico de futebol. A cena é hilariante. Com sua ingenuidade e carisma, “Nello” foi fazendo amigos tanto na Universidade de Keele, onde ficava na entrada do prédio dando as boas-vindas aos novos alunos, como na Igreja local, onde costumava conversar com os padres. Mas foi no clube de futebol Stoke City que ele faria o sucesso que o tornou quase que uma celebridade. Quando Lou Macari (Tony Curran) assumiu como técnico do time, que na época disputava a 2ª Divisão – hoje está na Premier League -, convidou “Nello” para ser o roupeiro da equipe. No vestiário, durante as preleções do técnico antes das partidas, “Nello” aparecia com alguma fantasia e sempre animava o ambiente, aliviando a tensão dos jogadores. Macari passou a acreditar que “Nello” era um fator motivacional importante para o time. O roteirista Peter Bowker e o diretor Julian Farino form muito felizes em colocar o verdadeiro Neil Baldwin contracenando com Toby Jones, um recurso que nem sempre dá certo, mas neste caso ficou muito bom. A história de “Nello” é uma lição de vida e de superação. Um filme tocante, sensível e muito comovente.