“INFILTRADO
NA KLAN” (“BLACKkKLANSMAN”), 2018, EUA, 2h16m, direção de
Spike Lee, que também é autor do roteiro juntamente com Charlie Washtel, David
Rabinowitz e Kevin Willmott. Baseado em fatos reais, o filme é centrado no policial
negro Ron Stallworth, da polícia do Colorado, que em 1978 conseguiu se
infiltrar na organização clandestina e racista Ku Klux Klan. Na época, além dos
negros, a Klan também praticava atentados violentos contra judeus e imigrantes.
Ao mesmo tempo em que faz uma crítica contundente à elite branca racista
norte-americana, incluindo, é claro, Donald Trump, Spike Lee trata do assunto com
bom humor, principalmente ancorado na ótima atuação dos atores John David
Washington (Ron) e Adam Driver (Flip Zimmerman). A ambientação de época é mais
um dos destaques desse ótimo filme de Spike Lee, com claras chances de algumas
indicações ao próximo Oscar. A saborosa trilha sonora, com alguns sucessos da Black Music dos anos 70, também
contribui para tornar o filme um entretenimento dos mais agradáveis. Numa das cenas mais comoventes do filme, o grande ator e cantor Harry Belafonte aparece ainda em grande forma aos 91 anos, relembrando o assassinato de um negro em 1917. No
desfecho, Spike Lee reproduziu imagens reais do conflito ocorrido em
Charlottesville em 2017, quando neonazistas ocuparam as ruas para defender, na
base da porrada, a supremacia da raça branca. Ou seja, antes era o pessoal da
Ku Klux Klan e, agora, os neonazistas. A discriminação racial continua leve e
solta na terra do Tio Sam, tema que Spike Lee adora explorar. E com muita
competência. O filme estreou no 71º Festival de Cannes, em maio de 2018, recebendo muitos elogios tanto do público como da crítica especializada. Filmaço, imperdível!.
sábado, 22 de dezembro de 2018
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
"LÍDA BAAROVÁ", 2016, coprodução Eslováquia/República Tcheca, 1h46,
direção de Filip Renc. O drama biográfico conta uma história pouco conhecida
por nós, a da atriz tcheca Lída Baarová (1914-2000), famosa nos anos 30 não
apenas por atuar em filmes de sucesso, mas também por ter sido amante do
figurão nazista Joseph Goebbels, Ministro das Comunicações de Hitler e um dos
idealizadores do Holocausto. Lída Baarová
(na verdade o nome artístico de Ludmila Babková) saiu de Praga (Tchecoslováquia)
ainda jovem para tentar a sorte no cinema alemão, mais especificamente nos
estúdios de Babelsberg (Berlim), então considerada a Hollywood europeia. Lída (Tatiana
Pauhofová) não demorou a conquistar fama principalmente depois de contracenar
filmes românticos com o maior galã alemão da época, Gustav Fröhich (Gedeon
Burkahard), com o qual casaria logo depois. A beleza da atriz tcheca
impressionou Goebbels, que passou a assediá-la de forma acintosa, mesmo depois
dela ter-se casado com Gustav. O poder e a inteligência de Goebbels acabaram por
fascinar a jovem atriz tcheca, independente do nazista ser casado e ter vários filhos.
O caso virou um escândalo nos jornais e Hitler foi obrigado a intervir, pelo
bem do nazismo e da família alemã. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Lída foi considerada
traidora, acabou presa e condenada à morte, o que não aconteceu graças à
interferência do seu pai, amigo de um líder comunista. Lída continuaria a atuar
em filmes na Espanha e na Itália, dedicando-se posteriormente ao teatro. Resumo
da ópera: o filme “Lída Baarová” é excelente, apresenta atuações soberbas da
atriz tcheca Tatiana Pauhofová e do ator austríaco Karl Markovics como Goebbels,
além do excelente roteiro e da primorosa ambientação de época – cenários e
figurinos. Eu concluo dizendo que é uma verdadeira obra-prima do cinema europeu,
à disposição na programação da Netflix. Não deixe de assistir!
domingo, 16 de dezembro de 2018
“A
BALADA DE ADAM HENRY” (“THE CHILDREN ACT”), 2017, Inglaterra,
1h46, direção de Richard Eyre, com roteiro assinado por Ian McEwan, autor do
livro “The Children Act”, lançado em 2014. O drama inglês é centrado na Juíza
da Alta Corte Fiona Maye (Emma Thompson), responsável pelos julgamentos de
casos do Direito Familiar. Em meio à crise conjugal que vive com o marido Jack
(Stanley Tucci), Fiona é obrigada a julgar casos difíceis e polêmicos, o que a
coloca sempre em evidência na mídia. Ainda mais depois de iniciar o julgamento
de um processo que envolve o jovem Adam Henry (Fionn Whitehead, de “Dunkirk”),
que tem leucemia e vive um dilema: precisa de uma transfusão de sangue para sobreviver,
mas como é adepto das Testemunhas de Jeová, recusa-se a fazer o procedimento,
apoiado pelos pais. Numa atitude sem precedentes no meio judiciário, a juíza se
propõe a ouvir o desejo do rapaz pessoalmente no hospital onde está internado.
Essa visita terá consequências em relação ao futuro de Adam e resultará também
numa mudança na própria vida da juíza. O filme é muito bom, valorizado ainda mais pela
atuação magistral de Emma Thompson, que comprova mais uma vez ser uma das
melhores atrizes da atualidade. O jovem ator Fionn Whitehead também mostra
muita competência. Imperdível!
“SANGUE
FRANCÊS” (“UN FRANÇAIS”), 2016, França, 1h38, segundo
longa-metragem escrito e dirigido por Diastème (nome artístico de Patrick Asté).
A história, baseada em fatos reais, começa em 1992, quando um grupo de neonazistas
e skinheads passa as noites em Paris agredindo árabes, negros, comunistas e
homossexuais. A violência das cenas é bastante realista. Marco (Alban Lenoir, excelente
ator) é um desses neonazistas no qual toda a história é centrada. Marco e os
amigos defendem os ideais do partido de extrema-direita Front National, cuja
principal bandeira é o ódio aos imigrantes, negros e outras minorias. O
nacionalismo exacerbado e radical é mostrado não apenas nas reuniões dos
neonazistas, como nos encontros sociais de uma parte da elite francesa, onde se
canta a “La Marseillaise” após terem assistido a vídeos do político ultradireitista
Jean-Marie Le Pen discursando em público. O fanatismo desse pessoal é tão forte
que durante a final do mundo de 1998, em que a França derrotou o Brasil, alguns
se negaram a comemorar simplesmente porque um árabe (Zidane) fez dois gols. O
filme acompanha a trajetória de Marco como um jovem que, com o passar do tempo,
amadurece e tenta seguir sua vida adiante sem a estigma de ter sido um
neonazista fichado na polícia. O filme é excelente. Pena que não chegou a ser
exibido por aqui no circuito comercial. Teve apenas uma exibição durante o Festival
Internacional de Cinema do Rio de Janeiro em 2015. Obrigatório para quem curte
cinema de qualidade.
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