Jim
Jarmusch é um dos diretores de cinema mais cultuados da atualidade por grande parte dos críticos
especializados. Esse status foi
obtido por filmes autorais como “Flores Partidas”, “Amantes Eternos” e “Estranhos
no Paraíso”, que definiram seu estilo pouco convencional. Com o recente “PATERSON”,
o diretor norte-americano de 64 anos novamente arrancou elogios entusiasmados, transformando-se
numa das grandes sensações do Festival de Cannes 2016. Ambientado na cidade de
Paterson, em Nova Jersey, o filme acompanha o cotidiano de Paterson (Adam
Driver, de “Star Wars”), um motorista de ônibus que adora escrever poesias nas
horas vagas. Ele é casado com Laura (a bela atriz iraniana Golshifteh Farahani),
uma mulher ingênua e infantil que procura seu lugar no mundo profissional, indecisa
entre a música, a culinária ou as artes plásticas. A rotina de Paterson começa
cedo com o café da manhã com Laura, o trabalho de motorista, a cerveja no final
do dia no bar de Doc (Barry Shabaka Henrley) e os passeios com o buldogue
Marvin. E, claro, escrever poesias, que Jarmusch faz questão de reproduzir na
tela – na verdade, o autor delas é o poeta Ron Padgett, a quem o diretor admira
há muitos anos. Como na maioria de seus filmes, Jarmusch mais uma vez reúne
humor, ironia e erudição, tornando “Paterson” um entretenimento inteligente e
acima da média.
quinta-feira, 15 de junho de 2017
segunda-feira, 12 de junho de 2017
O filme
se chama “DESCONHECIDA” (“Complete Unknown”), mas poderia se chamar “Inexplicável”.
Vou tentar explicar o “Inexplicável”, a começar pela história sem pé nem
cabeça. Mulher bonita (Alice - Rachel
Weisz) conhece um rapaz num bar. Este a convida para jantar com uma turma de
amigos na casa de um deles, Tom (Michael Shannon). Todo mundo fica curioso em conhecê-la. Ela conta que viajou pelo mundo
inteiro, trabalhou como bióloga na Tasmânia e até como assistente de mágico na
China, entre outras peripécias que deixariam Forrest Gump com vergonha. Será
ela uma mentirosa compulsiva ou tudo que disse é verdade? Pior: Tom, que é casado, acaba lembrando da moça, que há muitos
anos se chamava Jennifer. Parece que tiveram um romance. Muita coincidência
ela aparecer justamente na casa dele. O pessoal sai para dançar numa discoteca.
Alice, ou Jennifer, vai embora e Tom sai atrás. Enquanto conversam, uma senhora
(Kathy Bates) leva um tombo e eles a socorrem. Alice, ou Jennifer, diz que Tom
é médico e que cuidará dela. E por aí vai essa aberração cinematográfica, que
inclui uma longa cena com sapos noturnos, que não quer dizer absolutamente
nada, assim como o filme inteiro. Inexplicável também é o fato de Rachel Weisz
e Michael Shannon, dois bons atores, aceitarem participar de tamanho
descalabro. E também Kathy Bates e Danny Glover, estes últimos em rápida
aparição, talvez envergonhados. Quem escreveu e dirigiu esse verdadeiro abacaxi
foi Joshua Marston, que ficou conhecido depois de dirigir “Maria Cheia de Graça”,
filme de 2004, que não é tão ruim como este. Conselho: passe bem longe!
domingo, 11 de junho de 2017
"QUANDO A NEVE CAI" (“DESPITE THE FALLING SNOW”), 2016, Inglaterra, roteiro e direção da
inglesa Shamim Sarif, que adaptou para o cinema o romance que ela mesmo escreveu.
A história é ambientada no final da década de 50 em Moscou, durante a Guerra
Fria. Depois de viver com o trauma de ver seus pais assassinados pelo regime de
Stalin, Katya (a sueca Rebecca Fergusson, de “Missão Impossível: Nação Secreta”)
resolve se vingar e passa a trabalhar como espiã para os EUA. Numa de suas
missões, ela é escalada para conseguir informações junto a Alexander (Sam Reid),
que ocupa um cargo importante no governo comunista, a quem deveria seduzir. Katya
não poderia imaginar, porém, que Alexander iria se apaixonar perdidamente por ela, e
vice-versa. E os dois acabam se casando. Em 1961, Alexander acompanha uma
missão diplomática russa para uma reunião com os norte-americanos em Nova
Iorque e acaba desertando. A história salta para 1992. A fotógrafa Lauren
(papel também de Fergusson), sobrinha de Alexander, resolve ir para Moscou
tentar descobrir o que aconteceu com Katya depois que o marido desertou. Ela
conhece Marina (a bela atriz alemã Antje Traue), uma jornalista de grande
influência na capital soviética, que se propõe a ajudá-la. Ao encontrar um
antigo parceiro de Katya, ela descobrirá toda a verdade. Mesmo que a espionagem
apareça como pano de fundo, é o romance entre Katya e Alexander que norteará todo
o desenrolar da história. Não é o melhor filme de espionagem que já vi, nem é
ruim, mas fica bem longe dos melhores.
“UM MERGULHO NO PASSADO” (“A
Bigger Splash”), 2015, coprodução Itália/França,
roteiro de David Kajganich e direção de Luca Guadagnino, é uma refilmagem do
clássico policial francês “A Piscina”, de 1969, com Alain Delon e Romy
Schneider. No filme recente, falado em inglês, a história é centrada na estrela
do rock Marianne Lane (Tilda Swinton), que resolve passar as férias de verão
com o namorado Paul de Smedt (Mathias Schoenaearts) numa casa na paradisíaca Ilha
de Pantelleria, na Sicília. Tudo vai bem com o casal até que chega uma visita das
mais inesperadas e indesejadas: Harry Hawkes (Ralph Fiennes), ex-produtor
musical de Marianne, e sua filha Penélope (Dakota Johnson). Prevendo confusão, Paul
não quer que Marianne hospede Harry e a filha. Marianne, porém, não tem opção,
pois, além de antigo amigo, Harry produziu muitos de seus discos e shows. Os
dias passam e o clima vai ficando cada vez mais pesado, principalmente pelo
comportamento inconveniente do egocêntrico e verborrágico Hawkes, que não para
de beber, toma banho de piscina nú e ainda assedia Marianne. Os jogos de
sedução também envolvem Penélope e Paul. É claro que a convivência acabará numa
tragédia e, a partir de então, o filme se transforma num verdadeiro suspense
policial, envolvendo até mesmo os coitados dos refugiados que chegam de barco
ao litoral italiano. Apesar do elenco de astros, o filme não convence e, em
muitos momentos, torna-se até desagradável, principalmente por causa do personagem
histriônico e irritante de Ralph Fiennes.
O drama
inglês “45 ANOS” (“45 YEARS”), foi escrito e dirigido por Andrew Haigh e
teve sua primeira exibição no Festival de Berlim/2015. Na tranquilidade
bucólica da confortável casa em que vivem numa zona rural da Inglaterra, Geoff
Mercer (Tom Courtnay) e Kate (Charlotte Rampling) curtem uma rotina tediosa ao
lado do seu cão pastor Max. Às vésperas da festa do 45º aniversário de casamento, Geoff recebe a
notícia de que o corpo de uma antiga namorada e uma de suas grandes paixões da
juventude, que estava desaparecida depois de um acidente, foi encontrado numa
geleira dos Alpes Suíços. Ao recordar alguns fatos dessa antiga paixão, Geoff acaba
gerando ciúmes em Kate. O relacionamento entre os dois fica abalado,
principalmente pela insegurança de Kate quanto ao verdadeiro amor de Geoff, se
ela ou a antiga namorada. Nos dias em que antecedem a festa, Kate e Geoff recordam
alguns fatos que marcaram seu casamento, mas o fantasma da antiga namorada
sempre aparece no meio da conversa. Será que haverá clima para a festa? A
resposta você só terá assistindo a este excelente filme, cujo roteiro foi
baseado no conto “In Another Country”, de David Constantine, e claramente inspirado
no clássico “Cenas de um Casamento”, de 1973, do diretor sueco Ingmar Bergman. “45
Anos” foi premiado em vários festivais pelo mundo afora. Charlotte Rampling e
Tom Courtnay conquistaram o Prêmio Urso de Ouro de Melhor Atriz e Ator no
Festival de Berlim/2015. Além disso, também por esse filme, Rampling foi
indicada e disputou o Oscar/2016 de Melhor Atriz. A trilha sonora, dos anos 60,
é deliciosa: Marvin Gaye, Aaron Neville, Buffalo Springfield, The Moody Blues,
The Turtles etc.
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