quarta-feira, 27 de setembro de 2023

 

“O ACUSADO” (“ACCUSED”), 2023, Inglaterra, 1h28m, lançamento da Netflix, com direção de Philip Barantini, seguindo roteiro assinado por Barnaby Boulton e James Cummings. O jovem Harri Bhavsar (Chaneil Kular, de “Sex Education”), filho de imigrantes paquistaneses radicados em Londres, está prestes a viver momentos terríveis e de alta tensão. No caminho da casa dos pais, ele pega o metrô da capital inglesa e, perto do seu ponto de destino, fica sabendo que um atentado terrorista havia ocorrido na estação onde entrou no trem. Várias pessoas morreram e logo a notícia se espalha pelo noticiário das emissoras de TV e pelas redes sociais. Já na casa dos pais, que viajaram no dia seguinte em férias, Harri descobre que é o principal suspeito do atentado, conforme filmagens feitas pelas câmeras do metrô. Nas redes sociais, os ingleses prometem vingança e farão de tudo para encontrar Harri antes da polícia. Harri fica totalmente descontrolado, não sabe o que fazer. Ele até liga para a polícia dizendo-se inocente, mas sua ligação não é levada a sério. Até que dois sujeitos encontram o endereço e vão atrás dele. A primeira vítima é Flinn, o cachorro da família. E por aí vai o suspense, com momentos realmente de alta tensão, até o surpreendente desfecho. Completam o elenco Nila Aalia, Nitin Ganatra, Frances Tomelty, Lauryn Ajofo, Jay Johnson, Robbie O’Neil e Kimberley Marren. “O Acusado” prende a atenção, levando o espectador a desejar chegar até o final para ver o que vai acontecer. Não é nenhuma Brastemp, mas fica longe de uma geladeira de isopor.                  

 

Embora o título seja propício para definir o atual clima aqui no Brasil, “ONDA DE CALOR” (“HEATWAVE”), 2022, é um suspense policial norte-americano, 1h40m, um dos mais recentes lançamentos da Netflix, com direção de Ernie Barbarash e roteiro assinado por Chris Sivertson. Com pitadas de erotismo lésbico, nada do chocante e muito menos explícito - mas as atrizes são lindas -, a história é centrada em Claire Valens (Kat Graham, atriz nascida na Suíça), que trabalha em um grande escritório imobiliário. Com seu talento profissional, ela logo se transforma no “braço direito” do chefe, o empresário Scott Crane (Sebastian Roché). Solteirona disponível, Claire conhece Eve (Merritt Patterson), com a qual começa um relacionamento amoroso. Mal sabe Claire que Eve é a esposa do seu chefe e, quando descobre, a situação se complica. Não demora muito e Scott Crane é encontrado morto. Os detetives Parker (Roger Cross) e Arlo Leonard (Cardi Wong) iniciam as investigações e logo vários suspeitos viram alvo da polícia, entre os quais Claire e a esposa do falecido, além de alguns funcionários do escritório. O mistério só será revelado no desfecho, com uma surpreendente reviravolta. Também estão no elenco Jacqueline Breakweel, Alicia Hannah, Kayla Wallace e Aren Buchholz. A história até que prende a atenção, mas o filme está longe de merecer uma indicação entusiasmada.                

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

 

“BELA VINGANÇA” (“PROMISING YOUNG WOMEN”), 2020, coprodução Inglaterra/Estados Unidos, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Emerald Fennell. Este suspense foi indicado em cinco categorias ao Oscar 2021 (veja no final deste comentário), vencendo o de Melhor Roteiro Original, justiça feita à atriz inglesa Emerald Fennel em seu filme de estreia no roteiro e direção. A história é centrada em Cassandra (Carey Mulligan), que abandonou a faculdade de medicina e agora é atendente em uma pequena cafeteria. À noite, ela sai pelos bares da cidade fingindo-se de bêbada para atrair as atenções dos homens que querem se aproveitar do seu estado e levá-la para a cama. Ela se vinga dos mal intencionados, mudando o comportamento a ponto de ser comparada com uma psicopata. Aos poucos, o espectador percebe que sua intenção é uma vingança declarada ao que fizeram com sua amiga Nina Fisher há 7 anos. Sua vingança será ainda mais maligna quando ela consegue identificar os responsáveis diretos pela tragédia ocorrida com Nina, incluindo a reitora da faculdade, um advogado e estudantes de medicina, incluindo o seu namorado. A cereja do bolo, ou seja, a bela vingança propriamente dita, está reservada para o desfecho, valorizando ainda mais a ótima história. Além da atriz inglesa Carey Mulligan, completam o ótimo elenco Alfred Molina, Laverone Cox, Alison Brie, Chris Lowell, Bo Burnham, Clancy Crow, Molly Shannon, Adam Brody, Jennifer Coolidge, Lorna Scott e Christopher Mintz-Plasse. “Bela Vingança” foi indicado ao Oscar 2021 nas categorias Melhor Roteiro Original – foi o vencedor -, Melhor Filme, Melhor Atriz (Carey Mulligan, premiada com o Globo de Ouro), Melhor Direção e Melhor Edição. A deliciosa trilha sonora também merecia pelo menos uma indicação. Enfim, "Bela Vingança" é um ótimo entretenimento.               

domingo, 24 de setembro de 2023

 

“O CONDE” (“EL CONDE”), 2023, Chile, 1h50m, lançamento da Netflix, direção de Pablo Larraín, que também assina o roteiro juntamente com Guillermo Calderón. Trata-se de uma fábula macabra, satírica, fantasiosa e bem-humorada centrada no personagem do ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1915-2006), agora como vampiro, interpretado por Jaime Vadell. O filme começa narrando a trajetória “vampiresca” de Pinochet, iniciada na França durante o período da Revolução Francesa, no século 18, até chegar ao Chile, quando derrubou Salvador Allende e em seguida governou como ditador até 1990. Pinochet agora mora num casarão isolado na Patagônia, com a esposa Lucía (Gloria Münchmeyer) e o também vampiro e fiel mordomo Fyodor Krassnoff (Alfredo Castro). Depois de 250 anos voando por aí, matando gente para beber o sangue, Pinochet confessa que está cansado e decide que quer morrer. Sabedores da intenção do pai, seus cinco filhos vão visitá-lo em seu refúgio, ávidos para se aproveitar de uma suposta herança milionária. Em meio à confusão familiar que se instala no casarão, surge no cenário a jovem Carmencita (Paula Luchsinger), que se apresenta como contadora, mas na verdade é uma freira designada para assassinar Pinochet. O roteiro do filme também conta com um forte componente político, principalmente nas reflexões sobre o seu período como ditador, com direito a uma inusitada e surpreendente visita da dama de ferro inglesa Margaret Tatcher (Stella Gonet), agradecida pelo fato de Pinochet ter ajudado a Inglaterra durante a Guerra das Malvinas. Além da ótima história, “o Conde” apresenta uma estética que remonta aos grandes clássicos do terror, como fotografia em preto e branco, mansão gótica e cenários enfumaçados. Além disso, é falado em espanhol, inglês e francês. Também estão no elenco Antonia Zeggers, Diego Muñoz, Catalina Guerra e Amparo Noguera. A estreia mundial de “O Conde” aconteceu no Festival Internacional de Cinema de Veneza 2023, quando foi indicado para premiações em diversas categorias, conquistando o “Leão de Ouro” de Melhor Roteiro. Muito pouco para um grande filme, tanto que acredito que será indicado como representante do Chile para disputar o Oscar 2024 como Melhor Filme Internacional. Termino o comentário afirmando que “O Conde” é a cereja do bolo da Netflix, com certeza seu melhor lançamento de 2023 e, sem dúvida, mais um gol de placa do diretor chileno Pablo Larraín, que possui no currículo excelentes filmes como "No" (indicado para o Oscar 2013 de Melhor Filme Estrangeiro), "O Clube" (vencedor do Globo de Ouro), "Neruda", "Spencer" e "Jackie", entre outros, todos comentados aqui no blog. Trocando em miúdos, "O Conde" é IMPERDÍVEL, assim mesmo com letras maiúsculas.