sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

 

“MEU IRMÃO, MINHA IRMÔ (“MIO FRATELLO MIA SORELLA”), 2021, Itália, produção original Netflix, 1h50m, direção de Roberto Capucci, que também assina o roteiro com a colaboração de Paola Mammini. Drama familiar recheado de humor e sequências tocantes. Com a morte do patriarca da família, o cinquentão Nick (Alessandro Preziosi) volta a rever a irmã Tesla (Claudia Pandolfi), depois de 20 anos separados. Nick terá a oportunidade de conhecer seus dois sobrinhos adolescentes, Carolina (Ludovica Martino) e Sebastiano (Francesco Cavallo). Este último é um garoto problemático, diagnosticado com esquizofrenia avançada, mas que a mãe esconde a doença e o protege demais. “Sebas” vive conversando com amigo imaginário e com o qual combina viajar para Marte com o objetivo de levar a música clássica – o jovem é um excelente violoncelista. Quando o advogado da família reúne Nick e Tesla para ler o testamento, uma surpresa: eles terão de morar juntos durante um ano. É durante esse tempo que Nick terá a chance de recuperar o tempo perdido em que ficou sem ver a irmã e os sobrinhos. E é justamente com Sebastiano que ele terá a maior aproximação. A cena em que Nick toca piano e o sobrinho violoncelo é bastante comovente. O que seria um convidado inconveniente transforma-se numa pessoa que, com seu jeito franco de encarar a vida, ajudará a irmã na difícil responsabilidade de educar um filho problemático e uma filha rebelde. O filme é muito bom, sensível, o elenco é ótimo e o roteiro muito bem elaborado. Pena que o desfecho apela para a fantasia espiritual, querendo provocar lágrimas. Não precisava.                                                                       

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

 

“GRANDE TUBARÃO BRANCO” (“GREAT WHITE”), 2021, Austrália, disponível na plataforma Netflix, 1h40m, direção de Martin Wilson (é o seu filme de estreia), seguindo roteiro de Michael Boughen. Depois do “Tubarão” de Steven Spielberg, de 1975, que se tornou um clássico, assisti a muitos outros sobre o grande predador, mas nenhum chegou aos pés do original. Como fazia algum tempo que eu não assistia a um filme do gênero, resolvi arriscar e conferir esse “Great White”, recém-chegado à Netflix. Decepção total. Começa o filme e estamos em uma praia próxima de um recife chamado Hell’s Reef, provavelmente em algum lugar do litoral australiano. O local certo não é especificado no filme. Um jovem casal está em um barco brincando de pular na água quando aparece um tubarão e faz a festa. Enquanto isso, os empresários Charlie (Aaron Jakubenko) e Kaz (Katrina Bowden), proprietários de um hidroavião que costuma ser alugado por turistas para passeios à beira-mar e às inúmeras ilhas da região. Eles são contratados por Michelle (Kimie Tsukakoshi) para levá-la, com o marido Minase (Tim Kano), para o tal recife Hell’s Reef. Aqui, Michele quer jogar as cinzas do avô japonês que sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Apresentado por Charlie como cozinheiro, Benny (Te Kohe Tuhaka) também embarca na aventura. Ao avistarem os destroços do barco daquele casal do início do filme, eles descem com o avião em uma praia e descobrem o cadáver do jovem sem as pernas. Enquanto assimilam a trágica descoberta, um tubarão, feito touro louco, investe contra o avião e o afunda. Sobrou para o quinteto um bote salva-vidas. Até o desfecho, eles tentarão sobreviver aos ataques dos tubarões – muitas cenas submarinas devem ter sido captadas no Discovery Channel, inclusive aquelas onde aparecem os tubarões. Muita enrolação até o desfecho, muito papo furado e um tempão sem nada acontecer. O elenco é péssimo, incluindo o tubarão, o roteiro nada criativo e as situações pouco convincentes. De bom mesmo, só a beleza da atriz Katrina Bowden e os cenários paradisíacos. É muito pouco. Concordo com os críticos que elegeram “Great White” como um dos piores - senão o pior - filmes já feitos sobre tubarão.                                                                    

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

 

“MUNIQUE: NO LIMITE DA GUERRA” (“MUNICH: THE EDGE OF WAR”), 2021, coprodução Inglaterra/Alemanha, 2h3m, disponível na plataforma Netflix, direção do cineasta alemão Christian Schwochow (do ótimo “Je Suis Karl”), seguindo roteiro assinado por Ben Power. Trata-se de um drama histórico ambientado em 1938, inspirado no livro “Munich”, de 2017, escrito por Robert Harris. O filme acompanha os bastidores dos preparativos para a viagem do primeiro-ministro da Inglaterra Neville Chamberlain (Jeremy Irons) para participar da Conferência de Munique, quando tentaria convencer Adolf Hitler a não invadir a Tchecoslováquia e ainda consolidar um pacto de não agressão à Inglaterra por parte dos alemães. Com a assinatura do ditador nazista, Chamberlain conseguiu adiar o início da guerra, proporcionando aos aliados um tempo para reforçar os seus exércitos. Isso é história. Pois bem, no filme aparecem alguns personagens ficcionais criados por Harris, por exemplo os jovens Hugh Legat (George Mackay) e Paul Von Hartmann (Jannis Niewöhner), o primeiro assessor e tradutor de Chamberlain e o segundo assessor do próprio Hitler (Ulrich Matthes). São estes dois personagens que darão molho à história, a amizade que os une desde a época em que estudaram juntos em Oxford, mas agora estão em campos distintos – e minados. O filme se desenrola com muito suspense, lances de espionagem e diálogos interessantes dos fatos históricos que antecederam o início da Segunda Guerra Mundial. Também estão no elenco Jessica Brown Findlay, Liv Lisa Fries, Sandra Hüller, Augusto Diehl e Anjli Mohindra. Além do ótimo elenco, é justo destacar a primorosa recriação de época. De tantas coisas que me agradaram, uma em especial me desagradou muito. O ator escolhido para representar Hitler. Achei muito diferente do original, mas nem isso prejudicou o resultado final. Para quem gosta de filmes históricos, como eu, trata-se de uma ótima opção.                                                                 

domingo, 23 de janeiro de 2022

 

“POLÔNIA À FLOR DA PELE” (“KRAJ”), 2021, Polônia, disponível na plataforma Netflix, 1h42m, roteiro e direção de Veronica Andersson, Flip Hillesland, Mateusz Motyka e Maciej Slesicki. Mais um gol de placa do surpreendente cinema polonês. Trata-se de uma comédia de humor negro muito interessante e criativa, apesar de muita violência explícita, sexo e nus frontais. Se você assistiu “Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos”, você vai achar o filme de Almodovar um conto de fadas perto deste filme polonês. São seis pequenas histórias que nada têm a ver entre si, apenas uma característica: nervos à flor da pele e comportamentos explosivos. Vamos a um resumo de cada uma delas. Um policial de trânsito utiliza métodos nada convencionais para punir culpados por acidentes; um jovem pai, em liberdade condicional, tem o seu bebê sequestrado dentro de um mercado e não sossega enquanto não encontrá-lo; donos de uma empresa familiar esperam a visita de dois fiscais da receita federal e tentam esconder as maracutaias; uma curadora de galeria de arte descobre que seu ex-amante foi nomeado diretor da instituição; um casal pretende expulsar uma inquilina maluca que não paga aluguel e se recusa a sair do apartamento; vizinhos resolvem entrar em guerra utilizando fogos de artifício. Todas as histórias terminam em tragédia, muito sangue jorrando e violência extremada. Apesar disso tudo, o bom humor (negro) prevalece e diverte muito. Não adiante citar nomes do elenco, já que são praticamente desconhecidos para nós. Diversão garantida. Não perca! Ah, tire as crianças da sala.