sábado, 18 de março de 2017


“CHEVALIER”, 2016, Grécia, direção de Athina Rachel Tsangari e roteiro de Efthymis Filippou. Seis amigos partem para um cruzeiro num luxuoso iate com a ideia de pescar e praticar mergulho. Só que o barco apresenta um problema mecânico e é obrigado a permanecer ancorado por uns dias no golfo de Daronikos (Mar Egeu). Para passar o tempo, eles inventam um jogo chamado “Chevalier”, que exige um confronto psicológico entre os participantes, originando desavenças, intrigas e até agressões físicas. Eu descreveria como uma terapia de grupo tumultuada. É preciso ter uma enorme paciência para chegar ao final do filme, monótono ao extremo e repleto de diálogos sem nexo, bem ao estilo da diretora Athina Tsangari, responsável por um dos filmes mais esquisitos que já vi: “Attenberg” (2010). “Chevalier” é mais compreensível e não tão chato. Seria injusto, porém, não destacar o excelente trabalho dos atores e a ótima fotografia. De qualquer forma, o filme foi o representante oficial da Grécia na disputa do Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro.                                        

sexta-feira, 17 de março de 2017

A Segunda Grande Guerra já rendeu centenas, talvez milhares, de histórias que se transformaram em livros ou filmes. Quando a gente pensa que tudo já foi contado vem mais uma, e assim tem sido há muitos anos. Duas das mais recentes histórias foram contadas no filme “Até o Último Homem”, dirigido por Mel Gibson, e no dinamarquês “TERRA DE MINAS”, ambos concorrentes ao Oscar 2017, o segundo pelo prêmio de Melhor Filme Estrangeiro (vencido pelo iraniano “O Apartamento”, de Asghar Farhadi). “Terra de Minas” conta uma história incrível, principalmente por ser baseada em fatos reais. Quando a guerra caminhava para o seu final, os alemães acreditavam que as forças aliadas invadiriam a Europa pelo litoral da Dinamarca, há anos ocupada pelos nazistas. Acreditando nessa possibilidade, os estrategistas alemães deram ordem de instalar mais de um milhão de minas nas praias dinamarquesas. Quem conhece um pouco de História sabe que a invasão ocorreu na Normandia (França). Quando terminou a guerra, o exército dinamarquês resolveu utilizar os dois mil soldados alemães feitos prisioneiros para escavar e desarmar todas essas minas. O filme, escrito e dirigido por Martin Zandvliet, centraliza toda a ação num grupo de 14 soldados alemães colocados sob o comando do rigoroso sargento dinamarquês Carl Leopold Rasmussen (o estupendo Roland Moller). Além de não terem a mínima experiência no desarmamento de minas, os alemães eram todos muito jovens, alguns deles recém-saídos da adolescência. O filme reserva momentos de alta tensão, principalmente durante o trabalho dos garotos, durante o qual uma tremida de mão significava uma explosão. Mas tem seus momentos comoventes, que servem para amenizar o contexto dramático e trágico da história. Impossível não se emocionar com a situação dos garotos alemães, principalmente quando um deles chora e chama pela mãe. Um filmaço, simplesmente imperdível!                                  


quinta-feira, 16 de março de 2017

O drama “MEDITERRANEA”, 2015, Itália, explora um tema dos mais atuais: a fuga de imigrantes africanos para a Europa. É o primeiro filme de longa-metragem escrito e dirigido pelo norte-americano radicado na Itália Jonas Carpignano. Para realizar “Mediterranea”, Jonas entrevistou inúmeros imigrantes que conseguiram chegar ao litoral italiano, inclusive o ator principal do filme, Koudous Seihon. Jonas centra a história em dois imigrantes: Ayiva (Sehon) e Abas (Alassane Sy). A dupla, juntamente com um grupo de imigrantes, sai de Burkina Faso para tentar melhorar de vida na Itália. A viagem é uma verdadeira aventura – e muito perigosa. Eles atravessam a Argélia e a Líbia, passam fome, enfrentam o calor do deserto e ainda são assaltados. Além disso, enfrentam uma arriscada travessia pelo Mar Mediterrâneo num barco em péssimo estado. No meio do caminho, são resgatados pela guarda costeira italiana e conseguem chegar e se estabelecer na cidade de Rosarno, na região da Calábria. O primeiro inimigo que encontrarão é o rigoroso inverno, além da rejeição violenta dos moradores locais. Ayiva e Abas acabam trabalhando numa plantação de laranjas, onde o regime é de semiescravidão. Tudo muito longe do paraíso que esperavam encontrar. Jonas conduz o filme de forma bastante realista, como se fosse um documentário, sensação reforçada pelo elenco formado quase que integralmente por verdadeiros imigrantes africanos e alguns italianos locais. Um filme bastante esclarecedor, de grande impacto, que merece ser visto por quem aprecia cinema de qualidade.                           



terça-feira, 14 de março de 2017

“AMOR À PRIMEIRA BRIGA” (“Les Combattants”), 2014, França, primeiro filme escrito e dirigido por Thomas Cailley. Aclamado pela crítica especializada e detentor de três prêmios César (o Oscar francês), o filme conta a história da relação inicialmente conturbada entre dois jovens, o marceneiro Arnaud Labrède (Kévin Azaïs) e a bonita, durona e temperamental Madeleine Beaulieu (Adèle Haenel). Ele é de família pobre e trabalha prestando serviço de marceneiro e pedreiro juntamente com o irmão. Ela estuda Macroeconomia e pertence a uma família de classe média alta. Desiludida com a crise financeira enfrentada pela França e com o desemprego em alta, Madeleine decide cumprir um estágio no exército. Arnaud segue o mesmo caminho e ambos são submetidos a um rigoroso treinamento. Os dois acabam abandonando o estágio e partem para a floresta tentando sobreviver com os ensinamentos do exército. Apesar de ter apenas 28 anos de idade, a atriz Adèle Haenel já pode ser considerada veterana no cinema francês, tendo iniciado sua carreira em 2002 em “Les Diables”. Atualmente, está em cartaz por aqui com “A Garota Desconhecida”. “Amor à Primeira Briga” ganhou os prêmios César de Melhor Atriz (Haenel), Melhor Ator Revelação (Azaïs) e Melhor Primeiro Filme. Confesso que o filme não me encantou o suficiente para recomendá-lo. Em todo caso, veja e tire suas próprias conclusões.                           

segunda-feira, 13 de março de 2017



“FRANK E LOLA – AMOR OBSESSIVO” (“FRANK & LOLA”), EUA, 2016, roteiro e direção de Matthew Ross. Mistura de drama e suspense, filmado ao estilo noir, com fotografia em tons escuros e muitas cenas noturnas. Frank (Michael Shannon) é um chef que começa a fazer sucesso em Las Vegas. Quando conhece a jovem, bela e misteriosa Lola (a atriz inglesa Imogen Poots), ele se apaixona e começa uma relação bastante complicada, repleta de desconfiança, principalmente por causa do seu ciúme doentio. De qualquer forma, ele está certo quando desconfia de certas atitudes de Lola, cujo passado é cercado de segredos. Um deles é o seu relacionamento com Alan (Michael Nyqvist), a quem acusa de tê-la estuprado quando ela era bastante jovem. Contratado por um ricaço francês para elaborar um jantar especial, Frank viaja para Paris, onde Alan mora, e resolve tirar tudo a limpo. O elenco conta ainda com Justin Long, Rosanna Arquette e Emmanuelle Devos. O filme teve sua primeira exibição em janeiro de 2016 durante o Festival de Sundance e dividiu opiniões. Alguns críticos elogiaram, outros não. Eu achei um tanto monótono, lento demais e depressivo. De qualquer forma, é estrelado pelo excelente Michael Shannon, um dos atores mais requisitados atualmente tanto por Hollywood como pelas produtoras independentes.                        
“ANIMAIS NOTURNOS” (“Nocturnal Animals”), EUA, 2016, é o segundo filme escrito e dirigido por Tom Ford. O primeiro foi o ótimo “Direito de Amar”, de 2009, com Colin Firth e Julianne Moore. Ford é mais conhecido como estilista de moda, bastante conceituado no mundo fashion. Como cineasta, também é muito competente, destacando-se por uma estética cinematográfica inovadora. Em “Animais Noturnos”, por exemplo, ele introduz um filme dentro de outro. Explico: Susan Morrow (Amy Adams), proprietária de uma badalada galeria de arte, recebe os originais de um romance escrito por seu ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal). Como Susan vive uma fase solitária com o novo e ausente marido (o bonitão Armie Hammer), ela dedica suas noites à leitura do livro, cujo título é justamente “Animais Noturnos”. Trata-se de um thriller envolvendo uma família em viagem de férias e que numa estrada é abordada e atacada por um grupo de marginais. Aí começa o outro filme, mostrando toda a situação da família nas mãos dos marginais e as investigações a cargo de um misterioso detetive (Michael Shannon). Enquanto lê o romance do ex-marido, Susan faz uma profunda reflexão sobre sua vida e seu casamento fracassado com o escritor. Ainda estão no elenco Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Ellie Bamber e Laura Linney, esta última hilariante como a mãe esnobe de Susan. O filme recebeu muitos elogios da crítica especializada. Realmente, é muito bom, mas merece um aviso: não é para qualquer público.