“CHEVALIER”, 2016, Grécia, direção
de Athina Rachel Tsangari e roteiro de Efthymis Filippou. Seis amigos partem para
um cruzeiro num luxuoso iate com a ideia de pescar e praticar mergulho. Só que
o barco apresenta um problema mecânico e é obrigado a permanecer ancorado por
uns dias no golfo de Daronikos (Mar Egeu). Para passar o tempo, eles inventam
um jogo chamado “Chevalier”, que exige um confronto psicológico entre os
participantes, originando desavenças, intrigas e até agressões físicas. Eu
descreveria como uma terapia de grupo tumultuada. É preciso ter uma enorme
paciência para chegar ao final do filme, monótono ao extremo e repleto de
diálogos sem nexo, bem ao estilo da diretora Athina Tsangari, responsável por
um dos filmes mais esquisitos que já vi: “Attenberg” (2010). “Chevalier” é mais
compreensível e não tão chato. Seria injusto, porém, não destacar
o excelente trabalho dos atores e a ótima fotografia. De qualquer forma, o
filme foi o representante oficial da Grécia na disputa do Oscar 2017 de Melhor Filme
Estrangeiro.
sábado, 18 de março de 2017
sexta-feira, 17 de março de 2017
A Segunda
Grande Guerra já rendeu centenas, talvez milhares, de histórias que se
transformaram em livros ou filmes. Quando a gente pensa que tudo já foi contado
vem mais uma, e assim tem sido há muitos anos. Duas das mais recentes histórias
foram contadas no filme “Até o Último Homem”, dirigido por Mel Gibson, e no
dinamarquês “TERRA DE MINAS”, ambos concorrentes ao Oscar 2017, o
segundo pelo prêmio de Melhor Filme Estrangeiro (vencido pelo iraniano “O
Apartamento”, de Asghar Farhadi). “Terra de Minas” conta uma história incrível,
principalmente por ser baseada em fatos reais. Quando a guerra caminhava para o
seu final, os alemães acreditavam que as forças aliadas invadiriam a Europa pelo
litoral da Dinamarca, há anos ocupada pelos nazistas. Acreditando nessa
possibilidade, os estrategistas alemães deram ordem de instalar mais de um milhão de minas nas praias dinamarquesas. Quem conhece um pouco de História sabe que a
invasão ocorreu na Normandia (França). Quando terminou a guerra, o exército
dinamarquês resolveu utilizar os dois mil soldados alemães feitos prisioneiros
para escavar e desarmar todas essas minas. O filme, escrito e dirigido por Martin
Zandvliet, centraliza toda a ação num grupo de 14 soldados alemães colocados sob
o comando do rigoroso sargento dinamarquês Carl Leopold Rasmussen (o estupendo
Roland Moller). Além de não terem a mínima experiência no desarmamento de
minas, os alemães eram todos muito jovens, alguns deles recém-saídos da
adolescência. O filme reserva momentos de alta tensão, principalmente durante o
trabalho dos garotos, durante o qual uma tremida de mão significava uma
explosão. Mas tem seus momentos comoventes, que servem para amenizar o contexto
dramático e trágico da história. Impossível não se emocionar com a situação dos
garotos alemães, principalmente quando um deles chora e chama pela mãe. Um filmaço,
simplesmente imperdível!
quinta-feira, 16 de março de 2017
O drama
“MEDITERRANEA”, 2015, Itália, explora um tema dos mais atuais: a fuga de
imigrantes africanos para a Europa. É o primeiro filme de longa-metragem
escrito e dirigido pelo norte-americano radicado na Itália Jonas Carpignano.
Para realizar “Mediterranea”, Jonas entrevistou inúmeros imigrantes que
conseguiram chegar ao litoral italiano, inclusive o ator principal do filme,
Koudous Seihon. Jonas centra a história em dois imigrantes: Ayiva (Sehon) e
Abas (Alassane Sy). A dupla, juntamente com um grupo de imigrantes, sai de
Burkina Faso para tentar melhorar de vida na Itália. A viagem é uma verdadeira
aventura – e muito perigosa. Eles atravessam a Argélia e a Líbia, passam fome,
enfrentam o calor do deserto e ainda são assaltados. Além disso, enfrentam uma
arriscada travessia pelo Mar Mediterrâneo num barco em péssimo estado. No meio
do caminho, são resgatados pela guarda costeira italiana e conseguem chegar e
se estabelecer na cidade de Rosarno, na região da Calábria. O primeiro inimigo
que encontrarão é o rigoroso inverno, além da rejeição violenta dos moradores
locais. Ayiva e Abas acabam trabalhando numa plantação de laranjas, onde o
regime é de semiescravidão. Tudo muito longe do paraíso que esperavam
encontrar. Jonas conduz o filme de forma bastante realista, como se fosse um
documentário, sensação reforçada pelo elenco formado quase que integralmente
por verdadeiros imigrantes africanos e alguns italianos locais. Um filme
bastante esclarecedor, de grande impacto, que merece ser visto por quem aprecia
cinema de qualidade.
terça-feira, 14 de março de 2017
“AMOR À PRIMEIRA BRIGA” (“Les
Combattants”), 2014, França, primeiro
filme escrito e dirigido por Thomas Cailley. Aclamado pela crítica
especializada e detentor de três prêmios César (o Oscar francês), o filme conta
a história da relação inicialmente conturbada entre dois jovens, o marceneiro
Arnaud Labrède (Kévin Azaïs) e a bonita, durona e temperamental Madeleine
Beaulieu (Adèle Haenel). Ele é de família pobre e trabalha prestando serviço de
marceneiro e pedreiro juntamente com o irmão. Ela estuda Macroeconomia e
pertence a uma família de classe média alta. Desiludida com a crise financeira
enfrentada pela França e com o desemprego em alta, Madeleine decide cumprir um
estágio no exército. Arnaud segue o mesmo caminho e ambos são submetidos a um
rigoroso treinamento. Os dois acabam abandonando o estágio e partem para a
floresta tentando sobreviver com os ensinamentos do exército. Apesar de ter
apenas 28 anos de idade, a atriz Adèle Haenel já pode ser considerada veterana
no cinema francês, tendo iniciado sua carreira em 2002 em “Les Diables”.
Atualmente, está em cartaz por aqui com “A Garota Desconhecida”. “Amor à
Primeira Briga” ganhou os prêmios César de Melhor Atriz (Haenel), Melhor Ator
Revelação (Azaïs) e Melhor Primeiro Filme. Confesso que o filme não me encantou
o suficiente para recomendá-lo. Em todo caso, veja e tire suas próprias
conclusões.
segunda-feira, 13 de março de 2017
“FRANK E LOLA – AMOR OBSESSIVO” (“FRANK
& LOLA”), EUA, 2016, roteiro e
direção de Matthew Ross. Mistura de drama e suspense, filmado ao estilo noir, com fotografia em tons escuros e muitas
cenas noturnas. Frank (Michael Shannon) é um chef que começa a fazer sucesso em Las Vegas. Quando conhece a
jovem, bela e misteriosa Lola (a atriz inglesa Imogen Poots), ele se apaixona e começa uma
relação bastante complicada, repleta de desconfiança, principalmente por causa
do seu ciúme doentio. De qualquer forma, ele está certo quando desconfia de certas
atitudes de Lola, cujo passado é cercado de segredos. Um deles é o seu
relacionamento com Alan (Michael Nyqvist), a quem acusa de tê-la estuprado quando
ela era bastante jovem. Contratado por um ricaço francês para elaborar um
jantar especial, Frank viaja para Paris, onde Alan mora, e resolve tirar tudo a
limpo. O elenco conta ainda com Justin Long, Rosanna Arquette e Emmanuelle
Devos. O filme teve sua primeira exibição em janeiro de 2016 durante o Festival
de Sundance e dividiu opiniões. Alguns críticos elogiaram, outros não. Eu achei
um tanto monótono, lento demais e depressivo. De qualquer forma, é estrelado pelo
excelente Michael Shannon, um dos atores mais requisitados atualmente tanto por Hollywood como pelas produtoras independentes.
“ANIMAIS NOTURNOS” (“Nocturnal
Animals”), EUA, 2016, é o segundo filme escrito e
dirigido por Tom Ford. O primeiro foi o ótimo “Direito de Amar”, de 2009, com
Colin Firth e Julianne Moore. Ford é mais conhecido como estilista de moda, bastante conceituado no mundo fashion. Como cineasta, também é muito competente,
destacando-se por uma estética cinematográfica inovadora. Em “Animais Noturnos”,
por exemplo, ele introduz um filme dentro de outro. Explico: Susan Morrow (Amy
Adams), proprietária de uma badalada galeria de arte, recebe os originais de um
romance escrito por seu ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal). Como
Susan vive uma fase solitária com o novo e ausente marido (o bonitão Armie Hammer), ela dedica suas noites à leitura do livro, cujo título é justamente “Animais
Noturnos”. Trata-se de um thriller
envolvendo uma família em viagem de férias e que numa estrada é abordada e
atacada por um grupo de marginais. Aí começa o outro filme, mostrando toda a
situação da família nas mãos dos marginais e as investigações a cargo de um
misterioso detetive (Michael Shannon). Enquanto lê o romance do ex-marido, Susan
faz uma profunda reflexão sobre sua vida e seu casamento fracassado com o
escritor. Ainda estão no elenco Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Ellie Bamber
e Laura Linney, esta última hilariante como a mãe esnobe de Susan. O filme
recebeu muitos elogios da crítica especializada. Realmente, é muito bom, mas merece
um aviso: não é para qualquer público.
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