“A PARTIDA” (“Departure”), Reino Unido, 2015, roteiro e direção de Andrew
Steggall. A história é centrada em Beatrice (Juliet Stevenson, a Madre Teresa
de Calcutá, de “The Letters”), e no seu filho Elliot (Alex Lawther). Os dois
são ingleses e viajam para o sul da França com o objetivo de vender a casa de
campo da família. Durante os dias em que ficam por lá separando os móveis e os
objetos que desejam se livrar, os dois fazem amizade com Clément (Phénix
Brossard), um enigmático jovem francês que vive perambulando pelas redondezas.
Beatrice é uma mulher à beira de um ataque de nervos, infeliz, desequilibrada, carente e neurótica.
O filho Elliot, que pretende ser poeta, é um homossexual enrustido que não vê a
hora de sair do armário. A convivência com Clément desperta os desejos
incontidos na mãe e no filho, lembrando o enredo do clássico “Teorema”, de
Pasolini, onde um intruso (Terence Stamp) seduz e desintegra uma família
burguesa. A chegada de Philip (Finbar Lynch), marido de Beatrice e pai de
Elliot, ao invés de colocar ordem no ambiente, acaba tumultuando ainda mais o
relacionamento familiar, principalmente depois que um segredo sórdido do seu
passado é revelado. O filme é pesado, um tanto arrastado e com poucos atrativos
para merecer uma recomendação entusiasmada, a não ser a ótima fotografia. Não
confundir com o drama japonês do mesmo nome, este sim um grande filme.
sexta-feira, 21 de abril de 2017
quinta-feira, 20 de abril de 2017
“UM LUGAR NA TERRA” (“Une Place Sur
La Terre”), França, 2013, segundo
longa-metragem escrito e dirigido por Fabienne Godet. Antoine Dumas (o ator
belga Benoît Poelvoorde) é um fotógrafo freelancer que mora sozinho num apartamento da periferia de uma cidade, provavelmente
Paris. Ele é depressivo, fumante inveterado e alcoólatra, só encontrando algum
alento na amizade com Mateo (Max Baissette de Malglaive), um garoto de 7 anos
que mora no mesmo prédio e que o visita constantemente. Numa noite qualquer,
Dumas escuta alguém tocando piano e vê, pela janela, que é uma moça. Ele pega
sua máquina fotográfica e passa a retratá-la. Dumas acaba conhecendo a tal
moça, Elena (a bela atriz grega Ariane Labed), depois que ela sofre um acidente
e ele a socorre. O que parecia apenas uma amizade transforma-se em paixão
doentia para Dumas e por fim uma obsessão paranoica, tão forte a ponto de
transformar as paredes de seu apartamento numa grande exposição de fotos da
moça. O filme inteiro é focado num homem dilacerado pelo amor que nunca se
concretiza e que transforma seus sentimentos num verdadeiro inferno. O
tratamento dado à história e a maneira de contá-la descartam qualquer apelo
comercial, posicionando o filme como do gênero “cinema de arte”, ou seja, não é destinado para todo tipo de público. Aliás, não vi
qualquer ligação do título com a história. Em todo caso, vale pelo ótimo
desempenho de Poelvoorde e pela competência e beleza de Ariane Labed.
quarta-feira, 19 de abril de 2017
O grande
trunfo do drama espanhol “TRUMAN”, 2015, roteiro e direção de Cesc Gay (“O
que os Homens Falam”), é a presença do ator argentino Ricardo Darín, mais uma
vez dando um show de interpretação. Ele é Julián, um ator argentino radicado na
Espanha e que está com os dias contados por conta de um câncer em fase de metástase.
Ao tomar conhecimento da doença do antigo amigo, Tomás (Javier Cámara), que há
muitos anos mora no Canadá, viaja para Madrid para dar uma força a Julián.
Durante quatro dias, os amigos terão a oportunidade de conversar, lembrar os
velhos tempos e preparar os últimos dias de Julián, o que envolve uma visita a
uma funerária, uma última consulta ao médico, um jantar com a amiga Paula
(Dolores Fonzi), uma viagem a Amsterdam para o aniversário do filho de Julián e,
por fim, encontrar um lar para “Truman”, o velho cachorro prestes a ficar
órfão. A situação, embora dramática, é tratada com muito bom humor através de diálogos
afiados e do sarcasmo de Julián. Tem também seus momentos de sensibilidade, que
farão rolar lágrimas dos espectadores mais emotivos. Por falar em lágrimas, o
cão que “interpreta” Truman – que na vida real se chamava “Troilo” - morreu
meses depois do término das filmagens. “Truman” é um programa bastante
agradável. Recomendo como imperdível, principalmente, repito, pela presença de
Ricardo Darín.
terça-feira, 18 de abril de 2017
O drama
francês “UM BELO VERÃO” (“La Belle Saison”), 2015, roteiro e direção de
Catherine Corsini (“Partir”, “Três Mundos”), conta a história do amor de duas
mulheres no início dos anos 70. Delphine (Izïa Higelin) trabalha na fazenda dos
pais e é lésbica assumida, embora esconda essa condição. Numa viagem a Paris,
conhece Carole (Cécile de France), uma militante feminista. É bom lembrar que
naqueles anos o movimento feminista e a liberação sexual estavam no auge no
mundo inteiro e, especialmente, na França. Embora casada com Manuel (Benjamin
Bellecour), Carole cede ao assédio de Delphine e as duas acabam se apaixonando.
Para assumir o romance, Delphine e Carole serão obrigadas a lutar contra o preconceito
reinante na época, principalmente na comunidade rural onde vivem os pais de
Delphine. A história lembra o polêmico “Azul é a Cor mais Quente”, de 2013,
inclusive nas cenas de sexo, bastante ousadas, embora não explícitas. Além da
história bem contada, também devo destacar a atuação do elenco, principalmente
as duas atrizes principais, a belga Cécile de France e a francesa Izïa Higelin,
que não negam fogo nas cenas eróticas. Conforme afirmou a diretora Corsini, o
filme foi realizado como homenagem a Delphine Seyrig e Carole Roussopoulus,
cinegrafistas que ficaram famosas ao filmar as lutas das mulheres nos anos 70,
como, por exemplo, a primeira marcha homossexual da França. Sem dúvida, um dos
melhores filmes franceses desta década.
Grande
sensação do cinema independente norte-americano em 2015, o drama “KRISHA” é
um dos filmes mais perturbadores que já vi. Como escreveu um crítico, trata-se
de “um furacão de emoções”. E é verdade, pois o clima tenso impera do começo ao
fim. Com roteiro e direção de Trey Edward Saults – é seu primeiro longa-metragem
-, o filme tem como personagem principal a sessentona Krisha (Krisha Fairchild),
que depois de 10 anos afastada da família, retorna para passar o feriado de
Ação de Graças na casa da irmã. Aliás, toda a trama acontece num único cenário,
justamente a casa onde estão reunidos todos os parentes, incluindo o filho
dela, interpretado pelo próprio diretor. A presença inesperada de Krisha deixa
o clima pesado, pois todos sabem que ela é mentalmente desequilibrada, graças a
um passado dedicado ao alcoolismo e ao vício de drogas. A relação traumática
com a família é exposta durante o almoço. Sobra até para o peru... Claro que não
é um entretenimento dos mais agradáveis, mas vale a pena assistir pelo desempenho
impressionante da atriz Krisha Fairchild, de "The Killing of John Lennon" e "Fuga Desenfreada". O filme venceu o Grande Prêmio do
Público no SXSW Film Festival/2015 e foi exibido por aqui na programação da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2016.
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