“CABRINI”, 2024,
coprodução Estados Unidos/Itália, 2h22m, em cartaz na Netflix, direção do mexicano
Alejandro Gómez Monteverde (“Som da Liberdade”), que também assina o roteiro
com a colaboração de Rod Barr. Confesso que não conhecia a incrível história da
missionária italiana Francesca Xavier Cabrini (1850-1917). Desde que foi
ordenada freira, ainda jovem, Cabrini (Cristiana Dell’Anna) se dedicou a
acolher os pobres na Itália, fundando orfanatos e escolas. Não satisfeita,
pediu ao Vaticano para ser transferida para a China, dizendo que havia muita
pobreza por lá. “O mundo é pequeno demais para o que pretendo fazer”, afirmou
diretamente ao Papa Leão XIII (Giancarlo Giannini). Só que o destino da
missionária seria outro: Nova Iorque. Havia notícias de que os imigrantes
italianos na metrópole norte-americana viviam à beira da pobreza absoluta, além
de serem tratados como cidadãos de segunda classe. Com um grupo de
missionárias, Cabrini chega a Nova Iorque em 1889 com inúmeros desafios a
vencer. A começar pela língua inglesa, que não dominava, além da falta de apoio
das autoridades locais, inclusive as eclesiásticas. Cabrini descobriria que a
situação era muito pior do que imaginava, com muitos imigrantes, a maioria
crianças, vivendo nos túneis subterrâneos por onde passava o esgoto da cidade. Para
sensibilizar as autoridades municipais, Cabrini conseguiu convencer um
jornalista do Jornal New York Times a fazer uma reportagem a respeito da
situação. Ao longo dos anos, já naturalizada cidadã norte-americana, Cabrini
fundou hospitais, orfanatos e escolas. Seu trabalho de expandiu mundo afora, à frente da Ordem Cabrini, inclusive na China. Cabrini foi
canonizada pelo Papa Pio XII em 1946, tornando-se a primeira santa norte-americana.
Ainda bem que o cinema resgata essa história maravilhosa de amor ao próximo, coragem
e dedicação extrema. Completam o elenco John Lithgow, David Morse, Romana
Maggiora Vergano, Rolando Villazón e Jeremy Bobb. Além de contar com ótimo
elenco - destaque para o excelente desempenho da atriz italiana Cristiana Dell'Anna como Cabrini -, um roteiro bem elaborado e uma primorosa reconstituição de época, “Cabrini” conta uma
história que merecia ser revisitada e divulgada. Imperdível!
sábado, 12 de abril de 2025
quinta-feira, 10 de abril de 2025
“ATAQUE TERRORISTA” (“OMERTA:
6/12”) – nos países de língua inglesa, “Attack on Finland”, 2021,
coprodução Finlândia/Estônia, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Aku
Louhimies, seguindo roteiro assinado por Jari Olavi Rantala e Antti J. Jokinen
(roteiro adaptado do livro “6/12”, de Ilkka Remes). Durante a comemoração do Dia
da Independência da Finlândia, 6 de dezembro, terroristas invadem o palácio
presidencial, matam diversos convidados e mantêm reféns o presidente Kosvivuo (Robert
Enckell) e outras autoridades importantes do país. No meio dos reféns está o
general Jean Morel (Zijad Gracic), um dos alvos dos terroristas, cujas
exigências incluem a soltura de um coronel assassino, pai de um dos terroristas. Também feita refém está a
agente especial Sylvia Madsen (Nanna Blondell), designada como guarda-costas do
general Morel. Depois de muitas negociações, os terroristas conseguem fugir
levando alguns reféns com destino à Estônia, onde está o mentor do ataque,
Leonid Titov (Juan Ulfsak). O agente Marcos Tanner (Jasper Pääkkönen), das
forças especiais da Finlândia, fica encarregado da difícil missão de resgatar
os reféns, aqui incluída sua colega Sylvia Madsen. “Ataque Terrorista” tem
muita ação, cenários deslumbrantes e suspense do começo ao fim. Um filmaço!
quarta-feira, 9 de abril de 2025
“O ÚLTIMO DUELO” (“THE LAST
DUEL”), 2021, coprodução Estados Unidos/Inglaterra/Irlanda do
Norte, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Ridley Scott, seguindo roteiro
assinado por Nicole Holof Cener, Ben Affleck e Matt Damon. Uma ótima história,
um diretor consagrado, um elenco de primeira e uma cenografia espetacular (cenários
deslumbrantes e uma primorosa reconstituição de época). Esses aspectos fazem
deste épico histórico, baseado em fatos reais detalhados no livro homônimo de
Eric Jager, lançado em 2004, um filmaço de tirar o fôlego. Na França medieval
(século XIV), um caso polêmico de estupro chegou à corte do Rei Charles VI
(Alex Lawther). O escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver) é acusado por
Marguerite de Carrouges (Jodie Comer) de tê-la estuprado. Para complicar a
situação, Marguerite é casada com sir Jean de Carrouges (Matt Dammon), amigo de
Le Gris. Os dois estiveram juntos em várias batalhas e solidificaram uma grande
amizade. Marguerite resolveu denunciar Le Gris para o marido e para as
autoridades. De início, não lhe foi dado o devido crédito, ainda mais que o
estuprador insistia em sua inocência. Resumindo, os dois ex-amigos duelariam
entre si, com um detalhe pra lá de mórbido: se Jean perdesse, Marguerite seria
imediatamente queimada. Para saber o que aconteceu, sugiro assistir a este
ótimo épico. Completam o elenco Ben Affleck, irreconhecível como o conde Pierre
D’Alençon, Serena Kennedy, Julian Firth, Marton Czokas, Chloe Harris, Chloé Lindau, Nathaniel Parker e Adam Nagaitis. O veterano diretor Ridley Scott, que está à beira dos 90 anos, ainda mantém o vigor com o qual nos brindou com filmes que
se tornaram clássicos, tais como “Thelma & Louise”, “Blade Runner” e “Falcão
Negro em Perigo”, entre tantos outros. Em “O Último Duelo”, Ridley Scott
comprova que é um craque também em cenas de ação, todas primorosas. Resumo da ópera:
mais um grande filme do diretor inglês. Não perca!
domingo, 6 de abril de 2025
“REAGAN”, 2024,
Estados Unidos, 2h15m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Sean McNamara,
seguindo roteiro assinado por Howard Klausner. Mais do que uma ótima
cinebiografia do 40º presidente norte-americano, “Reagan” apresenta um panorama
primoroso da situação política dos Estados Unidos e do mundo durante os anos
mais conturbados do Século XX. O roteiro é baseado no livro “O Cruzador: Ronald
Reagan e a Queda do Comunismo”, de Paul Kengor, lançado em 2006. No filme, a
história é apresentada sob o ponto de vista de um ex-agente da KGB, Viktor Petrovich (Jon Voight),
encarregado pela União Soviética de acompanhar todos os passos do então
presidente norte-americano. Ronald Reagan (1917-2007) é interpretado com muita
competência pelo veterano ator Dennis Quaid (quando jovem, por David Henrie).
Desde a infância e juventude, quando presenciou as bebedeiras homéricas do pai
alcóolatra, o primeiro emprego como salva-vidas, o sucesso como ator de
Hollywood, os dois casamentos, seu trabalho como diretor do sindicato dos
atores e seu ingresso na política, primeiro como governador e depois como
presidente, o filme acompanha a trajetória de Reagan apresentando como pano de
fundo o conjunto de acontecimentos políticos da época em que foi presidente,
exaltando sua aversão ao comunismo e seu poder de negociação, revelando sua firmeza
e, ao mesmo tempo, uma veia humorística que encantava os mais importantes
políticos da época, de Margaret Tatcher (Lesley-Anne Down) a Mikhail Gorbachev
(Aleksander Krupa). Completam o elenco Mena Suvari como Jane Wyman, primeira
mulher de Reagan, Penelope Ann Miller como Nancy Reagan, a segunda esposa,
Scott Stapp (Frank Sinatra), Kevin Dillon e Pat Boone. Segundo pesquisa feita
pelo portal Rotten Tomatoes, “Reagan” alcançou incríveis 98% de aprovação por
parte do público consultado. Realmente, é muito bom. Um filmaço!
"KOMPROMAT – O DOSSIÊ RUSSO” (“KOMPROMAT”), 2022,
França, 2h7m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Jérôme Salle (“A Odisseia”,
os filmes da franquia Largo Winch), que também assina o roteiro com a
colaboração de Caryl Ferey. A história é baseada na experiência real vivida
pelo diplomata francês Yoann Barbereau em 2016 e relatada no livro “Dans Les
Geôles De Sibérie”. No filme, Yoann transformou-se no personagem Mathieu
Roussel (Gilles Lellouche), que foi com a mulher e o filho para a cidade de
Irkutisk, na Sibéria, para comandar a Alliance Française, cujo objetivo era divulgar
a arte e a cultura francesa aos russos. Depois de promover uma peça de teatro na
qual dois atores se beijam na boca, Roussel é preso pelo FSB (Serviço Federal
de Segurança), que nada mais é do que a nova versão da antiga e sádica KGB.
Acusado de pedófilo e estuprador da própria filha, ele é levado para uma
penitenciária e jogado numa cela com presos de alta periculosidade. Quando
ficam sabendo de que o novo “colega” é estuprador, partem pra cima dele e o
agridem violentamente. Logo depois, o advogado contratado pela Embaixada da
França consegue a liberdade condicional de Roussel, que sai da cadeia usando
uma tornozeleira eletrônica, sair de casa em horários determinados e impedido
de usar celular. Ele fica sabendo que a esposa Alice Roussel (Elisa Lasowski) e
a filha voltaram para a França. Segundo relatório do FSB, foi Alice quem o
denunciou. Aqui, faço uma pausa para esclarecer que o termo “Kompromat” é
utilizado na Rússia como um dossiê falso concebido para incriminar opositores
do governo – na verdade, o FSB acreditava que o francês era espião. Roussel
pediu ajuda ao embaixador francês, que a negou com a desculpa de prejudicar o
relacionamento com a Rússia. O francês então empreendeu uma fuga maluca pelo
território russo, com o objetivo de chegar à fronteira da Estônia e então
conquistar a liberdade. A única pessoa a ajudá-lo foi a jovem russa Svetlana (a
atriz polonesa Joanna Kulig). As etapas da fuga e o sofrimento infringido a
Roussel, que passou fome e frio, além da perseguição por parte dos agentes da
FSB, são destacados em grande parte do filme, tornando-o um suspense de prender
a respiração. Mais interessante ainda é o fato de revelar uma história
verídica. Recomendo.