O
drama “A ILHA DO MILHARAL” (“Simindis Kundzuli”), roteiro e direção de George Ovashvili, foi
o representante oficial da Geórgia (ex-república soviética) na disputa do Oscar
2015 de “Melhor Filme Estrangeiro”. Não passou para a fase final, mas
conquistou crítica, público e prêmios em vários festivais pelo mundo afora. O
filme mostra a rotina árdua de trabalho de um velho camponês (Ilyas Salman),
que pretende utilizar uma pequena ilha no Rio Enguri – separa a Geórgia da Abecásia
– para plantar um milharal. Nessa tarefa, ele recebe a ajuda da neta (Marian
Buturishvili), órfã de pai e mãe. O filme apresenta, passo a passo, o trabalho
do velho em preparar a terra, construir uma casinha, plantar as sementes. Os
personagens não têm nome e há poucos diálogos, pois as imagens dizem tudo, com grande carga dramática. Embora lento, o filme não chega a ser monótono nem tedioso, sendo valorizado
por um excelente trabalho de fotografia. O roteiro prima pela simplicidade e situa a história em meio ao
momento político da região, caracterizado por lutas sangrentas entre soldados
da Geórgia e da Abecásia, conflito que dura desde a década de 80 até hoje. Barcos
levando soldados de um lado ou de outro passam toda hora pela pequena ilha, deixando
apreensivos o avô e sua neta. A Natureza tem um papel fundamental na trama,
como parece dizer a mensagem embutida na história: “A Natureza dá, a Natureza
tira”. Um filme muito interessante. Vale a pena conferir.
sábado, 9 de janeiro de 2016
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
“QUE HORAS ELA VOLTA”, 2015, escrito e dirigido por Anna Muylaert, tentou a sorte ao Oscar
2016 de Melhor Filme Estrangeiro como o representante brasileiro. Não deu. De
qualquer forma, é um filme muito bom, sensível e comovente. Regina Casé
interpreta Val, que há 13 anos chegou do Nordeste para trabalhar na casa de uma
família classe média alta no Morumbi. Durante esse tempo, além de empregada
doméstica, ela foi babá de Fabinho, com o qual sempre manteve um relacionamento
mais próximo e íntimo do que a própria mãe do menino, Bárbara (Karine Teles). Como
as empregadas de antigamente, Val sabia o seu lugar. Simplória, cuidava da casa
sem transpor os limites de sua função. As coisas se complicam quando sua filha
Jéssica (Camila Márdila) chega a São Paulo para prestar vestibular de
Arquitetura. De outra geração, mais liberal e emancipada, Jéssica não admite a
submissão da mãe. Sua aproximação com o chefe da família Carlos (Lourenço
Mutarelli) e seu comportamento despertam o ciúme de Bárbara, iniciando um
conflito psicológico que vai tumultuar de vez o ambiente da casa. Casé está
ótima e muito menos chata do que a Casé televisiva (por sua atuação no filme, Casé ganhou o prêmio de Melhor Atriz no último Festival de Sundance - EUA). O filme, repito, é muito
bom, mas não justifica toda essa euforia dos críticos em achar que seria um bom
candidato ao Oscar. A roteirista e diretora Anna Muylaert, que já mostrou
competência em filmes como “É Proibido Fumar”, “Chamada a Cobrar” e “Durval
Discos” (roteiro e direção), além do excelente “O Ano em que meus Pais saíram
de Férias” (roteiro), marcou mais um gol de placa.
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
“EVERESTE” (“Everest”), 2015, Inglaterra/EUA, do diretor islandês Baltasar Kormákur (de “Dose
Dupla” e do ótimo “Sobrevivente”). A história é baseada em fatos reais,
descritos no livro “No Ar Rarefeito”, do jornalista e alpinista Jon Krakauer (o
livro é ótimo: eu li). Em agosto de 1996, dois grupos de alpinistas juntam-se
para escalar os 8.848 metros de altura do Evereste (o mais alto do mundo). Depois
de chegarem ao topo, os alpinistas são surpreendidos, na descida, por uma violenta nevasca. Resultado: oito
deles morreram e os outros saíram com ferimentos e sequelas graves. O roteiro
não é muito diferente dos filmes que já vimos mostrando a aventura de
alpinistas tentando atingir o pico das montanhas mais altas do mundo. Preparativos,
despedidas das esposas, quedas espetaculares, muito suspense, falta de
oxigênio, mortes pelo caminho e, claro, cenários gelados o tempo inteiro. Ou
seja, mais do mesmo. O elenco é de primeira: Jason Clarke, Jake Gyllenhaal,
Josh Brolin, Keira Knightley, Emily Watson, Sam Worthington e Michel Kelly. As
cenas são bastante realistas e devem fazer com que muita gente com espírito
aventureiro desista de fazer o mesmo. O filme, porém, não transmite a mesma emoção
que a gente encontra ao ler o livro de Krakauer. Essa espetacular e trágica aventura merecia um filme
muito melhor.
domingo, 3 de janeiro de 2016
“A TRAVESSIA” (“The Walk”), 2015, EUA, conta a incrível – e insana – façanha do francês Philippe
Petit, que na manhã do dia 7 de agosto de 1974 atravessou os 42 metros que
separavam as Torres Gêmeas do World Trade Center se equilibrando num cabo de
aço. Detalhe: sem autorização das autoridades de Nova Iorque nem dos
administradores dos edifícios. O feito do francês foi notícia de primeira
página no mundo inteiro. O mérito do veterano diretor Robert Zemeckis (“De
Volta para o Futuro”, “Forrest Gump: O Contador de Histórias” e “Náufrago”) foi
transformar a história real num filme de aventura – e que aventura! - e criar
um ótimo entretenimento, com bastante humor, ação e suspense. A primeira metade
do filme mostra como Petit (Joseph Gordon-Levitt) toma o gosto pelo
malabarismo, os ensinamentos de “Papa” Rudy (Ben Kingsley), seu grande mentor, a
briga com a família e sua vida de artista de rua em Paris, quando conhece aquela
que seria sua futura namorada, Annie Allix (Charlotte Le Bon). A segunda parte é
dedicada aos preparativos para a grande aventura, como foi feito o planejamento, a formação da equipe de "cúmplices" e o desfecho espetacular, com
o francês fazendo aquilo que poucos seres humanos teriam a coragem de fazer. As
cenas da façanha são no mínimo sensacionais, de causar frio polar na espinha e fazer eriçar os pelos da nuca. Não recomendado para quem tem medo de altura.
Resumindo: um filmaço!
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