sábado, 1 de janeiro de 2022

 

De vez em quando é bom e até saudável dar descanso aos neurônios, afastando a tristeza e o estresse. Para isso, nada melhor do que assistir a uma boa comédia. Dessa forma, resolvi arriscar com a comédia nacional “AMARRAÇÃO DO AMOR”, 2021, recém-chegada à plataforma Amazon Prime Video, com 1h21m de duração. A comédia marca a estreia na direção de Caroline Fioratti, mais conhecida como diretora de minisséries e curtas. O roteiro também é assinado por Caroline, com a colaboração de Carolina Castro e Marcelo Andrade. O que mais me atraiu foi a sinopse: o casamento de uma garota de uma família tradicional judia com um rapaz cuja família é ligada à umbanda. Você já fica imaginando as confusões que virão por aí. E o roteiro não economiza nelas. Começa o filme e lá estão o estudante de medicina Lucas (Bruno Suzano) e a veterinária Bebel (Samya Pascotto) completamente apaixonados. O problema é quando resolvem se casar. Samuel (Ary França), o pai dela, é um judeu tradicional. Quer que a filha se case numa cerimônia judaica. Regina (Cacau Protásio, ótima), a mãe do rapaz, quer que o casamento se realize no terreiro de umbanda da família. As confusões começam quando Lucas leva sua família para almoçar na casa da noiva. E não param por aí. Até o desfecho, as situações hilariantes se acumulam, culminando com a cerimônia do casamento – houve uma primeira tentativa, no terreiro, que não deu certo. Além dos atores já citados, também estão no elenco a veterana e hilária Berta Loran, Malu Valle, Bel Kutner, Lorena Comparato, Carla Daniel, Maurício de Barros e Cássio Pandolfi. Enfim, “Amarração do Amor” cumpre a promessa de divertir.                                                      

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

 

“SOUVENIR”, 2019, México, 1h53m. O filme teve sua primeira exibição durante o Festival Internacional de Cinema de Guadalajara. Recebeu muitos elogios da crítica. Por aqui, porém, só chegou recentemente, e sem muito alarde, por intermédio da plataforma Amazon Prime Video. Trata-se de um drama com direção de Armando Cohen e roteiro assinado por Ricardo Aguado-Fentanes, ambos estreantes. E que ótima estreia, pois o filme é muito bom. A história é centrada na jovem isabel (Paulina Gaitan), funcionária de um call center. Depois de um casamento que não deu certo nos Estados Unidos e perder a guarda do filho, ela foi obrigada a voltar para sua cidade natal, no México. Em dificuldade financeira, ela concorda em ser barriga de aluguel para o casal Joaquín (Flavio Medina) e Sara (Yuriria Del Valle). No início desse processo, ela revê Bruno (Marco Pérez), que foi seu professor. Papo vai, papo vem, os dois acabam na cama e tornam-se amantes. Preocupados com as andanças da moça, Joaquín e Sara convencem Isabel a morar com eles. Dessa forma, podem vigiá-la e resguardar sua saúde e, claro, a do bebê. Até o nascimento da criança, porém, muita água vai rolar. O casal vai entrar em conflito com Bruno e Isabel ingressa naquela fase de dúvida quanto a entregar a criança. O desfecho reserva uma reviravolta surpreendente, valorizando ainda mais este ótimo drama mexicano, que tem na atuação de Paulina Gaitan o seu ponto mais alto. Trocando em miúdos, “Souvenir” não pode passar em branco para quem curte cinema de qualidade.                                                      

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021



“A MÃO DE DEUS” (“È STATA LA MANO DI DIO”), 2021, Itália, disponível na plataforma Netflix, 2h10m, roteiro e direção de Paolo Sorrentino. Mais um belo filme de Sorrentino, que se consagrou em 2014 quando o seu “A Grande Beleza” ganhou o Oscar e o Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro. “A Mão de Deus” também representará a Itália na disputa do Oscar 2022 e, certamente, será um dos favoritos. A exemplo de Federico Fellini, em “Amarcord”, quando o grande diretor relembrou sua infância e adolescência em Rimini, Sorrentino faz o mesmo ao descrever suas memórias de Nápoles, sua cidade natal, durante os anos 80. Fabietto Schisa (Filippo Scotti) é o alter ego do diretor em sua fase de amadurecimento. Sorrentino fez questão de abordar de forma afetuosa e simpática os integrantes de sua grande família, pais, irmão, tios, tias, primos e até os vizinhos. Como fez Fellini em “Amarcord” e o grande Ettore Scola em “O Baile”, Sorrentino também criou personagens exóticos, esquisitos, caricaturais, engraçados, os quais a gente aprendeu a chamar de “tipos fellinianos”. Embora aconteça uma tragédia inesperada na família de Fabietto, o filme reserva, do começo ao fim, momentos hilariantes, como as “pegadinhas” da sua mãe, os palavrões da velha avó, e o namorado todo defeituoso de uma das tias. Entre os tipos criados por Sorrentino está a baronesa Focale, que inicia Fabietto no sexo, e a tia Patrizia, linda e louca. O pano de fundo da história, e que inspirou o título, foi a contratação do argentino Diego Maradona pelo Nápoli. Fabietto e toda sua família adoram futebol e eram fãs incondicionais de Maradona, fato que salvaria o rapaz de uma tragédia. Além de Filippo Scotti, estão no elenco Toni Servillo, Teresa Saponangelo, a diva Luisa Ranieri, Marlon Joubert e Betty Pedrazzi. O diretor Antonio Capuano (“La Guerra Di Mario”, “Luna Rossa”) tem uma participação especial. Com uma narrativa sensível, envolvente e nostálgica, “A Mão de Deus” também pode ser visto como uma homenagem não só a Nápoles como também ao cinema italiano e seus grandes diretores. Concordo quando dizem que este é o trabalho mais pessoal de Sorrentino. Quem agradece somos nós, cinéfilos, que ganhamos mais um grande filme italiano. IMPERDÍVEL com letras maiúsculas.                

domingo, 26 de dezembro de 2021

 

“NÃO OLHE PARA CIMA” (“DON’T LOOK UP”), 2021, Estados Unidos, disponível na plataforma Netflix, 2h25m, roteiro e direção de Adam McKay. O elenco é um luxo. Só para citar alguns nomes: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Jonah Hill, Kate Blanchett, Mark Rylance, Chris Evans, Ron Perlman, Gina Gershon, Melanie Lynskey, Ariana Grande, Liev Schreiber. O filme nada mais é do que uma comédia, uma sátira inteligente que ironiza o establishment norte-americano, especialmente a presidência, a mídia e o negacionismo à ciência, no caso a descoberta, por dois astrônomos, de um cometa orbitando dentro do sistema solar que está em rota de colisão com a Terra. A previsão é de que a tragédia aconteça daqui a seis meses. O professor Randall Mind (Leonardo DiCaprio), astrônomo da Universidade de Michigan, e sua assistente Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), autores da descoberta, levam a notícia da tragédia em potencial à presidente Jane Orlean (Meryl Streep), que não dá muita bola para a dupla, que então recorre à mídia para tentar sensibilizar as autoridades a tomarem alguma providência com urgência. A imprensa também age com negacionismo, mesmo depois que os maiores cientistas do mundo concordaram com os cálculos da dupla de astrônomos. A história é apresentada com um humor escrachado e caricato, bem ao gosto de quem aprecia o estilo das comédias nonsense. Vale a pena conferir, ainda mais pelo excelente elenco. Ah, não desligue antes de chegar ao final dos créditos, pois ainda há uma cena adicional.