“O ESCÂNDALO” (“BOMBSHELL”), 2019,
EUA, 1h49m, direção de Jay Roach, com roteiro de Charles Randolph. A história é
baseada em fatos reais, ou seja, nas denúncias de funcionárias da gigante Fox
News, em 2016, contra o chefão Roger Ailes, fundador e CEO da empresa. O filme
mostra que há muitos anos Ailes (John Lithgow) obrigava as mulheres a se
submeter a seus caprichos sexuais. Caso contrário, não encontravam lugar na
empresa. Entre elas, as principais âncoras, repórteres e jornalistas. Uma
delas, porém, resolveu denunciar Ailes depois de ser demitida. Gretchen Carlson
(Nicole Kidman) contratou advogados para processar o CEO da Fox. No vácuo dessa
primeira denúncia, outras funcionárias da Fox News ingressaram com novos
processos. Megyn Kelly (Charlize Theron) foi uma delas. Outra personagem
importante no filme é a jornalista Kayla Pospisil (Margot Robbie), também
vítima do tarado. Em meio a todo esse escândalo, que ocupou com destaque o
noticiário norte-americano em 2016, o filme destaca a influência do partido
republicano nos meios de comunicação. Na Fox News, por exemplo, não se podia
falar mal de Donald Trump, então candidato à presidência. Esse talvez seja um
dos aspectos mais interessantes do filme, que ainda conta no elenco com as
presenças de Connie Britton, Allison Janney e Kate McKinnon. Mas o destaque
principal, sem dúvida, é o trio das protagonistas principais, Charlize Theron, Nicole
Kidman e Margot Robbie, atrizes que, além de bonitas, são muito competentes.
Theron, quase irreconhecível por causa da maquiagem, cabelo e lentes de contato,
foi indicada ao Oscar 2020 como Melhor Atriz. A australiana Margot Robbie
também foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante. Ela é, na minha opinião, a
atriz mais bonita do cinema atual. E a também australiana Nicole Kidman está
muito bem no papel da âncora que resolve fazer a primeira denúncia. Outra
indicação recebida pelo filme para a disputa do Oscar 2020 é a de Melhor Cabelo
e Maquiagem. Resumo da ópera: “O Escândalo” é um bom filme, mas poderia ser muito
melhor. O que o valoriza, além do trio de atrizes, é o fato de ter sido baseado em acontecimentos reais.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
“O FAROL” (“THE LIGHTHOUSE”), 2019,
Estados Unidos, 1h50m, direção de Robert Eggers (“A Bruxa”), que também assina
o roteiro com a colaboração de seu irmão Max Eggers. A história, ambientada no
final do século XIX e inspirada em fatos reais, é centrada na relação entre o experiente faroleiro Thomas
Wake (Willem Dafoe) e seu assistente Ephraim Winslow (Robert Pattinson). Os
dois são enviados a um rochedo distante da costa para cuidar de um farol, Wake
como faroleiro e Winslow como zelador do local. Enquanto cada um cuida de sua
função específica, o confinamento e a solidão começam a afetar a dupla. Passam
a se xingar, discutem por qualquer motivo e tomam bebedeiras homéricas. Winslow,
em especial, tem alucinações sobrenaturais, evocando monstros marinhos e até
uma sereia (a modelo Valeriya Karaman). A situação se complica ainda mais
quando uma violenta tempestade no mar impede que o navio de suprimentos chegue
ao rochedo. Filmado em preto e branco (a fotografia, de Jarin Blaschke, foi
indicada para disputar o Oscar 2020), “O Farol” não é um filme de fácil
digestão. É lúgubre, tenebroso, violento, escatológico, um misto de drama,
suspense, terror e fantasia. E também verborrágico demais, com os diálogos e longos monólogos falados no inglês antigo, difícil de entender. A entonação utilizada pelos
atores é bastante teatral, assim como o texto, que lembra as peças trágicas dos
dramaturgos de antigamente. O filme estreou durante o 72º Festival
Internacional de Cinema de Cannes em maio de 2019, arrancando muitos elogios da
crítica especializada. Recomendo assistir exclusivamente pela ótima atuação dos
atores (principalmente Pattinson, o que para mim é surpresa, pois sempre o
considerei um ator muito fraco; Dafoe está ótimo como sempre) e também pela fotografia em p/b, claramente inspirada pelo cinema expressionista alemão da primeira
metade do século passado.
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