quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020


“O ESCÂNDALO” (“BOMBSHELL”), 2019, EUA, 1h49m, direção de Jay Roach, com roteiro de Charles Randolph. A história é baseada em fatos reais, ou seja, nas denúncias de funcionárias da gigante Fox News, em 2016, contra o chefão Roger Ailes, fundador e CEO da empresa. O filme mostra que há muitos anos Ailes (John Lithgow) obrigava as mulheres a se submeter a seus caprichos sexuais. Caso contrário, não encontravam lugar na empresa. Entre elas, as principais âncoras, repórteres e jornalistas. Uma delas, porém, resolveu denunciar Ailes depois de ser demitida. Gretchen Carlson (Nicole Kidman) contratou advogados para processar o CEO da Fox. No vácuo dessa primeira denúncia, outras funcionárias da Fox News ingressaram com novos processos. Megyn Kelly (Charlize Theron) foi uma delas. Outra personagem importante no filme é a jornalista Kayla Pospisil (Margot Robbie), também vítima do tarado. Em meio a todo esse escândalo, que ocupou com destaque o noticiário norte-americano em 2016, o filme destaca a influência do partido republicano nos meios de comunicação. Na Fox News, por exemplo, não se podia falar mal de Donald Trump, então candidato à presidência. Esse talvez seja um dos aspectos mais interessantes do filme, que ainda conta no elenco com as presenças de Connie Britton, Allison Janney e Kate McKinnon. Mas o destaque principal, sem dúvida, é o trio das protagonistas principais, Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie, atrizes que, além de bonitas, são muito competentes. Theron, quase irreconhecível por causa da maquiagem, cabelo e lentes de contato, foi indicada ao Oscar 2020 como Melhor Atriz. A australiana Margot Robbie também foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante. Ela é, na minha opinião, a atriz mais bonita do cinema atual. E a também australiana Nicole Kidman está muito bem no papel da âncora que resolve fazer a primeira denúncia. Outra indicação recebida pelo filme para a disputa do Oscar 2020 é a de Melhor Cabelo e Maquiagem. Resumo da ópera: “O Escândalo” é um bom filme, mas poderia ser muito melhor. O que o valoriza, além do trio de atrizes, é o fato de ter sido baseado em acontecimentos reais.         

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020


“O FAROL” (“THE LIGHTHOUSE”), 2019, Estados Unidos, 1h50m, direção de Robert Eggers (“A Bruxa”), que também assina o roteiro com a colaboração de seu irmão Max Eggers. A história, ambientada no final do século XIX e inspirada em fatos reais, é centrada na relação entre o experiente faroleiro Thomas Wake (Willem Dafoe) e seu assistente Ephraim Winslow (Robert Pattinson). Os dois são enviados a um rochedo distante da costa para cuidar de um farol, Wake como faroleiro e Winslow como zelador do local. Enquanto cada um cuida de sua função específica, o confinamento e a solidão começam a afetar a dupla. Passam a se xingar, discutem por qualquer motivo e tomam bebedeiras homéricas. Winslow, em especial, tem alucinações sobrenaturais, evocando monstros marinhos e até uma sereia (a modelo Valeriya Karaman). A situação se complica ainda mais quando uma violenta tempestade no mar impede que o navio de suprimentos chegue ao rochedo. Filmado em preto e branco (a fotografia, de Jarin Blaschke, foi indicada para disputar o Oscar 2020), “O Farol” não é um filme de fácil digestão. É lúgubre, tenebroso, violento, escatológico, um misto de drama, suspense, terror e fantasia. E também verborrágico demais, com os diálogos e longos monólogos falados no inglês antigo, difícil de entender. A entonação utilizada pelos atores é bastante teatral, assim como o texto, que lembra as peças trágicas dos dramaturgos de antigamente. O filme estreou durante o 72º Festival Internacional de Cinema de Cannes em maio de 2019, arrancando muitos elogios da crítica especializada. Recomendo assistir exclusivamente pela ótima atuação dos atores (principalmente Pattinson, o que para mim é surpresa, pois sempre o considerei um ator muito fraco; Dafoe está ótimo como sempre)  e também pela fotografia em p/b, claramente inspirada pelo cinema expressionista alemão da primeira metade do século passado.