sábado, 25 de maio de 2019


“MINHA FAMA DE MAU”, 2018, roteiro e direção de Lui Farias, 116 minutos. Trata-se da cinebiografia do cantor e compositor Erasmo Carlos. Lui Farias escreveu o roteiro baseado no livro com o mesmo título escrito pelo próprio Erasmo e lançado em 2008 – li e adorei. O filme conta a trajetória de Erasmo desde o tempo (fim dos anos 50) em que era um jovem rebelde e delinquente, sua amizade com Tião Maia (mais tarde, Tim), e sua adoração pelos astros do rock da época, como Elvis Presley, Chuck Berry e, principalmente, Bill Halley & The Comets. O filme também destaca a ascensão artística de Erasmo com a ajuda de Carlos Imperial, o início da amizade e da parceria com o então pouco conhecido Roberto Carlos e com a “ternurinha” Wanderléa. Com imagens de vídeos da época, Lui Farias também relembra o Programa Jovem Guarda, nas tardes de domingo na TV Record, comandado por Roberto, Erasmo e Wanderléa. Para quem curtiu a Jovem Guarda - como eu – o filme é um verdadeiro deleite, traz momentos deliciosos, como a recriação de época e, principalmente, a trilha sonora. Revela ainda como Roberto e Erasmo fizeram algumas de suas canções. "Parei na Contramão", grande sucesso na época, foi composta pela dupla dentro de um ônibus (sim, eles um dia andaram de ônibus). O elenco é outro destaque: o ator capixaba Chay Suede como Erasmo, Gabriel Leone como Roberto Carlos, e Malu Rodrigues como Wanderléa, além de Isabela Garcia (mãe de Erasmo), Bianca Comparato (Nara), Bruno de Luca (Carlos Imperial) e Vinícius Alexandre (Tião Maia). Ainda tem a cantora Paula Toller – mulher do diretor na vida real – fazendo uma ponta como a fofoqueira Candinha. Como aconteceu quando assisti às ótimas cinebiografias de Elis Regina, Tim Maia e Chacrinha, adorei “Minha Fama de Mau”, me diverti muito e, confesso, me emocionei com tantas lembranças boas. Assim como no caso da cinebiografia de Elis, a de Erasmo deverá também se transformar em minissérie. IMPERDÍVEL (com letra maiúscula)!               

quarta-feira, 22 de maio de 2019


“A BUSCA DE CHARLOTTE” (“The Stoler”), 2017, Inglaterra, 98 minutos, direção de Niall Johnson, que também assina o roteiro com Emily Corcoran (atriz que também atua no filme). Se você pensa que o faroeste hostil só existiu nos Estados Unidos, reveja seus conceitos. A distante Nova Zelândia, principalmente na segunda metade do século 19, também teve seus bandidos mascarados, índios (os maoris), aventureiros em busca de ouro, traficantes e saloons, socos e tiros. E até mineiros chineses, veja só. E ainda mocinho e bandido. No caso, mocinha e bandido. Esta produção inglesa, ambientada em 1860, conta a jornada corajosa e heroica de Charlotte Lockton (a bela e competente atriz Alice Eve), de uma família da alta aristocracia inglesa que foi para a Nova Zelândia casar com um rico fazendeiro. Num certo dia, bandidos mascarados assaltam a fazenda, matam o marido de Charlotte e sequestram seu filho ainda bebê. Meses depois, ela recebe uma carta do sequestrador pedindo uma vultosa soma como resgate. Charlotte, sem ajuda de ninguém, segue uma pista que a leva a uma longínqua e inóspita região, frequentada por gente da pior espécie. Nesse lugar, ela descobre quem matou seu marido e sequestrou seu filho. O problema é enfrentá-lo e aos seus capangas. Não lembro de ter assistido algum faroeste ambientado na Nova Zelândia. Por esse ineditismo e como filme de ação, “A Busca de Charlotte” até que vale uma sessão da tarde com pipoca. Tem lá seus momentos de suspense e, repito, a bela Alice Eve.               

terça-feira, 21 de maio de 2019


“UNA”, 2016, Inglaterra, 1h34m, roteiro e direção do australiano Benedict Andrews. Em sua estreia como roteirista e diretor – é mais conhecido como diretor de teatro -, Andrews conseguiu fazer um filme romanceado, embora o pano de fundo da história seja a pedofilia, abuso sexual e estupro. Na verdade, o filme é baseado na peça de teatro “Blackbird”, escrita pelo dramaturgo escocês David Harrower, que se inspirou num caso de um estupro cometido em 2003 pelo ex-fuzileiro norte-americano Toby Studebaker, que sequestrou e abusou de uma menina de 12 anos, acabando na prisão por quatro anos. No filme, a adaptação da peça teatral ganhou uma nova abordagem, aliviando um pouco a conotação de crime sexual. A adolescente Una (Ruby Stokes), de 13 anos, é abusada sexualmente por um homem bem mais velho, Ray (o ator australiano Ben Mendelsohn), seu vizinho e, pior, amigo de seu pai. O caso vai parar na polícia, e Ray vai para a cadeia por quatro anos. Quando sai da prisão, resolve mudar o nome para Peter. Quinze anos depois, Una (agora interpretada por Rooney Mara) reencontra Ray/Peter, que está casado e tem uma filha. Ela quer discutir a antiga relação, talvez se vingar, num acerto de contas? Nessa parte, o diretor Andrews carrega no suspense. Una vai até a fábrica onde Ray/Peter trabalha, tumultua o ambiente e o deixa na maior “saia justa” perante os seus colegas de trabalho. Como terminará a história? Haverá algum corpo estendido no chão? Não vou dar a resposta, que você só terá assistindo. Devo recomendar? Dúvida cruel...                    

domingo, 19 de maio de 2019


“O FAVORITO” (“The Front Runner”), EUA, 2018, produção da Sony Pictures (no Brasil, foi lançado nas plataformas digitais no dia 24 de abril de 2019), 1h54m, direção de Jason Reitman, que também assina o roteiro juntamente com Jay Carson. Baseado em fatos reais, o filme conta a história da ascensão e queda do político norte-americano Gary Hart na década de 80. Senador pelo Colorado, Hart disputou a indicação do Partido Democrata para disputar a presidência dos EUA em 1984, perdendo para Valter Mondale. Quatro anos depois, volta a concorrer e logo passa a ser o grande favorito, mas um escândalo sexual revelado pelo jornal Miami Herald resulta na sua desistência. O filme, inspirado no livro “All The Truth is Out: The Week Politics Went Tabloid”, escrito em 2014 pelo jornalista Matt Bai, aborda os bastidores da campanha de Hart (Hugh Jackman), a rotina árdua e estressante de sua equipe de trabalho comandada por Bill Dixon (J. K. Simmons) e o relacionamento com sua esposa Oletha “Lee” Hart (Vera Farmiga). O filme também retrata, com muita competência, a cobertura da campanha por parte da imprensa, as reuniões de pauta e como trataram da divulgação do caso que Hart mantinha com Donna Rice (Sara Paxton). A direção e o roteiro merecem um destaque especial. A ação transcorre num ritmo quase alucinante, de prender a respiração. Enfim, mais um gol de placa do jovem diretor Jason Reitman, de apenas 41 anos, que já mostrara sua competência como roteirista e diretor em filmes como “Juno”, “Amor sem Escalas”, “Obrigado por Fumar” e “Tully”. Resumo da ópera: um thriller político da melhor qualidade. Imperdível!                  


“NO CORAÇÃO DA ESCURIDÃO” (“First Reformed” – por aqui, alguns DVD’s receberam outro título em português: “Fé Corrompida”), 2017, EUA, 1h48m, roteiro e direção do veterano Paul Schrader. A história é centrada no Reverendo Ernest Toller (Ethan Hawke), da Igreja First Reformed, em Snowbridge, New York. Toller é um ex-capelão militar que carrega na consciência a culpa pela morte do filho que incentivou a se alistar no exército norte-americano. Quando é procurado pela jovem Mary Mansana (Amanda Seyfried), que se diz preocupada com o comportamento do seu marido Michael Mansana (Philip Ettinger), um ambientalista radical, Toller fica sabendo dos graves crimes ambientais praticados por empresas ligadas à Abundant Life, instituição que detém o controle da First Reformed. Quando o ambientalista Michael morre tragicamente, Toller acaba se ligando ainda mais a Mary, paixão que salvará muita gente de um possível atentado. Quem assistir ao filme vai entender o que estou dizendo. Como thriller psicológico, “No Coração da Escuridão” não é um filme fácil de assistir, exige enorme paciência. É verborrágico demais – longas citações da Bíblia e complexas reflexões filosóficas – lento e muito pesado, principalmente por conta da crise existencial do atormentado Toller. Lembrei dos filmes insuportáveis do diretor norte-americano Terrence Malick. De qualquer forma, “No Coração da Escuridão” foi eleito um dos 15 melhores filmes de 2018 pelo site especializado em cinema Rotten Tomatos, além de ter sido também elogiado após sua exibição no Festival Internacional de Veneza 2017. Assista e tire suas próprias conclusões. Para concluir, lembro que Paul Schrader foi o roteirista de “Taxi Driver”, “Touro Indomável” e “A Última Tentação de Cristo”, entre tantos outros.