“MINHA
FAMA DE MAU”, 2018, roteiro e direção de Lui Farias, 116
minutos. Trata-se da cinebiografia do cantor e compositor Erasmo Carlos. Lui
Farias escreveu o roteiro baseado no livro com o mesmo título escrito pelo próprio
Erasmo e lançado em 2008 – li e adorei. O filme conta a trajetória de Erasmo
desde o tempo (fim dos anos 50) em que era um jovem rebelde e delinquente, sua
amizade com Tião Maia (mais tarde, Tim), e sua adoração pelos astros do rock da
época, como Elvis Presley, Chuck Berry e, principalmente, Bill Halley & The
Comets. O filme também destaca a ascensão artística de Erasmo com a ajuda de
Carlos Imperial, o início da amizade e da parceria com o então pouco conhecido
Roberto Carlos e com a “ternurinha” Wanderléa. Com imagens de vídeos da época,
Lui Farias também relembra o Programa Jovem Guarda, nas tardes de domingo na TV
Record, comandado por Roberto, Erasmo e Wanderléa. Para quem curtiu a Jovem
Guarda - como eu – o filme é um verdadeiro deleite, traz momentos deliciosos, como
a recriação de época e, principalmente, a trilha sonora. Revela ainda como Roberto e Erasmo fizeram algumas de suas canções. "Parei na Contramão", grande sucesso na época, foi composta pela dupla dentro de um ônibus (sim, eles um dia andaram de ônibus). O elenco é outro destaque:
o ator capixaba Chay Suede como Erasmo, Gabriel Leone como Roberto Carlos, e Malu
Rodrigues como Wanderléa, além de Isabela Garcia (mãe de Erasmo), Bianca Comparato
(Nara), Bruno de Luca (Carlos Imperial) e Vinícius Alexandre (Tião Maia). Ainda
tem a cantora Paula Toller – mulher do diretor na vida real – fazendo uma ponta
como a fofoqueira Candinha. Como aconteceu quando assisti às ótimas cinebiografias de Elis Regina, Tim Maia e
Chacrinha, adorei “Minha Fama de Mau”, me diverti muito e, confesso, me
emocionei com tantas lembranças boas. Assim como no caso da cinebiografia de
Elis, a de Erasmo deverá também se transformar em minissérie. IMPERDÍVEL (com
letra maiúscula)!
sábado, 25 de maio de 2019
quarta-feira, 22 de maio de 2019
“A
BUSCA DE CHARLOTTE” (“The Stoler”), 2017, Inglaterra, 98 minutos,
direção de Niall Johnson, que também assina o roteiro com Emily Corcoran
(atriz que também atua no filme). Se você pensa que o faroeste hostil só
existiu nos Estados Unidos, reveja seus conceitos. A distante Nova Zelândia,
principalmente na segunda metade do século 19, também teve seus bandidos
mascarados, índios (os maoris), aventureiros em busca de ouro, traficantes e saloons, socos e tiros. E até mineiros chineses, veja só. E ainda mocinho e bandido. No caso, mocinha e bandido. Esta produção
inglesa, ambientada em 1860, conta a jornada corajosa e heroica de Charlotte Lockton (a bela
e competente atriz Alice Eve), de uma família da alta aristocracia inglesa que
foi para a Nova Zelândia casar com um rico fazendeiro. Num certo dia, bandidos
mascarados assaltam a fazenda, matam o marido de Charlotte e sequestram seu
filho ainda bebê. Meses depois, ela recebe uma carta do sequestrador pedindo uma
vultosa soma como resgate. Charlotte, sem ajuda de ninguém, segue uma pista que
a leva a uma longínqua e inóspita região, frequentada por gente da pior
espécie. Nesse lugar, ela descobre quem matou seu marido e sequestrou seu
filho. O problema é enfrentá-lo e aos seus capangas. Não lembro de ter
assistido algum faroeste ambientado na Nova Zelândia. Por esse ineditismo e como
filme de ação, “A Busca de Charlotte” até que vale uma sessão da tarde com
pipoca. Tem lá seus momentos de suspense e, repito, a bela Alice Eve.
terça-feira, 21 de maio de 2019
“UNA”, 2016, Inglaterra, 1h34m,
roteiro e direção do australiano Benedict Andrews. Em sua estreia como
roteirista e diretor – é mais conhecido como diretor de teatro -, Andrews conseguiu
fazer um filme romanceado, embora o pano de fundo da história seja a pedofilia,
abuso sexual e estupro. Na verdade, o filme é baseado na peça de teatro “Blackbird”,
escrita pelo dramaturgo escocês David Harrower, que se inspirou num caso de um estupro
cometido em 2003 pelo ex-fuzileiro norte-americano Toby Studebaker, que sequestrou
e abusou de uma menina de 12 anos, acabando na prisão por quatro anos. No
filme, a adaptação da peça teatral ganhou uma nova abordagem, aliviando um
pouco a conotação de crime sexual. A adolescente Una (Ruby Stokes), de 13 anos,
é abusada sexualmente por um homem bem mais velho, Ray (o ator australiano Ben Mendelsohn),
seu vizinho e, pior, amigo de seu pai. O caso vai parar na polícia, e Ray vai
para a cadeia por quatro anos. Quando sai da prisão, resolve mudar o nome para
Peter. Quinze anos depois, Una (agora interpretada por Rooney Mara) reencontra
Ray/Peter, que está casado e tem uma filha. Ela quer discutir a antiga relação,
talvez se vingar, num acerto de contas? Nessa parte, o diretor Andrews carrega
no suspense. Una vai até a fábrica onde Ray/Peter trabalha, tumultua o ambiente
e o deixa na maior “saia justa” perante os seus colegas de trabalho. Como
terminará a história? Haverá algum corpo estendido no chão? Não vou dar a
resposta, que você só terá assistindo. Devo recomendar? Dúvida cruel...
domingo, 19 de maio de 2019
“O
FAVORITO” (“The Front Runner”), EUA, 2018, produção da Sony
Pictures (no Brasil, foi lançado nas plataformas digitais no dia 24 de abril de
2019), 1h54m, direção de Jason Reitman, que também assina o roteiro juntamente
com Jay Carson. Baseado em fatos reais, o filme conta a história da ascensão e
queda do político norte-americano Gary Hart na década de 80. Senador pelo
Colorado, Hart disputou a indicação do Partido Democrata para disputar a presidência
dos EUA em 1984, perdendo para Valter Mondale. Quatro anos depois, volta a
concorrer e logo passa a ser o grande favorito, mas um escândalo sexual
revelado pelo jornal Miami Herald resulta na sua desistência. O filme, inspirado
no livro “All The Truth is Out: The Week Politics Went Tabloid”, escrito em
2014 pelo jornalista Matt Bai, aborda os bastidores da campanha de Hart (Hugh
Jackman), a rotina árdua e estressante de sua equipe de trabalho comandada por
Bill Dixon (J. K. Simmons) e o relacionamento com sua esposa Oletha “Lee” Hart
(Vera Farmiga). O filme também retrata, com muita competência, a cobertura da
campanha por parte da imprensa, as reuniões de pauta e como trataram da
divulgação do caso que Hart mantinha com Donna Rice (Sara Paxton). A direção e
o roteiro merecem um destaque especial. A ação transcorre num ritmo quase
alucinante, de prender a respiração. Enfim, mais um gol de placa do jovem
diretor Jason Reitman, de apenas 41 anos, que já mostrara sua competência como
roteirista e diretor em filmes como “Juno”, “Amor sem Escalas”, “Obrigado por
Fumar” e “Tully”. Resumo da ópera: um thriller
político da melhor qualidade. Imperdível!
“NO
CORAÇÃO DA ESCURIDÃO” (“First Reformed” – por aqui, alguns DVD’s
receberam outro título em português: “Fé Corrompida”), 2017, EUA, 1h48m,
roteiro e direção do veterano Paul Schrader. A história é centrada no Reverendo
Ernest Toller (Ethan Hawke), da Igreja First Reformed, em Snowbridge, New York.
Toller é um ex-capelão militar que carrega na consciência a culpa pela morte do
filho que incentivou a se alistar no exército norte-americano. Quando é
procurado pela jovem Mary Mansana (Amanda Seyfried), que se diz preocupada com
o comportamento do seu marido Michael Mansana (Philip Ettinger), um ambientalista
radical, Toller fica sabendo dos graves crimes ambientais praticados por
empresas ligadas à Abundant Life, instituição que detém o controle da First
Reformed. Quando o ambientalista Michael morre tragicamente, Toller acaba se
ligando ainda mais a Mary, paixão que salvará muita gente de um possível
atentado. Quem assistir ao filme vai entender o que estou dizendo. Como
thriller psicológico, “No Coração da Escuridão” não é um filme fácil de
assistir, exige enorme paciência. É verborrágico demais – longas citações da
Bíblia e complexas reflexões filosóficas – lento e muito pesado, principalmente
por conta da crise existencial do atormentado Toller. Lembrei dos filmes insuportáveis do
diretor norte-americano Terrence Malick. De qualquer forma, “No Coração da
Escuridão” foi eleito um dos 15 melhores filmes de 2018 pelo site especializado em cinema Rotten Tomatos, além de ter sido também elogiado após sua exibição no Festival
Internacional de Veneza 2017. Assista e tire suas próprias conclusões. Para
concluir, lembro que Paul Schrader foi o roteirista de “Taxi Driver”, “Touro Indomável”
e “A Última Tentação de Cristo”, entre tantos outros.
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