Exibido por aqui como uma das principais atrações do
Festival Varilux de Cinema Francês 2017, o drama “CORAÇÃO E ALMA” (“Réparer Les
Vivants”), de 2015, é o terceiro longa-metragem escrito e dirigido pela
diretora Katell Quillévéré (os dois primeiros foram “Suzanne” e “Um Poison
Violent”) - Katell nasceu na Costa do Marfim e mais tarde mudou para a França, naturalizando-se francesa. O roteiro foi adaptado do livro “Réparer Les Vivants”, de Maylis de
Kerangal, e tem como pano de fundo a importância da doação de órgãos para
salvar vidas. O filme é dividido em três segmentos. O primeiro conta a história
de três jovens que sofrem um grave acidente numa estrada. Um deles, Simon
(Gabin Verdet), entra em coma e logo tem decretada morte cerebral, para
desespero de seus pais, Marianne (Emmanuelle Seigner) e Vincent (Kool Shen). Thomas
Rémige (o ótimo Tahar Rahim), um dos médicos do hospital, tenta convencê-los a permitir a doação dos órgãos de Simon. Começa a segunda história, desta
vez centrada em Claire (Anne Dorval), que tem uma doença cardíaca muito grave
que só um transplante de coração a salvará. Não há muito tempo. Divorciada e
com dois filhos jovens, Claire espera que seus médicos consigam logo um
coração. Enquanto isso, tenta se reconciliar com a amante (Alice Taglione) mais
jovem, uma pianista clássica de grande sucesso. O terceiro e último segmento
explora os preparativos pré-operatórios e a operação em si, mostrada em
detalhes como se fosse uma aula para estudantes de medicina, o que não deixa de ser interessante para nós, os leigos. Não vou contar o
desfecho, deixando no ar a dúvida se a história terá um final feliz ou não. Uma
coisa é certa: trata-se de mais um bom drama francês que merece ser visto.
sexta-feira, 18 de agosto de 2017
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
Fazia algum tempo que Robert De Niro estava nos
devendo uma atuação e um filme à altura de sua competência. Ele acaba de pagar
essa dívida com a comédia “O COMEDIANTE” (“The Comedian”), 2016,
roteiro da dupla Art Linson e Jeffrey Ross e direção de Taylor Hackford (“O
Advogado do Diabo”, “Ray” e “Prova de Vida”), casado com a atriz inglesa Helen
Mirren. De Niro interpreta Jack Burke, que três décadas antes fez um enorme
sucesso numa série televisiva. Agora, em decadência, arruma uns trocados se
apresentando em bares e eventos como comediante de stand-up. Ele apela para um humor debochado, escatológico,
pornográfico e ofensivo. Numa de suas apresentações, Burke agride um espectador
com o microfone, acaba preso e condenado a prestar serviços comunitários. Num
abrigo para moradores de rua, onde serve comida, Burke conhece Harmony (Leslie
Mann, ótima), por quem acaba se apaixonando. O filme tem ótimos momentos de
humor, embora o personagem de De Niro seja desagradável e apelativo. O filme abre
espaço para alguns comediantes de stand-up,
mas fiquei em dúvida se foi uma homenagem ou uma crítica, pois um é mais
sem graça que o outro – sabe aquele humor norte-americano, que só eles conseguem
rir? Também estão no elenco Danny DeVito, Cloris Leachman, Harvey Keitel,
Veronica Ferres, Charles Grodin e Edie Falco.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
“NORMAN: CONFIE EM MIM.” (“NORMAN: THE MODERATE RISE AND TRAGIC FALL OF THE NEW YORK FIXER”), 2016, é
o primeiro filme em língua inglesa do diretor israelense Joseph Cedar (de “Beaufort”
e “Nota de Rodapé”, ambos indicados ao Oscar de Filme Estrangeiro). A história
é centrada em Norman Oppenheimer (Richard Gere), um sujeito que perambula por
Nova Iorque tentando se aproximar de pessoas de destaque – políticos,
empresários e até religiosos – e se oferecer como intermediário para os mais
variados negócios. Uma espécie de lobista, que se apresenta com um cartão de
visitas com a inscrição “Oppenheimer Strategies”. Um cara chato, inconveniente,
falador ao extremo, que finge ser íntimo de pessoas importantes. Um dia ele
conhece Micha Eschel (Lior Ashkenazi), um político israelense sem muita notoriedade.
Três anos depois, porém, ele é eleito Primeiro Ministro de Israel. Micha não
esquece seu amigo Norman, que três anos antes o presenteou com um caríssimo par
de sapatos. O inverossímil permeia toda a história, a começar pelo personagem
de Gere, cujo comportamento beira a esquizofrenia. Além de Gere e Ashkenazi,
estão no elenco Michael Sheen, Dan Stevens, Charlotte Gainsbourg e Steve
Buscemi. Só para esclarecer: a tradução do título original é “A Ascensão
Modesta e a Queda de um Embrulhão Nova-Iorquino”. Complicado demais, assim como
o filme inteiro. Alguns críticos profissionais gostaram, ressaltando uma certa semelhança
com os filmes de Woody Allen. Discordo totalmente: Allen é infinitamente
melhor.
domingo, 13 de agosto de 2017
“BOKEH” (ainda sem tradução por aqui), 2017, EUA/Islândia,
roteiro e direção de Geoffrey Orthwein e Andrew Sullivan. Trata-se de uma
ficção científica centrada num casal de turistas norte-americanos que resolve
passar as férias na Islândia. Um dia, ao acordarem, Riley (Mattew O’Leary) e Jenai
(Maika Monroe) se dão conta de que não há viva alma na cidade – deve ser a
capital, Reykjavik. Sumiu todo mundo, só ficaram os dois, não há comunicação
com o mundo externo, a Internet não funciona. Enfim, estão totalmente isolados.
A partir daí, o espectador é envolvido pela expectativa de saber o que
aconteceu, assim como qual será o destino dos dois personagens. No início, o casal
fica deslumbrado com a situação. Vão ao shopping, escolhem as melhores roupas,
vão ao supermercado e levam tudo que interessa, sem pagar nada, pois não há
ninguém para cobrar. Um verdadeiro sonho para os consumistas. Mas os dias vão se passando e a pergunta “O que está
acontecendo?” vira uma obsessão. Depois vem o tédio. Eles tentam passar o tempo
indo pra lá e pra cá buscando uma explicação. A história é inverossímil – claro,
é uma ficção científica -, e o transcorrer do filme é entediante, pois nada de
importante acontece até o trágico desfecho. Os diálogos, então, são de uma profundidade
milimétrica. Mas uma coisa é certa: não dá para não ficar extasiado com os
deslumbrantes cenários naturais da Islândia, como as geleiras, a Lagoa Azul, os
geysers, os campos de flores e outras paisagens características da ilha. É tudo muito bonito, o que nos faz desconfiar
que o filme pode ter sido patrocinado pelo governo da Islândia para incentivar
o turismo. Só mais um detalhe: “Bokeh”, o título original, refere-se a um termo
em fotografia que significa a validade estética do borrão em imagens fora de
foco. Tudo muito estranho, como o filme inteiro.
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