sábado, 19 de novembro de 2016

 
“PROMESSA QUEBRADA” (“BROKEN VOWS”), 2015, EUA, direção de Bram Coppens e roteiro da dupla Sean Keller e Jim Agnew. Trata-se de um filme  independente, cuja história é a mesma de sempre, clichê dos clichês dos filmes de suspense. Mulher bonita, Tara (Jaimie Alexander), vai a uma balada com as amigas, se encanta com o bartender e, depois de umas e outras, acaba na cama com ele. Não dá para entender como ela não percebeu que o sujeito tem um olhar maligno, daqueles que denunciam um psicopata. Pois Patrick (Wes Bentley) é justamente um maluco perigoso, com uma ficha extensa na polícia por crimes de assédio e violência. Rejeitado no dia seguinte por Tara, ele passa a persegui-la, utilizando chantagem e muita pressão psicológica. O pior de tudo é que Tara está prestes a se casar com Michael (Cam Gigandet). A perseguição levada a efeito por Patrick vai até a lua-de-mel de Tara e Michael, durante a qual acontece o desfecho um tanto forçado. O roteiro tem alguns furos que prejudicam o enredo. O principal deles é o fato de Patrick estar livre, leve e solto, depois de tanto aprontar. Se fosse no Brasil, tudo bem... Eu apostava num final cheio de suspense, surpresas, sustos e muito sangue. Nada disso. Wes Bentley (“Interestelar”, “Jogos Vorazes” e “Lovelace”) até que se sai bem como o psicopata. Do elenco, é o único que se salva. O filme é fraco, mas dá pra ver sem compromisso.         
 
 
 
 

 
“DESAFIANDO A ARTE” (“The Family Fang”), 2015, EUA, segundo longa-metragem dirigido pelo ator Jason Bateman (o primeiro foi “Palavrões”, em 2013). O roteiro foi escrito por David Lindsay-Abaire, baseado no romance “The Family Fang”, de Kevin Wilson. A história é um tanto mirabolante e estapafúrdia. Desde crianças, Annie e Baxter eram obrigados pelos excêntricos pais Caleb e Camille a participar de performances públicas tipo pegadinhas para surpreender e chocar quem estivesse por perto. Por exemplo, o menino ameaça assaltar um banco com uma arma de verdade, aparece um policial (o pai) para tentar desarmá-lo, a arma dispara e atinge uma mulher (a mãe), que finge estar morta, a filha (Annie) ao lado desesperada. Todo mundo que está no banco grita de pavor ao assistir a cena, para depois constatar que tudo não passou de uma encenação. A família Fang fica famosa, é alvo de reportagens por todo país e tema de discussões acaloradas entre especialistas de comportamento. Seria uma forma de arte, como dizia Caleb? Agora adultos, Annie (Nicole Kidman), uma atriz em decadência, e Baxter (Bateman), um escritor mediano, têm mantido distância dos pais, querendo esquecer o que passaram na infância, ou seja, os “micos” que enfrentaram ao participar daquelas performances malucas. Até que um dia, por causa de um acidente sofrido por Baxter, os irmãos voltam a reencontrar os pais (Christopher Walken e Maryan Plunkett). A reaproximação trará grandes surpresas e revelações, incluindo um repentino sumiço dos pais. Teriam sido sequestrados e mortos ou se trata de uma nova pegadinha? O desfecho esclarece tudo. O filme não consegue engrenar em nenhum momento, mesmo com a presença de ótimos atores como Walken e uma quase irreconhecível Nicole Kidman, aqui de cabelos curtos e escuros, longe da atriz esplendorosa de outros filmes. Bateman tentou fazer um filme diferente, para um público restrito. Isso ele conseguiu. Recomendá-lo, portanto, é um tanto arriscado.        

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

 
“CHOCOLATE” (“Chocolat”), 2015, França, conta a história do palhaço “Chocolat”, que nos anos do final do Século XIX e começo do Século XX encantou os franceses fazendo dupla com “Footit”. Esquecida durante décadas, essa história foi descoberta e adaptada para o cinema pelo ator francês Roschdy Zem, também responsável pela direção. Um verdadeiro achado. É realmente fascinante a trajetória de Rafael Padilha (1868-1917), um ex-escravo nascido em Cuba que chegou à França para trabalhar num circo mambembe do interior, fazendo o papel de um canibal africano. Ele é interpretado magistralmente por Omar Sy (“Intocáveis”), que por si só vale o filme. O palhaço profissional George Footit, o “Footit” (o ator suíço James Thierrée, cuja semelhança com o avô Charles Chaplin é impressionante), propõe formar uma dupla: “Footit” e “Chocolat”. O sucesso chega rápido e eles acabam sendo contratados pelo empresário Oller (Olivier Gourmet) para trabalhar num grande circo sofisticado de Paris. Com o sucesso e o dinheiro entrando, Rafael Padilha começa a gastar descontroladamente, inclusive viciando-se em jogo, mulheres e em algumas substâncias ilícitas, o que o levará a um final dos mais tristes. Além do aspecto biográfico do primeiro negro a trabalhar num circo na França, o diretor Roschdy Zem faz uma clara homenagem aos palhaços de circo. Ao mesmo tempo, explora o racismo que predominava na época. Assim como em “Vênus Negra”, de 2010, onde uma escrava é exibida como se fosse um animal, assim acontece com Rafael Padilha. O filme é espetacular, emocionante e cativante, os dois protagonistas principais dão show (os números circenses são ótimos), assim como o restante do elenco, com destaque para Olivier Gourme, Alice de Lencquesaing e Clotilde Hesme, sem falar na primorosa recriação de época. IMPERDÍVEL!  

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

“BLOOD ORANGE”, 2016, Inglaterra, roteiro e direção de Toby Tobias. Filme de suspense ambientado numa luxuosa mansão em Ibiza (Espanha). Nela moram Bill (Iggy Pop), um ex-astro do rock em decadência e gravemente doente, e sua bela e jovem esposa Isabelle (Kacey Barnfield), que nas suas infinitas horas vagas costuma nadar nua na piscina, além de transar com um empregado da casa, David (Antonio Magro). Tudo caminha num ritmo enfadonho até aparecer Lucas (Ben Lamb, de “Divergente”), um antigo amante de Isabelle. Ele veio cobrar dela uma dívida relacionada com uma herança paterna. Até o desfecho, quando a história dá uma reviravolta com direito a um banho de sangue, o filme segue sem nenhuma novidade, arrastando-se num roteiro medíocre e com diálogos que beiram o ridículo. Para piorar, o elenco é péssimo, a começar pelo astro de rock Iggy Pop, que destaca-se apenas por sua figura grotesca e patética. A atriz inglesa Kacey Barnfield aparece nua várias vezes, mas quando abre a boca é um desastre. Antonio Magro, que faz o empregado, é o pior de todos. Ainda bem que não fala muito. Difícil saber o que é pior: o filme ou o elenco. Enfim, um dos piores filmes que assisti nos últimos anos. Não sei se será exibido por aqui no circuito comercial. Se for, passe longe.