No
final dos anos 80, o lutador norte-americano Vinny Pazienza surpreendeu o mundo
do boxe ao retornar aos ringues depois de ter sido declarado “desenganado” para
as lutas. Campeão do mundo na categoria superleves, ele sofreu um grave
acidente automobilístico, no qual fraturou o pescoço e lesionou a coluna
cervical. Os médicos foram unânimes: ele não voltaria a andar, muito menos a
lutar. Pois Vinny voltou a lutar meses depois e ainda conquistou mais um cinturão de
campeão do mundo. Toda essa história é
contada no ótimo “SANGUE PELA GLÓRIA” (“Bleed For This”), 2016, roteiro
e direção de Ben Younger (“Terapia do Amor”), que ainda teve como produtor
executivo Martin Scorsese, um aval e tanto. Quem interpreta Pazienza é o ator
Miles Teller, conhecido por ter protagonizado o espetacular “Whiplash – Em Busca
da Perfeição”, de 2014. Como Vinny Pazienza, Miles apresenta mais uma
interpretação magistral, provando que é um dos melhores atores da nova geração.
O filme ainda conta com a participação de Aaron Eckhart, quase irreconhecível
(careca) como o treinador Kevin Rooney, e Ciarán Hinds como o pai de Vinny.
Este não é, com certeza, o melhor filme sobre boxe, mas tem inúmeras
qualidades, a principal delas referente às cenas de luta. São sensacionais. Para
valorizar ainda mais, a história é incrível, um dos maiores exemplos de
superação já vistos no mundo do esporte. Não perca os créditos finais, nos quais aparecem os personagens reais. Simplesmente IMPERDÍVEL!
sábado, 27 de maio de 2017
quarta-feira, 24 de maio de 2017
“BEM-VINDO A MARLY-GOMONT” (“Bienvenue
à Marly-Gomont”), 2016, França, direção de
Julien Rambaldi, é mais uma produção da Netflix. Conta a história, baseada em
fatos reais, do médico Syolo Zantoko (Marc Zinga), formado em Kinshasa, capital
do Zaire – o filme é ambientado em 1975, quando tudo aconteceu. Depois de
recusar, por questões ideológicas, um emprego como médico do General Mobutu
Sese Seko, presidente do seu país, Zantoko viaja para a França e faz
especialização em Lille. Ele é convidado para assumir o cargo de médico na
comuna Marly-Gomont, uma zona rural ao norte da França, e convence a mulher
Anne (Aïssa Maïga) e os filhos Kamini (Bayron Lebli) e Sivi (Médina Diarra) a
saírem do Zaire para acompanhá-lo na nova empreitada. O médico, porém, não
sabia de alguns detalhes importantes, como, por exemplo, o fato de que os
moradores daquela região eram extremamente racistas. Além disso, o clima é
gélido, obstáculo quase intransponível para quem estava acostumado com o calor
africano. O filme inteiro se baseia justamente nos esforços da família Zantoko
de vencer estes e outros obstáculos. Apesar de abordar um tema sério como o
racismo, o diretor Rambaldi deu ao filme (seu segundo longa-metragem) um tom de
comédia, com momentos de muito humor e situações hilariantes, tornando-o
bastante agradável de assistir. Informação adicional: grande parte do roteiro
foi escrito pelo próprio filho do médico, Kamini Zantoko, hoje um rapper de sucesso na França.
terça-feira, 23 de maio de 2017
Vencedor
do “Leão de Ouro” do Festival de Veneza/2015, o drama venezuelano “DE LONGE
TE OBSERVO” (“Desde Allá”) conta a história de Armando (Alfredo Castro),
um empresário de 50 anos, proprietário de um laboratório de próteses dentárias,
que tem uma tara das mais sórdidas: pagar rapazes para ficarem nus enquanto se
masturba. Um dia, Armando “contrata” Elder (Luis Silva), um delinquente líder
de uma gangue e, pior, homofóbico. A relação entre os dois é, a princípio,
bastante tumultuada, até violenta, depois vira amizade. Claro, uma amizade doentia de ambas as
partes. Trata-se do primeiro filme escrito e dirigido por Lorenzo Vigas Castes,
que contou com a colaboração, na elaboração do roteiro, do diretor mexicano
Guilhermo Arriaga (“21 Gramas”, “Amores Brutos” e “Babel”). Outro trunfo do
filme é o excelente desempenho do ator chileno Alfredo Castro, que tem no
currículo filmes importantes como “O Clube”, “No” e “Post Mortem”. Também destaco
a participação do jovem ator Luis Silva em sua estreia no cinema – ele lembra Cauã
Reymond mais jovem. Mesmo com esses predicados, não é um filme que possa se chamar entretenimento. Tem poucos diálogos, é lento e bastante pesado, pois
aborda temas desagradáveis como a promiscuidade e a obsessão sexual. Difícil
acreditar que tenha conquistado um prêmio tão importante como o “Leão de Ouro”.
Enfim, parodiando Geraldo Vandré, “a vida não é feita só de festivais”.
domingo, 21 de maio de 2017
O pano de fundo é a questão da pena de morte na
África do Sul, abolida somente em 1995 quando Mandela assumiu a presidência do
país. Até aquela data, ocorreram 4.200 execuções. O drama inglês “CORDEIROS
E CARRASCOS” (“Shepherds and Butchers”), direção do sul-africano Oliver
Schmitz, aborda o tema baseado no que ocorreu na capital executiva Pretória em 1987, quando
aconteceram 164 enforcamentos. A história, baseada em fatos reais e
transformada em roteiro por Brian Cox, é centrada no julgamento do jovem agente
penitenciário Leon Labuschagne (Garion Dowds), de 19 anos, que, num surto
psicótico, assassinou a tiros sete integrantes de uma equipe de futebol. Depois
de preso, Leon vai a julgamento e tem como defensor o advogado Johan Webber
(Steve Coogan, de “Philomena”). O destino do jovem parece ser mesmo a pena de
morte. Apesar de todas as evidências em contrário, da pressão das famílias dos
mortos e do clamor popular, o advogado tentará de todas as maneiras evitar a
execução de Leon. Trata-se de mais um drama de tribunal, recheado de flashbacks
dos acontecimentos, incluindo cenas chocantes da execução de presos por
enforcamento. São chocantes mesmo, acredite! A destacar, o excelente desempenho
do jovem ator Garion Dowds em sua estreia no cinema (antes, havia participado
de um filme feito para a TV e de uma minissérie). Também está no elenco a atriz
inglesa Andrea Riseborough, como a promotora que atua no caso. O filme estreou
no Festival de Berlim/2016 e teve boa recepção por parte da crítica e do público.
Minha opinião: é mais interessante, pela história, do que bom.
“FOME DE PODER” (“The Founder”), 2016, com roteiro de Robert D. Siegel e direção de John Lee Hancock (“Um Sonho Possível”), conta
a fascinante história da expansão da rede de lanchonetes McDonald’s, talvez um
dos mais emblemáticos cases de sucesso
do mundo dos negócios. No início dos anos 50 já havia uma lanchonete McDonald’s
no sul da Califórnia, fundada e comandada pelos irmãos Richard e Maurice Mac McDonald.
Em 1954, o vendedor Ray Kroc, de Illinois, visitou a lanchonete – ele vendia
equipamentos para a preparação de alimentos - e ficou maravilhado com o seu funcionamento, a forma inovadora de atendimento e o cardápio. Com
seu apurado tino comercial, Kroc vislumbrou, naquele pequeno negócio, um enorme
potencial de crescimento, ou seja, expandir para uma rede de franquias por todo
o país e, posteriormente, para o mundo inteiro. Kroc inicialmente associou-se
aos irmãos e depois deu sua cartada final: fundou uma empresa franqueadora com
o mesmo nome, deixando de fora os ingênuos irmãos. A ganância acima da ética.
Michael Keaton está ótimo como Ray Kroc, provando que ainda é um dos melhores
atores de Hollywood. Ainda estão no elenco Nick Offerman, John Carroll e Laura Dern. O filme é muito bom, ágil e esclarecedor, apresentando um
dos maiores exemplos de empreendedorismo bem sucedido do mundo moderno.
Imperdível!
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