Mais
um novo e obrigatório filme escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore: “A
Melhor Oferta” (“La Migliore Offerta”), 2013. Trata-se de um drama centrado na vida
do leiloeiro e colecionador de arte Virgil Oldman (o fabuloso Geoffrey Rush),
um homem excêntrico e solitário. Só se relaciona com seus
empregados e com o pessoal que comparece aos seus leilões de alta categoria. Em
seu luxuoso apartamento, seu único prazer é ficar admirando as dezenas de quadros
de mulheres que mantém expostos nas paredes de um salão guardado a sete chaves
e em total segredo. Todas as obras são de pintores famosos desde o século XV.
Enfim, uma coleção valiosíssima, conseguida em muitos anos com a ajuda do amigo
Billy (Donald Sutherland) em transações não muito honestas. A vida de Virgil
tomará um rumo diferente a partir do dia em que é contratado para avaliar os objetos
de arte da família Ibbetson, representada pela herdeira Claire (a atriz
holandesa Sylvia Hoeks), uma jovem misteriosa que vive reclusa numa antiga
mansão. Tornatore faz uma bela homenagem ao mundo das artes e, ao mesmo tempo, cria
um retrato cruel da solidão humana na figura do leiloeiro, adicionando ao drama
muito suspense e mistério. Com mais esse ótimo filme, o diretor italiano reforça
um currículo impecável composto também por “Cinema Paradiso”, “Malèna”, “Baaria
– A Porta do Vento” e “A Lenda do Pianista do Mar”, entre outros.
sábado, 21 de junho de 2014
sexta-feira, 20 de junho de 2014
A história de “A Menina que roubava
Livros” (“The book thief”), co-produção EUA/Alemanha de 2012, é baseada no livro
best-seller do escritor australiano Marcus Zusak. Alemanha, 1936. O enredo
acampanha a trajetória da jovem Liesel Meminger (Sophie Nélisse), levada por
sua mãe – perseguida pelos nazistas por ser comunista – para ser adotada em
Munique pelo casal Rosa (Emily Watson) e Hans Hubermann (Geoffrey Rush), que
receberão, em troca, um benefício em dinheiro do governo alemão. O irmão mais
novo de Liesel, que também seria adotado pelo casal, morre no meio da viagem.
Em seu enterro, o coveiro deixa cair um “Manual do Coveiro”, que Liese pega
mesmo sem saber ler. Seria seu primeiro livro roubado e através do qual Hans a
ensinará a ler. Liesel é encarregada de levar as roupas que Rosa lava para a casa
do prefeito da cidade. Ilsa Hermann (Barbara Auer), a primeira dama, deixa
Liesel frequentar a biblioteca da casa, oportunidade em que a jovem começa a
ler alguns livros - e a surrupiá-los na calada da noite. "Eu os pego emprestados", diz ela ao amigo Rico (Nico Liersch). Nesse meio tempo, Rosa e Hans escondem um rapaz judeu, Max (Ben
Schnetzer), no porão da casa, com o qual Liesel iniciará uma forte amizade. Mesmo
em meio aos trágicos acontecimentos trazidos pela Segunda Guerra Mundial, a
história reserva muitos momentos tocantes e comoventes, o que o diretor Brian
Percival soube explorar com competência, principalmente ao escalar a jovem e
expressiva atriz canadense Sophie Nélisse no papel principal. Lágrimas vão
rolar...
“O que Fazer” (“The
Angriest Man in Brooklyn”), EUA, 2013, é uma comédia que parte de um
acontecimento um tanto inverossímil. Henry Altmann (Robin Williams) tem horário
marcado com um médico. Ele vai saber o resultado de uma tomografia que fez do
cérebro. No meio do caminho, um táxi bate no seu carro. Já irritado, chega ao hospital
e demora para ser atendido. Ele entra para a consulta e lá não está seu médico,
e sim a Dra. Sharon Gill (Mila Kunis), médica residente. Ele fica ainda mais
irritado. Ela também não está nos seus melhores dias. Ao ser informado que tem
um aneurisma cerebral, Altmann perde as estribeiras, grita com a médica e exige
saber quanto tempo ainda tem de vida. Revoltada com o comportamento agressivo
de Altmann, ela responde que ele tem apenas 90 minutos de vida. O inverrossímel
está aqui: ele acredita na previsão da médica e sai correndo do hospital para corrigir
seus erros com relação à sua esposa Bette (Melissa Leo) e ao seu filho Tommy
(Hamish Linklater). Enquanto isso, a Dra. Gill sai desesperada pelas ruas de
Nova Iorque atrás de Altmann para desfazer o seu prognóstico absurdo. A comédia
até que funciona. Robin Williams está menos chato do que de costume, Mila Kunis
e Melissa Leo seguram o humor com seus ataques histéricos e ainda tem uma boa
cena de humor com James Earl Jones, que faz o balconista gago de uma loja onde
Altmann, cheio de pressa, vai comprar uma filmadora. Dá pra ver numa boa.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
“Mel de Laranjas” (“Miel
de Naranjas”), 2012, direção de Imanol Uribe, é um drama espanhol ambientado no
ínicio dos anos 50, quando a “fúria espanhola” não era a seleção de futebol, e
sim a ditadura do Generalíssimo Franco. A barra era bem pesada! Enrique (Iban Garate) namora com Carmen
(Blanca Suárez, uma das atrizes mais bonitas do cinema espanhol), sobrinha do major Eládio (Karra Elejalde), comandante do
Tribunal Militar de Andaluzia e figura de destaque no governo de Franco. Enrique
está prestes a se alistar no Exército para cumprir o Serviço Militar
obrigatório, o que naquela época significava ser mandado para alguma colônia.
Carmen, então, pede ao tio que assegure a Enrique uma vaga no Tribunal Militar.
O major Eládio coloca Enrique como seu assistente direto e motorista, além de
encarregado de datilografar os processos instaurados contra os presos
políticos. Só que Enrique fica revoltado com as atitudes arbitrárias do
Tribunal, que incluem torturas, fuzilamentos e falcatruas nos processos. Então,
a contragosto de Carmen e mesmo com o provável fim do seu relacionamento, ele
entra para a luta armada contra o governo Franco e vira espião dos rebeldes
dentro do Tribunal. O filme é baseado em fatos reais e deu o prêmio de melhor
diretor a Uribe no Festival de Málaga. Quem gosta de filmes com pano de fundo
político e histórico vai gostar.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
“A Execução” (“Une
Exécution Ordinairey”), 2010, é um drama francês baseado no livro de Marc Dugain,
que também é diretor do filme. O ano é 1952. Uma médica, a Dra. Anna (Marina
Hands), urologista num hospital dos arredores de Moscou, tem a fama de curar
doenças com a energia das mãos (Reiki?). Essa fama corre Moscou e chega aos
ouvidos dos assessores de Joseph Stalin (Andre Dussolier), na ocasião bastante
doente (morreria no ano seguinte). A médica é “convocada” para tirar as dores
do ditador russo. No que poderia ser o início de uma fase de privilégios pela
aproximação com Stalin, a médica, pelo contrário, vê sua vida se transformar
num verdadeiro inferno. Ela e o marido, um físico, correrão risco de vida. Utilizando
cenários sombrios, Dugain consegue retratar o clima de terror e medo que
imperava na Rússia de Stalin. Algumas revelações do ditador russo, ditas à
médica na base da confidência, são bastante interessantes para quem gosta de curtir História, mas, no
geral, o filme passa longe de um entretenimento agradável.
terça-feira, 17 de junho de 2014
Está
nos dicionários: Fábula é uma narração
alegórica, cujos personagens são animais, que encerra uma lição moral. A definição é perfeita para “A
Parede” (“Die Wand”), 2012, uma co-produção
Áustria/Alemanha, com direção de Julian Roman Rölsler. A única é diferença é
que aqui os animais não falam. Aliás, nem a atriz principal. Com o acréscimo de um pouco de surrealismo, o filme conta a história de uma mulher (a atriz alemã Martina Gedeck) que
viaja com um casal de amigos para uma cabana de caça nas montanhas da Áustria. À
noite, os amigos saem para ir até a cidade, deixando a visitante sozinha com o cachorro
Luchs. O casal não volta e, pela manhã, ela sai para ver o que aconteceu.
Quando está a caminho, ela dá de cara com uma parede invisível. Ela vai pra cá
e pra lá e chega à conclusão de que está aprisionada numa espécie de redoma
intransponível. Daí em diante, ela ficará sozinha com o cachorro. Depois ainda
chegam dois gatos e uma vaca. O filme inteiro é narrado in off pela mulher, que, evidentemente,
está escrevendo um diário. Ela não vê saída para sua situação e terá que
aprender a viver – e sobreviver – sozinha. O tom da narrativa é monótono e melancólico,
talvez para realçar a solidão da personagem. As paisagens dos Alpes austríacos
são deslumbrantes e minimizam um pouco toda essa tristeza. O
filme, baseado no livro da escritora austríaca Marlen Haushofer, disputou o
Oscar 2014 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro representando a Áustria.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
“Apenas Henry – A Verdade de uma Vida” (“Just
Henry”), dirigido por David Moore, é um drama produzido em 2011 para a TV
inglesa baseado no livro "Goodnight Mister Tom", de Michelle Magorian. O ano é 1950 na Inglaterra. O garoto
Henry (Josh Bolt), de 15 anos, vive numa pequena casa na periferia de Londres.
Ele mora com a mãe, o padrasto e a avó. O pai, morto em 1941, era um soldado considerado
herói de guerra. Henry nunca se deu com o padrasto (Dean Andrews), no que é
apoiado pela avó, mãe de seu pai. Em meio a essas rusgas familiares, um dia
Henry vai ao cinema com a namoradinha Grace (Charlie May-Clark) e, ao fim da
sessão, a fotografa na rua. Ao revelar a foto, Henry vê ao fundo um homem que
parece muito ser seu pai. É apenas um vulto, mas o garoto, ao contrário de
todos, acredita piamente que aquele é seu pai que ressurgiu. E não é que ele
está certo? A partir daí, porém, muitas verdades virão à tona e revelarão que o
pai de Henry não é exatamente o homem que Henry idolatrava. Próximo ao seu
final, o filme deixa o clima novelão de
lado (a mãe de Henry vive desmaiando) e parte para um movimentado policial noir, com direito a sequestros e
perseguições.
domingo, 15 de junho de 2014
“O Invasor” (“L’Envahisseur”),
2011, é um vigoroso drama belga. Trata-se do primeiro longa dirigido por
Nicolas Provost. Começa o filme com dois africanos chegando, extenuados - provavelmente
náufragos de alguma embarcação vinda da África – a uma praia de nudismo no
litoral europeu (sul da Espanha?). A primeira visão humana que eles têm é de
uma estonteante loira ao natural. Devem ter pensado: “Será aqui o Paraíso?”.
Entram os créditos e, na cena seguinte, um dos africanos, Amadou (Isaka
Sawadogo), está em Bruxelas (Bélgica) trabalhando duro numa obra juntamente com
outros clandestinos. Um dia, Amadou consegue fugir de uma batida do serviço de
imigração belga e começa a peregrinar pelas ruas de Bruxelas. Com seu jeito
simpático e carismático, Amadou começa a conversar com as pessoas, que o tratam
bem, sem qualquer tipo de rejeição. Um tanto inverossímil essa liberdade de
Amadou pelas ruas sem ser interpelado pela polícia. Afinal, trata-se de um
sujeiro enorme e evidentemente imigrante que pode estar com sua situação irregular,
como de fato está. Em suas andanças, ele vai conhecer Agnès Yael (a atriz
italiana Stefania Rocca), uma bela e rica executiva casada com um grande
empresário. Amadou, que agora se apresenta como Obama, diz que é um homem de
negócios em busca de novas oportunidades. Agnès fica encantada com o charme de Amadou/Obama
e se entrega à sedução do africano, uma atitude da qual se arrependerá mais
tarde. O filme é muito bem feito e tem como trunfo, além da história em si,
dois atores estupendos: Sawadogo e a italiana Stefania.
“Uma Vida Tranquila” (“Uma Vita Tranquilla”), 2010, é uma co-produção
Itália/Alemanha/França dirigida por Claudio Cupellini e traz, encabeçando o
elenco, o ator italiano Toni Servillo (de “A Grande Beleza”). Trata-se de um drama
que, perto de seu desfecho, vira um suspense policial bem ao estilo dos filmes que
envolvem mafiosos – Cupellini, aliás, dirigiu uma série de TV baseada no livro “Gomorra”.
Servillo é Rosario Russo, um homem de passado obscuro na Itália e que há 15
anos mora nos arredores de Frankfurt (Alemanha), onde possui uma pousada. Ele é
casado com a alemã Renate (Juliane Köhler), uma mulher bem mais jovem, e tem um
filho pré-adolescente. O filme começa mostrando Rosário em sua rotina de
trabalho na pousada, o que inclui supervisionar o pessoal da cozinha na
elaboração dos pratos. Não há qualquer indício de seu passado nebuloso na
Itália e essa calma aparente – a vida tranquila do título – só será abalada quando
um dia chega à pousada Diego (Marco D’Amore), o filho italiano que Rosario
abandonara na Itália. Diego chega com um amigo, Edoardo (Francesco di Leva). Quando
Rosario descobre o verdadeiro motivo da visita dos dois, terá que agir rápido não
só para proteger sua vida como também a da sua família. O filme estreou no
Brasil durante a 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2011.
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