quinta-feira, 8 de julho de 2021

 

“INTERROMPEMOS A PROGRAMAÇÃO” (“PRIME TIME”), 2020, Polônia, 1h33m, produção Netflix (estreou mundialmente no dia 30 de janeiro de 2021), direção de Jakub Piatek (é o seu primeiro longa), que também assina o roteiro com a colaboração de Lukasz Czapski. Reverenciado pela crítica especializada depois de sua exibição no Sundance Film Festival (venceu na categoria World Cinema Dramatic), o filme é centrado em Sebastian (Bartosz Bielenia, de “Corpus Christi”), um jovem de 20 anos que um dia resolve invadir o estúdio de um programa ao vivo de TV. Armado com uma pistola, ele faz como reféns a apresentadora Mira Kryle (Magdalena Poplawska) e o segurança Grzegorz (Andrzej Klak). Estamos na cidade de Cracóvia na noite de 31 de dezembro de 1999, quando a Polônia – e o mundo inteiro – aguarda com muita expectativa a entrada de um novo século, a famosa virada do milênio. O rapaz exige que a emissora o coloque numa transmissão ao vivo para que ele leia uma mensagem ao distinto público. Enquanto tenta convencer a direção da emissora sobre sua intenção, policiais de elite chegam ao estúdio e, com dois negociadores, tentam convencer o rapaz a se entregar. Até seu pai é convocado para ajudar, mas a situação vai se complicando à medida que o tempo passa. Além da pistola, Sebastian diz que tem uma bomba na mochila. Muito suspense em torno do que vai acontecer e muitas perguntas ficam no ar para o espectador. Que mensagem ele quer divulgar? Quem é a pessoa que ele conversa por telefone? Será que alguém da emissora está envolvido, quem sabe para aumentar a audiência? Por que Sebastian escolheu justamente aquele programa? Enfim, são muitos questionamentos que invadem a cabeça dos espectadores e muitos deles ficarão sem resposta até o final. Achei que os críticos exageraram nos elogios, pois o filme mais parece uma peça de teatro (toda a ação se passa no estúdio) e se arrasta por um tempão sem nada acontecer. Pode conferir, mas não espere muito.            

       

 

       

quarta-feira, 7 de julho de 2021

 

“MEU IRMÃO” (“MON FRÈRE”), 2019, França, 1h36m, produção original Netflix, roteiro e direção de Julien Abraham. Uma história bastante impactante, que explora várias questões importantes relacionadas ao comportamento dos delinquentes juvenis franceses, principalmente aqueles originários de famílias de imigrantes. São colocados em pauta aspectos como violência doméstica, famílias desestruturadas, carência afetiva, traumas de infância e racismo estrutural, entre outros agentes apontados como responsáveis pelo desajuste social dos jovens e adolescentes. O filme começa com a prisão de Teddy (rapper MHD, nome artístico de Mohamed Sylla), de 17 anos, acusado de ter assassinado o próprio pai. Ele é enviado a um centro de detenção para jovens delinquentes. Aqui, ele chega como único negro entre os 12 internos e, por isso, já começa a sofrer “bulliyng” e pressão psicológica, principalmente por parte de Enzo (Darren Muselet), um jovem cheio de raiva e violento. O filme mostra com destaque o interessante trabalho da psicóloga Claude (Aïssa Maïga) para frear a raiva e conter os instintos violentos dos rapazes. Enzo manda no pedaço até a chegada de Mo (Najeto Injai), rapaz negro ainda mais violento. Durante sua permanência do reformatório, Teddy pensa no irmão mais novo e na avó, com os quais morava antes de ser preso, além de nutrir a esperança de reencontrar sua mãe, que mora em Amsterdam (Holanda), para onde fugiu depois de sofrer violência doméstica do marido (Mark Grosy), abandonando os filhos com a avó (Lisette Malidor). Em seu terceiro longa-metragem (os dois primeiros foram “Made in China” e “A Cidade Cor de Rosa”), o diretor Julien Abraham acerta a mão ao evidenciar os traumas de infância como fatores determinantes para o comportamento irascível dos jovens delinquentes. E também acerta ao propor a psicologia e o afeto como bases de tratamento para a sua recuperação. O filme é bastante tenso, pesado, mas tem seus momentos de alta sensibilidade. Não perca!            

       

 

segunda-feira, 5 de julho de 2021

 

“GHOST LAB”, 2021, Tailândia, 1h57m, direção de Paween Purijitpanya, que também assina o roteiro com a colaboração de Vasudhorn Piyaromna. Este surpreendente filme tailandês não foi exibido nos cinemas por conta da pandemia de Covid/19. Chegou direto à plataforma Netflix no dia 26 de maio de 2021 e já fez inúmeros admiradores, como este que vos escreve. Trata-se de um suspense sobrenatural com pitadas de horror e humor, na verdade um “terrir”, com direito a muitos sustos. A história é centrada em dois médicos residentes em um hospital de Bangkok, Wee (Thanapob Leeratanakajorn) e Gla (Paris Intarakomalyasut) que se tornaram amigos inseparáveis. Durante um plantão noturno, eles veem o que acreditam ser um fantasma e decidem estudar o assunto, ou seja, encontrar provas concretas que comprovem a existência de fantasmas, ou espíritos, como costumamos chamar. Eles resolvem montar um laboratório no porão do hospital e dão o nome ao projeto de “Aurora Boreal”. Não dá para aprofundar muito mais na história com o risco de revelar as surpresas. Só adianto que um deles resolve cometer suicídio para depois tentar voltar como fantasma e então provar a tese da dupla. Prestem a atenção na beleza da atriz Nuttanicha Dungwattanawanish (olha o tamanho do sobrenome), que faz o papel de Mai, namorada de Gla. Resumindo, o filme é repleto de suspense, você sempre esperando o que vai acontecer na cena seguinte. “Ghost Lab” é um ótimo entretenimento, daqueles que prende sua atenção até o final. Uma ótima oportunidade de conhecer o tão pouco conhecido cinema tailandês. Recomendo.