sexta-feira, 6 de maio de 2016


“QUE VIVA EISENSTEIN!” (“Eisenstein in Guanajuato”), 2014, México, direção de Peter Greenaway. Os filmes do veterano cineasta britânico não são para iniciantes. Sabe disso quem já assistiu a alguns deles, como “O Livro de Cabeceira”, “Afogando em Números” e, principalmente, “O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante”. Baseado num fato real, ou seja, a viagem do diretor russo Sergei Eisenstein ao México, em 1931, para filmar “Que Viva México!”, Greenaway inventou uma série de acontecimentos que provavelmente foram frutos de sua fértil imaginação. E transformou tudo num filme em que fica difícil distinguir a ficção da realidade. Uma biografia surreal. Greenaway apresenta um Eisenstein (o ator finlandês Elmer Bäck) excêntrico, egocêntrico, verborrágico e inconveniente, o que talvez não tenha sido o diretor de filmes conceituados como “Encouraçado Potemkin”, “Greve” e “Outubro”. Greenaway utiliza um recurso visual bastante interessante para ilustrar as conversas de Eisenstein com seu guia mexicano, Palomino Cañedo (Luis Alberti). Cada vez que o diretor russo cita o nome de uma personalidade, seja um artista de cinema, escritor, filósofo ou político, imediatamente aparece na tela a foto de quem é citado. Num desses diálogos, Eisenstein cita os artistas que teve a oportunidade de conhecer em sua viagem a Hollywood, o que entendi ser uma homenagem de Greenaway ao cinema do Tio Sam. Achei que o diretor britânico explorou em demasia a homossexualidade do diretor russo, inclusive por intermédio de longas cenas de sexo entre ele e o seu guia mexicano. O filme estreou no 65º Festival de Berlim, em fevereiro de 2015, sem muitos elogios. Enfim, mais um filme de Greenaway difícil de digerir, mas interessante de assistir.
 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Produzido em 2008 inicialmente para ser exibido na TV francesa, o drama “A BELA JUNIE” (“La Belle Personne”) ganhou espaço no circuito comercial de cinemas e fez sucesso junto ao público jovem e também adulto. Trata-se de uma adaptação do romance “La Princesse de Clèves”, escrito no século 17 por Madame de La Fayette. O roteiro e a direção ficaram a cargo de Christophe Honoré. A jovem Junie (Lea Seydoux), de 16 anos, vai morar em Paris na casa dos tios depois da morte de seus pais. Em seu novo colégio, Junie começa a atrair a atenção de outros jovens, encantados por sua beleza. Jacques Nemours (Louis Garrel), professor de italiano, acaba se apaixonando por Junie, mas ela está namorando Otto (Grégore Leprince-Ringuet), um rapaz tímido e quieto. Em meio a esse triângulo amoroso, o filme transcorre abordando a insegurança dos jovens a respeito de suas emoções, paixões, desilusões e ciúmes. O filme não é apenas interessante pela história em si, mas também pela oportunidade de ver alguns atores franceses que hoje são sucesso em início de carreira, como Lea Seydoux (morena e um pouco mais gordinha, mas já uma ótima atriz), Louis Garrel e Anaïs Demoustier.  Assim como é interessante a pequena e quase anônima participação da atriz Chiara Mastroianni. Gostei e recomendo.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

“PAIXÕES UNIDAS” (“United Passions – La Légende du Football”), 2014, direção de Frédéric Auburtin, é um filme dos mais interessantes para quem curte futebol. Em suas quase duas horas de duração, conta a história dos 111 anos da FIFA (Federação Internacional de Futebol), desde sua fundação em Paris, em 1904, até a Copa do Mundo na África do Sul, em 2010. O filme dá destaque especial a três dos principais personagens que construíram essa história, Jules Rimet (Gérard Depardieu), João Havelange (Sam Neill) e Joseph Blatter (Tim Roth). A produção francesa destaca também os bastidores e os intensos preparativos para a realização da primeira Copa do Mundo de Futebol, no Uruguai, em 1930, e a final de 1950, no Maracanã, quando o Uruguai calou 200 mil torcedores com sua vitória sobre a seleção brasileira. Também são destacados os bastidores das negociações da FIFA com fabricantes de materiais esportivos, a eleição de João Havelange e depois de Blatter e as crises financeiras da entidade. Pena que essa história tão bonita tenha sido manchada pela acusação de corrupção que atingiu seus principais dirigentes em 2015, o que prejudicou, e muito, o lançamento dessa caprichada produção francesa. De qualquer forma, trata-se de um filme que merece ser visto. 
Grande vencedor da “Palma de Ouro” do Festival de Cannes 2015, “DHEEPAN, O REFÚGIO“ (“DHEEPAN”) é mais um ótimo filme do diretor francês Jacques Audiard (de “O Profeta” e “Ferrugem e Osso”), também autor do roteiro. Audiard aborda o drama dos refugiados, tema tão em evidência nos últimos tempos. A história é focada em três personagens que fogem do Sri Lanka: Dheepan (Antonythasan Jesuthasan), um ex-soldado envolvido na guerra civil, Yalini (Kalieaswari Srinivasan), que perdeu toda a família, e a menina órfã Illayaal (Claudine Vinasithmby). Eles se conhecem num campo de refugiados e, fingindo ser uma família, conseguem chegar à França. Só que, ao invés de encontrar um mar de rosas, encontram um oceano de espinhos. Os três vão morar num conjunto habitacional barra-pesada na periferia de Paris. Em meio à briga de gangues e tiroteios quase que diários, Dheepan arruma emprego como zelador de um prédio e Yalini vai trabalhar como cuidadora de um idoso. Mesmo que o contexto seja bastante dramático, Audiard adiciona pitadas de humor e momentos de sensibilidade, tornando esse filme muito agradável de assistir. Destaque para o excelente trabalho do ator que interpreta Dheepan. O filme é quase todo falado em tâmil, um dos idiomas oficiais do Sri Lanka. Quem aprecia filmes de qualidade não pode perder.

domingo, 1 de maio de 2016

Numa das cenas iniciais do filme, Isabel (Ana de Armas) está esperando o trem no metrô quando um homem de repente levita sobre os trilhos. Quando sai à rua, ela começa a ver fantasmas. Pensei na hora: lá vem bomba! Não deu outra. “FILHA DE DEUS” (“Exposed”), EUA, 2015, direção de Declan Dale, é um “abacaxi” dos mais azedos.  Nem o astro Keanu Reeves consegue salvar. Reeves interpreta o detetive Scott Galban, encarregado de investigar o misterioso assassinato do seu parceiro numa estação do metrô. Durante as investigações, o policial descobrirá que seu falecido parceiro não era “flor que se cheire”. Era corrupto e mau-caráter. O detetive Scott vai atrás dos principais suspeitos, mas o verdadeiro assassino só é apresentado no final, numa revelação bombástica. O filme é muito fraco, com problemas sérios de roteiro, principalmente com relação às aparições vistas por Isabel, que não têm nada a ver com a história. Apesar de bonita, ainda falta muito para a cubana Ana de Armas ser considerada uma boa atriz. Reeves atua no piloto automático, devagar quase parando. O último filme bom em que atuou foi “De Volta ao Jogo”, de 2014. A única que se salva é Mira Sorvino como Janine, viúva do policial morto.