sábado, 10 de setembro de 2016
Suspense
dos melhores este “ZIPPER”, 2015,
EUA, roteiro e direção de Mora Stephens, cuja primeira exibição aconteceu no
Festival de Sundance/2015. O procurador federal Sam Ellis (Patrick Wilson) está
em franca ascensão em sua carreira. Faz tanto sucesso que já é cogitada sua
candidatura ao Senado. Em países sérios como os EUA, porém, o candidato a um
cargo público é obrigado a manter um comportamento exemplar, além de um passado
sem nenhuma mácula. Ou seja, ter a ficha limpa tanto na vida particular como na
profissional. A história de Ellis começa numa festa com o pessoal do escritório
para comemorar mais uma de suas vitórias no Tribunal. Copo vai, copo desce,
Ellis acaba aos beijos com a bela estagiária Dalia (Dianna Agron), que confessa
estar apaixonada por ele. O procurador, pensando nas consequências, dá um basta
na hora. Para aliviar a tensão causada por Dalia, Ellis acaba procurando uma
agência de “acompanhantes” de alta classe, embora tenha em casa uma esposa da
melhor qualidade (Lena Headey, de “Game of Thrones”). Ellis fica viciado no
sexo “clandestino”, não consegue manter o zíper fechado, o que justifica o
título original do filme. Só que um dia o FBI começa a investigar a tal agência
de “acompanhantes”. Ellis entra em pânico, pois precisa apagar suas “digitais”
da tal agência para não comprometer a sua já anunciada candidatura ao Senado. Daí
pra frente o suspense só aumenta e o filme fica ainda melhor. Completam o
elenco Richard Dreyfuss, Ray Winstone e Alexandra Breckenridge. Programão!
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
“CALVÁRIO” (“Calvary”), 2014, Irlanda, roteiro e
direção de John Michael McDanagh (do ótimo “O Guarda”). A história é ótima. Ambientada
numa pequena cidade litorânea da Irlanda, começa com o padre James Lavelle
(Brendan Gleeson) no confessionário, ouvindo um homem que diz ter sido molestado
por um padre quando era ainda uma criança. Depois de fornecer detalhes
escabrosos sobre o que aconteceu, o homem encerra o assunto afirmando que vai
assassiná-lo no próximo domingo. O padre Ravelli passa a viver a tensão que precederá esse
dia fatídico, iniciando o seu período de calvário. Enumerando os dias da semana
antes do domingo tristemente aguardado, o filme faz uma clara referência às
etapas que antecederam a crucificação e morte de Jesus Cristo. Nesse período, o
padre tenta resolver o problema da filha Fiona (Kelly Reilly), que nasceu antes
de Ravelle ser ordenado. Fiona tentou se matar por causa de um amor fracassado.
Além disso, se vê às voltas com paroquianos nada católicos,
como uma mulher que trai o marido com um negro, uma outra mulher viciada em
cocaína, um homem rico que trata a Igreja com total desdém e um padre auxiliar
que não tem “jogo de cintura”. Embora todas essas situações sejam abordadas em
meio a diálogos inteligentes e bem-humorados, o clima de tensão até o desfecho
permanece sempre latente até o trágico desfecho. O filme é muito bom e a
atuação do ator inglês Brendan Gleeson melhor ainda. “Calvary” recebeu os
prêmios de Melhor Filme, Roteiro e Ator (Gleeson) no Irish Filme & Television
Awards 2014 e também o Prêmio Ecumênico do Júri no Festival de Berlim 2014.
terça-feira, 6 de setembro de 2016
O
veterano cineasta alemão Werner Herzog escreveu e dirigiu “RAINHA DO DESERTO” (“QUEEN OF THE DESERT”), 2015, EUA, baseado na fascinante
história de Gertrude Bell (1868-1926), uma aristocrata inglesa que viveu
durante muitos anos no Oriente Médio e que trabalhou como representante do governo
britânico na região. Arqueóloga formada na Universidade de Oxford, resolveu
abandonar a tediosa vida em família para se aventurar no Oriente Médio nos
primeiros anos do século 20. Pelo seu conhecimento do mundo árabe, Gertrude
passou a representar o governo britânico na região, fez amizade com T. E.
Lawrence, que ficaria famoso como o Lawrence da Arábia, e ainda contribuiu e
participou da criação dos estados do Iraque e Jordânia. Uma história e tanto,
que também teve inúmeras aventuras e perigos. Em suas andanças pelo deserto, fez
amizade com os sheiks mais sanguinários, seduzindo-os com seu charme e
presentes. Nicole Kidman interpreta Gertrude, numa atuação bastante contestada
pelos críticos, que também não gostaram do trabalho de Herzog. Quando foi
exibido no Festival de Berlim, ganhou até algumas vaias. Eu não achei o filme
tão ruim assim. A história é fascinante, a produção caprichada e os cenários
deslumbrantes, embora concorde que Nicole não tenha atuado muito bem. Também
completam o elenco James Franco, Robert Pattinson (mais uma vez, um desastre) e
Damian Lewis. Vale pela história.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
“NINGUÉM QUER A NOITE” (“NADIE QUIERE LA NOCHE”), Espanha,
2015, direção de Isabel Coixet, conta a incrível aventura da exploradora
Josephine Peary (Juliette Binoche) para ir ao encontro do marido, o também
explorador norte-americano Robert Peary, lá pelos lados do Pólo Norte. Esses
dois personagens realmente existiram. Robert, inclusive, é considerado o
primeiro homem branco a chegar ao Polo Norte, em 1909. Pelo que a divulgação do
filme dá a entender, porém, a história do filme é fruto da imaginação do roteirista Miguel
Barros São duas horas de uma tela praticamente branca de neve, tempestades e um
frio de muitos graus abaixo de zero. Dá para tremer só de assistir.
Josephine é uma mulher teimosa. Mesmo depois do conselho do amigo e também
explorador Briem Trevor (Gabriel Byrne), que a alertou sobre os perigos de viajar
em pleno inverno polar, lá foi ela para o meio da neve e das tempestades. Ela
sofre o diabo até chegar a um acampamento e se instala numa cabana
aparentemente segura. Mas o pior virá depois. Ela fica amiga de Allaka (Rinko
Kikuchi), uma jovem esquimó que mora num iglu perto da cabana. As duas irão
dividir um sofrimento ainda maior. O filme foi escolhido para a abertura do Festival
de Berlim 2015. Ainda da diretora Isabel Coixet, recomendo os filmes ”Fatal” e “Minha
Vida sem Mim”.
O drama
norte-americano “AMOR POR DIREITO” (“Freeheld”), 2015,
direção de Peter Sollett, coloca lado a lado duas das mais competentes atrizes
do cinema atual, a veterana Julianne Moore e a jovem Ellen Page. Elas arrasam
como o casal de lésbicas da história, baseada em fatos reais ocorridos no
Condado de Ocean Bounty, em New Jersey, nos primeiros anos da década de 2000 e
que já havia sido tema do documentário “Freeheld”, que ganhou o Oscar em 2007. A
policial Laurel Hester (Julianne) conhece a mecânica Stacie (Page), 20 anos
mais moça. Elas se apaixonam, resolvem juntar os trapos e vão morar juntas. Desde
que entrou para a polícia, Laurel sempre escondeu sua opção sexual para não
prejudicar a carreira, pois ela almejava o cargo de Tenente. Só que o destino lhe
reservou uma notícia trágica: um câncer em estágio avançado. A partir daí, o
filme entra na seara jurídica, já que Laurel quer deixar sua pensão de policial
para a parceira. Começa a briga judicial contra os vereadores do condado, que são contra a concessão. Quem
entra na briga, a favor de Laurel, é o advogado judeu Steve Goldstein (Steve
Carell), um ativista radical dos direitos da turma homossexual – ele mesmo é
gay. Laurel também conta com a ajuda do seu fiel parceiro na polícia, Dane
Wells (Michael Shannon). O embate jurídico toma conta da meia-hora final do
filme, ao mesmo tempo em que Laurel enfrenta seus últimos dias, resultando em
cenas bastante realistas e comoventes. É excepcional o trabalho de Julianne Moore
e Ellen Page, com grandes chances de indicações ao próximo Oscar. Page, aliás, ganhou
coragem para sair do armário e se declarar lésbica após as filmagens. Nos
créditos finais, o filme mostra fotos das verdadeiras Laurel e Stacie. Imperdível!
domingo, 4 de setembro de 2016
“COMO O VENTO” (“COME IL VENTO”), 2013, Itália,
roteiro e direção de Marco Simon Puccioni. A história é baseada em fatos reais,
no caso a trajetória de Armida Miserere (Valeria Golino), que por 15 anos (1988
a 2003) foi diretora de várias prisões na Itália, a maioria delas com bandidos
de alta periculosidade. Com muita coragem e pulso forte, Armida enfrentou a ira
de terroristas e organizações criminosas como a Camorra e a Máfia. Por causa
disso, ela era chamada de “Coronel” e também de “A Fêmea Besta”. Sua principal
motivação na luta contra o crime foi o assassinato, em 1989, do seu namorado
Umberto Mormile (Filippo Timi), educador na prisão de Milão. Ela não mediu
esforços para descobrir os responsáveis pelo crime, um mistério que seria solucionado
somente em 2001. Enfim, uma história de coragem que terminaria tragicamente em
2003, quando Armida, em estado de profunda depressão, atentaria contra a
própria vida. A atriz Valeria Golino, bem mais bonita que a personagem
original, dá um show de interpretação. Um gol de placa do diretor italiano
Puccioni, mais conhecido pelos seus documentários. Um filme instigante, forte,
uma história incrível de uma mulher sem medo. Um filmaço!
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