quinta-feira, 23 de junho de 2016

Uma das frases mais famosas criadas pelo jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues foi “NINGUÉM AMA NINGUÉM... POR MAIS DE DOIS ANOS”. A frase virou o título de um ótimo filme nacional, produzido em 2015 e dirigido por Clóvis Mello. A história adapta cinco contos do livro “A Vida como Ela é”, que reúne as crônicas escritas por Nelson no Jornal Última Hora na década de 50. O filme envolve os bastidores do casamento de cinco casais jovens da classe média carioca. O adultério é o tema de todos. Num episódio, o marido é o traidor. No outro, a mulher. Marido cafetina a mulher. Mulher se vinga do amigo do marido que não quis nada com ela. Marido trai a patroa com a empregada. As mulheres são todas lindas... e carentes. As situações são tratadas com muito bom humor, embora algumas terminem em tragédia. Uma das frases mais engraçadas é dita pelo marido durante o velório da esposa: “Ela era uma mulher tão séria e fiel que só tomava injeção no braço”. O que mais gostei, porém, foi a primorosa recriação de época, como os cenários, a decoração dos escritórios e das casas, os figurinos e ainda os nomes de alguns personagens que hoje parecem ridículos, mas que eram comuns naqueles anos: Asdrubal, Orozimbo, Juventino etc. O elenco também é ótimo: Gabriela Duarte, Marcelo Faria, Ernani Moraes, Pedro Brício, Branca Messina, Juliane Trevisol e até Luana Piovani numa ponta, além da morena Lidi Lisboa, de fechar o comércio da 25 de Março e adjacências.
Deus existe e mora em Bruxelas (Bélgica). Este é o ponto de partida da comédia belga “O NOVÍSSIMO TESTAMENTO” (“Le Tout Nouveau Testemant”), 2015, 113 minutos. Aqui, Deus (Benoît Poelvoorde) é casado e tem uma filha de 10 anos. É um cinquentão rabugento, beberrão e fumante inveterado. Passa o dia de pijama na frente do computador, inventando catástrofes naturais, guerras e graves acidentes, além de tramar de que forma cada um dos habitantes da Terra deve morrer. A filha de Deus, Ea (Pili Groyne), com a ajuda do irmão JC, resolve interferir nos projetos do Pai, alterando os programas do computador divino. Dessa forma, envia mensagens, via internet, aos celulares das pessoas, informando da data que cada uma vai morrer. Daí para frente, só confusão. Claro que é uma fantasia, um filme surreal, escrito e dirigido por Jaco Van Dormael (“O Oitavo Dia”). O Vaticano e os católicos mais fervorosos não devem ter gostado. Claro que, se a história envolvesse Maomé, diretor e produtores já teriam sido assassinados. Não achei o filme ofensivo, pois entendi que não passa de uma brincadeira. Apenas uma comédia ousada e irreverente. O filme representou a Bélgica na disputa do Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro. No elenco, além de Poevoorde, estão Yolande Moreau, Catherine Deneuve e François Damiens. Um filme mais interessante do que bom.   

terça-feira, 21 de junho de 2016

Eleito o Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2015, além de premiado com o Melhor Roteiro no Festival de Cannes e vencedor do Globo de Ouro, o drama russo “LEVIATÔ, direção de Andreï Zviaguintsev (“Elena” e “O Retorno”), causou grande polêmica na Rússia. As autoridades não gostaram e dificultaram sua exibição comercial. Afinal, o filme escancara o que o país de Putin tem de pior atualmente, ou seja, corrupção deslavada, abuso de poder, policiais irresponsáveis e incompetentes, além da aliança sórdida entre a Igreja (Ortodoxa) e o Estado. Ao mesmo tempo, apresenta um painel social nada recomendável, principalmente ao mostrar os russos como beberrões crônicos – todos os personagens passam o filme bebendo rios de vodka. Ambientada em Teriberka, pequena cidade litorânea ao Norte da Rússia, a história é centrada no mecânico Kolia (Aleksey Serebryakov), ameaçado pela prefeitura local de ter sua casa desapropriada. O prefeito corrupto Vadim Cheleviat (Roman Madianov) quer o terreno para construir um luxuoso empreendimento. Kolia resolve lutar na Justiça e, para isso, pede ajuda a um amigo advogado de Moscou, Dmitriy (Vladimir Vdovitchenkov). A história do filme é toda baseada nessa luta inglória e suas consequências, como um grande conflito familiar envolvendo Kolia e sua bela esposa Lilya (Elena Lyadova), o filho do casal e ainda Dmitriy. Um dos melhores filmes da década. Imperdível! 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

O suspense australiano “VISÕES DO PASSADO” (“Backtrack”), 2015, roteiro e direção de Michael Petroni (mais conhecido como roteirista de “A Menina que Roubava Livros”), traz no papel principal o ator Adrien Brody (“O Pianista”). Ele é o psicólogo Peter Bower, que há anos vive atormentado por lembranças trágicas, como a morte de sua filha Evie, de 12 anos, e um antigo acidente ferroviário que matou 47 pessoas, quando ele ainda era um adolescente. Em meio a muitos sustos, aparição de fantasmas e outros clichês do gênero, Peter resolve procurar o Dr. Duncan Steward, um renomado psiquiatra, que resolve ajudá-lo. Peter começa a desconfiar que está ficando louco e a acreditar que seus pacientes e as pessoas que o cercam não passam de criaturas do outro mundo. Parece que tudo pode estar relacionado com o acidente ferroviário. Seguindo conselho do Dr. Duncan e seu próprio instinto, Peter volta à cidade natal para tentar decifrar e relembrar o que realmente aconteceu no dia do acidente ferroviário, além de se confrontar com o pai, um policial aposentado com um comportamento muito misterioso. O estilo do filme lembra um pouco o clássico “O Sexto Sentido”, só que com muito mais personagens, ação e sustos. Para uma sessão da tarde ou numa noite chuvosa, até que funciona como entretenimento.