sábado, 13 de novembro de 2021

 

“DARROW & DARROW ASSOCIADOS: VESTÍGIOS DE UM CRIME” (“DARROW & DARROW: BODY OF EVIDENCE”), 2020, coprodução Canadá/Estados Unidos, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h28m, direção de Mel Damski, seguindo roteiro de Phoef Sutton. Trata-se de um dos filmes da série televisiva “Darrow & Darrow”, com histórias geralmente policiais que acabam em julgamento. Neste “Vestígios de um Crime”, o foco central é o assassinato de um homem (Michael Patrick Denis) que resultou na prisão de sua esposa, Laura Graham (Jordada Largy), julgada e condenada, apesar de alegar inocência desde o começo. Cerca de um ano depois, um jovem policial (Vincent Cole) procura os advogados do escritório Darrow & Darrow dizendo que seu instinto supõe que a mulher é inocente. A advogada Claire Darrow (Kimberly Williams-Paisley), auxiliada pelo promotor e seu amigo Miles Strasberg (Tom Cavanagh), consegue reabrir o caso através de novas evidências, reforçadas por um aspecto fundamental: o corpo ainda não foi encontrado. As investigações de Claire e de Miles provocam uma reviravolta no caso, culminando em novo julgamento no desfecho, depois de muita enrolação e papo furado envolvendo a família de Claire. De qualquer forma, o filme deve agradar a quem curte filmes de casos policiais que terminam em julgamento. É um filme simpático, mas longe de merecer uma recomendação entusiasmada.        

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

 

“CRIME EM BUDAPESTE” (“BUDAPEST NOIR”), 2017, Hungria, 1h35m, distribuição Amazon Prime Video, direção de Éva Gardos. Trata-se da adaptação para o cinema do livro homônimo escrito por Vilmos Kondor, o primeiro de sete romances policiais com as aventuras do jornalista investigativo Zsigmond Gordon, publicados entre os anos 1930 e 1950, que fizeram grande sucesso na Hungria. Kondor, que também assina o roteiro, é considerado o criador da ficção policial húngara. “Crime em Budapeste” é ambientado em 1936. A história começa com o encontro de um corpo estendido no chão com sinais claros de espancamento. A vítima é uma jovem prostituta e o local onde foi encontrada é uma rua barra-pesada. Como a polícia não se esforça para encontrar o assassino, o jornalista Zsigmond Gordon (Krisztián Kolovratnik) resolve investigar o caso por conta própria, mesmo porque identificou a moça como a mesma que lhe pediu para acender seu cigarro na noite anterior. Não demora muito para o jornalista perceber que aquela morte pode envolver gente importante de Budapeste. Ele tem a certeza disso depois que sofre uma violenta agressão por parte de dois homens misteriosos, que deixam a mensagem de que ele não deve mais investigar o caso. Além dele, também correrá perigo sua amante Krisztina (Réka Tenki), uma fotógrafa amadora que ajuda Gordon em sua investigação. “Crime em Budapeste” apresenta todos os ingredientes daqueles filmes noir de Hollywood nos anos 30/40/50, a começar da figura do jornalista, de chapéu quase cobrindo os olhos, capote com a gola levantada e sempre com um cigarro na mão. Ajudada pela própria fisionomia do ator, ficou parecendo Dick Tracy, aquele famoso detetive das histórias em quadrinhos. A semelhança é impressionante. Há outros tantos clichês do gênero policial noir. Só faltou ser preto e branco. Gostei da caprichada recriação de época, principalmente os figurinos. Não é um filmaço, mas garanto que, com certeza, agradará muito àqueles que curtem o gênero noir.           

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

 

“A SOMBRA DE STALIN” (“MR. JONES”), 2019, disponível na plataforma Netflix, 1h59m, coprodução Polônia/Ucrânia/Inglaterra, direção da veterana cineasta Agnieszka Holland, seguindo roteiro assinado por Andrea Chalupa, com base no livro “More Than a Grain of Truth”, escrito por Margaret Siriol Colley, sobrinha do jornalista que dá nome ao personagem principal do filme. “Mr. Jones” é um drama baseado em fatos reais e centrado no jornalista galês Gareth Jones (James Norton), que em 1934 revelou ao mundo aquele que ficou chamado de “Holodomor”, o holocausto da fome promovido pelo ditador Josef Stalin que levou à morte milhões de russos, principalmente na Ucrânia, Cazaquistão e região de Kuban. Explico: em nome da revolução, o governo stalinista confiscava os suprimentos de grãos da população dessas regiões – sua maior fonte de alimentos -, enquanto divulgava que a União Soviética vivia um momento de grande desenvolvimento social, econômico e industrial. Jones não apenas desmentiu essa grande mentira como também desmascarou o famoso jornalista norte-americano Walter Duranty (Peter Sarsgaard), que durante 14 anos foi correspondente em Moscou do jornal New York Times. Vencedor do Prêmio Pulitzer em 1932, Duranty ganhava propina do governo soviético para noticiar, de forma mentirosa, os supostos avanços do país comunista, escondendo o genocídio praticado por Stalin. O trabalho de Gareth Jones começou com a autorização para viajar para Moscou e tentar uma entrevista com Stalin – Jones já era um nome respeitado no jornalismo depois de ter entrevistado Hitler. Além de jornalista, Jones também trabalhava como assessor de assuntos internacionais do governo inglês, respondendo diretamente ao primeiro-ministro Lloyd George (Kenneth Granham). Hospedado no Hotel Metropol, Jones recebeu ordem das autoridades soviéticas de não sair de Moscou, assim como os demais correspondentes internacionais hospedados no Metropol. Ao visitar Walter Duranty no escritório do New York Times na capital russa, Jones terá a oportunidade de conhecer a jornalista Ada Brooks (Vanessa Kirby, indicada ao Oscar 2021 por sua atuação em “Pices of a Woman”), que tenta alertá-lo sobre o perigo que correrá se sair de Moscou. Jones não se intimida e consegue burlar a vigilância, embarcando em um trem de passageiros com destino à Ucrânia – além da reportagem em si, ele também gostaria de conhecer a casa onde morou sua mãe em num pequeno vilarejo. Durante essa viagem, Jones presenciou cenas chocantes de pessoas passando fome e frio e cadáveres abandonados nas ruas, muitos deles servindo de comida. Um triste cenário que estava escondido do mundo. A história contada por Jones serviu de inspiração para o escritor George Orwell (Joseph Mawle) criar sua famosa fábula “O Triunfo dos Porcos”. Trocando em miúdos, “Mr. Jones” é dos filmes mais impactantes e reveladores sobre o sofrimento da população soviética sob a ditatura do genocida Josef Stalin. Imperdível!       

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

 

“PACTO DE FUGA” (“PACTO DE FUGA”), nos países de língua inglesa chegou como “Jailbreak Pact”, 2020, Chile, distribuição Amazon Prime Video, 2h18m, direção de David Albala, que também assina o roteiro juntamente com Loreto Caro-Valdes e Susana Quiroz-Saavedra. Incrível e de certa forma lamentável que um filme tão bom tenha sido pouco divulgado e esteja meio escondido no catálogo da Amazon Prime. Espero que este comentário motive as pessoas a descobri-lo e assisti-lo. A história, ambientada nos dois últimos anos da ditadura do general Augusto Pinochet, é inspirada em fatos reais, ou seja, aqueles que envolveram a fuga de presos políticos de uma penitenciária de segurança máxima em Santiago. Entre os presos estavam os sete que praticaram um atentado contra Pinochet em 1986. Havia, portanto, uma grande possibilidade de um julgamento e uma quase certa condenação à pena de morte. Diante desse quadro desanimador, alguns presos resolveram planejar uma fuga. A liderança ficou a cargo de Rafael Jiménez (Roberto Farías), Eusebio Arenas (Patricio Velásquez) e León Vargas (Benjamín Vicuña), este último engenheiro. Vargas elaborou todo o projeto, desde o planejamento e a execução de um túnel de cerca de 80 metros de uma cela até a rua. A obra demorou 18 meses para ser concluída, com os presos se revezando a cavar com poucos recursos, calor insuportável e o perigo iminente de desabamento, o que quase ocorreu durante um terremoto que atingiu Santiago. O espectador terá a oportunidade de acompanhar todo esse árduo processo, do começo ao fim, como também o dia a dia dos prisioneiros, além de muito papo sobre política. Sem contar, é claro, com os espancamentos que faziam parte da diversão dos sádicos policiais de plantão. Também fazem parte do elenco, entre outros, Francisca Gavilán, Paz Bascuñán, Victor Montero, Amparo Noguera, Diego Ruiz e Eusébio Arenas. Filmaço é pouco para definir este drama chileno. Imperdível!  

terça-feira, 9 de novembro de 2021

 

“O VETERANO” (“THE VETERAN”), 2011, Inglaterra, 1h38m, distribuição Amazon Prime Video, roteiro e direção de Matthew Hope. A história é centrada no ex-soldado do exército Robert Miller (Toby Kebell). Veterano de guerra, ele cumpriu várias missões como paraquedista no Iraque e Afeganistão. Depois de dar baixa no exército, ele volta para a Inglaterra e tenta arranjar um emprego. Enquanto não consegue, Miller aceita o convite de um ex-colega do exército para ingressar numa organização governamental encarregada de descobrir células suspeitas de terrorismo em Londres. Ele recebe ordens diretas de dois membros importantes da organização, Gerry Langdon (Brian Cox) e Chris Turner (Tony Currran), que logo dá para perceber não são pessoas muito confiáveis. Durante esse trabalho, Miller recebe a incumbência de seguir Alayna (Adi Bielski), envolvida com uma das células terroristas e que mais tarde se revelaria informante da organização governamental inglesa. Ao mesmo tempo, Miller terá de lidar com uma gangue de traficantes que aterroriza o bairro onde mora, na periferia da capital inglesa. Diante de todo esse contexto, você, espectador, espera que ocorra muitas cenas de ação. Mas não é o que acontece. O filme segue monótono e arrastado até próximo ao desfecho, quando então a ação toma conta, para culminar com uma decepcionante cena final. Com muitos furos e reviravoltas, o roteiro não facilita muito o entendimento do que está acontecendo na tela. O resultado final, entre prós e contras, não é dos melhores, ficando difícil encontrar motivos para recomendá-lo.                               

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

 

“YARA”, 2021, Itália, 1h36m, produção original Netflix, direção de Marco Tullio Giordana, seguindo roteiro de Graziano Diana. A história é baseada em fatos reais de um caso que comoveu a Itália, em especial a população da pequena cidade de Brembate Di Sopra, na comuna de Bérgamo. Às vésperas do Natal de 2010, a adolescente Yara Gambirasio (Chiara Bono), de 13 anos, desaparece misteriosamente depois de sair da academia de ginástica rítmica. A investigação ficou a cargo da promotora Letizia Rugeri (Isabella Ragonese). O corpo da menina somente seria encontrado três meses depois, jogado em um terreno baldio a 10 km da academia. A autópsia revelou que a garota foi espancada e, provavelmente, tenha morrido por hipotermia. Sem qualquer pista que possa ajudar, a promotora e sua equipe trabalharam duro nas investigações, que duraram três anos. Prestes a ter o caso encerrado sem solução, a equipe da promotora finalmente chegaria, por intermédio de pesquisas de DNA, a um forte suspeito, o pedreiro Massimo Bossetti (Roberto Zibette), que desde o início negou o crime. Bossetti continuou preso e somente em 2016 seria julgado e finalmente condenado à prisão perpétua, graças às evidências conseguidas pela promotora Rugeri. O filme todo é de grande tensão, culminando com as ótimas cenas de tribunal durante as quais a promotora consegue provar a culpa de Bossetti. Também estão no elenco Mario Pirrello, Sandra Toffolati, Andrea Bruschi, Miro Landoni, Thomas Trabacchi, Alessio Boni, Rodolfo Carsato e Elena Cotta. O maior destaque do elenco é, sem dúvida, a atriz Isabella Ragonese no papel da promotora em seu angustiante trabalho para chegar ao assassino e provar sua culpa. Para tornar o filme ainda mais realista, o diretor Marco Tullio Giordana acrescentou vídeos captados dos noticiários de TV da época, que comprovam de forma evidente a grande comoção que o crime causou em toda a Itália. Trocando em miúdos, o filme é excelente, um programão.