sábado, 8 de fevereiro de 2014

“Frauensee” (“Womans Lake”) é um drama alemão de 2012, dirigido por Zoltan Paul, que conta a história do romance de duas quarentonas, Rosa (Nele Rosetz), uma pescadora na zona campestre ao norte de Berlim, e Kirsten (Therese Hämer), uma arquiteta de sucesso que passa os finais de semana em sua bela casa à beira do lago onde Rosa pesca. O caso das duas, que já dura um ano e meio, vai bem até a chegada de duas jovens berlinenses que também formam um casal. Elas são convidadas a se hospedar na casa de Kirsten. Uma delas, Evi (Lea Draeger), joga seu charme pra cima de Rosa, que não rejeita o assédio. Aí a coisa se complica e vai deixar o ambiente pesado. As poucas cenas de sexo são feitas com bom gosto, sem apelação. A fotografia, baseada em imagens do lago, é muito bonita, mas não salva o filme.   
“Não se pode viver sem amor” é um drama nacional de 2010 dirigido por Jorge Durán. Foi lançado no Festival de Gramado, onde recebeu os prêmios de Melhor Atriz (Simone Spoladore), Melhor Roteiro e Melhor Fotografia. De tanto seu filho Gabriel (Victor Navega Motta) insistir em conhecer o pai, que os abandonou uns anos antes, Roseli (Spoladore) o leva para o Rio de Janeiro a fim de ambos tentar encontrá-lo. Enquanto isso, João (Cauã Raymond), um advogado fracassado e falido, tenta reconquistar Gilda (Fabíula Nascimento), uma prostituta, e parte para o crime. Em paralelo, corre a história do professor Pedro (Ângelo Antonio), cujo pai sofre um infarto e morre. Num determinado momento, esses personagens vão se cruzar, o que vai provocar uma mudança radical em suas vidas.  Mesmo com um elenco de bons atores, incluindo ainda Maria Ribeiro e Rogério Fróes, o filme não consegue engrenar e é prejudicado ainda mais pelas demonstrações meio forçadas de paranormalidade do menino Gabriel. O happy end é constrangedor.   

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Tudo em “Trapaça” (“American Hustle”), EUA, 2013, dirigido por David O. Russell, funciona às mil maravilhas. A história, o roteiro bem elaborado, o elenco em estado de graça, humor na medida certa, suspense e uma trilha sonora deliciosa, que vai de Duke Ellington a Paul McCartney, passando por Elton John e Bee Gees – numa das cenas mais saborosas, a idem Jennifer Lawrence arrasa cantando e dançando “Live and Let Die”. A história é baseada em fatos reais acontecidos no final dos anos 70. Os trambiqueiros Irving Rosenfeld (Cristian Bale) e Sydney Prosser (Amy Adams) são presos pelo FBI e obrigados, em troca de uma prometida futura liberdade, a participar de um esquema para mandar alguns figurões – políticos e mafiosos – para a cadeia. Para isso, contam com a assessoria direta do agente Richie Dimaso (Bradley Cooper). Mas nem tudo vai sair como o esperado. Algumas reviravoltas no final incrementam ainda mais o enredo. Para fazer o personagem do trambiqueiro Irving, Bale engordou 18 quilos. Robert De Niro, quase irreconhecível, aparece numa ponta como um chefão mafioso, papel que adora fazer e com grande competência. Mais uma curiosidade: em Portugal, o filme foi lançado como “Golpada Americana”... Enfim, um filme imperdível!
“As Vidas de Arthur” (“Arthur Newman”), EUA, 2012, é uma comédia dramática dirigida por Dante Ariola em seu primeiro longa. Divorciado, rejeitado pelo filho adolescente, sem amigos e entediado com o trabalho e com a própria vida, Avery Wallace (Colin Firth) simula a própria morte e sai por aí com outra identidade, a de Arthur Newman. Numa das suas andanças, acaba conhecendo a maluquete Michaela “Mike” Fitzgerald (Emily Blunt). Os dois fazem amizade e saem pelo interior dos EUA de cidade em cidade, invadindo casas para transar, comer e tomar banho. É claro que, no meio do caminho, acabam se apaixonando. De conversa em conversa, acabam se revelando e chegando à conclusão que deveriam voltar à vida que levavam. O filme é conduzido em 1ª marcha e termina como começou: sem qualquer emoção. Não sei por quê rotularam o filme de “comédia dramática”, pois nem um leve sorriso é capaz de arrancar. E o drama quem sofre é o espectador. Dois ótimos e consagrados atores como os ingleses Firth e Blunt poderiam ter escolhido melhor.  
“Bonitinha, mas Ordinária” teve esta terceira adaptação para o cinema do livro de Nelson Rodrigues. O filme foi produzido em 2008, mas lançado apenas em 2013. Esta nova versão, dirigida por Moacyr Góes, tem no elenco os atores João Miguel, Leandra Leal, Letícia Colin, Gracindo Júnior, Giselle Lima, Ligia Cortez, Ângela Leal e André Valli. A bonitinha do título é Maria Cecília (Letícia Colin), filha de um grande empresário, Dr. Werneck (Gracindo Júnior). Ela carrega o trauma de ter sido violentada por cinco marginais durante um baile funk numa favela. Para limpar sua barra, o pai “contrata” um funcionário subalterno de sua empresa, Edgard (João Miguel), para casar com a filha. Só que Edgar ama de verdade outra mulher, sua vizinha Ritinha (Leandra Leal). Esse dilema vai acompanhar Edgard durante toda a história. Para modernizar a história, Moacyr Góes adaptou ao filme a linguagem e o cenário do Rio de Janeiro dos dias atuais. Embora tenha conseguido um bom resultado, principalmente pelo desempenho do elenco, a segunda adaptação para o cinema, de 1981, com Lucélia Santos, ainda é a melhor. Porém, há de se reconhecer que a atriz Letícia Colin é muito mais bonitinha e ordinária. O filme foi dedicado ao ator André Valli – o Visconde de Sabugosa do Sítio do Pica-Pau Amarelo -, falecido logo após as filmagens.  

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014


“A Grande Beleza” (“La Grande Bellezza”), 2013, dirigido por Paolo Sorrentino, é um verdadeiro exemplo do que se convencionou chamar “Cinema de Arte”. Como tal, desperta reações e sentimentos variados. Uns gostam, outros detestam. Sorrentino fez uma crônica da Roma atual, revelando a face mundana da alta sociedade romana e sua decadência moral e intelectual. O cronista que nos levará a esta viagem é o personagem Gep Gambardelli (Toni Servillo, sensacional), um escritor de 65 anos que escreveu apenas um livro e que agora vive a maior parte do seu tempo frequentando as mais badaladas festas da capital italiana. Tal como Fellini fez em “A Doce Vida” e em “Roma”, a arquitetura da capital italiana, com seus mais representativos monumentos e locais turísticos, aparece como cenário de quase todas as cenas. O contraste com a modernidade é mostrado em várias situações, como na festa de aniversário de Gep, no início do filme. Enquanto os convidados dançam ao som de música techno, aparece ao fundo o Coliseu. “A Grande Beleza” é um filme, sem dúvida, instigante, e, por isso mesmo, merece ser visto. Grande parte da crítica especializada o colocou no pedestal das grandes obras-primas do cinema. Eu gostei, mas não chegaria a tanto. Assista e tire suas próprias conclusões. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Antes de ficar mundialmente famoso pela transmissão radiofônica de “A Guerra dos Mundos”, em 1938, que narrava de forma realista a invasão da terra por alienígenas, levando pânico à população de Nova Iorque e dos EUA, e por ter dirigido “Cidadão Kane”, em 1941, seu primeiro longa e talvez o filme mais cultuado até hoje, Orson Welles era diretor de teatro. Em 1937, lançou a ideia de encenar as obras de William Shakespeare no Mercury Theater, em Nova Iorque. A primeira peça foi “Júlio César”. “Eu e Orson Welles” (“Me and Orson Welles”), filme inglês de 2008 dirigido por Richard Linklater, mostra os bastidores dessa produção teatral, mas com a inclusão de um personagem fictício, o jovem Richard Samuels (Zac Efron), de 17 anos, que conhece Orson acidentalmente na porta do Mercury Theater e acaba participando da peça. O filme enfoca com destaque como Orson era egocêntrico, megalomaníaco e prepotente, mas, sem dúvida, um gênio da arte. Quem o interpreta é o ator inglês Christian McKay, que impressiona não só pela atuação como também pela incrível semelhança com Orson. O elenco ainda conta com a charmosa Claire Danes e Ben Chaplin. A trilha sonora, basicamente com músicas de George Gershwin, é uma delícia. Só para lembrar: a peça “Júlio César” foi um grande sucesso da Broadway, com 157 apresentações sempre com casa cheia, o que alavancou ainda mais a competência de Orson.  

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Europa Report”, suspense de ficção científica de 2013, tem em sua produção uma salada de nacionalidades. O filme é norte-americano, o diretor (Sebastián Cordero) é equatoriano e o elenco tem uma polonesa (Karolina Widra), uma romena (Ana Maria Marinca), um sueco (Michael Niqvist), um norte-americano (Christian Camargo), os sul-africanos Embeth Davidtz e Sharlto Copley, além do chinês Daniel Wu. A história: alguns estudos científicos realizados pela Europa Ventures, uma empresa privada de exploração espacial, aventaram a possibilidade de haver vida na Europa, uma das luas de Júpiter. Para confirmar essa teoria, um grupo dos melhores astronautas do mundo é treinado e enviado para a tal lua, numa viagem cuja distância será a maior percorrida no espaço pelo ser humano até aquele momento. Quando chegam lá, porém, as coisas não saem como o esperado e o resultado... Bom, você vai ver. O filme até que consegue manter um certo clima de tensão e suspense até o final, mas a sensação claustrofóbica pode incomodar.            

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A comédia romântica “À Procura do Amor” (“Enough Said”), de 2013, dirigida por Nicole Holofcener, é muito agradável de assistir. É leve, divertida, com diálogos afiados e humor na medida certa. Conta a história do relacionamento amoroso da massagista Eva (Júlia Louis-Dreyfus, de “Seinfeld”) com Albert (James Gandolfini). Os dois são separados, têm filhos e mais uma característica em comum: são bem-humorados. Daí tantos diálogos engraçados. Eva arranja uma cliente, Marianne (Catherine Keener), que desabafa sobre o ex-marido, contando seus principais defeitos e manias, enfim, seus podres e até segredos de alcova. Por uma coincidência daquelas, esse ex-marido é justamente Albert. Eva fica na moita e se aproveita das confidências de Marianne para descobrir a personalidade do namorado e se aproveitar desse trunfo. Vai ter uma hora, óbvio, que o estratagema de Eva será descoberto e sua relação com Albert acaba na corda bamba.  Essa comédia é uma boa pedida para quem deseja relaxar e se divertir. Foi um dos últimos filmes de Gandolfini, falecido em junho de 2013. Fica a lembrança alegre e simpática desse competente ator. 

A comédia dramática chilena “Gloria”, de 2013, dirigida por Sebastián Lelo, conta a história de uma mulher (a ótima atriz Paulina Garcia) com 58 anos, separada há 12 e dois filhos adultos que não moram mais com ela há tempos. Ela trabalha, mas fora do escritório é uma mulher solitária. Para afugentar a solidão, ela frequenta bailes destinados ao pessoal da terceira idade. Adora dançar. Não tem um parceiro fixo: dança com vários. Até que conhece Rodolfo (Sérgio Hernández), um setentão também separado. Os dois começam a namorar, passeiam, jantam juntos e, claro, acabam indo para a cama. As cenas de sexo, várias, são bastante fortes em se tratando de pessoas mais velhas, o que poucos filmes têm a coragem de mostrar. O relacionamento vai se desgastar por culpa de Rodolfo, que não desgruda das duas filhas e da ex-mulher. O filme é muito bom e tem momentos deliciosos, como a turma que, num aniversário, canta “Águas de Março”. A cena em que Gloria se vinga de Rodolfo é hilariante. Pelo papel de Gloria, Paulina Garcia conquistou o prêmio "Urso de Prata" de melhor atriz no Festival de Berlim 2013.