sexta-feira, 11 de junho de 2021

 

“E AMANHÃ...O MUNDO TODO” (“UND MORGEN DIE GANZE WELT”), 2020, Alemanha, 1h51m, produção original Netflix, direção de Júlia von Heinz, que também assina o roteiro com John Quester. Ambientado nos anos 80, trata-se de um drama de fundo político centrado na jovem Luisa (Mala Emde), de 20 anos, estudante da Faculdade de Direito. De uma família de classe alta, Luisa sempre teve um comportamento rebelde e não foi nenhuma surpresa quando ela ingressou, por intermédio de sua colega Batte (Luisa-Céline Gaffron), num grupo de ativistas responsável por manifestações públicas contra políticos de extrema direita. Também realizavam passeatas contra os neonazistas, racistas, xenófobos e homofóbicos.  No grupo, havia aqueles que pregavam protestos pacíficos, com vaias e algumas tortas jogadas nos políticos, e outra turma que pregava a violência nas manifestações, com atentados e pancadarias. Luisa passou para a turma violenta, participando de algumas brigas, sendo que em uma delas acabou ferida. O filme inteiro acompanha os bastidores das reuniões, suas discussões a respeito dos rumos da política nacional e internacional, além do planejamento de novas manifestações de protesto. Esse contexto deixa o filme bastante interessante, principalmente para quem viveu os grandes protestos da década de 60 aqui no Brasil e no mundo afora. Quem gosta de dramas políticos, ao estilo de “Os 7 de Chicago”, vai curtir este filme alemão, que estreou, cercado de elogios, no 77º Festival Internacional de Cinema de Veneza e foi escolhido para representar a Alemanha na disputa do Oscar 2021 de Melhor Filme Internacional (eu preferia quando era denominado Filme Estrangeiro).        

quarta-feira, 9 de junho de 2021

 

“FICA COMIGO” (“YOU GET ME”), 2017, Estados Unidos, disponível na Netflix, 1h29m, marca a estreia de Brent Bonacorso na direção – é mais conhecido como diretor de curtas e comerciais -, seguindo roteiro de Ben Epstein. Mais um suspense do gênero “atração fatal”, desta vez uma atração fatal juvenil. E com outra grande diferença com relação à mais famosa atração fatal do cinema, de 1988, com Glenn Close e Michael Douglas: ao invés da feiosa Close, entra a bela e sensual Bella Thorne. Esta sim, vale uma “atração fatal”, mas depois aguente as consequências. Isto porque Holly, sua personagem, é completamente louca e com tendências homicidas. Tudo começa numa festa de jovens. O bonitão Tyler (Taylor John Smith) tem uma crise de ciúme e acaba brigando com sua namorada, Alison (Halston Sage). Na mesma festa, ele conhece Holly. Não precisou de muito papo para os dois acabarem na cama. Um dia depois, Tyler retoma o namoro com Alison, e quando Holly fica sabendo vira uma fera. Sua vingança se transforma em paranoica obsessão. Para começar, Holly ingressa na mesma escola onde estudam Tyler e a namorada. Daí para a frente, até o desfecho, Holly partirá para o tudo ou nada, e muita gente vai se machucar pelo caminho. A cada cena, seja qual for a situação, Bonacorso explora a beleza e a sensualidade de Bella Thorne, realmente uma jovem atriz muito bonita. Mas nem isso chega a fazer de “Fica Comigo” um filme inesquecível. Mas dá para tomar alguns sustos, garantindo um bom entretenimento.         

                               

terça-feira, 8 de junho de 2021



“JO PIL-HO: O DESPERTAR DA IRA” (“AK-JIL-GYEONG-CHAL”), 2019, Coreia do Sul, 2h7m, roteiro e direção de Lee Jeong-Beom, disponível na plataforma Netflix. Mais um ótimo suspense policial sul-coreano. O personagem principal da história é Jo Pil-Ho (Sun-Kyun Lee), detetive da Divisão de Homicídios de Ansan, uma importante cidade industrial da Coreia do Sul. Suspeito de corrupção, ele é frequentemente investigado pelos agentes da corregedoria. Logo no início, o filme já comprova que ele é realmente corrupto, participando de um roubo a caixas eletrônicos. O golpe seguinte é que dará margem ao resto da história. Ele e um comparsa tentarão roubar um armazém da própria polícia, ao mesmo tempo em que outra turma de bandidos busca, no mesmo local, documentos que contêm provas contra autoridades do governo e seu envolvimento com as empresas Taesung, o maior conglomerado industrial do país. A ação conjunta acaba gerando um violento incêndio que coloca abaixo o armazém, destruindo toda aquela documentação. Dessa forma, Jo Pil-Ho acaba se envolvendo numa conspiração política e industrial que colocará sua vida em risco, assim como de outras pessoas, inclusive Mina (Jeon So-Nee), uma jovem ladra que diz ter em seu celular um vídeo mostrando toda a ação que culminou no incêndio. Aí o filme se transforma numa caçada implacável à jovem, que em determinado momento passa a ser protegida por Jo Pil-Ho. Até o desfecho, muito sangue vai jorrar e muita gente vai morrer. “Jo Pil-Ho” tem ação na medida certa e muita violência, mas evita os clichês característicos do gênero policial, como perseguições, lutas coreografadas e tiroteios.  Em resumo, é um ótimo suspense policial que prende a atenção do começo ao fim, mesmo com sua exagerada duração. Merece ser visto principalmente por quem curte o gênero.          


segunda-feira, 7 de junho de 2021

 

“DOCE VIRGÍNIA” (“SWEET VIRGINIA”), 2017, coprodução Canadá/Estados Unidos, disponível na plataforma Netflix, 1h45m, direção de Jamie M. Dagg, seguindo roteiro escrito pelos irmãos Benjamin e Paul China. Uma grata surpresa do cinema independente este suspense policial neo-noir ambientado numa pequena cidade do Alasca. Começa o filme e três homens são assassinados a sangue-frio numa lanchonete. O espectador já sabe quem é o assassino e logo descobre também que ele agiu a mando da esposa de um deles, Lila (Imogen Poots). Ou seja, o roteiro não esconde os segredos da história, o que é inovador em termos de um filme de suspense. Também não esconde o fato de que Bernie (Rosemarie DeWitt), uma das viúvas, vive um caso extraconjugal com Sam Rossi (Jon Bernthal), um ex-astro dos rodeios que é dono de um motel, o “Sweet Virginia” do título. Pois é aqui que o assassino, Elwood (Christopher Abot), está hospedado. Ao mesmo tempo em que a população da pequena cidade lamenta a perda de três de seus destacados cidadãos, Elwood engata uma amizade com Rossi, enquanto espera que Lila arranje o dinheiro para pagá-lo. Não demora muito para que Elwood revele sua personalidade psicótica, o que garante boas sequências de suspense e violência. Este é o segundo longa-metragem escrito e dirigido por Dagg – o primeiro foi “River”, de 2015. “Doce Virgínia” vem comprovar sua competência, pois é um filme muito interessante que merece ser recomendado. Um thriller de primeira.     

                               

domingo, 6 de junho de 2021

 

“ULTRAS”, 2020, Itália, produção original Netflix, 1h48m, primeiro longa-metragem escrito e dirigido por Francesco Lettieri. "Ultras" são denominadas as torcidas organizadas na Itália. O filme acompanha a trajetória dos “Apaches”, torcida organizada do time do Napoli. É considerada uma das mais violentas da Europa, equivalendo-se aos temíveis hooligans ingleses. São tão fanáticos que cantam seus hinos de guerra até durante os casamentos de seus integrantes. Eles procuram brigas em todos os estádios em que a equipe joga. O filme foi realizado num estilo semidocumental, com um elenco de poucos atores conhecidos. A grande maioria é de figurantes recrutados em Nápoles, inclusive entre a própria torcida organizada. O ator mais conhecido é Annielo Arena, que personifica Sandro “Moicano”, um dos líderes da velha guarda dos “Apaches”. O foco principal da história é justamente a divisão entre os membros da torcida. Os mais velhos como Sandro “Moicano”, na faixa dos cinquenta anos, defendem uma atuação mais moderada, enquanto a turma que está na faixa dos trinta anos, constituída por muitos skinheads, exige uma participação mais violenta. Ainda existe uma terceira turma, a dos adolescentes, que almejam integrar o grupo para participar da violência. O retrato que o filme faz desse pessoal é o pior possível. Quando não vão aos estádios brigar com a polícia e a torcida adversária, eles passam os dias bebendo e fumando maconha. A única atividade perto de um trabalho é a confecção de faixas para exibir nos próximos jogos do Napoli, que já teve Maradona como seu grande ídolo. Para amenizar o tom violento da história, o diretor Lettieri inventou um romance entre “Moicano” e Terry (Antonia Trupo, outra atriz mais conhecida). Trocando em miúdos, “Ultras” é um filme bastante interessante, mas passa longe de um entretenimento leve.