quarta-feira, 1 de maio de 2024

 

ALARME DE INCÊNDIO (FROM THE ASHES), 2024, Arábia Saudita, 1h43m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Khalid Fahad. Curiosidade foi o que me levou a assistir a este novo filme saudita. Afinal, o cinema produzido naquele país está praticamente engatinhando. Para se ter uma ideia, foi somente a partir de 2006, com “Keif Al-Hal?”, que a produção começou, mas as locações aconteceram nos Emirados Árabes Unidos e com elenco de outros países. Somente em 2012 seria realizado o primeiro filme com elenco totalmente saudita e filmado no país, “O Sonho de Wadja”. Além disso, entre 1983 e 2018, não era autorizada a abertura de salas de cinema. Por questões religiosas, é claro. Por isso tudo, “Alarme de Incêndio” despertou minha vontade de assistir. A história é baseada em fatos reais, ocorridos em 2002 em uma escola para meninas em Makkah, quando um grande incêndio matou duas pessoas, uma aluna e uma professora. Com um detalhe macabro: a aluna foi trancada de propósito no almoxarifado. Como o incêndio começou e quem trancou a vítima? As respostas a estas duas perguntas conduziram o roteiro até o desfecho. O clima é de muita tensão, com algumas reviravoltas e a revelação surpreendente no final. À frente do elenco estão várias atrizes de renome do cinema saudita, como Alshaima’a Tayeber, Khairyeh Abu Labu, Adwa Fahad e Darin Albayed. No mais, as alunas são interpretadas por atrizes visivelmente amadoras, sem nenhuma experiência na frente das câmeras. Não é um fator que desmereça o filme, mas não contribui. No fim das contas, trata-se apenas de um filme interessante, ainda mais por ser baseado em fatos reais.                    

terça-feira, 30 de abril de 2024

 

“BEBÊ RENA” (“BABY REINDDER”), 2024, Inglaterra, série de sete episódios em sua 1ª temporada, em cartaz na Netflix, criação, roteiro e direção do jovem e talentoso ator escocês Richard Gadd. Ele conta suas próprias experiências de vida a partir de 2015 até 2019, quando resolve revelar o que aconteceu. Primeiro ele escreveu duas peças de teatro: “Baby Reindeer” e “Monkey See, Monkey Do”, que fizeram tanto sucesso em Londres que acabaram sendo adaptadas para esta série da Netflix. Na série, Gadd é Donny Dunn, que sonha em fazer sucesso como comediante de stand-up, com atuações medíocres em bares de qualidade duvidosa. Diante da situação, ele arruma um emprego de bartender e acaba conhecendo uma cliente bastante esquisita, que um dia pede um copo de água da torneira por não ter dinheiro. Com pena, ele serve um chá e não cobra. Pronto! A mulher, Martha (Jessica Gunning), obesa, feia e carente, resolve “pegar no pé” de Donny, praticando um tipo de assédio doentio que se transforma em psicopatia. Só para se ter uma ideia, ao longo de 4 anos ela enviou a ele 41.071 e-mails, 350 horas de mensagens de voz, 744 twíters, 46 mensagens no facebook,106 páginas de cartas e vários presentes. Ao mesmo tempo em que tenta fugir do assédio da gorda maluca, Donny conhece Teri (a atriz mexicana Nava Mau), uma mulher trans (como a atriz, na vida real) e se apaixona. Ao mesmo tempo, começa uma amizade com um sujeito que diz ser roteirista de cinema, mas que na verdade é um viciado em drogas e sexo nada convencional. Tudo isso é detalhado na série, a de maior sucesso este ano na Netflix. Para se ter uma ideia, “Bebê Rena” foi a mais assistida em mais de 30 países no período de 15 a 21 de abril. Por causa desse sucesso e também pela cena final do sétimo e último capítulo, tudo leva a crer que haverá uma segunda temporada. Nada mais justo, pois a série é realmente bastante interessante e muito criativa. Não perca!                   

          

sábado, 27 de abril de 2024

 

CASO PERIGOSO (SHATTERRED), 2022, Estados Unidos, 1h32m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do cineasta espanhol Luis Prieto, seguindo roteiro de David Loughery. Divorciado e milionário, o jovem Chris Decker (Cameron Monaghan) vive isolado em uma bela mansão. Ele geralmente faz compras de madrugada em um supermercado. Numa dessas ocasiões, Chris conhece uma jovem e bela mulher que diz se chamar Skyler (Lilly Krug). Paixão fulminante, ele a leva para sua mansão e os dois se transformam em amantes apaixonados. Ao mesmo tempo, Chris e a ex-mulher Jamie (Sasha Luss) se comunicam via internet, conversam sobre o divórcio e outros assuntos, e ele aproveita para matar a saudade da filha Willow (Ridley Asha Bateman). De repente, o comportamento de Skyler muda completamente. Ela é, na verdade, uma golpista psicopata que, ao lado do parceiro Sebastian (o intragável Frank Grillo), quer roubar toda a fortuna de Chris. E a matança tem início, muito suspense e sangue jorrando, com boas cenas de ação. Devo destacar o desempenho sensacional da jovem e bela atriz alemã Lilly Krug – filha da também atriz Veronica Ferres. Radicada em Los Angeles desde 2019, Lilly está ótima como a vilã principal da história. Aposto que logo será uma grande estrela de Hollywood. E por falar em beleza, também é preciso destacar a presença da atriz e modelo russa Sasha Luss, também radicada nos EUA. Ela foi a principal protagonista de “Anna – O Perigo Tem Nome”, como a espiã dupla contratada como assassina profissional. O destaque negativo fica por conta do ator John Malkovich, que em evidente final de carreira assume papéis no mínimo constrangedores. Como é o caso deste “Caso Perigoso”. Entre prós e contras, afirmo com toda certeza de que se trata de um ótimo suspense. Não perca!                           

          

quinta-feira, 25 de abril de 2024

 

 

“REMANDO PARA O OURO” (“THE BOYS IN THE BOAT”), 2023, Estados Unidos, 2h04m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de George Clooney e roteiro assinado por Mark L. Smith. Quando se fala do desempenho dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, o primeiro nome que vem à nossa memória é o de Jesse Owens, da equipe de atletismo – os EUA ficaram em segundo lugar na classificação geral, com 24 medalhas de ouro, atrás apenas da Alemanha. Neste “Remando para o Ouro”, o destaque principal é a equipe de remo (oito remadores mais um timoneiro), também vencedora de uma medalha de ouro. Uma incrível história que começa alguns meses antes na Universidade de Washington, em Seattle. Oito universitários são convocados para compor a segunda guarnição da equipe de remo – a primeira guarnição era supostamente a melhor. Resumindo, a equipe formada às pressas, com estudantes inexperientes e totalmente desacreditada,  conseguiu vencer as eliminatórias regionais e depois as nacionais, conquistando o direito de ir aos Jogos Olímpicos. Aliás, tiveram que fazer uma "vaquinha" para conseguir dinheiro para a viagem, já que o Comitê Olímpico dos Estados Unidos negou a verba. Uma história e tanto de superação, dedicação, muito treinamento e emoção à flor da pele, do começo ao fim. Toda a história é baseada no livro “The Boys in The Boat”, escrito por Daniel James Brown. George Clooney dirige seu nono filme, acertando em cheio ao adaptar a história desde os árduos treinamentos em Seattle e depois a disputa das competições que levaram a equipe aos Jogos Olímpicos e à medalha de ouro. Estão no elenco Joel Edgerton, como o treinador da Universidade de Washington, Callum Turner, Peter Guinness, Jack Mulhern, James Wolk e Haidley Robinson. Imperdível!                           

          

segunda-feira, 22 de abril de 2024

 

“A CORTE MARCIAL DO NAVIO DA REVOLTA” (“THE CAINE MUTINY COURT-MARTIAL”), 2023, Estados Unidos, 1h49m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de William Friedkin. Se você prestou atenção do nome do diretor, certamente lembrará que ele foi um dos grandes de Hollywood. Basta dizer que dirigiu, entre tantos outros, filmes como “O Exorcista (1973), “Operação França” (1971) e “Parceiros da Noite” (1980). “A Corte Marcial...” foi seu último filme. Friedkin morreu em agosto de 2023. O roteiro de “A Corte Marcial...” é baseado em uma peça de teatro encenada em 1954, que por sua vez é a adaptação do livro “The Caine Mutiny”, escrito por Herman Wouk em 1951. “A Corte Marcial...” conta a história do julgamento do oficial da marinha norte-americana Stephen Maryk (Jake Lacy) por uma corte militar. Maryk é acusado de orquestrar um motim contra o seu capitão Keeg (Kiefer Sutherland), comandante do navio USS Caine, durante uma missão no Oriente Médio. Várias testemunhas são convocadas para dar sua versão dos fatos, ocorridos durante um ciclone. Segundo o réu, Keeg não estava em condições psicológicas para comandar o navio naquela emergência, e que, por isso, como primeiro imediato, resolveu assumir o comando do navio. Embora o filme inteiro seja ambientado dentro de uma sala de tribunal, os trabalhos transcorrem de maneira intensa, não deixando o espectador entediado. Completam o elenco Jason Clark, Monica Raymond e Lance Reddick. Eu gostei muito, mas sou suspeito, pois adoro filmes de julgamento. De qualquer maneira, vale a pena conferir principalmente por ser o último filme de William Friedkin, que há muito tempo estava sem filmar – desde 2017, quando dirigiu “The Devil and Father Amorth”.                            

          

sábado, 20 de abril de 2024

 

O ALFAIATE (THE OUTFIT), 2022, coprodução EUA/Inglaterra, 1h46m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Graham Moore, que também assina o roteiro juntamente com Johnathan McClain – só para lembrar, Graham Moore já ganhou um Oscar de Melhor Roteiro pelo filme “O Jogo da Imitação”, de 2014. “O Alfaiate” é um suspense com cara de teatro filmado, já que a ação está concentrada, do começo ao fim, em uma loja onde funciona a alfaiataria de Leonard “O Inglês” (Mark Rylance). A história é ambientada em 1956 em Chicago. Leonard é um ótimo alfaiate. Antes de vir para os Estados Unidos, alguns antes, ele aprendeu tudo sobre sua profissão na mundialmente famosa rua Saville Row, em Londres, reduto das melhores alfaiatarias personalizadas para homens. Em Chicago, os melhores clientes de Leonard são chefões das máfias. Um deles, Richie (Dylan O’Brien), entra na loja baleado, trazido por seu capanga Francis (Johnny Flynn). Daí pra frente a trama se desenrola num suspense constante, envolvendo a secretária Mable (Zoey Deutch), o chefão mafioso Roy (Simon Russell Beale) e a chefe da máfia francesa La Fontaine (Nikki Amuka-Bird). As situações giram em torno de uma tal fita-cassete cujo conteúdo teria uma denúncia apontando um espião mafioso que entregava tudo à polícia de Chicago. O alfaiate manipula os personagens, jogando uns contra os outros de acordo com a situação, principalmente para salvar a vida da sua secretária Mable. Um jogo psicológico que prende a atenção do espectador, com muitas reviravoltas. Nem mesmo o fato de tudo acontecer num único cenário não torna o filme entediante. Pelo contrário. Claro que deve ser destacada a brilhante atuação do experiente ator inglês Mark Rylance, que já havia sido premiado com um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme “Bridge of Spies”, de 2016. Enfim, “O Alfaiate” é um filme bastante instigante, interessante e inteligente. Recomendo.                            

          

quarta-feira, 17 de abril de 2024

 

“A GRANDE ENTREVISTA” (“SCOOP”), 2024, Inglaterra, 1h43m, em cartaz na Netflix, direção de Philip Martin (“The Crown”, “Catarina, A Grande”), seguindo roteiro assinado por Peter Moffat e Geoff Bussetil. Em 2019, a equipe do programa “The Newsnight”, da BBC Two, conseguiu um grande furo jornalístico ao conseguir uma entrevista exclusiva com o príncipe Andrew, duque de York, filho da Rainha Elizabeth II. Na época, a imprensa inglesa acusava Andrew de ser cúmplice do magnata norte-americano Jeffrey Epstein, preso por tráfico e exploração sexual de adolescentes. O caso abalou as estruturas do Palácio de Buckingham. O filme mostra todos os bastidores do trabalho da equipe de jornalistas da BBC Two, principalmente da produtora Sam McAlister (Billie Piper), que convenceu a principal assessora de Andrew de que uma entrevista à BBC daria oportunidade ao príncipe de esclarecer toda a confusão – logo depois da entrevista, Andrew foi afastado de suas funções públicas como membro da família real. Destaque especial deve ser dado ao ator Rufus Sewel, irreconhecível na pele de Andrew, graças a uma maquiagem digna de prêmio. O visual do ator ficou realmente muito parecido com o príncipe. O diretor Philip Martin soube também, com maestria, manter o clima de grande tensão que ocorreu antes e durante a entrevista, conduzida com grande competência pela apresentadora Emily Maitlis (Gillian Anderson). Completam o excelente elenco Romola Garai, Keeley Hawes, Amanda Redman, Connor Swindells, Charity Wakefield, Lia Williams, Richard Goulding e Tim Bentinck. Ótima oportunidade de conhecer o que de fato aconteceu antes, durante e depois da polêmica entrevista.                       

          



terça-feira, 16 de abril de 2024

“AGENTE X: A ÚLTIMA MISSÃO” (“THE BRICKLAYER”), 2023, coprodução Estados Unidos/Grécia/Bulgária, 1h50m, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de Renny Harlin. Filme de ação cujo pano de fundo é a espionagem. Uma série de assassinatos praticados contra jornalistas estrangeiros na Grécia é atribuído à CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), gerando protestos por toda a Europa. Para tentar reverter a situação e investigar e descobrir quem está por trás das mortes, a direção da CIA resolve convocar o ex-agente Steve Vail (Aaron Eckhart), que agora trabalha como pedreiro (fala sério, dá pra acreditar?). Ele é enviado para a Grécia tendo como parceira a agente novata Kate (Nina Dobrev). A dupla acaba descobrindo que o responsável é Victor Radek (Clifton Collins Jr.), um antigo agente e amigo de Vail, que também pretende assassinar um político importante da Grécia para depois atribuir a responsabilidade à CIA. Entre reviravoltas e traições, o filme segue com muitas cenas de ação, perseguições, tiros e explosões. Também estão no elenco Tim Blake Nelson, Ilfenesh Hadera, Ori Pfeifer, Akis Sakellariou e Oliver Trevena. O filme é bastante movimentado, prende a atenção do espectador e não economiza nos clichês habituais do gênero. Enfim, apenas um bom entretenimento.                     

          

domingo, 14 de abril de 2024

 

“HOLY SPIDER” (“ANKABUT-E MOQADDAS”), 2022, coprodução Dinamarca/Suécia/Jordânia/França, 1h59m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta iraniano Ali Abbasi, que também assina o roteiro juntamente com Afshin Kamran Bahrami.  Filme conta a história real do serial killer Saeed Hanei, que em 2000 e 2001 assassinou 16 mulheres na cidade de Mashhad (Maxede no filme), conhecida como a capital espiritual do Irã. Todas as vítimas eram prostitutas ou usuárias de drogas e, por isso mesmo, Saeed as matou. Em seu julgamento, ele afirmou que atendia às ordens de Allah no sentido de limpar a sociedade de mulheres indignas. Grande parte da população fanática religiosa apoiou o criminoso, chegando a exigir sua libertação. Ao escrever o roteiro, Ali Abbasi e Afshin criaram a personagem de uma jornalista investigativa, Arezoo Rahimi, que saiu de Teerã para fazer uma reportagem sobre o caso. Além da história em si, retratada da forma mais realista possível, com algumas cenas muito fortes de sexo e aquelas em que mostram o criminoso assassinando suas vítimas, o filme escancara a cultura machista predominante no Irã, além da incompetência e corrupção da polícia e do sistema jurídico. Claro que, diante desses aspectos, as filmagens ocorreram fora do Irã, ou seja, na Jordânia. A atriz principal, Zar Amir Ebrahimi, foi obrigada a sair do Irã alguns anos antes e vive hoje na França. O governo iraniano criticou o filme, proibindo-o de ser exibido no país. Os aiatolás o compararam ao livro “Versos Satânicos”, de Salman Rushdie, pelo qual o escritor foi jurado de morte pelas autoridades iranianas. Independente de toda essa polêmica, “Holy Spider” estreou com grande sucesso no Festival de Cannes, onde foi aplaudido pela plateia durante sete minutos e que premiou Zar Amir como Melhor Atriz. Além disso, a atriz foi eleita pela BBC uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo em 2022. O filme também foi selecionado para representar a Dinamarca na disputa do Oscar na categoria Melhor Filme Internacional. Trocando em miúdos, trata-se de um filme obrigatório para quem curte cinema de qualidade. Sem dúvida, um dos melhores lançamentos da Netflix nos últimos anos.                     

          

quinta-feira, 11 de abril de 2024

 

“OPPENHEIMER”, 2023, Estados Unidos, 3h1m, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção do cineasta inglês Christopher Nolan (“Dunkirk”, “Tenet”). Sem dúvida, o filme do ano, merecidamente contemplado em 7 das principais categorias do Oscar 2024 (veja no fim do comentário). Para escrever o roteiro, Nolan se baseou no livro “Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano” (vencedor do Prêmio Pulitzer de 2006), escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin, biografia do físico Julius Robert Oppenheimer (1904-1967). O filme é de uma impressionante riqueza de detalhes sobre o Projeto Manhattan, durante a Segunda Guerra Mundial, cujo objetivo era projetar e construir bombas atômicas contra os nazistas, mas que acabaram sendo utilizadas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945, colocando um ponto final no conflito. Oppenheimer virou herói do povo norte-americano. Porém, logo depois, foi vítima de perseguição por parte de políticos que o acusaram de ligação com os comunistas. Pura hipocrisia. Se o filme é realmente espetacular, parte desse triunfo também deve ser atribuída ao excelente elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Forence Puig, Matt Damon, Josh Hartnett, Gary Oldman, Casey Affleck, Ramy Malek, Kenneth Branagh, Jason Clarke e Tony Goldwyn, só para citar os mais conhecidos. “Oppenheimer” foi indicado em 13 categorias do Oscar 2024, vencendo em sete: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.), Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Cinematografia. Também foi eleito um dos melhores filmes de 2024 pelo American Film Institute e pela National Board of Review, além de importantes premiações no Globo de Ouro, Bafta e Sag Awards. “Oppenheimer” é um verdadeiro espetáculo, uma obra-prima do cinema. IMPERDÍVEL!!!                 

          

segunda-feira, 8 de abril de 2024

 

“ZONA DE INTERESSE” (“THE ZONE OF INTEREST”), 2023, Inglaterra, 1h45m, em cartaz na Prime Vídeo, roteiro e direção de Jonathan Glazer (“Under the Skin”). Indicado a cinco categorias do Oscar 2024, venceu a estatueta como Melhor Filme Internacional, além de conquistar o “Gran Prix” no Festival de Cannes do mesmo ano. Trata-se da adaptação para o cinema do romance escrito em 2014 pelo escritor inglês Martin Amis. Ao lado do campo de concentração e extermínio de Aushwitz, ao sul da Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial, foi construída uma luxuosa casa para abrigar a família de Rudolf Höss (Christian Friedel), comandante do campo. Moram lá a sua esposa Hedwig (Sandra Hüller, que concorreu ao Oscar 2024 de Melhor Atriz por outro filme, “Anatomia de Uma Queda”), os cinco filhos do casal e vários empregados. Como se a matança bem ao lado não existisse, a família Höss vivia alegremente, curtindo a horta, a piscina e os banhos de rio. Não há cenas do campo de concentração, do qual só aparecem ao fundo suas chaminés sempre em atividade. Não é preciso mostrar o que acontece lá dentro. Somente no desfecho, onde uma cena bastante forte mostra o interior do campo muitos anos depois, com o museu criado para exibir ao mundo a triste tragédia que vitimou mais de um milhão de pessoas, a maioria judeus poloneses e húngaros. “Zona de Interesse” é um filme difícil de digerir: perturbador, angustiante e bastante desagradável. Embora poderoso por expor uma triste realidade histórica de uma maneira tão diferente de outros filmes já realizados sobre o tema do holocausto, não acho recomendável indicá-lo como entretenimento. Além do mais, o filme é muito lento, à beira do enfadonho.                

domingo, 7 de abril de 2024

“PREDESTINADO: ARIGÓ E O ESPÍRITO DO DR. FRITZ”, 2022, Brasil, 1h40m, no catálogo da Netflix desde o dia 30 de março de 2024, direção de Gustavo Fernandez, seguindo roteiro assinado por Jaqueline Vargas, que se baseou no livro “Arigó e o Espírito do Dr. Fritz”, escrito pelo norte-americano John Grant Fuller. O filme conta a história do famoso médium brasileiro José Pedro de Freitas, mais conhecido como “Zé Arigó” (1921-1971). Ele vivia com a família na cidade mineira de Congonhas e curou milhares de pessoas, do Brasil e do Exterior, por intermédio de cirurgia espiritual. Para executar as cirurgias, Arigó recebia o espírito do médico alemão Adolph Fritzum, o “Dr. Fritz”, falecido durante a Primeira Guerra Mundial. Arigó chegou a ser preso em 1961 acusado de prática ilegal da medicina. Enfim, uma história cujo personagem certamente é desconhecido por grande parte das novas gerações, mas que ficou muito famoso durante as décadas de 50 e 60. Por isso mesmo, o filme deve ser visto e merece ser visto, pois é muito bem feito, bem dirigido e com um elenco de primeira, do qual fazem parte Danton Mello (Zé Arigó), Juliana Paes (Arlete, sua esposa), James Faulkner (Dr. Fritz), Marcos Caruso (padre Anselmo), Marco Ricca (juiz Barros), Cássio Gabus Mendes (delegado Cícero), Alexandre Borges (senador Lúcio Bittencourt) e João Signorelli (Chico Xavier). Sem dúvida, mais um bom lançamento da Netflix.             

sexta-feira, 5 de abril de 2024

 

“SHIRLEY PARA PRESIDENTE” (“SHIRLEY”), 2024, Estados Unidos, 1h56m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de John Ridley (“12 Anos de Escravidão”). Sempre gostei muito de assistir filmes cuja história é baseada em fatos reais, principalmente quando tratam de política. É o caso de “Shirley”, que conta a trajetória de Shirley Chisholm (1924-2005), uma nova-iorquina que foi a primeira congressista negra dos Estados Unidos e que, em 1972, concorreu nas primárias à presidência pelo Partido Democrata. Shirley foi congressista por sete mandatos, de 1968 até 1983. O filme destaca especialmente os bastidores de sua árdua batalha para conseguir ser indicada a disputar a presidência, os meandros obscuros da política e os conchavos indecorosos que a congressista foi obrigada a participar. A atriz Regina King vive a personagem, dando mais uma vez um show de atuação – ela já havia recebido um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2019 pelo filme “Se a Rua Beale Falasse”. Também fazem parte do ótimo elenco Terrence Howard (indicado ao Oscar de Melhor Ator por "Ritmo de um Sonho"), Lance Reddick, Lucas Hedges e Brian Stokes Mitchell. Confesso que não conhecia a história de Shirley e o filme veio tapar esse buraco da minha ignorância. Talvez muita gente também não conheça e, por isso mesmo, “Shirley” deve ser visto, pois é um filme excelente, muito bem escrito e dirigido. Imperdível!             

          

terça-feira, 2 de abril de 2024

 

“A MULHER DOS MORTOS” (“TOTENFRAU”) 2023, coprodução Áustria/Alemanha, minissérie em 6 episódios da Netflix, direção de Nicolais Rohde, com roteiro assinado por Barbara Stepansky, Benito Mueller e Wolfgang Mueller. A história é uma adaptação do livro “Totenfrau” escrito por Bernard Aichner em 2015. Tudo acontece numa pequena cidade nos arredores de Innsbruck, a capital do Tirol, nos Alpes Austríacos – os cenários  são exuberantes. A personagem central é Bruhnilde Blum (Anna Maria Mühe, ótima), que herdou a funerária do pai. Um dia, seu marido, o policial Mark (Maximilian Krauss), sai de moto para o trabalho e logo que entra na estrada é atingido violentamente por um Range Rover preto, cujo motorista foge do local sem socorrer a vítima. Aparentemente, trata-se de um acidente, mas Blum acredita ter sido um assassinato, tese confirmada quando surge no cenário a refugiada Diunja (Romina Küper), que alega ter sido estuprada por quatro homens utilizando máscaras de animais. Acreditando que esses quatro estupradores tenham assassinado seu marido, Blum parte para a vingança e vai atrás de cada um. Completam o elenco Yousef Swide, Romina Küper, Robert Palfrader, Simon Schwarz e Michou Friesz. O título "A Mulher dos  Mortos" refere-se ao poder imaginário de Blum de se comunicar com os cadáveres que prepara para os respectivos velórios. A minissérie prende a atenção do começo ao fim, garantindo um ótimo entretenimento. Uma excelente aquisição da Netflix. Imperdível!             

domingo, 31 de março de 2024

 

“O VERÃO MAIS QUENTE” (“L’ESTATE PIÙ CALDA"), 2023, Itália, 1h36m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Matteo Pilati, seguindo roteiro assinado por Giuseppe Paternò e Tommaso Triolo.  Comédia dramática explora o dilema enfrentado pelos padres da Igreja, ou seja, “o pecado da carne”. Impossível não lembrar a história do clássico da literatura “Pássaros Feridos”, da escritora Colleen McCullough, que virou série em 1983 com Richard Chamberlain (aquele mesmo do Dr Kildare, 20 anos antes). Ele era padre e se apaixonou por uma mulher (Rachel Ward) e assim por diante. “O Verão Mais Quente” é centralizado no jovem diácono Nicola (Gianmarco Saurino), enviado para uma pequena cidade litorânea na Sicília. Com pinta de galã, ele chega e encanta a mulherada local. Uma delas, a jovem Valentina (Alice Angelica), se apaixona perdidamente e o assedia com insistência. Só que Nicola tem os olhos para a irmã dela, Lucia (Nicole Damiane), que está quase noiva de outro jovem. As coisas começam a ficar quentes no vilarejo, para desespero de Don Carlo (Nino Frassica), pároco local, e da carola Carmen (Stefania Sandrelli, eterna musa do cinema italiano dos anos 60/70). Confusão formada, resta ao diácono decidir se abandona o desejo de ser padre ou o desejo de se casar. Bom, é melhor assistir ao filme e ver o que acontece. Trocando em miúdos, trata-se de um filme bem água com açúcar, romântico e com pitadas de humor. Destaco ainda os belos cenários naturais do vilarejo, principalmente nas cenas gravadas perto do mar.               

         

sábado, 30 de março de 2024

 

XEQUE MATE (JAQUE MATE), 2024, Argentina, 1h44m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Jorge Nisco, seguindo roteiro assinado por Leandro Calderone. Trata-se de uma comédia que satiriza filmes de ação e espionagem, tais como “Kingsman – Serviço Secreto”, “Agente Stone” e outros bons filmes do gênero, dos quais este filme argentino copia muitas de suas fórmulas. Vamos à história. Duque (Adrián Suar) é um famoso agente secreto internacional que trabalhou em vários casos pelo mundo afora, sempre com sua equipe: Sofía (Maggie Civantos), Molo (José Eduardo Derbez), "Malcosido" (Benjamín Amadeo) e Iair (Tsahi Halevi), que já trabalhou no Mossad, serviço secreto de Israel. Duque resolve reunir a turma novamente depois que sua sobrinha Juana (Fiorella Indelicato) é sequestrada por um mafioso internacional, um tal de Rey (Mike Amigorena), um tipo estranho, misterioso e sádico. Em troca, ele exige que Duque sequestre uma cientista de um grande laboratório que tem em seu poder uma fórmula científica de alto poder destrutivo. O filme tem boas cenas de ação, é bastante movimentado e com muito suspense. E com uma vantagem adicional: não ofende nossa inteligência. O desfecho dá a entender que haverá uma sequência, já que a equipe de Duque, antes do The End, é convocada para uma nova missão, desta vez em Istambul. "Xeque Mate" é um ótimo entretenimento para uma sessão da tarde com pipoca.          

         

quarta-feira, 27 de março de 2024

 

TOC TOC TOC – ECOS DO ALÉM (COBWEB no original), 2023, Estados Unidos, 1h28m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Samuel Bodin (“Marianne”, série da Netflix), seguindo roteiro de Chris Thomas Devlin, cuja inspiração veio do conto “O Coração Delator”, de Edgar Allan Poe. Como dá para imaginar, trata-se de um terror embalado por uma trama pouco convincente. Peter (Woody Norman), um menino de 8 anos, começa a escutar alguém batendo na parede do seu quarto. Durante noites ele ouve o toc toc toc e ainda uma voz sobrenatural pedindo ajuda. Ele avisa aos pais o que está acontecendo, mas eles dizem que tudo é fruto da imaginação fértil da criança. O espectador, porém, logo nota que o comportamento da mãe, Carol (Lizzy Caplan), e do pai Mark (Antony Starr), é muito estranho. A gente começa a desconfiar que tem algum segredo envolvendo os dois e aquela casa. Incomodado com a situação, o menino começa a demonstrar uma atitude diferente na escola e a professora, miss Divene (Cleopatra Colemann), percebe que o garoto está com sérios problemas. A situação fica mais evidente quando Peter faz um misterioso desenho do interior de sua casa com uma pessoa pedindo socorro. Divene vai conversar com os pais dele e fica claro que eles têm alguma culpa no cartório. Perto do desfecho, numa reviravolta surpreendente, a verdade é revelada. Resumo da ópera: filme é só indicado para quem curte o gênero terror. E olhe lá!          

         

terça-feira, 26 de março de 2024

TEMPESTADE INFINITA (INFINITE STORM), 2022, coprodução Inglaterra/EUA/Polônia/Austrália, 1h44m, em cartaz no Prime Vídeo, direção dos cineastas poloneses Margozata Szumowska e Michal Englert, que também assinam o roteiro com a colaboração de Joshua Rollins. A concepção do filme começou a ser pensada a partir de um artigo do jornalista Ty Gagne na Revista Reader’s Digest de 2019 ("High Places: Footprints in The Snow Lead to An Emotional Rescue"), que revelou uma incrível história de coragem, perseverança e sobrevivência ocorrida nos Estados Unidos em 2010. Pam Bales (Naomi Watts), a principal personagem da história, trabalhava como voluntária na equipe de buscas e resgate das White Mountains, no Estado de New Hampshire. Em determinado dia que lembrava uma tragédia familiar, ela resolve escalar o Monte Washington, apesar dos serviços de meteorologia avisarem da chegada de uma violenta nevasca. Depois de muito sacrifício e de um acidente que quase a matou, Pam chega ao topo da montanha e toma o maior susto ao encontrar um homem que está quase morto. Ela faz de tudo para reanimá-lo e depois enfrenta o desafio de descer a montanha carregando o sujeito, que ela resolve chamar de John (o ator Billy Howie). Praticamente toda a duração do filme é utilizada para mostrar esse resgate incrível em meio a uma forte tempestade. Embora existam apenas dois personagens do começo ao desfecho, “Tempestade Infinita” em nenhum momento deixa o espectador entediado, pois a situação é de grande tensão. Méritos aos belos cenários – as locações aconteceram na Eslovênia – e ao desempenho da atriz Naomi Watts, que já demonstrou talento para se livrar de situações extremas, como aconteceu, por exemplo, em “O Impossível”, em que sobrevive ao tsunami no Oceano Índico em 2004, e também em “A Hora do Desespero”, quando corre contra o tempo para salvar sua filha. Trocando em miúdos, “Tempestade Infinita” é um filme incrível de aventura.          

         

domingo, 24 de março de 2024

 

“MATADOR DE ALUGUEL” (“ROAD HOUSE”), 2024, Estados Unidos, 1h54m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Loug Liman (“Mr. e Mrs. Smith”, “A Identidade Bourne”), seguindo roteiro assinado por Anthony Bagarozzi e Charles Mondry. “Clube da Luta” e outros filmes violentos parecerão contos de fadas em comparação com este “Matador de Aluguel”, na verdade um remake do filme homônimo de 1989, com Patrick Swayze. A história repete o clichê de inúmeros filmes de faroeste: estranho chega à cidade e a livra dos malfeitores. Elwood Dalton (Jake Gyllenhaal) aceita a oferta de emprego como segurança no “Taverna”, bar situado na paradisíaca ilha de Florida Keys. As brigas entre os frequentadores são constantes e Dalton chega para colocar ordem na casa. Claro, na base dos socos e pontapés, dos quais é mestre, já que antes era lutador de MMA. Um aspecto que Dalton desconhecia é que o terreno do bar é disputado por traficantes ligados a Ben Brandt (Billy Magnussen), pois facilita a chegada e saída de drogas através da praia. Dalton descobre que o esquema conta com o corrupto delegado de polícia local, Black (Joaquim de Almeida), cuja filha Ellie (Daniela Melchior) se apaixona pelo novo segurança. Aí a confusão está formada de vez. Quando os capangas de Ben são espancados por Dalton, ele resolve recorrer a um assassino psicopata chamado Knox (Conor McGregor). Ao contrário do “Matador de Aluguel” original, este lançamento aposta no humor e acrescenta muito mais cenas de briga, o que agradará os fãs do gênero “bate e apanha”. O ator Jake Gyllenhaal, que virou astro depois de atuar em filmes como “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005) e “Os Suspeitos” (2013), entre outros, mostra que está em grande forma física, exibindo músculos aprimorados e barriga “tanquinho”. Resumindo, “Matador de Aluguel” é uma  bobagem cinematográfica, mas diverte muito.   

         

sexta-feira, 22 de março de 2024

 

 

“ANATOMIA DE UMA QUEDA” (“ANATOMIE D’UNE CHUTE”), 2023, França, 2h32m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Justine Triet, que também assina o roteiro com Arthur Harari (marido da diretora). O badalado drama estreou no Festival de Cannes e já ganhou o prêmio “Palma de Ouro”. Também venceu o “Globo de Ouro” nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Filme em Língua Estrangeira, além de ter sido indicado em cinco categorias ao Oscar 2024 (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição). Tudo isso merecido, pois o filme é excelente, fruto de um primoroso roteiro e atuações brilhantes. Trata-se de um drama familiar e jurídico que tem início com a morte misteriosa do escritor Samuel (Samuel Theis) no chalé de inverno na região dos Alpes Franceses, onde vivia com a esposa Sandra (Sandra Hüller) e o filho Daniel (Milo Machado Graner), de 11 anos, deficiente visual. A pergunta que logo surge é a seguinte: foi suicídio, homicídio ou acidente? Depois de muita investigação, interrogatórios e perícias técnicas, Sandra é indiciada e levada a julgamento, sendo defendida pelo advogado Vincent (Swann Arlaud), amigo antigo do casal. O filme é verborrágico demais, mas em nenhum momento cansa o espectador, apesar da sua longa duração. Pelo contrário, a trama é envolvente, prende a atenção do começo ao fim. Destaque muito especial para a atuação da atriz alemã Sandra Hüller (indicada ao Oscar de Melhor Atriz), que também participa de outro filme em cartaz, “Zona de Interesse”. Sandra atua falando francês e inglês, o que não deve ter sido fácil quando precisou demonstrar as emoções da protagonista, o que valorizou ainda mais o seu incrível desempenho. Trocando em miúdos, “Anatomia de Uma Queda” é um grande filme, de muita qualidade, que merece ser visto por todos aqueles que curtem filmes inteligentes e bem feitos. Imperdível!          

quinta-feira, 21 de março de 2024

 

O DEFENSOR: A HISTÓRIA DE BERT TRAUTMANN (TRAUTMANN), 2021, coprodução Inglaterra/Alemanha, 1h59m, em cartaz na Prime Vídeo, direção do cineasta alemão Marcus H. Rosenmüller, que também assina o roteiro com a colaboração de Nicholas J. Schofield. É daqueles filmes que você descobre escondido e que acaba surpreendendo com uma incrível história baseado em fatos reais. Trata-se da história do alemão Bert Trautmann (David Kross), que foi soldado nazista – paraquedista da Luftwaffe -, capturado pelos ingleses e que, depois do conflito, virou ídolo como goleiro do Manchester City. O filme conta a trajetória de Trautmann desde que ficou prisioneiro no campo Ashton-in-Makerfield, em Lancashire, suas atuações na equipe amadora do St. Helens Town e depois no Manchester City, onde jogou até 1964. O filme destaca sua espetacular atuação no final da Copa da Inglaterra, em 1956, quando quebrou o pescoço numa dividida e continuou jogando até o final. Outros dois aspectos da vida de Trautmann também são explorados: seu romance com a inglesa Margaret Friar (Freya Major), com a qual casou, e a rejeição violenta dos torcedores do Manchester City por contratarem um ex-soldado nazista. Trautmann jogou até 1964 no City, tendo disputado 545 partidas. Completam o elenco Harry Melling, John Henshaw, Michael Socha, Gary Lewis e Chloe Harris. Resumo da ópera, “Trautmann” é um grande filme que merece ser descoberto Imperdível!          

quarta-feira, 20 de março de 2024

A ARTE DE AMAR (ROMANTIK HIRSIZ), 2024, Turquia, em cartaz na Netflix, 1h38m, direção de Recai Karagöz (“Táticas do Amor”), seguindo roteiro assinado por Pelin Karamehmetoglu. Se a história não é grande coisa, repleta de situações inverossímeis e fantasiosas, não se pode negar que se trata de um filme bonito para se ver. As atrizes são lindas e os cenários deslumbrantes, tanto nas cenas internas em museus, palácios, restaurantes, como também nas externas, principalmente com planos gerais de Istambul e Praga, duas das cidades mais bonitas da Europa. Tudo é muito chique também, os figurinos, os restaurantes e hotéis de luxo etc. Mas o roteiro decepciona. Começa com uma pegada de filme policial, com o roubo de várias peças de arte em museus e o início das investigações pela Interpol. A partir daí descamba, infelizmente, para um romance água com açúcar, que estraga qualquer boa intenção de se fazer um filme inteligente. Alin (Esra Bilgiç) é a policial da Interpol que parte para caçar o ladrão das obras de arte. Aí ela descobre que o ladrão é justamente seu ex-namorado milionário, Güney (Birkan Sokullu). A moça fica em dúvida se prende o sujeito ou se entrega à antiga paixão. Nesse meio tempo, surge em cena um poderoso mafioso colecionador de arte, cujas obras atraem a atenção de Güney e o desafiam a tentar mais um roubo. E por aí vai a história, chegando a um desfecho no mínimo decepcionante, para não dizer risível. Como vivemos numa democracia relativa, como afirmou o nosso notável presidente, fique à vontade para assistir. Mas não diga que não avisei...           


segunda-feira, 18 de março de 2024

 

O mais famoso vampiro do cinema volta a atacar em DRÁCULA – A ÚLTIMA VIAGEM DE DEMETER (THE LAST VOYAGE OF THE DEMETER), 2023, em cartaz na Prime Vídeo, 1h59m, coprodução, Estados Unidos, Inglaterra, Malta, Itália e Alemanha, direção do cineasta norueguês André Øvredal (“A Autópsia”), seguindo roteiro assinado por Zak Olkewicz e Bragi Schut. A história foi adaptada de um capítulo do livro clássico "Drácula", do escritor irlandês Bram Stoker. O navio mercante “Demeter” foi contratado para transportar 50 caixotes de madeira da Romênia para a Inglaterra. O contratante era desconhecido para a tripulação do navio, o que seria um engano fatal. Os caixotes levaram todos os pertences e objetos de um castelo da Transilvânia, pertencente ao Conde Drácula. Claro que num dos caixotes estava o próprio. Sedento de sangue, ele saía de madrugada pelo navio chupando o sangue de um por um, humanos ou animais. Resultado: o navio chegou à costa da Inglaterra sem nenhum tripulante vivo, com exceção de um, o próprio Drácula, que agora deverá fazer a festa na Inglaterra. Na cena do desfecho, fica claro que haverá uma sequência. Estão no elenco Corey Hawkins, Liam Cunningham, Ailing Franciosa, Woody Norman, Davi Dastmalchian, Nikolai Nikolaeff e Stefan Kapicic. Trocando em miúdos, “Drácula – A Última Viagem de Demeter” é um ótimo filme de terror, que prende a atenção – e assusta – do começo ao fim.            

domingo, 17 de março de 2024

A PROFISSIONAL (THE PROTÉGÉ), 2022, coprodução Estados Unidos/Inglaterra, 1h49m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Martin Campbell, seguindo roteiro assinado por Richard Wenk. Filme de ação cuja personagem central é uma assassina profissional, Anna (Maggie Q.). Ela ainda era uma criança, no Vietnã, quando testemunhou seus pais serem assassinados na própria casa. A primeira falha do roteiro: não explicar porque eles foram mortos. Naquele mesmo dia, Anna é resgatada por um mercenário norte-americano, papel de Samuel L. Jackson, que treinou a menina durante vários anos para ser uma assassina profissional, especialista em armas e em artes marciais. Ao longo do tempo, Anna matou várias pessoas pelo mundo afora, em sua maioria gente da pior qualidade, incluindo chefões de máfias, principalmente na Europa. Quando Moody é assassinado, Anna vai atrás dos responsáveis e, por coincidência, retorna ao seu país natal, já que o mandante do crime é uma figura importante no mundo empresarial do Vietnã. Eis então que surge Rembrandt (Michael Keaton), outro assassino profissional que trabalha para o poderoso mafioso. Até o desfecho, será ele o seu principal adversário e, ao mesmo tempo, um amante temporário, mais um absurdo de um roteiro repleto de situações inverossímeis, inclusive a reviravolta no desfecho. As cenas de ação até que são bem feitas, certamente com a mão do experiente cineasta neozelandês Richard Wenk, que tem no currículo bons filmes de ação como “Limite Vertical”, “007 Contra Goldeneye”, “007: Cassino Royale” e “A Marca do Zorro”, entre outros. Uma boa surpresa é a atuação da atriz Maggie – nascida Margaret Denise Quigley no Havaí. Com sua beleza exótica e em grande forma física, ela carrega o filme nas costas, tendo como coadjuvantes astros consagrados como Michael Keaton e Samuel L. Jackson. Trocando em miúdos, “A Profissional” é um bom filme de ação, mas sem muitos trunfos a mais para justificar uma recomendação entusiasmada.          


sexta-feira, 15 de março de 2024

 

 

“ARMADILHA EXPLOSIVA” (“DÉFLAGRATIONS”), 2022, França, em cartaz na Prime Vídeo, 1h30m, estreia na direção de um longa do cineasta Vanya Peirani-Vignes, que também assina o roteiro com a colaboração de Pablo Barbetti. Suspense que começa no estacionamento de um edifício em Paris. Parecia um dia comum para Sonia (Nora Arnezeder), que se preparava para levar os dois filhos para a escola. Ledo engano. Especialista em desarmar bombas – ela acaba de voltar de uma missão na Ucrânia -, Sonia percebe que há uma bomba instalada no carro, que deverá explodir em 30 minutos. Ela então telefona para seus colegas especialistas Igor (Radijoue Bukvic) e Camilla (Sara Mortensen), que também estiveram trabalhando na Ucrânia, para desarmarem a tal bomba, que logo descobririam tratar-se de uma mina antitanque. E dá-lhe suspense até o desfecho, sem muita ação, é verdade, mas jamais entediante. Um filme simples, produção bastante econômica, sem muita novidade para agradar um público mais exigente. Essa história de bomba no carro já aconteceu em outros filmes, o melhor deles, sem dúvida, o sul-coreano “Ligação Explosiva”, de 2021, já comentado neste blog. O filme francês não é nenhuma maravilha, mas pelo menos não ofende nossa inteligência. E tem a bela atriz francesa Nora Arnezeder, filha de mãe egípcia e pai austríaco, enfeitando a telinha.       

quinta-feira, 14 de março de 2024

UMA FAMÍLIA EXTRAORDINÁRIA (WILDFLOWER), 2023, coprodução Estados Unidos/Canadá, 1h45m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Matt Smukler, que também assina o roteiro com a colaboração de Jana Savage. Em 2020, Smukler dirigiu o documentário “Wildflower”, no qual apresentou a incrível trajetória de sua sobrinha adolescente, Christina Stahl, que desde cedo aprendeu a cuidar dos pais, ambos com deficiência intelectual. Ao realizar o filme atual, com atores verdadeiros, Smukler ampliou a história, salpicando-a com muito humor, sem cair no politicamente incorreto. Pelo contrário, conseguiu criar um filme bastante agradável, sensível e comovente. A figura central, que representa a sobrinha, é Bea Johnson (Kiernan Shipka, de “O Mundo Sombrio de Sabrina”). O roteiro explora o processo de amadurecimento de Bea, cuidando dos afazeres domésticos e dos pais deficientes desde criança, Dderek (Dash Mihok) e Sharon (Samantha Hyde, a única do elenco realmente deficiente). Além da história em si, o que torna o filme ainda melhor é a qualidade do elenco, principalmente o ótimo desempenho das avós Peg e Loretta, respectivamente representadas pelas veteranas Jean Smart e Jacki Weave. Ainda estão no elenco Alexandra Daddario, Reid Scott, Brad Garrett, Charlie Plummer, Ryan Kiera Armstrong, Chloe Rose Robertson e Kannon Omachi. Embora elogiado pela crítica desde que estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto, o filme não teve a divulgação que merecia, pois é excelente e merece ser visto. A Prime Vídeo proporciona essa oportunidade. Não perca!       

terça-feira, 12 de março de 2024

DESTINOS À DERIVA (NOWHERE), 2023, Espanha, 1h49m, produção original e distribuição Netflix, direção de Albert Pintó (“O 3º Andar: Terror na Rua Malasaña”), seguindo roteiro assinado por Indiana Lista, Ernes Riera e Miguel Ruz. Estranhei o título original: não seria mais lógico “Destinos a La Deriva”? De qualquer forma, o filme é um dos 10 mais vistos da Netflix desde que foi lançado, em 29 de setembro de 2023. Merece esse sucesso, pois trata-se de um suspense realmente muito bom, angustiante, nervoso, uma corajosa e sacrificante luta de sobrevivência como poucos filmes já mostraram. Vamos à história. Numa Espanha imaginária – os mais moderninhos diriam numa Espanha “distópica” -, chefiada por um governo autoritário, a escassez de alimentos provoca uma perseguição mortal contra crianças e mulheres grávidas. Dessa forma, Mia (Ana Castillo) e seu marido Nico (Tamar Novas) pagam a contrabandistas para tirá-los do país e os levarem para a Irlanda. Mia está prestes a ter nenê. Eles pretendiam fugir escondidos em contêineres que seriam embarcados clandestinamente em um navio. Na hora da partida, porém, soldados descobrem os refugiados e promovem uma enorme matança. Somente Mia consegue escapar, mas separada do marido. Resumindo, Mia fica escondida sozinha em um contâiner e segue viagem no navio. Em pleno alto-mar, porém, uma tempestade atinge o navio e faz com que os contêineres caiam ao mar, inclusive o de Mia. Aí começa a luta angustiante pela sobrevivência da moça e de sua filha – que Mia dará o nome de Noa, feminino de Noé - que acaba de nascer no contâiner. A situação é de grande suspense do início ao desfecho, o que certamente tem levado os espectadores mais sensíveis a roer as unhas dos dez dedos. Para criar a história, a roteirista Indiana Lista diz ter pesquisado bastante sobre vários casos de fugas de refugiados e rotas de tráfico humano no México, Guatemala, El Salvador, Honduras e Nicarágua. Trocando em miúdos, “Destinos à Deriva” é um ótimo drama, com grande suspense.         

domingo, 10 de março de 2024

BLACKBERRY (o mesmo título no original), 2023, Canadá, 1h59m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Matthew Johnsson, com roteiro de Jay Baruchel, Glenn Howerton e Michael Ironside. Os quatro, diretor e roteiristas, estão no elenco representando os principais protagonistas, um fato realmente inusitado. O filme conta a história do sucesso e queda da empresa canadense Research In Motion, que se tornou mundialmente conhecida, no final dos anos 90, por ter desenvolvido o BlackBerry, o primeiro aparelho smartphone capaz de combinar internet e computador com telefone. Uma revolução e tanto no mundo da tecnologia digital. De 1997 a 2007, a empresa dominou o mercado mundial. Só nos Estados Unidos, chegou a dominar 45% do mercado de telefonia celular. Em 2007, porém, a Apple, de Steve Jobs, surgiu com o iPhone, acabando com a então líder do mercado, que logo depois descontinuou a produção do BlackBerry. A empresa continua existindo até hoje, atuando no mercado de soluções de ciber-segurança. O filme conta toda a história dessa trajetória mostrando todos os bastidores do que aconteceu, com riqueza de detalhes e boa dose de humor, além do estresse quase que diário que toma conta de quem disputa um mercado tão competitivo. Nesse contexto, a atuação histérica do ator Glenn Howerton como o principal gestor da empresa é digna de premiação. Completam o elenco Cary Elwes, Rich Sommer, Saul Rubinek e Martin Donovan. Resumo da ópera, um filme muito interessante que vai agradar, principalmente, aqueles que acompanham o mercado de TI.    

quarta-feira, 6 de março de 2024

 

HYPNOTIC – AMEAÇA INVISÍVEL (HYPNOTIC), 2023, Estados Unidos, 1h34m, em cartaz no Prime Vídeo, direção de Robert Rodriguez, que também assina o roteiro com a colaboração de Max Borenstein. Quando surgiu em Hollywood, dirigindo o ótimo “El Mariachi”, em 1992, o cineasta Robert Rodriguez parecia que se destacaria no meio cinematográfico. Em seguida, fez alguns filmes bons no mesmo estilo - ação com muita violência -, como foi o caso de “Um Drink no Inferno”, mas depois sumiu. Dirigiu ainda o noir “Sin City: A Dame for Kill For”, abandonando o seu estilo original. Depois de muitos anos sem muito destaque, Rodriguez volta agora com uma produção pra lá de polêmica. “Hypnotic” é um filme policial que se alimenta de muita fantasia, realidade virtual e uma história bastante inverossímil. O personagem principal é o detetive Danny Rourke (Ben Affleck), cuja filha pequena é sequestrada em um parque infantil. Pouco tempo depois, ele é encarregado de investigar vários assaltos a bancos. Surge o principal suspeito, o misterioso Dellrayne (William Fichtner). Auxiliado por uma médium, papel da brasileira Alice Braga (sobrinha da Sonia), Rourke acaba descobrindo que Dellrayne possui o poder de entrar na mente das pessoas, fazendo com que elas o obedeçam para praticar os crimes. Se já é difícil acreditar no que você está vendo, pior ainda é a revelação perto do desfecho, capaz de causar confusão mental no espectador. Se o filme já é estranho por si só, fica pior ainda com o desempenho pouco convincente do astro Ben Affleck, que parece atuar no piloto automático. Ainda bem que Alice Braga dá conta do recado. “Hypnotic”, portanto, é aquele tipo de filme que você vai adorar ou odiar. Assista e escolha sua opção.    

O JOGO DA ESPIONAGEM (AGENT GAME), 2022, Estados Unidos, 1h30m, em cartaz na Prime Vídeo, direção de Grant S. Johnson, seguindo roteiro assinado por Mike Langer e Tyler W. Konney. Quando lancei meu blog, em 2011, deixei claro que indicaria os melhores filmes, mas também os piores, aconselhando a evitá-los. Neste último caso está “O Jogo da Espionagem”, certamente um dos mais desqualificados lançamentos da Prime. Trata-se de um suspense de espionagem, no qual quase todos os personagens são agentes da CIA, manipulados de Washington por um diretor da agência, um tal de Olsen (Mel Gibson). Depois que um suspeito de terrorismo é executado durante um interrogatório, um grupo de agentes é encarregado de eliminar o outro. O roteiro é um verdadeiro samba do crioulo doido, uma confusão danada, do começo ao fim. Aliás, o desfecho confunde ainda mais a cabeça do espectador, como foi o meu caso. Pior que dá ideia que haverá uma continuação, o que duvido muito, tamanha mediocridade. Além de Gibson, estão no elenco Dermot Mulroney, Katie Cassidy, Adan Canto, Annie Ilonzeh, Gabby Kono, Barkhad Abdi, Jason Isaacs, Katherine McNamara, Sara Areiyano e Luca de Massis, além de outros cúmplices desse absurdo cinematográfico, uma verdadeira ofensa à nossa inteligência.       


domingo, 3 de março de 2024

 

MEA CULPA (o mesmo título original), 2024, Estados Unidos, 120 minutos, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Tyler Perry (“O Limite da Traição”, “O Homem do Jazz”). Trata-se de um suspense com algumas pitadas de erotismo. Mea Harper (Kelly Rowland), uma conceituada advogada criminalística de Chicago, é contratada para defender o artista plástico Zyair Malloy (Trevante Rhodes), acusado de ter assassinado sua namorada. Todos os indícios levam a crer que ele realmente é culpado, mas mesmo assim Mea continua trabalhando em sua defesa. Enfrentando uma crise conjugal com o marido Kal (Sean Sagar), Mea também entra em conflito com a família dele, já que o irmão de Kal é o promotor que acusará o artista. É apenas mais uma crise familiar na vida de Mea, já que sua sogra a detesta e sempre empurra o filho para outra mulher. A história até que é interessante e melhora ainda mais perto do desfecho, quando uma grande reviravolta acontece, revelando uma conspiração realmente inesperada e surpreendente. O filme foi feito para destacar o talento da atriz Kelly Rowland, que nos anos 90 alcançou grande sucesso como cantora do grupo “Destiny’s Child”. O restante do elenco é muito fraco. O pior mesmo é o ator Trevante Rhodes, que atua parecendo estar anestesiado, talvez pela quantidade de maconha consumida por seu personagem. Trocando em miúdos, vale a pena assistir pela reviravolta bem bolada no desfecho. Fora isso, nada demais para sugerir uma indicação entusiasmada.        

sábado, 2 de março de 2024

 

FICÇÃO AMERICANA (AMERICAN FICTION), 2023, Estados Unidos, em cartaz no Prime Vídeo, roteiro e direção de Cord Jefferson. Sem muito alarde nem estreia nos cinemas, acaba de chegar (27/02) diretamente ao Prime Vídeo, marcando a estreia no cinema de Cord Jefferson, mais conhecido como diretor de séries televisivas (“The Good Place”, “Watchmen”, “Master of None”. E que estreia!  Basta dizer que o filme foi indicado para disputar o Oscar 2024 (dia 10 de março) em cinco categorias: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Trilha Sonora e Melhor Roteiro Adaptado (é baseado no livro “Erasure”, escrito por Percival Everett,  lançado em 2001). “Ficção Americana” é um filme bastante inteligente, sem ser pedante ou metido a erudito. Com muita sátira e humor, discute conceitos de arte, cultura – literatura, principalmente -, racismo e comportamento social. Conta a história do escritor Thelonious “Monk” Ellison (Jeffrey Wright, indicado para  Melhor Ator), cujos livros eruditos vendem muito pouco. Os editores acham que “Monk”, apesar de ser negro, não é “negro o suficiente”. Enquanto isso, livros como “Vivemos no Gueto”, da escritora afrodescendente Sintara Golden (Issa Era) são grandes sucessos de vendas. Desiludido e com problemas financeiros, “Monk” resolve adotar um novo estilo, inserindo em seu novo livro temas de apelo mais popular e de acordo com a condição dos afro-americanos nos Estados Unidos. Para isso, explora o tráfico de drogas, roubos, pobreza e assassinatos, utilizando a linguagem das periferias. Ele assina a autoria sob pseudônimo, vendendo a ideia de que se trata de um fugitivo da justiça e que, portanto, não pode se identificar. Ao mesmo tempo em que se envolve com o lançamento do livro, “Monk” é obrigado a administrar os problemas enfrentados por sua família, como a doença da mãe, a morte repentina da irmã, a “saída do armário” do irmão e o difícil relacionamento com a nova namorada. Completam o ótimo elenco Sterling K. Brown (indicado para Melhor Ator Coadjuvante), Trace Ellis Ross, John Ortiz, Adam Brody, Erika Alexander, Leslie Uggams, Keith David, Miriam Shor e Myra Lucretia Taylor. Resumindo, “Ficção Americana” é cinema de alta qualidade e muito inteligente. Difícil acreditar, portanto, que tenha sido indicado ao Oscar em categorias tão importantes, mas a Academia de Hollywood às vezes é imprevisível. Vamos aguardar.