sábado, 26 de novembro de 2022

 

“AS NADADORAS” ("THE SWIMMERS”), 2022, coprodução Inglaterra/Estados Unidos, 2h15m, em cartaz na Netflix, direção de Sally El Hosaini, que também assina o roteiro com Jack Thorne. Baseado em fatos reais, o filme acompanha a incrível aventura de duas irmãs que fogem da Síria em 2015, por causa da guerra civil, e iniciam uma viagem repleta de desafios por vários países até chegar à Alemanha. Yusra (Nathalie Issa) e Sara Mardini (Manal Issa) são nadadoras treinadas pelo pai, o ex-nadador olímpico Ezzat Mardini (Ali Suliman). Desde 2011 elas sonhavam em representar a Síria em competições internacionais, sonho não concretizado pelo conflito interno. Na Alemanha, elas ficam abrigadas em um alojamento destinado a refugiados, onde conhecem o treinador de natação Sven Spannerkrebs (Matthias Schwerghöfer). Elas começam a treinar com o objetivo de participar dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Sara, porém, se machuca e é eliminada antes das provas eliminatórias. Yusra consegue os resultados e vai para o Rio defender a equipe de Refugiados, conseguindo grandes performances. Como dá para perceber pelo sobrenome, Nathalie e Manal, atrizes libanesas nascidas e radicadas na França, são irmãs também na vida real. O roteiro de “As Nadadoras” foi adaptado do livro “Butterfly: From Refugge To Olympian – My Story of Rescue, Hope anda Triumph”, escrito pela própria Yusra Mardini. O filme estreou em setembro de 2022 no Festival Internacional de Cinema de Toronto, recebendo muitos elogios tanto do público como da crítica especializada. Realmente, é um belo filme, um drama incrível que merece ser conferido. Imperdível!                         

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 

“ATHENA”, 2022, França, produção original e distribuição Netflix, 1h39m, direção de Romain Gavras, que também assina o roteiro com a colaboração de Ladj Ly e Elias Belkeddar. Mais um filme em que o cinema francês coloca o dedo na ferida de uma grave questão social: como conviver com os imigrantes, como tratá-los sem desigualdade e como promover sua inclusão na sociedade. De forma realista e impactante, “Athena” comprova que é uma situação muito difícil de resolver. Começa o filme e uma revolta explode em um conjunto habitacional na periferia de Paris, onde os moradores são, em sua maioria, imigrantes negros e árabes. O protesto é contra a polícia, acusada de ser a responsável pela morte de um menino árabe de 13 anos. Seus três irmãos maiores são os principais protagonistas da história: Karim (Sami Slimani), líder da revolta, Mokhtar (Ouassini Embarek), traficante do bairro, e o “ovelha negra” da família, Abdel (Dali Benssalah), policial das forças de elite. E dá-lhe muita confusão, conflitos violentos, tiros e explosões. Na verdade, juntando tudo, o que deve ser mais destacado no filme é sua estética, as cenas de ação filmadas de forma a colocar o espectador dentro do conflito. Méritos para o diretor Romain Gavras, que tem o DNA de um cineasta consagrado, seu pai, o grande Costa-Gavras – ainda vivo, aos 89 anos -, que ficou conhecido com seus filmes de denúncia política, como “Z” (Oscar de melhor filme estrangeiro em 1969), “A Confissão” e “Missing”, no qual expõe fatos tenebrosos da ditadura de Pinochet, no Chile. Costa-Gavras também tem uma filha cineasta, Julie Gavras. Resumo da ópera: “Athena” é um filme bastante impactante, de muita tensão, ideal para cinéfilos que curtem cinema de qualidade.                  

terça-feira, 22 de novembro de 2022

 

“MAJOR SANDEEP” (“MAJOR”), 2022, Índia, 2h30m, em cartaz na Netflix, direção de Sashi Kiran Tikka, seguindo roteiro assinado por Advi Sesh, Abburi Ravi e Akshat Ajay Sharma. Com este filme de ação, Bollywood presta uma homenagem a um herói nacional indiano, o major Sandeep Unnikrishnan, oficial da Guarda Nacional de Segurança (NSG), que morreu no dia 26 de novembro de 2008 depois de enfrentar um grupo de terroristas paquistaneses que invadiu o luxuoso Taj Hotel, em Mumbai. Naquele dia, Mumbai foi vítima de 10 atentados que resultaram na morte de 166 pessoas e outras centenas de feridos. No hotel, Sandeep comandou uma equipe de soldados da NSG e conseguiu resgatar dezenas de hóspedes, lutou com os terroristas e acabou morrendo em combate. O ator estreante Adivi Sesh, que também colaborou no roteiro, interpreta o major Sandeep. Completam o elenco Saiee Manjrekar, Sobhita Dhulipala, Prakash Raj e Murli Sharma. Além das cenas de ação, que ocupam praticamente toda a segunda metade da projeção, o filme destaca a vida particular do major, o relacionamento amoroso e respeitoso com os pais, o romance e o casamento com uma colega de universidade e sua carreira no exército indiano. Como é comum ao cinema indiano, o filme exagera na dramatização e ainda mais na exaltação ao major herói, mas as cenas de ação, tiros e explosões são muito bem feitas. Bem ao contrário do estilo de Bollywood, “Major Sandeep” não conta com aquelas cantorias e cenografias irritantes, o que torna este filme bastante assistível.                    

 

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

 

“O MILAGRE” (“THE WONDER”), 2022, coprodução Irlanda/Inglaterra/EUA, 1h43m, em cartaz na Netflix, direção do cineasta chileno Sebastián Lelio (de “Uma Mujer Fantástica”, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2018), que também assina o roteiro com Emma Donoghue e Alice Birche. Donoghue, aliás, é autora do livro homônimo cuja história mereceu essa adaptação para o cinema. Toda a trama é ambientada durante o século 19 em uma comunidade isolada na Irlanda. Visitada por peregrinos e turistas, em verdadeiras romarias, depois que se espalhou a notícia de que naquela vila havia uma menina de 11 anos de idade que não se alimentava há meses, e que, de uma hora para outra, acabou sendo tratada como uma “santa”. Os chefes da comunidade, entre os quais um padre e um médico, contrataram uma enfermeira e uma freira para observar a menina durante 24 horas e constatar - ou não - o tal milagre. Não vou entrar em detalhes sobre o desfecho, quando acontece uma surpreendente revelação. Embora a história seja bastante interessante, o ritmo é muito lento, exigindo uma boa dose de paciência por parte do espectador. Destaque para a excelente fotografia, assim como para o ótimo elenco, formado por Florence Pugh, Kila Lord Cassidy, Tom Burke, Ciarán Hindes, Elaine Cassidy, Toby Jones, Josie Walker e Niamh Algar. Como informação complementar, lembro que Emma Donoghue também foi responsável pela história e pelo roteiro do filme “O Quarto de Jack”, de 2015, muito elogiado e indicado a várias categorias do Oscar (a atriz Brie Larson ganhou o de Melhor Atriz). Resumo da ópera: “O Milagre” é um drama de muita qualidade.