“DARK
CRIMES” (este é o
título original; não imagino que tradução terá por aqui, se vier), 2016, coprodução
EUA/Inglaterra/Polônia. Você verá um Jim Carrey totalmente diferente, a muitas
milhas de distância do comediante que estávamos acostumados a ver em tantas
comédias, a últimas delas “Debi & Lóide 2”, de 2014. Neste seu novo filme, além
do semblante sempre sério – não dá um sorriso o filme inteiro -, Carrey está
usando barba, cabelos ralos ao estilo “Fundação Casa” e visivelmente com alguns
quilos a mais. A história é totalmente ambientada em Varsóvia (Polônia). Carrey
interpreta o detetive Jake Tadek, obcecado por resolver um assassinato praticado
contra um cliente de um clube de prostituição. Ao investigar o caso, o policial
conclui que o principal suspeito é Krystov Kozlow (Marton Csokas), um escritor
de livros policiais. Num deles, ele descreve um assassinato com detalhes muito
parecidos com aqueles apurados na cena do crime investigado por Tadek. Ao
vigiar o seu suspeito, Tadek conhece a misteriosa Kasia (a atriz francesa
Charlotte Gainsbourg), namorada de Koslow, que trabalha no tal clube e gosta de
apanhar durante o sexo. Kozlow finalmente confessa o crime, mas Tadek não
acredita que ele seja o verdadeiro assassino, que será conhecido apenas no
desfecho, numa surpreendente reviravolta. O filme foi dirigido pelo grego
Alexandros Avranas (“Miss Violence”) e o roteiro escrito por Jeremy Brock, que
se baseou num artigo do jornalista David Grann intitulado “True Crime: A Post
Modern Murder Mistery”, publicado na revista norte-americana New Yorker. O
filme é bastante interessante, tem o roteiro bem elaborado e suspense na dose certo, prendendo a atenção do espectador do começo ao fim. Um
bom programa para quem curte o gênero policial e uma excelente oportunidade para conhecer um Jim Carrey totalmente diferente. Aliás, sua atuação é muito boa.
sábado, 30 de junho de 2018
quinta-feira, 28 de junho de 2018
“7
DIAS EM ENTEBBE” (“7 Days in Entebbe”), 2018, EUA, direção do brasileiro José Padilha, em sua mais
recente incursão em Hollywood depois de “RoboCop”, de 2014. Como todo mundo sabe,
Padilha ficou consagrado depois dos dois filmes da saga “Tropa de Elite”. O
filme relembra o sequestro de um avião da Air France que decolou de Tel-Aviv (Israel)
com destino a Paris, em julho de 1976. No meio do caminho, foi sequestrado por terroristas
simpáticos à causa palestina, entre os quais dois alemães pertencentes à organização
guerrilheira alemã de extrema esquerda Baader Meinhof, e levado para Entebbe,
na Uganda, país na época dirigido pelo general ditador maluco Idi Amin Dada. Como
exigência para soltar os reféns, eles exigiam a libertação de terroristas
alemães e palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. O restante da
história é bastante conhecido. O governo de Israel enviou uma tropa de elite
(olha aí, Padilha) de seu exército para resgatar os passageiros judeus em pleno
solo ugandense, operação concluída com sucesso. Ao contrário do que muita gente pode pensar, não se trata de uma refilmagem de “Vitória
em Entebbe”, lançado em dezembro de 1976, pois Padilha preferiu contar a história sob o ponto de vista dos terroristas. No elenco do filme
de Padilha estão Daniel Brühl, Rosamund Pike, Eddie Marsan e Lior Ashkenazi. “7
Dias em Entebbe” estreou durante o 68º Festival Internacional de Cinema de
Berlim, em fevereiro de 2018, e foi massacrado pela crítica especializada. Não
achei tão ruim, principalmente por relembrar um fato tão importante da história
mundial do século XX. Dá para assistir numa boa, pois tem muito suspense e uma ótima cena de ação no desfecho.
Tem muita gente que torce o nariz ao se
deparar com um filme asiático. Não sabe o que está perdendo. Exemplo? O drama sul-coreano
“CANOLA” (“GYECHUN HALMANG”), 2016, roteiro
e direção de Chang (pseudônimo de Yoon Hong-Seung). O filme conta a comovente
história de Gye Choon (Youn Yuh Jung), de 71 anos, que cria a neta Hye Ji, de 3
anos, numa casa modesta na ilha de Jeju. Há muitos anos que Choon trabalha como
uma “haenyeo”, como são conhecidas as
mergulhadoras da Ilha que sustentam suas famílias com a pesca de maricos, algas
marinhas e abalones. A ligação entre a neta e a avó é muito forte, tanto que
não se desgrudam nunca. Só que um dia Choon perde a criança no tumultuado
mercado local. Durante os doze anos seguintes, Choon tenta descobrir, sem sucesso,
o paradeiro de Hye Ji, até que um dia chega à ilha uma moça (Kim Go Eun) que
afirma ser sua neta desaparecida. Com muita alegria, Choon acolhe a moça como
sua verdadeira neta, a despeito da desconfiança dos vizinhos. Choon não quer saber
se a moça é ou não sua verdadeira neta e dedica o mesmo amor como se fosse. O
filme é dirigido com grande sensibilidade por Chang, proporcionando momentos
bastante comoventes, graças, principalmente, à incrível interpretação da
lendária atriz sul-coreana Youn Yuh Jung, de “A Visitante Francesa” e “A Dama
de Baco”, entre tantos outros filmes. Se o filme é ótimo por si só, fica muito
melhor com a veterana atriz. Só ela vale o ingresso. Não perca!
quarta-feira, 27 de junho de 2018
Quem é bem informado ou quem tem mais de
sessenta anos vai lembrar de um dos mais famosos acontecimentos dos anos 70: o sequestro
de John Paul Getty III, neto do bilionário John Paul Getty, por décadas o homem
mais rico do planeta. O caso, ocorrido em 1973 e que ficou famoso por causa da
orelha cortada do garoto, está contado em detalhes em “TODO O DINHEIRO DO MUNDO” (“ALL THE MONEY IN THE WORLD”), 2017, EUA,
direção de Ridley Scott e roteiro de David Scarpa, que adaptou a história do
livro biográfico escrito por John Pearson. O sequestro do jovem Getty (Charlie
Plummer) aconteceu em Roma, na Itália, e foi executado por bandidos amadores - que depois o venderiam para profissionais. O
avô Getty Christopher Plummer) não quis negociar com os sequestradores, para
desespero da mãe Gail Harris (Michelle Williams), e a coisa ficou ruim para o
rapaz, que acabou com a orelha cortada – aliás, a cena é bem chocante. O
bilionário encarrega Fletcher Chase (Mark Wahlberg), ex-agente da CIA e um de
seus funcionários de maior confiança, da missão de negociar com os sequestradores.
Com um detalhe: não pagar nenhum resgate. O filme conta em detalhes os
bastidores das negociações, os atritos entre o bilionário mesquinho e sua nora
Gail, o sofrimento do jovem Getty no cativeiro e tudo o que rolou de mais
interessante durante aquele que é considerado o sequestro mais famoso do Século
XX. Além do assunto enfocado, esquecido há décadas, o filme foi lançado com uma
grande polêmica. Depois do filme praticamente pronto, Kevin Spacey, que fazia o
papel o avô bilionário, foi substituído por Christopher Plummer e muitas cenas tiveram que ser refilmadas. Como todo
mundo sabe, Spacey entrou na lista negra de Hollywood depois de ser acusado de
assédio sexual. A refilmagem foi trabalhosa, mas valeu a pena, pois o veterano
Christopher Plummer dá um show de interpretação, o que lhe garantiu uma
indicação ao Oscar 2018 de Melhor Ator (ganhou Gary Oldman, por “O Destino de
uma Nação"). Como diziam antigamente na televisão, o diretor britânico Ridley Scott
“dispensa apresentações”. Realmente, realizou mais um excelente filme, com
destaque para a recriação de época – a cena inicial na Roma de 1973, com o
jovem Getty passando pela Fontana Di Trevi, é uma clara referência ao clássico “La
Dolce Vita”, do grande Fellini. Outro clássico do cinema, “Lawrence de Arábia”,
também tem uma referência explícita. Lembro que o diretor Ridley Scott foi
responsável por filmes de grande sucesso, a começar por “Blade Runner, O Caçador
de Andróides”, além de “Hannibal”, “Alien – O Oitavo Passageiro”, “Thelma &
Louise” “Perdido em Marte” e “Falcão Negro em Perigo”. Para terminar, lembro
também que o ator Charlie Plummer, que faz o jovem Getty, por incrível que
pareça não tem nenhum parentesco com o Christopher avô. Resumo da ópera: “Todo
o Dinheiro do Mundo” é ótimo. Melhor: Imperdível!
Assinar:
Postagens (Atom)