sábado, 20 de junho de 2015

“JIMI, TUDO A MEU FAVOR” (“Jimi All is by my Side”), 2013, Inglaterra, direção de John Ridley, é uma viagem cinematográfica indescritível aos anos psicodélicos de 1966 e 1967, acompanhando os fatos que culminaram no surgimento daquele que talvez tenha sido o maior guitarrista do Século XX: Jimi Hendrix. O filme é sensacional, com destaque para a recriação da época. Cenários, figurinos, trilha sonora, elenco, roteiro (do próprio diretor), tudo funciona com perfeição. E ainda tem um ator em estado de graça: o norte-americano André Benjamin (também conhecido nos EUA por Rapper André 3000), que interpreta Hendrix. O filme começa com o polêmico guitarrista sendo descoberto, tocando em bares de Nova Iorque, pela modelo inglesa Linda Keith (Imogen Poots), nada menos do que a namorada, na época, de Keith Richards (Rolling Stones). Ela convence o amigo e empresário Michael Frank Jeffery (Burn Gorman) a levar Hendrix para Londres com o objetivo de gravar seu primeiro disco, o lendário “Are You Experiences”, e realizar uma turnê com a banda “Jimi Hendrix Experience”. Entre as inúmeras cenas antológicas do filme está aquela em que Eric Clapton, já um astro da guitarra, concorda em dividir o palco com um músico desconhecido, um tal de Jimi Hendrix. Quando Hendrix inicia seu solo, Clapton abandona a guitarra e se refugia no camarim, sentindo-se humilhado. Outra cena maravilhosa é a que reproduz a histórica apresentação de Hendrix no Teatro Saville, em Londres, no dia 4 de junho de 1967. Com os quatro Beatles presentes, Hendrix improvisa na música “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, do LP do mesmo nome lançado dias antes. Ele ensaiou a música minutos antes de subir ao palco. O filme termina - uma pena! - pouco antes de Hendrix viajar para os EUA para sua apresentação no Monterey Pop Festival. Tomara que tenha continuação. Inexplicável que ainda não tenha sido exibido por aqui no circuito comercial. De repente ainda será. Simplesmente IMPERDÍVEL!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

“TIMBUKTU”, 2014, Mauritânia, é um filme altamente impactante e bastante esclarecedor sobre a questão islâmica. É inspirado numa situação ocorrida na pequena cidade de Timbuktu, na República Africana de Máli, em 2012, ocupada durante oito meses por extremistas religiosos, certamente adeptos do Estado Islâmico e tão radicais quanto. O diretor Abderrahmane Sissako adaptou a história e a transformou em filme, utilizando como cenário uma aldeia da Mauritânia, país vizinho, já que seria impossível filmar em Máli por questões políticas.   Os extremistas ditavam as leis, proibindo música e até os meninos de jogarem futebol, entre outras imposições absurdas e radicais. Apesar desse quadro dramático, o filme apresenta cenas de rara beleza e sensibilidade, como a dos garotos jogando futebol sem a bola, “sequestrada” pelos extremistas. Um verdadeiro balé visual, um verdadeiro “achado” do diretor, um dos momentos mais bonitos do cinema nos últimos anos. A trilha sonora, por sinal, é belíssima. Por outro lado, há cenas chocantes e de muito impacto, como o apedrejamento de um homem e uma mulher – enterrados até o pescoço - em praça pública. O filme também mostra a contradição de um povo que vive praticamente na antiguidade e que não dispensa o uso de celular, um dos maiores símbolos do Ocidente e da modernidade. Com “Timbuktu”, a Mauritânia concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (2015) pela primeira vez - não ganhou -  e foi o grande vencedor do Prêmio César 2015 (o Oscar francês), ganhando em 7 categorias, incluindo a de Melhor Filme. Enfim, um belo filme, uma pequena obra-prima que merece ser vista por quem aprecia cinema de qualidade.                 

segunda-feira, 15 de junho de 2015

“TUDO INCLUÍDO” (“ALL INCLUSIVE”), Dinamarca, 2014, direção de Hella Joof, é uma ótima comédia. A história: três semanas antes de viajar com o marido para comemorar seu 60º aniversário na Ilha de Malta, Lise (Bodil Jørgensen) recebe um “presentão” antecipado. Seu marido a abandona por outra mulher mais jovem. Ela entra em depressão e não quer mais viajar, mas as filhas Ditte (Danica Cursic) e Sigrid (Maria Rossing) resolvem convencê-la a ir e também vão junto. Um dos problemas que pode afetar a convivência é que Ditte é completamente diferente de Sigrid. Ditte é solteira, adepta do sexo livre, fuma, bebe e adora uma balada. Sigrid é casada, tem três filhos, é um tanto tímida e muito séria. Mesmo com essas diferenças, as duas vão se unir e tentar fazer a mãe sair da depressão, o que inclui contratar um amante latino, Antonio (Diogo Infante), o barman do hotel. O ponto alto do filme é o relacionamento das três mulheres, que tentarão aparar velhas arestas, se entender e tocar a vida adiante. Trata-se de um filme muito divertido e, acima de tudo, bastante sensível. As três atrizes têm uma atuação inspiradíssima, principalmente Bodil Jørgensen como a mãe depressiva e depois expansiva, liberada. Um show de atriz e um filme simplesmente imperdível! 

domingo, 14 de junho de 2015

“AS FÉRIAS DO PEQUENO NICOLAU” (“Les Vacances du Petit Nicolas”), 2014, é uma divertida comédia francesa, sequência de “O Pequeno Nicolau”, que fez enorme sucesso em 2010. Embora tenha um pano de fundo infantil, com Nicolau e sua turma aprontando as maiores confusões, o filme deve agradar mais aos adultos, principalmente porque as cenas mais engraçadas envolvem os pais de Nicolau, interpretados por Kad Merad e a ótima Valérie Lemercier – os mesmos pais do primeiro filme (mudou o ator de Nicolau, agora interpretado por Mathéo Boisselier). A família e mais a avó (Dominique Lavanant) vão para um hotel na praia passar as férias de verão. Ao conhecer uma garota chamada Isabelle, Nicolau ouve uma conversa dos pais e acredita que eles querem forçar seu casamento com a menina. Nicolau e sua turma de amigos, então, farão tudo para desfazer a ideia do tal casamento. O melhor do filme, porém, é a transformação da mãe de Nicolau após receber o convite de um diretor de cinema italiano para ser a estrela do seu próximo filme, o que vai gerar situações hilariantes. As duas versões, inspiradas nos quadrinhos franceses publicados entre 1956 e 1964, foram dirigidas por Laurent Tirard (“Asterix e Obelix: Ao Serviço de Sua Majestade”). Diversão garantida do começo ao fim, essencial para esses tempos tão difíceis.