sábado, 13 de agosto de 2022

 

“MIMADINHOS” (“POURRIS GÂTÉS”), 2021, França, produção original Netflix, 1h35m, direção de Nicoles Cuche, que também assina o roteiro com Laurent Turner. Apesar do título tão fraco e pouco inteligente em português – o título no original francês ainda é pior, “Podre Estragado” – trata-se de uma comédia que diverte, mesmo que não motive nenhuma gargalhada. O roteiro foi inspirado no filme mexicano "Los Nobles - Quando os Ricos Quebram a Cara Domingo", de 2013. O empresário milionário Francis Bartek (o veterano Gérard Jugnot, de “A Voz do Coração”, de 2004) mima demais os filhos, que na casa dos 30 não trabalham e vivem às custas bastante generosas do pai. A família vive no charmoso Principado de Mônaco. Stella (Camille Lou, ótima), a mais mimada, não faz nada além de frequentar as lojas mais caras, saindo delas com sacolas e mais sacolas das mais renomadas grifes. O gordinho Phillippe (o comediante francês Victor Artus Solaro) compra os carros mais caros do mercado e vive inventando ideias empresariais das mais esdrúxulas. Alexandre (Louka Meliava) é um predador sexual convicto, pulando de cama em cama, principalmente de mulheres casadas. Para piorar, Stella está noiva de Juan Carlos (Tom Leeb), um pilantra conquistador argentino louco para meter a mão na grana do sogro. Diante desse cenário infeliz, Francis resolve dar um basta. Com a cumplicidade do amigo Ferrucio (François Morel), ele bola um plano para fingir que está na miséria e dá a trágica notícia aos filhos. Dizendo fugir da polícia para não ser preso, Francis viaja para Marselha e se esconde na velha casa em que viveu na infância. E a ordem para os filhos foi: “Se quiserem comer vão ter que trabalhar”. Muito a contragosto, o trio mimado terá que batalhar para sobreviver. No entanto, a lição de moral do pai enfrentará desafios, mas no fim, como é previsível, tudo acaba dando certo. Um dos problemas dessa comédia é o ritmo inconstante. No começo, as situações de humor acontecem a cada minuto, mas a partir da metade o ritmo dá uma diminuída, o que, felizmente, não chega a prejudicar o resultado final, ou seja, um filme agradável de assistir. Ah, não desligue antes dos créditos finais, pois o destino de um dos personagens principais reserva uma grande surpresa.         

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

 

“TODO LO INVISIBLE”, 2021, México (produção Tigres Pictures), disponível na plataforma Amazon Prime Video, Direção de Mariana Chenillo, que também assina o roteiro com Ari Brickman (também o ator principal). Jamais subestime aquele filme que chega sem muito alarde e fica escondidinho em alguma plataforma de vídeo, no caso a Amazon. Um dos exemplos é este drama mexicano com algumas pitadas de humor, qualificando-o como comédia dramática. A história é centrada do dentista Jonás (Ari Brickman), profissional dos mais conceituados da capital mexicana. Devido a um acidente com o airbag de seu carro, ele fica cego. Mesmo com a deficiência, ele cuida das duas filhas menores, enquanto Amanda (Bárbara Mori), sua mulher, trabalha em um cargo importante numa grande empresa. De vez em quando, a cegueira leva Jonás a ter alucinações, principalmente imagens de sua infância. Revoltado com sua situação, Jonás resolve processar a empresa fabricante do airbag, assessorado pelo amigo e advogado Saúl (José Maria de Tavira), ex-namorado de Amanda. Aos poucos, o ciúme vai tomando conta de Jonás, ocasionando uma grande crise no casamento. Se o filme por si só já é ótimo, é justo destacar o maravilhoso desempenho do ator Ari Brickman, que, além do roteiro, também assina a trilha sonora. Outro destaque merece a atriz uruguaia Bárbara Mori. “Todo Lo Invisible” é mais um excelente drama do sempre surpreendente cinema mexicano. Imperdível!    

 

terça-feira, 9 de agosto de 2022

 

 

“PASSADO VIOLENTO” (“CLEAN”), 2021, Estados Unidos, 1h34m, disponível na plataforma Netflix, direção de Paul Solet, que também assina o roteiro com o ator Adrien Brody, que também atua. Mesmo tendo conquistado o Oscar de Melhor Ator por “O Pianista”, em 2002, Adrien Brody nunca me convenceu. Aliás, nos últimos anos não fez nada de muito importante. Em “Passado Violento”, ele continua com a mesma expressão, sobrancelhas arqueadas como alguém que vai chorar, cara de coitado crônico. Talvez por isso mesmo que ele acabou combinando com o personagem Clean, um sujeito com um passado tenebroso e que agora trabalha como coletor de lixo em Nova Iorque. Ele passa as madrugadas limpando o lixo das ruas e aproveita algumas quinquilharias, as recupera e vende em brechós. Logo de início a gente fica sabendo que ele busca redenção culpando-se por uma tragédia familiar do passado – o nome escolhido para o personagem sugere que agora está “limpo”. Em narração em off, o personagem filosofa sobre sua vida e o futuro que o aguarda. O filme se arrasta em ritmo de tartaruga manca, excessivamente lento e sonolento. Para piorar, a maioria das cenas acontece à noite. A ação começa mesmo perto do desfecho, quando Clean resolve livrar uma jovem das mãos de uma quadrilha de traficantes. Acontece que ele quase mata o filho do chefão da gangue, que resolve se vingar. Aí a ação pega para valer. Também estão no elenco Chandler Ari Dupont, Richie Merritt, Glen Fleshler e Mykelti Williamson. Não vou dizer que o filme é ruim, embora tenha sido massacrado pela crítica quando estreou no Festival de Tribeca 2021. Dá para assistir, mas exige uma certa dose de paciência.     


segunda-feira, 8 de agosto de 2022

 

“A ILHA” (“GRAND ISLE”), 2019, Estados Unidos, 1h37m, distribuição Netflix, direção de Stephen Campanelli (fez parte muitos anos da equipe de produção do ator e diretor Clint Eastwood), com roteiro assinado por Rich Ronat e Iver William Jallah. Trata-se de um bom suspense policial bastante tenso do começo ao fim. O título em português não tem nada a ver com a história. Longe de ser uma ilha, Grand Isle é uma cidade do estado da Louisiana, onde a trama é ambientada. Tudo começa em uma delegacia, onde o detetive Jones (Kelsey Grammer) está interrogando Buddy (Luke Benward), suspeito de cometer um homicídio – a vítima, um jovem, foi encontrado morto na perua de Buddy. Aos poucos, Buddy conta o que aconteceu. Ele havia sido contratado para consertar a cerca de uma casa onde reside o casal Walter (Nicolas Cage) e Fancy (Kadee Strickland). Antes de terminar o conserto, porém, Buddy é obrigado a buscar abrigo na casa, pois acabava de começar um furacão. Aí começa toda a confusão, pois Buddy percebe que está nas mãos de um casal psicopata, Walter, um ex-militar veterano do Vietnã, e Fancy, uma sedenta ninfomaníaca. Buddy tenta se segurar diante da bela quarentona femme fatale, tarefa difícil, pois ele mesmo está em jejum há seis meses, desde que a esposa teve nenê. Além disso, o marido Walter vive bêbado e sempre com um revólver na mão. Como será que Buddy escapará do casal e da acusação de assassinato? Até chegar a essas respostas, o espectador viverá muita tensão diante da tela. Nicolas Cage continua o mesmo ator canastrão de sempre, mas pelo menos escolheu um bom filme para atuar, longe das porcarias que fez nos últimos anos. Além do título em português, outra coisa que me intrigou foi o fato da história ser ambientada em 1988, o que sugere ser baseada em fatos reais, o que não é mencionado nos materiais de divulgação. Resumo da ópera, “A Ilha” é um bom suspense, mantendo muita tensão do começo ao fim.    

 

 

 

domingo, 7 de agosto de 2022

 

“LEONA”, 2018, México, 1h35m, disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção de Isaac Cherem (seu filme de estreia como diretor), que também assina o roteiro com a colaboração de Naian González Norvind, que também atua como a principal personagem da história. Ao contrário do que o título sugere, “Leona” quer dizer “Leoa”, e não o nome de uma personagem. A história é centrada em Ariela (Naian), uma jovem artista plástica que se dedica a pintar murais pela Cidade do México. Ariela pertence a uma família tradicional judaica com ascendência síria que há vários anos se estabeleceu naquele país. Aos 25 anos, ela ainda não pensa em se casar, apesar dos apelos incessantes da família, que a toda hora recrutam um noivo judaico, como é tradição das famílias mais ortodoxas. Ariele, porém, acaba conhecendo e se apaixonando por Ivan (Christian Vázquez), um jovem “gói”, ou seja, não judeu. Entre idas e vindas, encontros e desencontros. Ariela resolve não rever os seus conceitos e permanecer fiel aos seus sentimentos, o que acarretará uma forte rejeição por parte de sua família. Por sua atuação, Naian ganhou, merecidamente, o prêmio de Melhor Atriz no Morelia International Film Festival 2018. Realmente, um desempenho magistral dessa jovem atriz  que já demonstrou enorme competência no excelente “Nuevo Orden”, disponível na plataforma Amazon Prime Video. Trocando em miúdos, “Leona” é cinema de qualidade, mais um excelente drama mexicano que merece ser visto.