sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
A indústria do cinema no Vietnã nunca foi de produzir muitos filmes, mas de vez em quando nos presenteia com uma pérola, como foi o caso de “O Cheiro do Papaia Verde”,
de 1993, um drama sensível e comovente que foi premiado em Cannes, além de ter
sido o primeiro filme do Vietnã a concorrer ao Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro. Outra pérola é o recente "FLORES AMARELAS NA GRAMA VERDE” (“Tôi
Thây Hoa Vàng Trên Có Xanh”), também candidato
oficial daquele país para disputar o Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro. A
história, baseada no romance escrito por Nguyen Nhat Anh e que virou best-seller, é ambientada na década
de 80 num vilarejo da zona rural do Vietnã. Num cenário de extrema pobreza, mas
rodeado por uma Natureza deslumbrante, vivem os irmãos Tuong (Khang Trong) e Thieu
(Thinh Vinh). Eles levam uma vida normal comum aos garotos de sua idade (8 e 12
anos), vão à escola, caçam insetos para o sapo de estimação, enfrentam um vilão
infantil, adoram ouvir histórias assustadoras. O foco principal do filme, porém, é o processo de amadurecimento dos irmãos, a primeira paixão, os dramas vividos por algumas
famílias do vilarejo e o despertar para uma realidade que não faz parte da
inocência do mundo infantil, a pobreza em primeiro plano. O filme é dirigido com muita sensibilidade por
Victor Vu, que também assina o roteiro. A belíssima fotografia é mais um trunfo
desta elogiada produção vietnamita. Para quem curte cinema de arte, uma ótima
pedida.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
A comédia
“WILD OATS” (ainda
sem tradução por aqui, mas algo como “Aveia Selvagem” – título esquisito, não?),
2016, direção de Andy Tennant, reúne três das mais consagradas e competentes
atrizes de Hollywood: Shirley MacLaine, Jessica Lange e Demi Moore. A história
é centrada em Eva (MacLaine), que acaba de ficar viúva e aguarda receber um seguro
de vida de 50 mil dólares. Ao receber o cheque, tal qual não é sua surpresa:
por um erro de digitação ou falha do computador, o valor veio com a astronômica
quantia de 50 milhões de dólares. Ela não tem dúvida: convoca sua melhor amiga
Maddie (Lange), uma fogosa sessentona recém-separada, para uma viagem à
paradisíaca Las Palmas, nas Ilhas Canárias. A ordem é gastar todo o dinheiro em
diversão. É claro que a gastança chamará a atenção de alguns vigaristas que
tentarão roubar o dinheiro da viúva. Mas o problema não é só esse: ao verificar
o erro no preenchimento do cheque, a companhia seguradora convoca um
especialista para tentar recuperar o dinheiro e o envia a Las Palmas em
companhia da filha de Eva, Crystal (Demi Moore). A confusão, portanto, está
formada. Os raros momentos de bom humor ficam por conta de Jessica Lange, ainda
em grande forma para os seus 67 anos. Demi Moore, como Crystal, a filha da
viúva, aparece pouco e sem nenhum brilho. MacLaine sempre foi ótima em
comédias, mas nesta ficou devendo uma atuação digna de sua competência. Também
está no elenco a brasileira Rebecca da Costa, que faz carreira nos EUA como
atriz e modelo – ela já atuou até com Robert De Niro em “Profissão de Risco”, filme
de 2014. Mais uma bola fora do diretor Tennant, que já havia dirigido, entre
outros, as comédias românticas “Caçador de Recompensa” e “Hitch – Conselheiro Amoroso”,
que também não merecem recomendação.
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
O drama chinês
“VOLTANDO PARA CASA” (“Gui Lai”) estreou
no 67º Festival de Cannes, em maio de 2014, na sessão Fora de Competição,
ganhando elogios da crítica e do público. Além da história de um amor
comovente, o filme apresenta como trunfos adicionais a direção do mestre Zhang
Yimou e a atuação soberba da atriz Gong Li. Ambientada durante os anos da
Revolução Cultural de Mao-Tsé-Tung, a história é centrada em Feng Wanyu (Gong
Li), cujo marido Lu Yanshi (Chen Daoming) está preso há anos num campo de
trabalhos forçados. Com o fim da Revolução Cultural, Lu volta para casa, mas
Feng não o reconhece. Ela sofreu uma espécie de bloqueio psicológico
em virtude de uma queda. O filme segue até o seu final mostrando o empenho do
marido e da filha Dandan (Zhang Huiwen) em fazer com que Feng o reconheça
novamente. A dedicação de Lu a essa empreitada, que dura muitos anos, é uma
verdadeira prova de amor, originando os momentos mais comoventes deste sensível
filme chinês. Hoje aos 50 anos, Gong Li, que vi pela primeira vez no clássico “Lanternas
Vermelhas”, de 1991, do mesmo Zhang Yimou, já não é tão bela como antigamente –
ela chegou a ser eleita uma das 50 pessoas mais bonitas do planeta pela revista
People Magazine -, mas continua uma atriz espetacular. Aproveito para
recomendar outros filmes dirigidos por Zhang Yimou: “Tempo de Viver”, “O
Caminho para Casa”, “Flores do Oriente” e “Nenhum a Menos”. E ainda, claro, “Lanternas
Vermelhas”.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
“UM AMOR À ALTURA” (“Un Homme à La Hauteur”), França, 2016,
roteiro e direção de Laurent Tirard. Trata-se de uma refilmagem da comédia
argentina “Coração de Leão – O Amor não tem Tamanho”, de 2013, que conta a
história de uma mulher bonita, recém-separada, que esquece o celular dentro de
um restaurante e logo recebe o telefonema de um homem que achou e guardou o
aparelho e quer marcar um encontro para devolvê-lo. Durante as conversas por
telefone, o homem mostra-se um verdadeiro galanteador, o que faz com que a moça
concorde num jantar como primeiro encontro, mas uma grande surpresa está
reservada: o homem tem apenas 1,36 de altura. Apesar do tamanho, ele é muito seguro
de si, charmoso e realizado profissionalmente – é um renomado arquiteto. Com a
convivência, os dois acabam se apaixonando. A versão francesa é quase uma cópia
da original argentina, explorando as mesmas situações e repetindo até mesmo a
maioria dos diálogos, além dos efeitos especiais para “diminuir” os atores que
interpretam o baixinho, no caso francês o ator Jean Dujardin (“O Artista”). A
versão francesa é tão boa quanto a argentina. Além disso, têm em comum a beleza
e o charme das protagonistas, as atrizes Julieta Diaz e a belga Virginie Efira.
Como mais um trunfo, o filme francês é dirigido por um craque em comédias. Tirard
tem em seu currículo ótimos filmes como “O Pequeno Nicolau”, “As Férias do
Pequeno Nicolau” e “Astérix e Obélix: A Serviço de Sua Majestade”. Achei a
versão francesa melhor, mais charmosa, mais engraçada. Qualquer uma das versões proporciona um ótimo entretenimento.
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