O
drama romântico “DOIS LADOS DO AMOR”, que também recebeu o título “O
DESAPARECIMENTO DE ELEANOR RIGBY” (“The
Disappearance of Eleanor Rigby: Them”), é um drama romântico norte-americano de
2013. A história já havia sido contada em dois filmes anteriores, um sob o ponto de vista dela e outro sob o ponto de vista dele. Neste mais recente, o ponto de vista é de ambos. Daí o "Them". Vamos à história: o casamento de Eleanor Rigby (Jessica Chastain) com Connor Ludlow (James
McAvoy) vai bem até que um acontecimento faz desandar a relação. Ela sai de
casa, é vítima de um surto mental, tenta o suicídio e acaba voltando para a casa dos pais, Mary e Julian
Rigby (Isabelle Huppert e William Hurt). Connor não se conforma com a situação
e vai atrás de Eleanor na esperança de reatar o casamento. E assim vai o filme
inteiro: ele tentando a reaproximação. Os personagens são infelizes, à beira da
depressão. O filme é bem baixo astral. De qualquer forma, é mais uma produção
para demonstrar o talento da ruiva Jessica Chastain, atriz das mais
requisitadas atualmente pelo cinemão do Tio Sam, além de abrir espaço para a ótima Viola
Davis e para os veteranos William Hurt e a francesa Isabelle Huppert. Dirigido
por Ned Benson (“Heróis Imaginários”), o filme estreou no Festival de Cannes
2014 na Mostra “Um Certo Olhar”. Ah, o nome Eleanor Rigby tem tudo a ver com a
música dos Beatles, dos quais Mary e Julian eram fãs na juventude. Pena que a
música propriamente dita não esteja na trilha sonora.
“O LIMITE DA SUBMISSÃO” (“The Duke of Burgundy”), 2014, é um drama psicológico inglês de
fundo erótico, esquisitão e sinistro. Conta a história de duas mulheres, Evelyn
(Chiara D’Anna) e Cynthia (Sidse Babett Knudsen), que moram juntas, são amantes
e adeptas dos mais estranhos jogos sexuais, típicos de mentes doentias. Além
disso, as duas mulheres são estudiosas de borboletas e mariposas, frequentando
palestras sobre o assunto na universidade local. Parece que o diretor Peter
Strickland – que também escreveu o roteiro - tentou fazer uma analogia entre a
relação das lésbicas e o ciclo de vida dos insetos, mas não tive inteligência
suficiente para entender. As cenas de sexo entre as mulheres são bastante contidas, sem nudez ou algo mais explícito. O filme é arrastado demais, monótono, lembrando às
vezes os antigos filmes do falecido diretor brasileiro Walter Hugo Khoury,
embora este trabalhasse com atrizes mais bonitas. O filme inglês é indicado
apenas àqueles espectadores que gostam de assistir a filmes diferentes e
excêntricos. Se depender da minha recomendação, fuja a galope...
“EFFIE GRAY”,
2014, direção de Richard Lexton (“Um Inglês em Nova Iorque”) é um drama de
época baseado num escândalo que abalou a sociedade inglesa em meados do Século
19. A atriz Emma Thompson leu a história e a adaptou para o cinema, escrevendo o
roteiro. Ela também atua no filme. A história começa com o casamento da jovem
escocesa Euphemia “Effie” Gray (Dakota Fanning) com o aristocrata inglês John
Ruskin (Greg Wise), pertencente a uma família da alta aristocracia e um consagrado crítico de arte da época. Ruskin é um marido
frio e insensível, não dá a mínima para a mulher. Tão frio e insensível que
durante anos não foi capaz nem de tocá-la, não consumando o casamento. Essa
infelicidade matrimonial, além do amor por John Everett Millais (Tom Sturridge),
um pintor pré-rafaelita que se tornaria famoso, fez com que “Effie” entrasse na
Justiça com pedido de divórcio. Além da belíssima fotografia – de Veneza e dos
cenários rurais da Escócia, especialmente - e da caprichada reconstituição de
época, o filme conta com um elenco de primeira linha. Além de Fanning, Thompson,
Sturridge e Wise, atuam Julie Walters, David Suchet, Derek Jacob, Claudia
Cardinale e Riccardo Scamarcio. Um filme para espectadores mais sensíveis.
O
escritor norte-americano Philip Roth escreveu “The Humbling” em 2009. A
história do livro foi adaptada agora para o cinema, sob a direção de Barry
Levinson, e recebeu, no Brasil, o título de “O ÚLTIMO ATO” (“The Humbling”), trazendo no papel principal o grande Al
Pacino. Ele é Simon Axler, um famoso ator de teatro que tem um surto durante
uma peça, sofre um acidente e acaba numa instituição psiquiátrica. Quando sai
do hospital, recebe a visita de Pegeen Stapleford (a insuportável Greta Gerwig), filha de
antigos colegas de trabalho. Ela se declara a Simon, dizendo que desde criança
é apaixonada por ele. E ainda diz que continua apaixonada, apesar da sua
condição de lésbica assumida. O filme conta a história desse tumultuado
romance, como também a frágil condição psicológica do ator diante da velhice
iminente (no filme, o personagem de Pacino tem 65 anos de idade, enquanto o
ator, na vida real, tem 74). Simon passa grande parte do filme conversando com
seu terapeuta, Dr. Farr (Dylan Baker). O filme é verborrágico demais, com
muitos diálogos sarcásticos e bem-humorados, ao estilo Woody Allen. O elenco
conta ainda com Diane West (por sinal, atriz de muitos filmes de Allen), Kyra
Sedgwick e Nina Arianda. Só para lembrar: o diretor Barry Levinson é o mesmo de
“Rain Man”, que ganhou o Oscar de Melhor Filme em 1988.
“OS ENCONTROS DA MEIA-NOITE” (“Les Rencontres d’Après
Minuit”) é um filme francês certamente adaptado de uma peça de teatro para o
cinema. Trata-se, na verdade, de um filme experimental, meio surreal, diálogos
sem sentido e nenhum compromisso com o espectador comum que está a fim apenas
de entretenimento. Minha paciência durou uns 30 minutos e se esgotou com tanta
bobagem. Toda a ação transcorre apenas num cenário, o apartamento de um casal
cuja empregada(o) é um travesti tarado. O casal, Ali (Kate Moran) e Matthias
(Niels Schneider), espera alguns convidados para uma festa. Os convidados são
um garanhão com fama de bem dotado, um adolescente, uma prostituta e uma
estrela. Os diálogos têm a profundidade de um pires, tudo muito doido e sem
nexo. O cenário é pós alguma coisa, talvez pós-modernista. O filme estreou durante
a Semana da Crítica no Festival de Cannes 2013 e marcou a estreia na direção de
longas do diretor francês Yann Gonzalez, mais conhecido por seus
curtas-metragem. Resumo da ópera: um filme chato, metido a besta, com a intenção
de ser cult, um surto de megalomania criativa.
Liam
Neesson continua batendo um bolão em filmes de ação, apesar dos 63 anos de
idade. Em “BUSCA IMPLACÁVEL 3” (“Taken 3”), França, 2014, o
último da trilogia iniciada em 2008, o ator irlandês mais uma vez não nega
fogo. Ele faz o ex-agente especial Bryan Mills, que cai numa cilada e é acusado
de ter assassinado a ex-mulher Lenore (a atriz holandesa Famke Janssen, em
grande forma aos 50 anos). Mills passa a ser caçado pela polícia,
comandada pelo detetive Franck Dotzler (o sempre competente Forest Whitaker),
e, ao mesmo tempo, tenta descobrir quem matou sua ex-esposa, o que vai levá-lo a enfrentar mafiosos russos comandados pelo temível Oleg Malankov (Sam Spruell). A trama ainda vai
envolver a filha de Mills, Kim (Maggie Grace), que também correrá perigo. O
filme é dirigido pelo francês Olivier Megaton – que também dirigiu o nº 2 da
série - e o roteiro foi elaborado pelo também diretor francês Luc Besson. Os
dois são especialistas em filmes de ação, o que é um aval e tanto. Para quem gosta de filmes com ritmo
alucinante, pancadaria, perseguições e tiros, este não decepciona. É ação o
tempo inteiro.