sexta-feira, 1 de junho de 2018



“ZONA HOSTIL” (“Rescue Under Fire” nos países de língua inglesa), 2017, Espanha, primeiro longa-metragem dirigido por Adolfo Martínez Perez. Baseado em fatos reais que aconteceram com um pelotão do exército espanhol no Afeganistão, este drama de guerra oferece muita ação e suspense na medida certa. O pelotão pertence às Fuerzas y Cuerpos de Seguridad del Estado (FCSE), grupo militar enviado ao Afeganistão para dar suporte às forças norte-americanos no combate aos talibãs, assim como prestar ajuda humanitária à população civil em conjunto com equipes das Nações Unidas, principalmente na área médica. Toda a ação é centrada na rotina da equipe comandada pela capitã-médica Varela (Ariadna Gil) e nos soldados comandados pelo tenente Conte (Raúl Mérida). O pelotão entra mesmo em perigo quando um helicóptero que iria transportar soldados feridos em combate tomba em pleno deserto. Para protegê-lo, os soldados terão que enfrentar centenas de talibãs. As cenas de ação são muito bem-feitas e o filme mantém um ritmo bastante intenso do começo ao fim. Para adaptar a história para o cinema, os roteiristas Andrés M. Koppel e Luiz Arranz contaram com a assessoria do próprio exército espanhol, inclusive com a colaboração dos soldados que participaram daquela ação. Um bom programa para quem gosta de histórias ambientadas em zonas de conflito. Aliás, existe um outro excelente filme com uma história bastante semelhante, só que envolvendo soldados do exército norte-americano na Somália: "Falcão Negro em Perigo" (2001), dirigido por Ridley Scott. Este, na minha opinião, o melhor de todos nesse gênero.            

quinta-feira, 31 de maio de 2018


“TRÊS VIDAS E UM DESTINO” (“Head in the Clouds”), coprodução EUA/Inglaterra/Espanha, 2004, escrito e dirigido pelo inglês John Duigan. Trata-se de um drama histórico romanceado, ambientado na Europa durante os tumultuados anos 30 e 40 do século passado. A história é centrada na amizade dos jovens Guy Malyon (Stuart Towsend), professor universitário, Gilda Bessé (Charlize Théron), fotógrafa e filha de um milionário aristocrata francês, e Mia (Penélope Cruz), uma refugiada espanhola que ganhava a vida como stripper em Paris. Guy e Gilda se conhecem na Universidade de Cambridge, ele se apaixona e depois vai atrás dela em Paris. Gilda é uma mulher independente, sai e vai para cama com vários homens e, ao que se presume, também com mulheres, inclusive Mia. Na capital francesa, os três acabam morando juntos e formando um previsível ménage à trois. Até que um dia Guy e Mia resolvem ir para a Espanha com o objetivo de ajudar a resistência ao governo fascista de Franco. Depois que o conflito termina na Espanha, Guy volta a Paris para procurar Gilda, mas aí começa a Segunda Guerra Mundial e a situação acaba ficando cada vez mais difícil. Mesmo ainda muito jovens, as atrizes Charlize Theron e Penélope Cruz, assim como o ator irlandês Stuard Towsend, já tinham uma carreira consolidada no cinema e, sem dúvida, valorizaram ainda mais este bom drama histórico. Destaque para a excelente recriação de época, principalmente os figurinos, dignos de um editorial de moda dos anos 30/40. Sem falar, é claro, na beleza e na competência das duas atrizes principais.          

quarta-feira, 30 de maio de 2018


“ATÉ NUNCA MAIS” (“À Jamais”), 2016, drama francês que mistura romance, suspense e uma pequena dose de terror psicológico. A história é baseada no romance “The Body Artist” (“A Artista do Corpo”), de 2001, do escritor e dramaturgo norte-americano Don DeLillo. Não li o livro, cuja adaptação foi feita pelo diretor Benoit Jacquot (“O Diário de Uma Camareira”, “Adeus, Minha Rainha”, “Três Corações”) e pela atriz Julia Roy. A história: o famoso cineasta Jacques Rey (Mathieu Amalric) morre num acidente de moto – ou será que foi suicídio? Sua jovem esposa Laura (Julia Roy) continua morando no casarão onde Rey escrevia seus roteiros e tentava inspiração para os seus filmes. A saudade do falecido é tanta que ela começa a ver o seu fantasma, seja na cama do casal, na mesa da cozinha e até na banheira onde costumavam tomar banho juntos. As aparições do “fantasma” são ridículas. Ele parece um morto-vivo ou um zumbi abobado. Laura não está nem aí, isto porque está completamente alucinada, à beira de internação, se deparando toda hora com o próprio fantasma. Além disso, passa as noites em claro vendo cenas de estradas à noite na internet. Coisa sem pé nem cabeça, assim como o filme inteiro. Num aspecto eu tenho de dar a mão à palmatória: nunca a tradução de um título foi tão bem escolhida: “Até Nunca Mais”!          

domingo, 27 de maio de 2018


“OS FANTASMAS DE ISMAËL” (“LES FANTÔMES D’ISMAËL”), 2017, França, roteiro e direção de Arnaud Desplechin. Acho que o cinema francês é, atualmente, o que oferece os melhores e mais interessantes filmes. Claro que, de vez em quando, pisa na bola. A pisada mais recente é este drama de roteiro complicado, o chamado “filme-cabeça”, que confunde os neurônios dos espectadores. E olha que o elenco é ótimo: Mathieu Amalric, Marion Cotillard, Charlotte Gaisbourg, Louis Garreal e Alba Rohrwacher. O cineasta Ismaël (Amalric) vive um romance com a astrofísica Sylvia (Gainsbourg). Há 21 anos, ele foi abandonado pela primeira esposa, Carlotta (Cotillard), que sumiu de repente e poucos anos depois foi dada como morta. Só que a “falecida” volta para tumultuar o ambiente, colocando em risco a felicidade do novo casal. Sylvia fica enciumada e exige que Carlotta suma do pedaço, o que acaba resultando um grande conflito. Alternando-se com essa história, há uma outra: o caso de Ivan Dedalus (Garrel), que passa num teste para entrar para a diplomacia francesa e resolve casar com a jovem Arielle Faunia (Tohrwacher). Não há qualquer relação entre uma história e outra, a não ser que seja um filme dentro de outro, o que não fica muito claro, pelo menos para minha humilde inteligência. Acho que só confunde a cuca do espectador. Apesar de pretensioso e de difícil compreensão, o filme foi selecionado para abrir o Festival de Cannes 2017, além de ser indicado ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Festival de Munique 2017. Ah, como destaque, recomendo a cena de nu frontal protagonizada por Marion Cotillard, sem dúvida a melhor coisa desse filme. Do mesmo diretor francês, recomendo “Terapia Intensiva” e “Três Lembranças da Minha Juventude”, bem melhores do que este.         


“ATORMENTADO PELO PASSADO” (“ROMANS”), 2016, Inglaterra, primeiro longa-metragem dirigido pelos irmãos Ludwig e Paul Shammasian, mais conhecidos no meio cinematográfico como diretores de curtas. A história é centrada em Malky (Orlando Bloom), um operário que vive de bicos na área da construção civil. Ele namora a bela Emma (Janet Montgomery), tem muitos amigos e vive para cuidar da mãe (Anne Reid, em ótima atuação). Tudo vai bem até Malky ser contratado para a equipe de demolição da antiga igreja local. Seu passado vem à tona com a triste recordação de um fato ocorrido naquela mesma igreja há 25 anos: ele foi abusado sexualmente por um padre. A partir daí, Malky passa a agir com violência, entra em depressão e seu relacionamento com os amigos, com a namorada e com a própria mãe vira um verdadeiro inferno. Para piorar a situação, Malky descobre que o líder da nova igreja será o mesmo padre que o violentou. E por aí vai esse drama um tanto desagradável, pesado e arrastado, muito difícil de digerir por quem está a fim de um bom entretenimento. A fraca atuação de Orlando Bloom, mais conhecido por filmes como “O Senhor dos Anéis” e “Piratas do Caribe”, não justifica sua escolha para o personagem principal. Enfim, não dá para recomendar.