Exemplar
típico do cinema independente, “SPARROWS DANCE” (“Dança
dos Pardais”, em tradução literal), EUA, 2012, é um filme enxuto, não apenas no
orçamento (U$ 175 mil), como também na duração (81 minutos), como no elenco
(apenas dois atores) e como no único cenário (um minúsculo apartamento). Uma
atriz (Marin Ireland), cujo personagem não tem nome, está reclusa em seu
apartamento há um ano, depois de ter sofrido um ataque de pânico no palco, onde
atuava numa peça. Ela pede comida e faz compras por telefone, sem nunca
aparecer na porta. Deixa o dinheiro no chão e só depois que o entregador vai
embora ela abre e pega suas encomendas. Sua esquisitice não tem limites,
reforçada por tiques nervosos. Só que um dia ocorre um vazamento no banheiro e
ela é obrigada a chamar um encanador, Wes (Paul Sparks). Conversa vai, conversa
vem, eles se entrosam e acabam criando um vínculo bastante forte. Wes conta que
também é músico de jazz (saxofonista), o que gera um diálogo bastante
interessante, com a citação, por ambos, de vários jazzistas famosos. Também
conversam sobre literatura, pois a moça é uma leitora voraz. Numas dessas
conversas, Wes pergunta a ela qual o seu livro preferido. Ela responde que é “O
Ousado Jovem do Trapézio Voador”, da William Saroyan. Exibido em vários
festivais, o filme conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Austin.
Eu achei que o filme não é tão bom assim – apenas interessante -, mas a atriz, esta
sim, é ótima.
sábado, 28 de maio de 2016
terça-feira, 24 de maio de 2016
A
Eutanásia já foi tema de inúmeros filmes, geralmente dramas pesados. “A
FESTA DE DESPEDIDA” (“Mita Tova”), Israel, 2014, foge desse estereótipo, pois
trata o tema com rara sensibilidade e humor. A história é ambientada num asilo
de velhos em Jerusalém. Quando Yana (Aliza Rozen) pede aos amigos que aliviem a
dor do marido Max, que sofre de câncer, o engenheiro aposentado Yehezkel (Ze’ev
Revaca) resolve construir uma pequena máquina de eutanásia, adaptando um dispositivo que deve ser comandado pelo próprio doente. Apesar dos prós e contras, o equipamento é utilizado por Max. A notícia se espalha pelo asilo e outros
velhos com doença terminal resolvem também utilizar a máquina. Em meio a
discussões sobre questões éticas e religiosas, o roteiro e a direção da dupla
Tal Granit e Sharon Maymon encontraram espaço para momentos de muito humor,
como aquele em que Yehezkel telefona para uma velhinha dizendo ser Deus, ou
aquela cena em que os velhinhos resolvem ficar pelados e são repreendidos pela
direção do asilo. Claro, não há como ficar imune à tristeza de determinadas
cenas, principalmente aquelas em que os doentes se despedem dos familiares e
amigos. O elenco, constituído de artistas famosos em Israel e desconhecidos por aqui, é ótimo e valoriza ainda mais esse excelente drama, desenvolvido em enxutos 95 minutos. O filme, exibido por aqui durante o 19º Festival de Cinema Judaico de São Paulo, conquistou vários prêmios em festivais pelo mundo afora, inclusive o de Público no Festival de Veneza 2014.
“O ROSTO DE UM ANJO” (“The Face of an Angel”), 2015,
Reino Unido/Itália, é um drama de suspense baseado no livro “Angel Face”,
escrito pela jornalista norte-americana Barbie Latza Nadeau, que cobriu para a
revista Newsweek todo o caso envolvendo o assassinato da estudante inglesa
Meredith Kercher, em 2007, na cidade italiana de Perúgia, pelo qual foram
presos, julgados e condenados a norte-americana Amanda Knox e o seu namorado
italiano Raffaele Sallecito. O personagem principal do filme é o cineasta
Thomas (o ator alemão Daniel Brühl), que vai para a Itália recolher subsídios
sobre o caso e escrever o roteiro de um filme. Ele recebe a ajuda da jornalista
Simone Ford (Kate Beckinsale), que cobre o caso desde o ínicio. Mesmo com a
ajuda de grandes doses de cocaína, Thomas não consegue inspiração para montar
um script. Então resolve dar uma de
investigador para tentar descobrir a verdade, nem que para isso precise
arriscar sua vida. O roteiro, escrito por Paul Viragh, é um tanto confuso,
principalmente na primeira metade do filme, quando ficção e cenas reais do
julgamento misturam-se num verdadeiro “samba do crioulo doido”. O diretor
Michael Winterbottom tem um currículo invejável (“O Preço da Coragem”,
“Bem-Vindo a Sarajevo”), mas desta vez ficou devendo.
“TODOS OS CAMINHOS LEVAM A ROMA” (“All Roads Lead to
Rome”), 2015, EUA, é uma comédia
romântica que marca a estreia da diretora sueca Ella Lenhagen em Hollywood.
Maggie (a feiosa Sarah Jessica Parker) parte em viagem com a filha adolescente
Summer (Rosie Day) para a Toscana (Itália). Seu objetivo é, em primeiro lugar,
afastar a filha do namorado envolvido com o tráfico de drogas. Em segundo,
tentar melhorar o relacionamento com Summer. Chegando à Toscana, Maggie
reencontra um antigo namorado italiano, Luca (Raoul Bova). Carmen (Claudia
Cardinale), mãe de Luca, convence Summer a roubar o carro do filho e fugir para
Roma, onde um antigo namorado a está esperando para casar. Aí começa a
confusão. Summer e Carmen partem para Roma num verdadeiro passeio turístico pelo
interior da Itália e o espectador embarca junto nessa viagem (os cenários são
muito bonitos). Para complicar ainda mais a situação, a polícia é notificada de
que houve um sequestro e começa a perseguição. Luca e Maggie também embarcam
nessa aventura tentando localizar mãe e filha, respectivamente. Há bons
momentos de humor, mas, no geral, o filme decepciona por insistir nos clichês
do gênero, incluindo o final feliz. Triste mesmo foi ver a diva Claudia
Cardinale tão envelhecida. Para compensar, tem a beleza estonteante da atriz
espanhola Paz Vega, que faz apenas figuração, mas quando aparece ilumina a
telinha.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
“REAPRENDENDO A AMAR” (“I Will See You in my Dreams”), EUA,
2015, é um drama bastante simpático, dirigido com sensibilidade pelo diretor
Brett Haley. Ainda como destaque, a atriz Blythe Danner (mãe de Gwyneth Paltrow
na vida real), ainda muito competente e charmosa aos 73 anos. No filme, ela
interpreta Carol, uma viúva de 70 anos que vive de remoer o passado ao lado de
seu fiel cão Haezel. Sua única diversão é encontrar as amigas (Mary Kay Place,
Rhea Perlman e June Squibb) uma vez por semana para jogar cartas e fofocar. É
nessas reuniões que acontecem os momentos de humor. Carol, porém, entra em
depressão depois da morte do seu cão e só melhora quando faz amizade com Lloyd
(Martin Starr), o jovem limpador de piscina. Aliás, um dos melhores momentos do
filme é quando Lloyd leva Carol a um karaokê e ela canta “Cry Me a River”. De
arrepiar. Logo depois, Carol conhece Bill (Sam Elliott), um “coroa” charmoso
por quem se apaixona. O tema principal do filme é a velhice e o que fazer para enfrentá-la
da melhor maneira possível. A maioria dos diálogos discute o assunto de forma
realista e, ao mesmo tempo, com muita leveza. Faz a gente refletir. Resumindo, um
filme bastante agradável.
domingo, 22 de maio de 2016
“TRAUMAS DE INFÂNCIA” (“The Adderall Diaries”), 2015, EUA, é uma adaptação cinematográfica
do livro homônimo do escritor, jornalista, roteirista e cineasta Stephen
Elliott. O roteiro e a direção ficaram a cargo de Pamela Romanowsky. Robert Redford
aparece nos créditos como produtor executivo desse ótimo drama estrelado por
James Franco, Amber Heard, Ed Harris, Christian Slater e Cynthia Nixon. Stephen
Elliott (Franco) é um jovem escritor atormentado pelo passado. Não consegue
esquecer o péssimo relacionamento que teve com o pai Neil (Ed Harris), um homem
violento que abandonou Stephen e a esposa por outra mulher. Durante o
lançamento do livro em que escreve suas memórias, Stephen é surpreendido pela
presença do pai, que não via há anos. Os dois terão de se confrontar novamente,
relembrar o passado e discutir quem foi o culpado por tudo o que aconteceu.
Enquanto isso, além de namorar Lana Edmond (Amber Heard), Stephen fica obcecado
por um assassino confesso, Hans Reiser (Slater), que matou a esposa. Stephen
quer escrever a história de Reiser, relembrando “A Sangue Frio”, de Truman
Capote. Romanowsky fez um excelente trabalho de roteiro e direção, provando ser
uma jovem talentosa com um futuro bastante promissor.
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